Sem Forma - Capítulo 21
Heewoon terminou sua aula e pegou uma bebida em seu armário antes de ir para a biblioteca. Ele revisou as partes que não entendia bem, imprimiu os novos materiais de aula e leu com cuidado. Quando terminou, olhou para as horas e viu que eram por volta das 18 horas. Mesmo que ele tenha verificado tudo calmamente, só haviam passado duas horas.
Heewoon pegou o telefone que havia colocado de lado e entrou nas redes sociais. A primeira coisa que viu foi a foto de uma colega de classe viajando pelo mundo. Ele costumava ser bastante próximo de Andy durante o primeiro e segundo ano, mas agora ela parecia estar viajando pelo mundo e administrando um blog. Os comentários na foto estavam cheios de inveja.
Ele deu um like na foto e continuou rolando a tela para baixo. Mesmo depois de ter visto todas as novas postagens, ele continuou olhando mais atentamente para as fotos. É na Austrália. Os coalas eram adoráveis.
Heewoon de repente sentiu que fazia muito tempo desde que passara o tempo sem rumo. Ele costumava dividir o tempo em pedaços menores, pois não queria desperdiçá-lo.
Estava ficando com fome, então ele pegou seu livro e se levantou.
Já está escuro lá fora. Definitivamente, o inverno estava chegando.
Inverno….
Tudo aconteceu no inverno. O diagnóstico de câncer da minha mãe, a morte do meu pai…. O rio Han naquela época era tão frio que doía.
Também era inverno quando eles venderam o apartamento e se mudaram para a casa atual por conta das dívidas. As mãos que carregavam as bagagens ficaram congeladas, mesmo com luvas.
Alguns invernos foram tão excepcionalmente frios que Heewoon tinha medo sempre que o inverno voltava.
Ele colocou as mãos frias nos bolsos e andou devagar. Enquanto tentava matar o tempo, tudo o que fazia era ficar mais relaxado.
Quando chegou à cantina, Heewoon ficou na fila para comprar um tíquete de refeição. Como o período de provas havia terminado, não havia muitas pessoas na cantina à noite. Após pensar um pouco sobre o cardápio, pressionou o botão”set meal”. Quando não viu nada que o agradasse, optou pela refeição fixa.
Ele tirou o cartão de crédito da carteira, mas hesitou. Olhou para o visor do relógio. O temporizador da máquina de tíquete de refeição estava diminuindo: 21 segundos, 20 segundos, 19 segundos…
Heewoon pressionou “cancelar” e se virou. Decidiu ir assistir um filme.
Enquanto caminhava, ele se perguntou se precisava pedir permissão a Kangwoo. O homem havia lhe dito para pedir permissão quando fosse a algum lugar que não fosse sua casa ou perto da escola. O cinema, que ficava a 15 minutos de caminhada da entrada principal, era definitivamente perto da escola de acordo com seus padrões. No entanto, Heewoon estava confuso sobre se era perto o suficiente para os padrões de Seo Kangwoo.
Ele tinha acabado de passar pelo portão principal, quando parou. O homem sabia se ele usasse o cartão, Kangwoo saberia onde ele estava de qualquer maneira. Mesmo assim, tinha medo de ser questionado sobre onde usou o cartão naquele momento e por que não havia lhe pedido permissão para sair. Além disso, havia definitivamente alguém o monitorando. Se isso acontecia todos os dias ou não, ele não tinha certeza.
De qualquer forma, não faria mal tomar precauções antecipadamente. Afinal, qualquer coisa seria melhor do que ter uma perna quebrada.
Então, pegou o celular.
Respirou fundo algumas vezes, pois nunca havia feito uma ligação telefônica para ele antes. Os registros recentes mostravam que havia mais conversas com Seo Kangwoo do que com a sua mãe. Seus dedos hesitantes finalmente apertaram o botão de ligar.
Enquanto o telefone tocava, seu coração batia tão forte que parecia que iria explodir. O que vou dizer se ele perguntar por que eu estou ligando quando ele está no trabalho? Talvez seja melhor desligar. Mas quando estava pensando em desligar, o som do bipe parou e ele ouviu uma voz.
