Sem Forma - Capítulo 15
Era 31 de outubro, quinta-feira. Nos últimos dias, Seo Kangwoo não havia levantado a mão para Heewoon nem uma vez. Ele apenas cuidou bem dele.
E isso, isso o deixava ainda mais assustado.
— Hoje é o último dia de aulas, não é?
Kangwoo perguntou a Heewoon, que estava carregando uma sacola. Heewoon ainda não tinha dito aos alunos que estava desistindo das aulas particulares. Isso porque, junto com a estranha sensação de que ele estava se afundando em um pântano, um medo desconhecido continuava crescendo em seu peito.
— Sim. — Heewoon respondeu. Seu coração batia loucamente.
Kangwoo, que estava observando Heewoon silenciosamente, inclinou a cabeça.
— Entendi. Então, que tal irmos a Incheon amanhã para comer amêijoas grelhadas?
Ele iria ter aula amanhã à noite, então talvez ficasse um pouco apertado para ir a Incheon.
— B-bem, eu não sou muito fã de amêijoas…
— Você comeu na última vez.
As palavras de Heewoon foram interrompidas enquanto ele mexia os lábios. Ultimamente, ele tinha experimentado uma variedade de comidas diferentes com Seo Kangwoo, e as amêijoas estavam em um desses pratos.
— Certo, então vamos a outro lugar.
Internamente, Heewoon suspirou aliviado.
— Ouvi dizer que há um lugar que grelha camarão e carne de porco juntos.
— Huh.
Ao ouvir a continuação da frase de Kangwoo, o rosto de Heewoon empalideceu, o homem abriu os braços enquanto o olhava para ele, que se aproximou de Kangwoo, que estava sentado na cama. Kangwoo abraçou sua cintura e deu um tapinha leve em sua bunda.
A maneira carinhosa como Kangwoo o tratava provocava dois sentimentos em Heewoon. Às vezes, fazia com que ele se iludisse, pensando que eles estavam em um nível de igualdade, e outras vezes o deixava com medo de que a situação pudesse se tornar destrutiva a qualquer momento.
E o resultado disso era a situação atual. Se Kangwoo tivesse agido de maneira mais dura nos últimos dias, Heewoon já teria parado as aulas particulares. E nesse caso, ele não estaria tão ansioso agora.
— Você não vai? Pode acabar chegando atrasado para sua última aula.
— Ah, não…
Heewoon, que estava hesitando, saiu do quarto. Vendo seus ombros encolhidos, Kangwoo colocou a mão no queixo.
***
No dia seguinte, sexta-feira, Heewoon esteve tenso o dia inteiro. Hoje, Kangwoo teve que sair e não conseguiu almoçar com ele por algum motivo. Ele disse que viria buscá-lo à noite.
Enquanto estava sentado para assistir à última aula, ele ficou extremamente ansioso. Heewoon pegou o passaporte, que tinha colocado em sua bolsa às pressas.
Ele estava pensando se deveria falar sobre as aulas durante a carona. Pelo menos enquanto Kangwoo estivesse dirigindo, ele não o agrediria.
Enquanto ele estava tendo esses pensamentos, um professor assistente entrou na sala de aula e escreveu algo no quadro negro.
‘ Aula cancelada.’
— A aula de hoje foi cancelada.
A sala de aula ficou barulhenta com alguns alunos desapontados e outros extremamente empolgados. No meio disso, Heewoon olhou fixamente para o quadro. Ele estava segurando seu passaporte na mão.
Era apenas 1 da tarde e Kangwoo só viria buscá-lo às 5. Ainda faltavam 4 horas, mas ele estava tão ansioso que não conseguia se concentrar nas tarefas. Segurar o passaporte já não o acalmava mais, como se o efeito tranquilizante do ato tivesse desaparecido.
De repente, ele pensou no aeroporto.
Talvez ganhasse um pouco de coragem se fosse ao aeroporto.
Heewoon colocou o passaporte na bolsa e se levantou para pegar suas coisas. O ônibus para o aeroporto era muito caro, então ele pegou o trem expresso. Durante a viagem de mais de uma hora, ele ficou sentado, imóvel, sem fazer nada.
