Sem Forma - Capítulo 33
Alguns dias se passaram. Foi durante o caminho de volta para casa depois de jantar com Jihwan, quando o telefone tocou. Embora fosse um número não salvo, Heewoon sabia quem era.
—…Alô?
Seu coração estava batendo forte.
[Oi, Heewoon. Como você está?]
—Eu estou bem. E o hyung?
[Eu estou bem!]
Depois de enviar uma certa quantia, em pouco tempo essa pessoa pediu para ser chamada de hyung e fingiu ser íntimo de Heewoon. Ele também disse que cuidava de Heewoon porque ele parecia com seu irmão mais novo, e como o homem disse, continuaria cuidando dele no futuro.
Era como se estivesse tentando fazer lavagem cerebral nele.
—Eh, eu já enviei o dinheiro este mês…
[Que chato falar de dinheiro! Que tipo de pessoas acha que somos?]
O riso estridente deu arrepios. Mesmo depois de falar assim, se Heewoon atrasasse um pouco no pagamento, essa pessoa viria atrás dele sem pensar duas vezes.
[Mas ouvi dizer que parou de trabalhar em todos os seus empregos de meio período, então como está enviando dinheiro?]
Heewoon ficou nervoso. Como essa pessoa sabia que ele havia parado de trabalhar em meio período? No início, eles o vigiavam de perto, mas pareciam ter parado de monitorá-lo desde que ele começou a enviar o dinheiro regularmente. Ele percebeu isso quando, durante as férias, quando o homem mencionou como era um trabalho duro ir à escola e ganhar dinheiro.
Mas por que eles de repente começaram a vigiá-lo novamente?
[Me disseram que você só gasta dinheiro e anda por aí. Seu irmão mais velho está te enviando dinheiro?]
Seu tom suave pareceu forçado, como se estivesse tentando esconder algo.
—Ah, não. É porquê, quando estava trabalhando, recebi um bônus… Eu-eu vou começar a procurar um novo emprego logo.
[Certo. Você precisa trabalhar duro para pagar suas dívidas rapidamente e mostrar sua gratidão.]
—Claro.
Essa pessoa costumava encorajá-lo de vez em quando, talvez esse fosse o motivo da ligação de hoje.
[Vamos nos encontrar quando seu irmão voltar.]
—Ok.
Quando ele estava prestes a desligar, a voz firme perguntou:
[Tem algo te incomodando?]
Heewoon respondeu de forma desconfortável que não havia nada.
Depois de desligar, ele olhou fixamente para o registro de chamadas. Os 11 números não salvos foram facilmente memorizados, mesmo sem nenhum esforço.
“Coma muitas coisas boas e, hm… faça um pouco de exercício.”
O homem acrescentou no final. Aquela frase o deixou estranhamente alerta. Era apenas um encorajamento comum, nada de especial, mas ainda assim.
Heewoon olhou ao redor de repente. Coisas que não tinha notado antes agora estavam visíveis. Por exemplo, um carro preto estacionado atrás dele, ou o homem um pouco suspeito sentado em frente à loja de conveniência, e a figura robusta que estava vagando pela rua lateral.
Alguns desses provavelmente eram enganos. Talvez todos fossem. Mas Heewoon seguiu para casa, mantendo a cautela.
Será que entre eles está alguém que Seo Kang-woo enviou? Ele não sabia se os olhares que acabou de sentir eram de agiotas ou do pessoal de Seo Kangwoo. Mesmo isso também sendo assustador só de pensar, ele se sentiu um pouco aliviado.
—…
Ele decidiu olhar pelo lado bom, pelo menos, Seo Kangwoo não iria lhe extorquir dinheiro nem mexer com a sua mãe.
Quando chegou em casa, Heewoon perguntou à mãe da maneira mais casual possível:
—Mamãe, o hyung tem entrado em contato ultimamente?
—Não. Estou preocupada porque não consegui falar com ele. Será que aconteceu alguma coisa…
A mãe murmurou, parecendo preocupada.
De repente, Heewoon lembrou-se das palavras que Kangwoo havia dito antes.
“Mas não suspeite de mim se algo acontecer com o seu irmão em breve. Parece que ele está se metendo em muita encrenca, fazendo negócios por aí. Ele parece ter muitos inimigos.”
E se o hyung tiver feito algo errado…
O que vou fazer para pagar o dinheiro?
Eles sempre perguntam quando o hyung vai voltar, porque estão esperando pelo dinheiro que ele trará. Ah, sim. Mesmo que demore um pouco, eu vou conseguir recuperá-lo, já que o dinheiro não evapora.
Ele percebeu tardiamente que seus pensamentos eram terríveis ao olhar para o rosto cansado de sua mãe. Heewoon ficou vermelho de vergonha.
Mesmo com tudo isso, ele ainda é meu irmão.
Embora ele tenha pegado o dinheiro e ido sozinho para o exterior quando os agiotas tentavam convencê-lo a entregar o dinheiro, ele ainda é o hyung. Mesmo que ele tenha ligado meses depois e pedido dinheiro em segredo a nossa mãe, ele ainda é o hyung. Ele é da família.
Heewoon apertou os lábios com força. Não odiar seu irmão mais velho era muito mais difícil do que não se ressentir da mãe.
—Heewoon. Quando o seu irmão voltar, você terá que trabalhar menos.
—….
—Heehyun disse que o negócio dele está indo muito bem.
Será que o sucesso nos negócios o levou a ganhar inimigos nas Filipinas? Se for esse o caso, espero que você retorne em segurança para a Coreia. Não, mesmo que não seja isso, o hyung precisa voltar em segurança. Ele se lembrou de quão bem seu irmão cuidou dele quando era criança.