[… Sunbae?]
A entonação da voz soava como se ele não estivesse esperando a ligação. Heewoon engoliu em seco e disse:
— Oi…
[Diga, estou ouvindo.]
— Bem… Kangwoo, eu…
Quando finalmente tentou perguntar, seu rosto ficou quente. Sentiu uma relutância gigante em pedir permissão para ir ao cinema perto da escola.
[O quê?]
A voz do outro lado do receptor era suave e Heewoon falou com cuidado.
— Posso ir ao cinema perto da escola?
[…….]
Não ouviu nenhuma resposta. Não sabia se ele estava chateado por lhe perguntar isso ou se não gostava da ideia dele ir ao cinema e estava pensando em uma resposta. O silêncio alimentou sua imaginação.
[Haah…]
O som do suspiro deixou Heewoon nervoso e ele tentou pensar em uma desculpa.
[Eu não esperava…]
Houve um pequeno murmúrio. As palavras eram difíceis de ouvir. Heewoon forçou os ouvidos e esperou pela resposta de Kangwoo.
[Você ligou porque queria ir ao cinema?]
A voz dele era preguiçosa e suave. Quase parecia doce.
— Sim.
[Você pode ir.]
Kangwoo disse com um sorriso leve. Heewoon suspirou silenciosamente e a tensão diminuiu um pouco. A julgar pela resposta agradável de Seo Kangwoo, provavelmente foi uma boa ideia ligar.
[Aproveite o filme.]
— Sim.
A voz de Seo Kangwoo permaneceu carinhosa até o final da chamada. Colocando o celular no bolso, Heewoon soltou um longo suspiro antes de sair. Enquanto caminhava, deu uma olhada nos horários dos filmes. Ele planejava assistir ao filme que tinha o maior tempo de sessão.
Ele chegou ao cinema, que não estava muito cheio por ser um dia de semana, e reservou um ingresso para um filme que começaria em 50 minutos. Planejou jantar na praça de alimentação do andar de baixo e assistir ao filme sem seguida. O horário de término do filme seria por volta das 22h, o que também estava de acordo com seu horário de retorno para casa.
Após efetuar o pagamento com o cartão de Seo Kangwoo, Heewoon guardou o ingresso em sua carteira e desceu para a praça de alimentação. Ao dar uma volta, ele entrou em uma lanchonete de hambúrgueres e pediu um combo com um novo hambúrguer muito espesso. O preço do lanche era suficiente para duas refeições no refeitório.
Embora a cantina da universidade também vendesse algo parecido com hambúrgueres, lá custava apenas 2.000 won. Heewoon deu um gole na bebida e deu uma mordida em seu hambúrguer, balançando a cabeça em aprovação. Tinha um gosto três vezes melhor do que o esperado. Ele rapidamente devorou todas as batatas fritas e se dirigiu à sala de cinema.
Ele considerou comprar pipoca, mas decidiu não fazê-lo, pois já estava satisfeito e tinha metade de uma Coca Cola. Em questão de minutos, ele usou o cartão duas vezes. Embora tivesse sido incentivado a usá-lo com frequência, ele sentiu que o estava usando demais.
Foi um pouco estranho voltar ao cinema depois de tanto tempo. Parecia que havia passado pelo menos dois anos desde a última vez. Nesse meio tempo, os preços dos ingressos de cinema também tinham aumentado.
O filme era interessante, afinal, era um filme que tinha passado dos 10 milhões de espectadores. De alguma forma, ele sentiu uma sensação duradoura e continuou pensando enquanto saía do cinema.
E então, uma ideia cruzou sua mente.
Se não fosse por Seo Kangwoo, eu não estaria aqui hoje, estudando tranquilamente na biblioteca, comendo um hambúrguer caro e assistindo a um filme que custava mais de 10.000 won.
Apenas o ato de pensar nisso imediatamente lhe causou arrepios.
***
Depois de descer do ônibus, Heewoon foi até a loja de conveniência do outro lado da rua em vez de ir para casa. Estava com um pouco de fome.