Heewoon entrou hesitantemente no aeroporto, observando aquela infinidade de pessoas. Como era sua primeira vez no Aeroporto de Incheon, ele não sabia se aquele lugar sempre estava tão cheio de gente ou se era por ser uma sexta-feira. Ele encontrou um lugar para sentar enquanto evitava as pessoas que carregavam suas bagagens.
Sentado em uma cadeira, ele continuou a observar a multidão.
Os rostos das pessoas que carregavam bagagens estavam cheios de empolgação. Ele ficou olhando por um bom tempo para um grupo de pessoas que estavam rindo, conversando e tirando fotos juntas. O som de risos ecoava pelo teto alto sem parar.
Haviam pessoas que viajavam sozinhas também. Um homem veio em direção a Heewoon segurando uma mala em uma mão e um passaporte na outra. O som dos passos se arrastando pelo chão irregular e das rodas do carrinhos de bagagem rolando pareciam iguais ao que ele tinha observado antes. Mas ele não estava rindo.
Ele estava sozinho e, obviamente, não estava feliz. Heewoon pensou que talvez esse homem não fosse viajar a passeio. Ele apertou o passaporte em sua mão. O material firme acabou sendo enrolado em formato tubular. Claro que não, na verdade ele parece está….
Nesse momento, o celular que ele tinha colocado no bolso vibrou. Heewoon, que estava olhando fixamente para o homem com a bagagem, se assustou e pegou o celular. Era sua mãe.
— Sim, mãe.
[Onde você está?]
— Ah… Saí para dar uma volta. Por quê?
Heewoon respondeu de maneira vaga.
[Nós concordamos em dividir os custos da reforma do telhado. Será que dá pra fazer essa semana?]
— Quanto vai custar?
[Apenas 100 mil won. Você tem dinheiro sobrando, Heewoon?]
— Ah…
O saldo na sua conta estava bem baixo e certamente ele não tinha 100 mil won. Ele puxou um cartão da carteira, que de repente veio a mente, e disse:
— Mãe, quando eu receber dinheiro das aulas particulares, vou enviar.
[Até o dia 5? Eles disseram que isso tem que ser feito antes de começar a chover…]
— Se tudo der certo, vou receber no dia 1. Te envio amanhã.
[Okay, entendi. Vou te enviar o número da conta, então. Deposite amanhã. Obrigado pelo trabalho duro, filho.]
— Sim.
A ligação foi encerrada. Heewoon olhou para a tela do celular.
‘Mãe’
Seu olhar desviou do celular para o passaporte verde que estava em sua coxa. Heewoon pegou o passaporte novamente em suas mãos e o tocou delicadamente. O homem que ele tanto observava tinha acabado de passar ao seu lado. O som das rodas da mala ficou mais fraco.
Ele continuou observando as pessoas novamente, absorto.
O tempo passou mais rápido do que ele pensava. Já eram 3h30. Ele tinha chegado às 2h30 e já havia se passado uma hora. Se quisesse estar na escola às 17h00, seria melhor ir agora. No entanto, sua bunda estava colada na cadeira e não se movia, então Heewoon decidiu ficar por mais dez minutos.
Alguém parou à frente de Heewoon.
Ele olhou de relance para o lado. Pensou que a pessoa estava tentando se sentar na cadeira vazia ao lado dele, então moveu sua mochila no chão para mais perto.
No entanto, os sapatos agitados permaneceram onde estavam, imóveis.
Heewoon ergueu lentamente a cabeça.
— Uh?
Seus olhos se abriram amplamente. A pessoa que ele havia combinado de encontrar na escola às 5 estava na frente dele.
Seo Kangwoo estava vestindo um terno formal e tinha o cabelo bem penteado para trás. Ele não parecia um estudante, mas mais um jovem empresário.
— Como você chegou aqui?
Os olhos sob as sobrancelhas escuras passaram lentamente por Heewoon. Os olhos se estreitaram e Heewoon engoliu em seco. Ele sentiu uma sensação de intimidação, embora o homem parecesse normal.
Kangwoo, que agora estava olhando para o passaporte, perguntou com uma voz baixa.
— Onde estava indo? Em alguma loja?
— Não, eu só…
Heewoon gaguejou, surpreso. Se ele dissesse que tinha vindo porque estava ansioso, o outro não entenderia.
— Só veio ao aeroporto.
