Sem Forma - Capítulo 02
Heewoon respirava pesadamente. Respirar fundo fez seu peito doer. Ele não conseguia respirar bem, sentia que faltava oxigênio. Ele está morto? Seus olhos tremiam de medo enquanto olhavam para o corpo do homem.
Acho que ele está morto. O que devo fazer? Tenho que denunciar o mais rápido possível.
Com as mãos trêmulas, ele digitou a mensagem.
Houve um erro de digitação, mas não houve tempo para corrigi-lo. Quando ele estava prestes a pressionar o botão enviar com uma respiração áspera, notou algo estranho.
De repente, os arredores pareciam muito calmos.
Heewoon voltou seus olhos para a lacuna entre as caixas.
— Saia daí.
Uma voz baixa foi inadvertidamente ouvida na atmosfera silenciosa. Heewoon encolheu os ombros.
Não é possível. Não… não pode ser!
— É melhor você sair.
Ele fechou os olhos esperando que o homem estivesse falando com outra pessoa.
— Saia! — Seo Kangwoo disse irritado, como antes de esfaquear o homem no pescoço.
O rosto de Heewoon estava pálido e cansado. Ele estava bem escondido e não fez qualquer barulho, então, como poderia ser notado? Segurou o celular como se sua vida dependesse disso. Mais uma vez o ambiente ficou calmo e o único barulho que preenchia aquele espaço era o canto de um gafanhoto.
Heewoon tentou cobrir a boca para o caso de seu nervosismo quebrar o silêncio.
— Você não está escutando, porra!?
Ao mesmo tempo em que uma voz foi ouvida acima da cabeça de Heewoon, seu cabelo foi puxado bruscamente. Naquele momento, a mão de Heewoon deslizou para baixo e ele apertou o botão enviar.
— Aaaah!
Sentindo a dor de seu couro cabeludo sendo rasgado, ele olhou para cima e se deparou com um par de olhos que brilhavam estranhamente. O horror tomou conta de todo o seu corpo.
Kangwoo, lançando um olhar assustador para o rosto pálido de Heewoon, que não conseguia nem gritar, caminhou lentamente. As pernas de Heewoon foram arrastadas pelo chão, levantando uma nuvem de poeira.
— Ugh, Uh…
Heewoon desesperadamente procurou alguma alternativa naquele espaço com o olhar, mas antes não tivesse feito, pois fez contato visual com o homem moribundo deitado em uma poça de sangue.
Abaixo do queixo do homem, o sangue jorrava de maneira irreal. A poça vermelha que se formou crescia a cada instante. A mão do homem, que arranhava o chão sem força, estava toda quebrada.
Fixou os olhos no homem que estava morrendo em ritmo rápido. E, finalmente, um grito que parecia estar preso em sua garganta saiu tardiamente.
— Aaaaaah!
Heewoon arregalou os olhos e se contorceu em desespero.
— Fique quieto.
— Me solte, me solte!
A mão que se agitava freneticamente no ar golpeou as costas da mão de Kangwoo. O homem franziu a testa, parando seus passos, e puxou bruscamente os cabelos de Heewoon para trás, fazendo seus olhos se encontrarem.
— Aaaah!
Heewoon deu um pulo quando seus olhos se encontraram com o assassino.
— Fique quieto. — A ordem foi dada com uma voz calma, mas seus gritos pararam abruptamente.
— Huh…
Hee-woon gemeu com o pescoço contraído e o queixo tremendo. O olhar de Kangwoo calmamente percorreu o rosto pálido de Heewoon.
Após um longo silêncio, Kangwoo finalmente falou com Heewoon.
— Não grite, você é barulhento.
— Uh… Sim, sim…
Kangwoo soltou o cabelo de Heewoon e deu um passo para trás. Heewoon piscou os olhos, desconfortável, sem ousar tocar em sua cabeça latejante. Os outros homens ficaram alguns passos atrás dele, imóveis.
E bem ao lado, alguém estava morrendo.
Os dedos ensanguentados que mal podiam ser vistos ao canto do seu campo de visão se contorciam. O sangue vermelho rastejava como se estivesse manipulado, em direção ao tênis que ele usava. Heewoon recuou, assustado.
Thump.
Ele sentiu algo duro bater em suas costas e, quando se virou, Kangwoo, com seu rosto frio, o olhava. Heewoon torceu o rosto e se afastou um pouco, inquieto.
Kangwoo, que estava observando silenciosamente Heewoon rastejando pelo chão, se ajoelhou. Quando Heewoon desviou o olhar, ele inclinou a cabeça como se estivesse tentando encontrar seus olhos.
Aterrorizado, Heewoon apertou os olhos com força. Estava tão assustado que achava que poderia morrer a qualquer momento. Era a primeira vez em seus 26 anos de vida que ele se sentia tão apavorado. Era muito mais assustador do que quando os agiotas vinham atrás dele.
— Está com medo?
— Sim, estou…
Heewoon respondeu trêmulo e deu um pulo, assustado, enquanto observava seus arredores. Kangwoo estava sorrindo levemente. Há algumas horas, ele teria ficado animado com aquele sorriso, mas agora ele era apenas amedrontador.
— Por que você me seguiu até aqui hoje?
Heewoon ficou surpreso com a voz aparentemente carinhosa e seus olhos se arregalaram. “Hoje”? O homem disse como se já soubesse que ele o estava perseguindo.
— Hã?
Desde quando ele sabe?
— Normalmente, você costuma ir embora às 8 horas. Mas hoje, você me seguiu o dia inteiro, é isso?
Ele sabia até os horários que Heewoon agia.
Até onde ele sabe?
Heewoon entrou em pânico e ficou confuso.
— Não minta.