A loja de conveniência havia começado a vender pãezinhos recentemente e eles pareciam quentes e deliciosos, então Heewoon comprou quatro deles, incluindo um para sua mãe, e pegou um sorvete.
Parecia que usar o cartão ficou um pouco mais fácil depois disso.
Heewoon abriu a porta da frente com uma sacola que fazia barulho. Sua mãe geralmente não dormia cedo nos dias em que ele dava aulas particulares, então Heewoon a cumprimentou enquanto entrava em casa.
— Estou de volta.
A mãe disse, olhando para Heewoon.
— Olá, bom trabalho, filho.
Naquele momento, Heewoon ficou paralisado. O dia havia passado em um piscar de olhos.
— Sim.
Heewoon respondeu em voz baixa, com a garganta apertada. Não conseguia olhar para o rosto de sua mãe.
— Meu Heewoon está com uma boa aparência hoje.
— … Sério?
Heewoon tocou o próprio rosto e entregou o pão que tinha comprado à sua mãe. Ainda assim, ele não conseguiu olhar para o rosto dela.
Ele pegou leite na geladeira e despejou em um copo. Mesmo depois de beber todo o copo, a sensação de ter algo preso em sua garganta não desapareceu.
O nó em sua garganta era culpa.
Se fosse de dia, ele poderia pensar em três motivos pelos quais não deveria se sentir culpado, mas como era noite e sua mãe estava atrás dele, ele não conseguiu pensar em nenhum deles.
— Heewoon…
Nesse momento, sua mãe o chamou em voz baixa. Seu coração afundou.
Heewoon lutou para recompor sua expressão e se virou. Sem ter certeza de como seu rosto estava parecendo ele cobriu o rosto fingindo beber o leite que já havia acabado.
— A mãe, vai passar alguns dias na casa da sua tia na próxima semana.
— Hã?
Os olhos de Heewoon se arregalaram com as palavras inesperadas. A mãe colocou o cabelo espesso atrás da orelha e disse.
— Sua tia Sunyoung está ocupada com os preparativos do casamento ultimamente. Parece que ela está um pouco sobrecarregada, então vou lá para ajudar e…
— Em que a senhora pode ajudar?
Heewoon perguntou com curiosidade. Suas palavras eram puras e sem segundas intenções, mas um lampejo de emoção passou pelo rosto de sua mãe. Ela rapidamente escondeu isso.
— Mesmo que eu não possa ajudar com muita coisa, vou estar lá para apoiar. Sua tia fez muito por nós, não acha?
— Sim, entendi.
Heewoon balançou a cabeça.
Sua tia assumiu as responsabilidades durante o funeral de seu pai, cumprimentou os convidados em vez de sua mãe e gerenciou todo o processo do funeral. Embora ela não tivesse muitos recursos financeiros, até entregou 10 milhões de won quando os negócios estavam indo mal e os agiotas estavam nos pressionando.
A expressão em seu rosto quando ela disse que lamentava só poder lhe dar essa quantia e que não precisava devolver o dinheiro era semelhante à de sua mãe, mas, de alguma forma, era diferente.
— Quando você disse que era o casamento da Sunyoung noona?
— No primeiro domingo de dezembro.
Foi um alívio ter o dinheiro para dar um presente de casamento. Embora ele não pudesse retribuir os 10 milhões de won de sua tia, seria bom dar a ela um pequeno presente.
— Mãe, não se esforce muito, está bem?
— Claro.
Sua mãe, olhando um pouco para baixo, assentiu com a cabeça. Heewoon olhou para o rosto de sua mãe de repente.
— A senhora parece cansada ultimamente… Está tudo bem?
A fadiga dela se assemelhava com depressão, letargia e tristeza, então Heewoon achou que a mãe estava apenas cansada.
— Não. Passei o dia em casa, não estou cansada.
As íris um pouco avermelhadas ficaram escondidas por um sorriso.
— Meu filho está trabalhando duro.
