Sem Forma - Capítulo 11
Coçando a testa e murmurando para si mesmo, Kangwoo tirou o celular. Ele pareceu estar fazendo alguma coisa por um tempo e, pouco tempo depois, houve uma batida na porta.
Ninguém veio quando Lee Hyukjin gritou por socorro mais cedo.
— Entre.
O homem que abriu a porta parecia ter uns 30 anos. Ele fez uma saudação inclinando a cabeça para Kangwoo e, atrás dele, dois outros homens entraram e, apesar de seu grande porte, Hyukjin foi arrastado para fora da sala.
— Por favor, cuide disso.
— Sim. O que devo dizer ao presidente?
— Ao presidente…
De repente, Kangwoo olhou para Heewoon, que ficou surpreso e abaixou a cabeça. Seu pescoço branco estava claramente visível devido ao decote ligeiramente esticado. Então, sem desviar o olhar, Kangwoo disse:
— Diga que ele é um bastardo.
— … Sim.
O homem, que havia me cumprimentado ao entrar, fechou a porta e saiu. O silêncio se instalou. Era quase tão assustador quanto quando tudo o que se ouve é o barulho de algo se quebrando.
Shhh, shhh.
O som de chinelos arrastando no chão foi se aproximando. Heewoon estremeceu, com a boca ainda fechada. Kangwoo endireitou a cadeira virada e olhou para Heewoon.
— Você ficou com medo?
Kangwoo se sentou na cadeira onde Hyukjin estava sentado e inclinou a cabeça. Heewoon, ainda com a boca tapada, assentiu. Kangwoo limpou os restos de sangue em suas mãos e passou a língua sobre os lábios. Ele franziu ligeiramente a testa enquanto limpava as mãos com um guardanapo.
— Por que… por que você bateu nele?
Heewoon perguntou com a voz trêmula, então o homem levantou a cabeça e olhou para ele.
— Por que acha que eu bati naquele desgraçado?
Heewoon perguntou, mas a pergunta voltou. Ele olhou para as mãos de Kangwoo, que estavam manchadas de sangue.
— Porque… Porque ele não fez o trabalho em grupo corretamente…
— ……
Seo Kangwoo não respondeu à sua resposta pouco confiante, então Heewoon falou hesitantemente.
— … Porque ele é um bastardo?
Kangwoo, que estava olhando para o rosto assustado de Heewoon, de repente riu alto. Seus ombros tremeram e ele riu por um tempo antes de parar e dizer: — Isso mesmo, porque ele é um desgraçado que se aproveita dos outros.
— Sim.
Heewoon assentiu fracamente com a cabeça. . O olhar de Kangwoo caiu sobre metade do macaron que estava na mesa. Antes, Heewoon estava segurando-o, mas ele o derrubou na mesa, fazendo o recheio se projetar e ele ficou ali, amassado.
Com medo, a mente confusa de Heewoon pensou apenas em uma coisa. Seo Kangwoo odeia quando as pessoas não comem direito. O macaron que Kangwoo estava olhando era o que ele estava comendo antes.
Assim que pensou nisso, Heewoon pegou o macaron da mesa e o colocou na boca. Ele o engoliu sem mastigar nenhuma vez.
— ……
— Já terminei.
Quando Heewoon mostrou sua boca ansiosa, Kangwoo fez uma expressão estranha e assentiu com a cabeça. Ele disse que lavaria as mãos, então Heewoon podia ir para seu quarto primeiro.
Heewoon se esforçou ao máximo para não olhar para as gotas de sangue espalhadas por toda parte, nem para os pequenos pedaços de vidro que brilhavam no chão.
Seo Kangwoo era realmente louco. Embora Heewoon sentisse um pouco de aversão a ponto de querer bater em Hyukjin, ele não merecia ser brutalizado daquela maneira.