—Ele deveria voltar logo…
Alguns fios de cabelo bagunçado caíram pela bochecha da sua mãe enquanto ela murmurava, olhando para o vazio. Seu rosto pálido estava coberto de preocupação e ansiedade. Para sua mãe, que nunca tinha ido ao exterior, as Filipinas eram um lugar tão estranho e assustador que ela ficava angustiada só de pensar no seu filho mais velho morando ali sozinho.
Mesmo que ele tenha abandonado os dois e fugido.
Heewoon apertou o punho. Pensando melhor, acho que não há problema em odiar um pouco o hyung. Ele sempre via sua mãe preocupada pelos cantos da casa.
***
No dia seguinte, Heewoon começou a ficar cada vez mais atento ao seu redor. Logo percebeu que havia uma van preta sempre por perto, alguém estava seguindo ele. Mas então, ele se perguntou se essas pessoas eram agiotas ou pessoas enviadas por Seo Kangwoo.
Alguns dias depois, quando se encontrou com Kangwoo, comportou-se de maneira rude como se estivesse despejando o desejo que estava guardando até o momento. Assim que chegaram na casa do homem, eles tiraram as roupas e transaram ali mesmo no sofá, sem dar tempo de subirem para o segundo andar.
Depois de cobiçar o corpo de Heewoon por um tempo, o ímpeto de Kangwoo finalmente se acalmou, então ele gentilmente abraçou Heewoon e subiram. Os dois tomaram banho juntos e ele até mesmo ajudou Heewoon a colocar o roupão. Embora ele tenha brincado ao beliscar levemente o mamilo que ficou exposto quando o roupão de Heewoon foi fechado, ele não tentou fazer outra vez.
—Ei, Kangwoo.
—Sim.
Kangwoo respondeu suavemente enquanto acariciava o cabelo de Heewoon, que tinha crescido o suficiente para cobrir a parte de trás da cabeça. Heewoon perguntou cautelosamente.
—Voce mandou alguém me vigiar o dia todo?
—….
A mão que o estava acariciando parou. Kangwoo, que estava apoiado no sofá, endireitou lentamente o corpo.
—… Por que você está curioso sobre isso?
Ele olhou fixamente para o rosto de Heewoon como se estivesse tentando descobrir algo, então perguntou bruscamente.
—Está pensando em fazer algo idiota?
—Ah, não! É só que… ultimamente parece que alguém está me observando… e pensei se poderia ser você.
—E se for?
Kangwoo segurou o queixo de Heewoon. Heewoon franzindo o nariz com um pouco de dor disse:
—Então eu não precisaria me preocupar com isso. Mas, se não for você, é um pouco assustador…
Kangwoo que estava olhando para Heewoon, ergueu ligeiramente os cantos da boca. Ele soltou o queixo dele e acariciou levemente sua bochecha.
—O que devo dizer. O sunbae deveria estar assustado.
—…Hã, como assim?
Heewoon arregalou os olhos. Isso significa que não é você que está me seguindo?
—Ultimamente, estou observando mais as pessoas ao redor do sunbae do que você em si.
—Ao redor…?
Por que ele estaria observando ao redor? Ao redor seria minha mãe? Mas a minha mãe fica em casa o dia todo. Então ele não está me protegendo.
Kangwoo riu como se achasse engraçado ver a hesitação de Heewoon. Com uma expressão séria, Kangwoo disse:
—Como você está com medo, eu devo te abraçar.
Kangwoo passou os braços em volta da cintura de Heewoon e o abraçou com tanta força que era difícil para ele respirar e então beijou sua cabeça várias vezes. Heewoon ficou confuso com o rosto amassado contra seus ombros fortes.
—Eu pensei que você estava me observando o tempo todo…
Kangwoo relaxou um pouco o abraço ao ouvir a hesitação de Heewoon e olhou para ele.
—É isso.
Kangwoo segurou o queixo de Heewon, levantando o rosto dele. Heewoon olhou para ele perplexo, sem entender direito a conversa.
—Originalmente, eu estava recebendo relatórios até mesmo sobre o que o sunbae comia… mas um dia, eu me senti sujo.
Suas palavras lentas foram suaves.
—Eu também não te vejo todos os dias. Mas esses bastardos ficam te seguindo o dia inteiro? —Kangwoo murmurou e seus olhos se moveram ligeiramente para observar várias partes do rosto de Heewoon.
—Então, me livrarei dos olhos que perseguem o meu sunbae. — Ele acrescentou enquanto acariciava a bochecha de Heewoon. —É difícil para mim tomar essa decisão, então por favor, coopere um pouco comigo.
—Cooperar?
—Me diga o que você fez, e me ligue sempre que for sair para algum lugar.
Ele disse carinhosamente.
—Sim.
Somente agora Heewoon conseguiu entender o porquê de Kangwoo perguntar tão detalhadamente sobre cada dia. Se as pessoas que Kangwoo colocou não estavam o vigiando tão de perto quanto antes, então o olhar que ele tem sentido ultimamente era…
Então, será que aquela van preta eram realmente os agiotas?
Kangwoo olhou para o rosto de Heewoon por um momento e depois sorriu enquanto puxava seu ombro. Ele acariciou a nuca de Heewoon com uma mão e bateu levemente nas costas dele com a outra.
—Quando estiver com medo, ligue para mim. Vou te abraçar como agora.
A voz carinhosa de Kangwoo fez Heewoon concordar com a cabeça. O ombro que tocou sua bochecha era tão firme, e o cheiro que foi até seu nariz era como o do seu próprio corpo. Heewoon fechou os olhos e respirou fundo, a tensão que estava em seu corpo começou a diminuir lentamente.