A voz murmurada era assustadoramente baixa. Heewoon assentiu com a cabeça, incapaz de dizer qualquer coisa enquanto era esmagado pela energia pesada de Kangwoo. Depois de franzir a testa, Kangwoo agarrou o pulso de Heewoon e o puxou para cima.
— Ai.
O aperto foi tão forte que Heewoon gemeu, mas Kangwoo não se importou. Somente quando chegou ao carro, o homem soltou o pulso dele. Uma vez no banco do passageiro, Heewoon esfregou o pulso que latejava e olhou para Kangwoo.
Uhhh…
Kangwoo, que estava olhando para frente, suspirou e apertou o cinto de segurança. O terno justo mostrava vagamente a flexão de seus músculos cada vez que ele se movia.
— Coloque o cinto.
Heewoon olhou confuso para Kangwoo e, em resposta ao tom baixo, colocou o cinto. O carro começou a se mover e a sensação de ansiedade que tinha diminuindo um pouco começou a crescer novamente em seu peito.
Por que Seo Kangwoo estava tão irritado?
Será que ele descobriu que eu não parei de dar aulas particulares?
— Kangwoo, para onde estamos indo?
Heewoon perguntou cautelosamente, mas Kangwoo continuou dirigindo em silêncio. Heewoon lembrou-se do dia em que testemunhou o assassinato daquele homem. Kangwoo também estava usando um terno. Seu rosto empalideceu em um instante.
— Eu só…
— Cale a boca.
Uma voz aguda interrompeu as palavras de Heewoon. Heewoon arregalou os olhos, horrorizado. Seo Kangwoo parecia irritado desde que o encontrou no aeroporto mais cedo. Normalmente, ele sorria e falava com ele de forma carinhosa quando se encontravam, mas agora não era o caso.
Seu olhar estava fixo no passaporte. Heewoon olhou para ele e depois abriu a boca.
— Nós deveríamos nos encontrar às cinco… cinco horas. Como você chegou aqui?
— Eu tinha acabado de chegar em casa quando ouvi essa merda.
— ….
— Eu vim até aqui sem pensar.
Seu tom estava ríspido. Heewoon mordeu o lábio, olhando para o perfil esculpido do homem. Incapaz de fazer mais perguntas, ele juntou as mãos e olhou para frente. Foi então que ele percebeu que estavam em Incheon. Talvez ele o levasse para o restaurante como planejado.
Mas o carro parou em frente a um prédio de apartamentos.
Heewoon seguiu Kangwoo com os olhos.
Quando entrou no elevador, sentiu que ia morrer sufocado. Ele sabia como Kangwoo poderia ferir alguém com sua expressão impassível.
Parado no hall de um apartamento que parecia mais um modelo de casa sem sinais de vida, Heewoon hesitou. Talvez seja um lugar secreto de Kangwoo. Enquanto pensava nisso, Kangwoo tirou o casaco e o jogou no sofá, desatou a gravata e olhou para Heewoon.
— É uma pena ter te encontrado no aeroporto assim.
Heewoon piscou ao ouvir as palavras secas. Parecia haver um mal-entendido.
— Ah, não! Eu não estava indo a lugar nenhum, na verdade. Eu estava apenas…. eu vim passear.
— Você queria fugir?
Kangwoo inclinou a cabeça com desdém.
— Fugir…
A palavra ficou presa em meus ouvidos.
Heewoon apertou os olhos e olhou para Kangwoo. O canto do passaporte que ele havia guardado às pressas no bolso da calça perfurou sua carne. Seus lábios tremeram. Lembrou do homem que havia visto antes: ele não estava viajando… estava fugindo. Fugindo.
A voz tremida passou entre os lábios trêmulos, pressionados pela emoção.
— Por quê? Eu… não posso ir a lugar algum?
— O quê?
— Eu também posso sair sozinho. Mais tarde, talvez possa ir a algum lugar… talvez possa sair mais cedo do que eu pensava… mais cedo do que imaginava… — Heewoon balbuciou, nervoso.
— …
Kangwoo encarou Heewoon em silêncio. Depois de um longo tempo, ele finalmente abriu a boca.
— Então, hoje foi uma excursão, certo?
—… Sim. Eu esperava estar de volta às cinco.
Kangwoo murmurou para si mesmo enquanto baixava os olhos.