Trabalhando. Heewoon repetiu a palavra para si mesmo. Outro dia passou rapidamente. O dia em que implorou de joelhos e as situações anteriores passaram por sua mente. Ele se virou, colocou leite em seu copo e, enquanto forçava a garganta a se mover, perguntou:
— Quer um pouco mais de leite, mãe?
Ela pareceu bastante animada.
A mãe e Heewoon raramente falavam o que pensavam. Suas sinceridades se tornaram fardos e fontes de dor um do outro.
***
No dia seguinte. Seo Kangwoo, que não tinha aulas, apareceu para almoçar e foi embora de carro em seguida. Embora tenha observado Heewoon durante toda a refeição, nada de especial aconteceu.
Heewoon almoçou e saiu imediatamente para sua aula de especialização. Ele ainda tinha cerca de uma hora antes de sua aula de artes liberais, então pensou em dar um passeio tranquilo. Seus tênis ficaram um pouco sujos de terra por ter caminhado pela grama suja. Algum tempo atrás, quando choveu, a lama espirrou, mas ele apenas pensou em lavá-los e nunca o fez devido à falta de tempo.
Agora que estava pensando nisso, parecia ter se esquecido de mais alguma coisa. Heewoon pensou nisso e percebeu que não havia imprimido o trabalho da aula e que também havia deixado o USB em casa.
— Haa…
Heewoon suspirou, tocando a testa com a mão. Ainda tinha uma hora de intervalo, então pensou que poderia pegar um táxi para casa e voltar a tempo. Era um pouco apertado, mas…
Heewoon hesitou, depois pegou o celular e enviou a mensagem.
[Mãe, o que está fazendo?]
A resposta da mãe veio rapidamente.
[Estou apenas aqui. Algum problema?]
— Mamãe, sinto muito, mas você pode me enviar por e-mail a tarefa que está no meu USB?
[…….]
— Não se preocupe mamãe, é só você…
Os olhos de Heewoon se estreitaram com as próximas palavras de sua mãe, pois ele sentiu que não deveria ter dito aquilo.
[Heewoon, não estou em casa agora. Desculpe.]
Heewoon arregalou os olhos. O céu azul brilhava diante dele.
— Ah, entendi. Não se preocupe, mamãe. Perguntei por preguiça de ir para casa, mas ainda tenho tempo.
[Quer que eu vá para casa? Posso te enviar quando chegar.]
— Não, estou bem. Está um dia lindo.
Heewoon olhou ao redor com um leve sorriso. A mãe respondeu:
[Tudo bem] antes de desligar.
— Até mais tarde. Tchau.
Heewoon ficou mexendo no celular por um momento. Ela disse que não estava em casa agora. Se fosse ao supermercado, ela teria dito que estava no supermercado, certo? No mês passado, ela disse que estava indo ao hospital e se encontraria com um amigo depois.
Isso era um bom sinal.
Ele esperava desesperadamente que sua mãe conseguisse sair e se sentir melhor.
Às vezes, quando assistia TV, sua mãe parecia apática e sem perspectiva. Heewoon achava que sua mãe não parecia notar a tela da TV, o barulho ou o ar frio do aquecedor desligado.
Era como se ela estivesse morta.
Nesse ponto, Heewoon decidiu começar a falar alegremente. “Mamãe, estou de volta”. Se ele abordasse sua mãe dessa maneira, ela provavelmente olharia para ele, se viraria e perguntaria: “Você já voltou?” e então sorriria.
Ele sentiu um misto de gratidão pelo sorriso que veio à mente e um medo de perdê-lo.
Três anos atrás, quando sua mãe foi diagnosticada com câncer de fígado no estágio 1, ela passou por uma cirurgia de ressecção hepática imediatamente. Na época, Heewoon achava que o mundo estava desmoronando ao seu redor, mas agora percebeu a sorte que ela teve em detectar o câncer no estágio 1. Durante a cirurgia e a recuperação, tanto o pai quanto o irmão estavam ao lado da sua mãe, e eles conseguiram sorrir juntos.
A recuperação da mamãe foi rápida.
Até que seu pai morreu um mês depois.