Antes que Heewoon pudesse entender o que Kangwoo queria dizer, ele foi atingido com tanta força que sua cabeça ficou zonza. Com a cabeça baixa, Heewoon levou a mão à bochecha e piscou várias vezes atordoado. Sua visão ficou turva. A respiração que ele engoliu às pressas com dor tinha gosto de sangue.
Uma mão desceu rapidamente e levantou o queixo de Heewoon.
— Você não está me ouvindo?— Kangwoo lambeu os lábios enquanto observava o sangue escorrendo pelo canto da boca de Heewoon. — Ei Heewoon… Sunbae Heewoon.
— Huh…
— Quando alguém fala com você, você deve responder, certo?
— Me… me desculpe…
Enquanto observava Heewoon com os olhos baixos, Kangwoo acariciou levemente a bochecha dele com a ponta dos dedos. Era caloroso e suave. Não era uma sensação desagradável.
— Eu perguntei algo antes.
A voz de Kangwoo suavizou um pouco.
— Ahh, s-sim. Por que… por que… hoje, por que eu te segui até aqui…?
Heewoon falou como se estivesse prestes a morrer, mesmo que ninguém tenha lhe machucado fatalmente. Então, ele apertou os lábios novamente.
— Parece que o sunbae é meio idiota. Quer levar mais um tapa?
— Uh… não, não por favor.
Heewoon sacudiu a cabeça freneticamente. Ao mesmo tempo, as pupilas dele, que estremeceram, estavam úmidas.
— Ah, ah… eu estava prestes a voltar para casa, mas você apareceu…
O homem olhou para ele e sacudiu o queixo, como se dissesse para continuar. A mente de Heewoon estava uma bagunça.
Seo Kangwoo esfaqueou alguém, e ele sabe que o estou perseguindo. E está perguntando sobre isso. Seria ainda mais aterrorizante se fosse morto de forma horrível por perseguir ele… Devo mentir? Devo ser honesto e pedir perdão? Será que ele vai me poupar mesmo eu tendo testemunhado um assassinato? O que a polícia vai fazer?
Nesse momento, Kangwoo apertou o rosto de Heewoon com uma mão, fazendo o pequeno rosto se distorcer.
— Ahhh, dói…
— Não tente fugir do assunto. Fale direito.
— Sim, sim, sim! — Heewoon, apavorado, respondeu várias vezes.
A grande mão se afastou do rosto dele com um tapa de advertência. O osso da sua bochecha pareceu quebrar. Sua bochecha estava latejando e o olhar que alcançou Heewoon era frio.
Ele era alguém que poderia matá-lo a qualquer momento. Heewoon não podia mais controlar suas palavras e sua boca se mexeu por conta própria.
— V-você… você estava usando um terno e estava tão elegante… que eu pensei que você ia a algum clube, então, eu… eu te segui.
— ….
Kangwoo inclinou a cabeça ligeiramente, observando Heewoon com cautela. Heewoon, que estava piscando descontroladamente os olhos, acrescentou como se acabasse de pensar em algo.
— Eu te segui.
Kangwoo olhou fixamente para Heewoon e riu levemente, então, perguntou com um tom bastante amável.
— Você me seguiu porque estava preocupado de que eu fosse ficar com outros caras?
— N-não, não é isso…
Heewoon negou imediatamente. O canto da boca de Kangwoo se elevou ligeiramente. Ele não parecia incomodado.
Heewoon olhou ao redor. Em algum momento, os outros homens haviam desaparecido e apenas manchas de sangue permaneceram no chão. Só ele e Kangwoo estavam ali.
No entanto, ele não tinha a menor intenção de enfrentá-lo. Ele não tinha confiança alguma em vencer uma luta: o punho do homem já causava um estrago grande apenas com alguns tapas. Se ele levasse um golpe adequado, nem conseguiria se recuperar mentalmente.
Heewoon era tão fraco em relação à força que até os agiotas ficariam surpresos. Por isso, começou a pensar desesperadamente na polícia. Certamente a polícia teria enviado uma mensagem dizendo estarem a caminho e chegariam em breve. Mas, por agora, ele precisava ganhar tempo.
— Desde quando você sabia?
— Desde o começo. Você estava dando muitas pistas, só poderia ser o sunbae me seguindo.
Kangwoo acariciou a cabeça de Heewoon, com a aparência de um amável junior.
— Desculpe. Eu, eu só… só queria saber mais sobre você… — As palavras desordenadas e entrecortadas foram ouvidas com compreensão por Kangwoo. — Quando olho para você, me sinto bem, mas eu não deveria ter feito isso. Foi um erro. A partir de agora, não vou mais fazer isso.
— Por quê?
— … hã? — Heewoon perguntou com um rosto perplexo.
— Foi tão divertido te ver me seguindo como um idiota e agora você não quer mais?
— Então, e-então… continuarei te seguindo.
— Continuar me seguindo?
Um olhar malicioso apareceu nos olhos de Kangwoo enquanto ele franzia levemente as sobrancelhas.
Heewoon percebeu tarde demais. Kangwoo estava apenas brincando com ele.
Se a brincadeira perdesse a graça, ele vai me matar. Ele começou a pensar de forma bastante racional.
Kangwoo era o assassino, e ele era a testemunha. Em outras palavras, Kangwoo, que matou uma pessoa, não teria motivo para deixá-lo vivo.
Ele percebeu que sua própria vida estava em perigo.
Heewoon chegou à conclusão de que ele era uma testemunha incômoda e Kangwoo, sendo o assassino, poderia tentar eliminá-lo para evitar que fosse descoberto e denunciado à polícia. Sua percepção de estar com a vida em risco o deixou em um dilema perigoso.
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Continua….
Tradução Rize
Revisão MiMi