— Eu vou viajar, mais tarde, sozinho. Talvez mais cedo do que você imagina.
Heewoon deu um passo hesitante para trás. Ele não havia interpretado suas palavras errado. À medida que se afastava de Kangwoo, que estava parado em silêncio, sentiu a sensação da porta de entrada fria em suas costas. O frio que tocou suas costas parecia congelar sua pele até os ossos. Heewoon cerrou os punhos e olhou fixamente para Kangwoo.
Os músculos do peitoral sob a camisa social se projetaram notavelmente. Depois de soltar um longo suspiro, Kangwoo levantou as pálpebras e olhou para Heewoon.
— Sunbae.
Kangwoo levantou o canto da boca. A curva era tão suave quanto de costume, mas estranhamente assustadora.
— Vou estabelecer uma coisa.
— …
TUM-TUM, TUM-TUM.
O coração de Heewoon disparou rapidamente. Uma sensação estranha e sinistra rastejou por sua pele.
— Sunbae, você só pode ir para a onde eu permitir.
O tom de voz era doce e a curva dos olhos era delicada.
Enquanto Heewoon tentava articular uma resposta, Kangwoo foi mais rápido.
— Quando penso em você vagando e andando por lugares onde não estou…— ele se aproximou devagar, falando em voz baixa. Parecia que seu pescoço estava apertando. — … eu me sinto mal.
Kangwoo acariciou suavemente a cabeça de Heewoon. Seu dedo se moveu ao longo do couro cabeludo até tocar sua nuca. Heewoon encolheu os ombros.
— Se eu quebrar sua perna, você vai chorar de novo.
Heewoon olhou para Kangwoo, assustado. Ele sentiu como se o corpo bestial escondido pelo tecido fino pudesse esmagá-lo a qualquer momento.
— Portanto, se você for a qualquer lugar que não seja a sua casa ou a escola, certifique-se de me perguntar primeiro.
Sua voz era tão suave que parecia que ele estava realmente cuidando de Heewoon.
Ao ver Heewoon olhando para ele com a boca fechada, Kangwoo suspirou.
— Parece que o sunbae anda esquecendo as coisas ultimamente. Isso está me deixando preocupado. Entendeu o que deve fazer, sunbae?
A mão que estava acariciando seu cabelo bateu de leve em sua bochecha. Os olhos que ele encontrou eram escuros e assustadores. Os lábios de Heewoon tremeram.
— …Sim, eu entendi.
— Que bom.
Kangwoo sorriu e continuou a acariciar sua cabeça.
Como um rato em uma armadilha, debaixo dos ombros imponentes que emanavam uma presença intimidadora, Heewoon lembrou-se de algo.
Kangwoo deu um passo para trás, foi até o sofá e se sentou, em um movimento vagaroso e sem urgência. Heewoon observou enquanto ele se recostava no sofá e cruzava as pernas. Então sentiu que finalmente podia respirar.
— Ainda é um pouco cedo, então vamos descansar.
— …Sim.
— O que está fazendo, você não vai entrar?
Kangwoo virou a cabeça e olhou para Heewoon ainda de pé junto à porta da frente. Heewoon olhou para Kangwoo, se encolheu e perguntou com cautela.
— Você está se sentindo melhor agora?
Ouvir a sugestão de pedir permissão sempre que for a algum lugar fazia Heewoon se sentir terrivelmente submisso. Ele mordeu os lábios com força, no entanto, ele pensou que mesmo se fosse outra pessoa, teria sido assim.
Não era que ele fosse covarde ou submisso. Kangwoo que era perigoso e ameaçador demais.
Kangwoo, que estava olhando fixamente para Heewoon, sorriu levemente.
— Você está aí parado porque está com medo de ser agredido?
— Não é exatamente isso…
— Isso é engraçado. Alguma vez eu já bati em você por diversão?
— Não! Não.
Heewoon ergueu as mãos. Mesmo que ele pensasse que as agressões anteriores foram feitas com forma de diversão, ele negou com veemência.
— Venha aqui.
Quando o homem apontou para o lado, Heewoon se aproximou meio hesitante. Embora o sofá fosse espaçoso o suficiente para que ambos sentassem confortavelmente, Kangwoo escolheu um lugar específico. Heewoon se abaixou com um suspiro e quase caiu para trás, esbarrando em seu braço.