Desde a morte do pai, a saúde de sua mãe parecia estagnada. Sua saúde física e imunidade caíram drasticamente e ela não conseguia realizar as atividades diárias adequadamente. Na verdade, ela parecia estar piorando ainda mais. Era como se uma série de infortúnios estivesse continuamente corroendo sua mãe.
Por fim, a mãe acabava ficando presa em frente à TV muitas vezes, fazendo aquela expressão que assustava Heewoon.
Então, Heewoon ficou feliz por sua mãe ter saído de casa. Ela parecia cansada ontem, mas hoje estava se sentindo melhor.
***
Kangwoo foi buscar Heewoon após as aulas. Quando notou que Heewoon estava colocando o cinto, ele tirou o carro lentamente. Depois, ele abriu a boca lentamente.
— E o filme.
— O que?
— Você gostou?
Heewoon olhou para Kangwoo sem entender, porque ele não havia lhe perguntado isso no almoço.
— Acho que você não ia me dizer nada se eu não perguntasse.
Kangwoo olhou pelo espelho retrovisor e virou o volante.
— Ah… foi divertido.
— Hmmm… — Kangwoo assentiu levemente com a cabeça. No entanto, Heewoon sentiu que sua resposta estava faltando algo e acrescentou:
— Eu também comprei algo delicioso.
Quando ele disse isso, se sentiu um pouco desconfortável, como se estivesse tentando agradar Kangwoo. Ele estava agindo como se o homem realmente o estivesse ajudando. Afinal, fui forçado a aceitar o cartão. Mas o que fazer…
— Algo saboroso? O que você comeu?
Kangwoo lançou um olhar rápido para Heewoon.
— Um hambúrguer.
— Ah, você comeu um hambúrguer.
Kangwoo murmurou com um pequeno sorriso. Parecia que ele estava curioso sobre isso.
Heewoon deu uma olhada rápida em Kangwoo antes de olhar diretamente para a frente. O carro estava saindo do estacionamento. Depois de um momento de silêncio, Kangwoo perguntou baixinho.
— O sunbae gosta de hambúrgueres?
— Uhhh…
— Deveríamos comer um hambúrguer.
Ele olhou para Heewoon e sorriu. Heewoon concordou sem jeito e voltou a olhar para frente. Enquanto olhava, de repente se lembrou da ligação telefônica com sua mãe.
Por que ela respondeu como se estivesse em casa?
Ele se lembrou de ter ouvido os vizinhos fofocando antes. Diziam que sentiam “pena do filho dela, afinal, ele trabalha dia e noite para pagar uma dívida imensa, e a mãe que estava saudável vive deitada na cama”, coisas assim. Tais palavras poderiam ter chegado aos ouvidos de sua mãe, então Heewoon estava muito preocupado.
Se ela tinha que esconder até mesmo uma curta saída para tomar um pouco de ar, isso era realmente triste.
Outras pessoas podem não entender, mas Heewoon entendia sua mãe. Ela tem passado por tantas coisas que não consegue encontrar forças para continuar, por mais que tente.
Mesmo que doa, não dói todos os dias. Mesmo que esteja deprimida, não se fica triste o dia todo. Mesmo que haja momentos em que pareça bem, a verdade é que ela não está bem e isso é terrível.
Mas, de vez em quando, uma pergunta que começa com “por que” vinha a sua mente. Perguntas ruins misturadas com um sentimento de injustiça e ressentimento.
Então, o que Heewoon sempre fazia era empurrar essas perguntas que surgiam das profundezas da sua mente e se lembrar de ser grato por sua mãe estar viva. Ele também tentava reviver as emoções que sentiu quando sua mãe foi diagnosticada com câncer de fígado. Embora seja muito difícil, quando ele se lembrava da morte de seu pai, só restava um sentimento de ternura.
A mãe era a única família que Heewoon tinha.
Heewoon pegou o celular e digitou [chegou em casa, mãe?], mas apagou em seguida, pois não queria que sua mãe se sentisse pressionada.