Já no quarto de Kangwoo, Heewoon tentou controlar sua respiração ofegante. Ele nunca pensou que presenciaria tal cena. Pensou em tirar uma licença, mas depois reconsiderou rapidamente. Mesmo que tirasse uma licença, Seo Kangwoo ainda o chamaria até sua casa todos os dias. Eu deveria ir para as Filipinas, onde o meu irmão está…
Click.
O som da porta se abrindo assustou Heewoon.
— Por que está tão surpreso?
— Bem, é que…
Heewoon disse timidamente e baixou os olhos.
— A-ah, é que…
— Hã?
Seo Kangwoo estendeu uma linda caixa. Se você olhasse com atenção, poderia ver os macarons dentro do plástico transparente. Heewoon olhou para Kangwoo confuso.
— Não coma coisas que caíram no chão.
— … Não foi algo que caiu no chão.
Kangwoo riu da pequena negação de Heewoon.
— Surgiu um imprevisto e acho que vou precisar sair.
— Certo.
— Vou enviar um e-mail ao professor dizendo que eu vou apresentar o trabalho.
— Está bem.
Heewoon estava curioso sobre o que havia acontecido com Hyukjin, mas não perguntou porque estava com medo de receber uma resposta assustadora do tipo “Eu o matei”.
Seo Kangwoo, que estava olhando para ele, de repente colocou a mão sob seu queixo.
— … O-o que está fazendo?
Heewoon gaguejou de vergonha. Ele não o agarrou pelo queixo, mas colocou os dedos em volta da gola da sua camiseta e deu um puxão.
Os lábios de Kangwoo se curvaram enquanto ele olhava para dentro da camiseta com uma expressão séria. Embora o som fosse baixo, Heewoon claramente ouviu um palavrão.
Kangwoo o soltou e alinhou a roupa de Heewoon. Sua grande mão bateu levemente perto do ombro dele. O homem enrugou o nariz enquanto ajeitava a gola da camiseta e murmurou. Então, olhou para cima.
— Existe outro desgraçado como ele?
Heewoon ficou tenso com a pergunta repentina.
— O que…?
— Algum maldito idiota?
Heewoon olhou fixamente para Kangwoo.
A expressão que parecia indiferente à primeira vista era semelhante àquela que Kangwoo tinha quando estava espancando Hyukjin. Os sons de ossos quebrando e do rosto sendo desfigurado ainda ecoavam em seus ouvidos.
De repente, ele teve esse pensamento. A razão por trás da agressão desenfreada a Hyukjin poderia ser ele próprio.
***
Heewoon saiu apressado da casa de Kangwoo. Ele queria sair dali o mais rápido possível, mas, pensando bem, isso era algo que ele sempre sentia.
— Voltei.
— Sim.
Abrindo um pouco a porta de correr, Heewoon cumprimentou sua mãe, que estava deitada. Depois, fechou a porta novamente e colocou sua mochila no chão. Ele estava considerando estudar até o horário da aula de tutoria. Na cozinha-corredor, onde apenas uma pessoa podia passar, ele estendeu uma pequena mesa e abriu o zíper da mochila. Uma caixa amarela clara estava visível.
Os olhos de Heewoon tremiam sob as olheiras. Ele fechou o punho com força e pegou a caixa da mochila. Então, aumentando o tom de voz, ele perguntou à mãe:
— Mamãe, a senhora quer comer macaron?
— Macaron?
Ele ouviu o som da mãe se levantando, então Heewoon entrou no quarto e entregou a caixa a ela. A mãe olhou para os bonitos macarons embrulhados no plástico transparente e perguntou animadamente:
— Você comprou?
— … Sim. A mamãe adora.
— Sim! Heewoon, vou preparar um café para comer com isso.
A cor voltou ao rosto cansado da mãe. Heewoon olhou fixamente para as costas dela, que estava indo em direção à cozinha. Ela cantarolava enquanto colocava água na chaleira. Ela pegou o café que havia ganhado de presente do armário e, pouco depois, o bule chiou e o aroma de café se espalhou pela pequena casa enquanto a canção continuava.