Kangwoo observou Heewoon, que estava se reajustando apressadamente, e logo pôs os braços em volta dos ombros dele e comentou com calma.
— Não estou com raiva do sunbae por ter ido ao aeroporto. Eu só estava um pouco de mau humor.
— Oh….
Kangwoo deu um tapinha no ombro de Heewoon, que acenou com a cabeça. Heewoon relaxou um pouco.
— Sunbae, você não tem nada a dizer?
Kangwoo olhou fixamente para Heewoon. Sem saber o que dizer, Heewoon olhou para ele e então falou hesitante:
— Desculpe por ter saído sem te dizer…
Kangwoo soltou um riso fraco e beliscou a bochecha de Heewoon.
— Eu já mencionei isso antes. Deixe isso de lado.
— Eh… deixar de lado?
Kangwoo balançou a cabeça diante da confusão de Heewoon.
Depois disso, eles conversaram um pouco.
Era estranho, mas era verdade. A armadilha estava se apertando em torno dele e ele não tentou escapar. Ele apenas ficou lá, retendo a respiração.
Por que tenho receio de que qualquer tentativa fútil possa resultar em afiadas lâminas perfurando o meu corpo? Talvez ele tenha pensado que era melhor ficar sufocado do que ter todo o seu corpo retalhado.
— Vamos embora agora.
Levantando e seguindo Kangwoo, Heewoon deu uma olhada discreta no relógio. Já passava um pouco das 6 horas. Ele provavelmente precisaria enviar uma mensagem para seus alunos. O tempo estava apertado e hoje era melhor não fazer nada que pudesse irritar Kangwoo.
Trazer à tona aquela conversa hoje não era uma boa opção. Se ele quisesse abordar esse assunto, teria que criar um ambiente tão tranquilo quanto a noite em que dormiu na casa de Kangwoo.
Enquanto seguia Kangwoo, Heewoon enviou duas mensagens.
<Sinto muito, mas não estou me sentindo bem hoje.>
<Será que podemos adiar a aula para outro dia?>
Embora ainda não tivesse recebido uma resposta, apenas o ato de enviar as mensagens trouxe um pouco de alívio.
— Com quem você está trocando mensagens assim?
De repente, Kangwoo, que estava observando Heewoon silenciosamente, perguntou. Heewoon deixou escapar uma resposta involuntária.
— Com um amigo.
— Ah. Parece que você está se dando bem com o aluno a quem dá aulas particulares.
— …Hã? Uh, sim.
Seu coração afundou. Ele deve ter visto o nome do remetente, mas não o texto.
— Você tem algo a dizer?
— Hã? Não, nada….
Ao ver a expressão estranha de Heewoon, Kangwoo soltou uma gargalhada. Ele abriu o fecho do relógio de pulso e o bateu na mesa. O metal e o vidro tilintaram juntos, fazendo um barulho alto. O coração de Heewoon bateu rápido com o som.
— Com um sorriso irônico, Kangwoo disse:
— Você excedeu minhas expectativas
Será que Kangwoo tinha descoberto? Heewoon pensou freneticamente. Ainda assim, parecia que ele teria que fingir não saber por enquanto.
— Não sei exatamente do que você está falando.
— Ah, não sabe?
Kangwoo, que estava bem na frente dele, encontrou seus olhos.
— Sim, eu não se…!
Foi um momento rápido. Sua cabeça foi agarrada e sua testa foi pressionada contra a parede.
Thump!
O barulho foi estrondoso demais para ser apenas um toque. Sentiu como se seu cérebro estivesse tremendo dentro do crânio, incapaz de pensar claramente e nem mesmo o gemido que escapou de seus lábios pareceu chegar ao seu cérebro.
Kangwoo puxou sua cabeça para trás, olhou para o rosto de Heewoon e disse:
— Você sabe agora?
As palavras giraram vertiginosamente na cabeça de Heewoon. Os olhos que se encontraram eram frios e a testa pressionada estava ardendo demais.
— Ugh….
— Acho que você sabe. — Resmungando despreocupadamente, Kangwoo bateu a cabeça de Heewoon na parede com mais força do que antes.
BANG.
O som soou mais alto.
°
°
Continua…
Tradução: Rize
Revisão: MiMi