Ele olhou pela janela e ficou um pouco surpreso ao ver que estavam na frente da casa de Seo Kangwoo. O enorme portão estava se abrindo lentamente. Ele estava tão absorto em seus pensamentos que nem percebeu quanto tempo passou.
Heewoon virou a cabeça para olhar para Kangwoo. Ele não sabia como evitar o “mildang” que Kangwoo não gostava, então resolveu tentar olhar para ele com frequência por enquanto.
N/Rize:밀당 (mildang) Essa é outra abreviação, dessa vez combinando dois verbos: 밀다 (milda -empurrar) e 당기다 (danggida – puxar). Empurra e puxa é o tipo de “joguinho” psicológico que acontece entre duas pessoas num relacionamento ou pré-relacionamento. ( Resumindo, é como se ele tivesse se fazendo de difícil, o famoso c♥️ doce.)
— Hã? Você tem algum lugar para onde quer ir?
Kangwoo inclinou ligeiramente a cabeça e perguntou com doçura.
— Não.
Heewoon balançou a cabeça negativamente. Quando olhou para ele, Kangwoo falou o que tornou tudo mais difícil. Será que existe alguma maneira de evitar esse “joguinho” sem olhar para ele? Pensando profundamente, saiu do carro e caminhou ao lado de Kangwoo. Ele estava pensando se havia outra maneira.
Assim que o cachorro no jardim viu seu dono, veio correndo até ele, abanando o rabo. Heewoon ficou à distância e observou enquanto Kangwoo brincava com o cachorro. Enquanto estava perdido em pensamentos seus olhos se mantiveram lá.
Depois de um tempo, Kangwoo se virou e notou o olhar de Heewoon. Ele parou no caminho e olhou para Heewoon.
— …….
— …….
Há uma distância de cerca de quatro passos, houve um momento de silêncio enquanto seus olhares se entrelaçaram.
Heewoon hesitou, depois perguntou cautelosamente: — Por quê?
Kangwoo soltou um pequeno suspiro e caminhou com passos largos.
— Por que, por quê… — o rosto inexpressivo assustou Heewoon, que recuou, mas os passos de Kangwoo foram muito mais rápidos do que seu rmovimento tímido.
Kangwoo agarrou Heewoon pelo braço e o puxou para um beijo.
A mão que estava segurando firmemente Heewoon se moveu para sua cintura, fazendo seus corpos se tocarem completamente, e a outra mão, que estava na parte de trás de sua cabeça, mergulhou nos cabelos dele, como se estivesse tentando controlar suas emoções.
— Hmph…
Heewoon ergueu parcialmente as pálpebras enquanto movia os lábios. Embora estivesse dentro do jardim da casa, fora das vistas do mundo exterior, não estava completamente escondido das pessoas que trabalhavam na casa. Ele não sabia quando alguém sairia para a varanda ou se alguém estaria parado na ampla janela da sala de estar.
Heewoon agarrou a bainha da camisa de Kangwoo, encolhendo-se com a sensação da língua dele contra o céu da sua boca. Quando seus lábios se separaram por um momento, ele ofegou.
— Se alguém nos ver…
Antes que pudesse terminar a frase, Kangwoo empurrou sua língua nos lábios entreabertos de Heewoon novamente. As costas de Heewoon se arquearam ligeiramente e sua respiração ficou cada vez mais difícil.
— Haa-…
Recuando, com um suspiro, Kangwoo passou os lábios levemente pela bochecha e queixo dele antes de pressioná-los firmemente contra a parte de trás de sua orelha. Sua voz baixa e rouca ecoou através do lóbulo da orelha:
— Eu estava prestes a subir para o quarto para fazer isso…
Kangwoo mordeu levemente o lóbulo da orelha dele e lambeu de leve antes de erguer a cabeça.
— Foi o Sunbae quem ficou me olhando com esses olhos pidões.
— Eu…eu nunca… Não fiz isso.
— É mesmo? Mas por que me olhou assim?
Seus olhos se encontraram de perto. O canto da boca de Kangwoo subiu ligeiramente.
°
°
Continua…
Tradução: Rize
Revisão: MiMi