Sua mãe adorava doces caros e pequenos.
— Quer tomar café?
— Sim.
Sua mãe não fazia ideia do que acontecera há pouco. O que Heewoon tinha visto, ouvido e sentido hoje, e como ele acabou trazendo esses macarons.
— Parece que você ficou acordado até tarde estudando ontem. Você deve estar muito cansado, Heewoon.
A mãe disse com um olhar preocupado no rosto.
— Não, não estou cansado. Eu sempre tive insônia.
Heewoon olhou para a mãe e sorriu.
Ele colocou o café na mesa e voltou para o quarto. Heewoon olhou para a porta de correr e colocou as mãos em volta da caneca de café fumegante, apenas para perceber que suas mãos ainda estavam frias.
***
— Nossa, eu realmente gostei! Tanto no conteúdo quanto da apresentação, vocês fizeram um ótimo trabalho.
— Obrigado.
Ao lado da tela, Kangwoo sorriu suavemente.
— Devido a um colega de equipe ter sofrido um acidente de trânsito, esta equipe foi composta por apenas duas pessoas. Ouvi dizer que o acidente foi grave. Como que ele está?
Os alunos na sala de aula tagarelavam e falavam sobre Lee Hyukjin. Eles pensavam que se tratava de um acidente de carro. Tudo estava tão bem organizado que foi assustador.
— Ouvi dizer que ele está se recuperando.
O professor acenou com a cabeça e bateu palmas em sinal de reconhecimento. Heewoon olhou fixamente para Kangwoo enquanto os outros alunos começavam a bater palmas.
Será que foi realmente por minha causa?
— Como foi? Eu fui bem? — Kangwoo sussurrou com um sorriso brincalhão. Ele agiu naturalmente o tempo todo, mesmo tendo batido em alguém e fingido ser um acidente de carro.
— Sim.
Heewoon assentiu com a cabeça. E pensou:
Kangwoo é um louco, portanto, não é necessário adivinhar a razão para a agressão. Qualquer que seja a razão, foi ele que cometeu essa agressão e não tem nada a ver comigo.
— Por que está me olhando assim?
Com as palavras de Kangwoo, Heewoon sacudiu a cabeça, indicando que não era nada.
Enquanto a próxima equipe se preparava para a apresentação, Heewoon ouviu os murmúrios dos calouros atrás deles.
— Ei, você ouviu sobre isso? Hyukjin sunbae está internado na suíte VIP. Parece que ele não está bem.
— Isso não é apenas um rumor? Como você pode saber disso, se ninguém tem permissão para visitá-lo.
— Não tenho certeza, mas temos um colega chamado Minhyeong que a irmã mais velha da namorada dele trabalha no hospital e ela disse que o viu.
— Você chama isso de boato? Seu idiota…
Os dois que estavam conversando abruptamente fecharam a boca quando notaram o olhar do professor sobre eles.
Heewoon mexia com as mãos embaixo da escrivaninha e a palma da mão de Seo Kangwoo, ao lado dele, tinha um band-aid da mesma cor de sua pele. Parecia que ele também havia se machucado um pouco quando esmagou a cabeça de Lee Hyukjin com o vidro. Heewoon olhou fixamente para essa mão de aparência tão bela. Ninguém seria capaz de imaginar que ela havia cometido um ato tão terrível.
— Vamos começar a apresentação.
A única pessoa que sabia sobre a loucura de Kangwoo era Heewoon.
Heewoon virou a cabeça e olhou para frente. Seu coração estava batendo rápido.
***
Faltava menos de uma semana para o exame. Normalmente, ele teria tirado um cochilo na aula, mas não podia perder tempo.
Com aulas particulares seis dias por semana, sempre ficava sem tempo durante o período do exame e isso era em parte devido a Kangwoo, que o chamava constantemente. Heewoon não tinha outra opção a não ser estudar depois das aulas particulares. Ontem, havia chegado em casa por volta das 2 da manhã, estudou por cerca de 4 horas e dormiu. Como consequência, seu tempo de sono foi de apenas 2 horas. Antes disso, foi de 3 horas, e no dia anterior, 2 horas. Ele se sentia muito cansado, como se tivesse atingido seu limite. Sentia como se pudesse adormecer assim que sua cabeça tocasse algo.
Heewoon limpou o rosto e olhou para o relógio. Havia cerca de 3 horas até a aula particular. Preciso terminar essa matéria hoje… só…
— Ha-.
Ele suspirou e cobriu os olhos. Ele estava andando, mas sua mente estava adormecida. Dado que Kangwoo não havia entrado em contato até agora, talvez hoje ele não o chamasse. Então, talvez ele devesse descansar um pouco em seu quarto.
Ele não podia se permitir cochilar durante a aula particular. Alguns dias atrás, ele ouviu o estudante dizer: “Vou ficar de olho em você, professor.”
Seria melhor dormir um pouco antes de ir para a aula particular.
Com essa determinação, Heewoon mudou de direção enquanto caminhava para a biblioteca. Sentindo que ia dormir bem, seus passos pesados ficaram mais leves.
Mas então, ele recebeu uma chamada.
[Seo Kangwoo]
Olhando para a tela de seu celular, Heewoon passou a mão pelo rosto com força. Quando ele viu o nome, não ficou assustado, mas irritado. Parecia que o excesso de cansaço também estava afetando sua capacidade de sentir medo.
Ele não queria atender.
Se entrasse na sala, deitasse em um colchão duro e apoiasse a cabeça, ele provavelmente adormeceria rapidamente. Mesmo uma hora de sono poderia aliviar um pouco a exaustão.
No entanto, não havia opção de não atender.
— … Alô.
[Por que demorou tanto para atender o telefone?]
Era um tom assustador.
— É que…
A voz de Heewoon se arrastou enquanto ele tentava dar uma desculpa. Metade de seu cérebro ainda estava dormindo.
[Venha para o estacionamento.]
— Agora?
[Sim. Agora.]
A ligação terminou. Heewoon olhou para o celular com desânimo e suspirou. Ele pressionou as têmporas latejantes e andou, sentindo vontade de chorar.
E se eu ficar sonolento durante a aula particular? Seria um problema… Provavelmente vou ser repreendido se for pego cochilando. Será que vou conseguir estudar de madrugada?
Enquanto caminhava para o estacionamento, o rosto de Heewoon foi ficando cada vez mais sombrio.
O carro de Kangwoo estava à vista, mas não era o carro importado; provavelmente ele não gostava de chamar atenção na escola.
Heewoon deu um suspiro profundo e entrou no carro. Antes que ele pudesse fechar a porta, Kangwoo o puxou pelo pescoço abruptamente e o beijou. Surpreso, Heewoon empurrou o ombro de Kangwoo bruscamente.
— O que você está fazendo?!
Heewoon verificou se a porta do carro estava fechada e olhou ao redor.
— Estou apenas beijando você.
Kangwoo respondeu despreocupadamente, inclinando a cabeça. Foi desagradável.
— Vamos lá, de repente isso… por que…?
— Acho que meu sunbae não tem mais tanto medo de mim.
Não pode ser. Estou ficando louco? Empurrando Kangwoo assim. E ainda gritando.
— Não é isso…
Ele estava prestes a pedir desculpas, mas Kangwoo começou a acariciar a cabeça de Heewoon lentamente.
— É porque estou feliz em te ver. Mas não é legal afastar as pessoas assim.
— …….
— E se eu ficar chateado…
Kangwoo alongou as palavras. Heewoon abaixou os olhos. A mão que estava acariciando sua cabeça subitamente agarrou seu cabelo e o puxou para trás.
— Ugh…
— O sunbae pode sair perdendo nisso, não acha?
°
°
Continua….
Tradução Rize
Revisão MiMi