Jantar à luz de velas do assassino Lewellyn - Capítulo 03.4

Capítulo 03 parte 04

Psique

Se eu fosse deixado sozinho em um mundo sem Llewelyn. Shevon sabia qual era a resposta para essa suposição. Shevon viverá. Ele não morrerá como o protagonista de uma peça, nem será transformado como o protagonista da tradição oral. Ele simplesmente… viverá. Voltando para onde eu estava, de alguma forma viverei como vivia quando não conhecia Llewelyn. Porque a vida não é um jogo ou uma tradição oral. Porque ela não é romântica.

“De onde você é?

Perguntou Shevon. Llewellyn não respondeu. Não foi uma reação inesperada.

“Qual é sua família?”

Dessa vez não houve resposta. Também não foi uma reação inesperada.

Perguntar mais não mudará nada. Shevon pergunta, Llewelyn não responde, Shevon pergunta, Llewelyn não responde, Shevon pergunta, Llewelyn não responde, Shevon pergunta, Llewelyn não responde…. É agradável aos olhos como se fosse pintado.

Mas Shevon fez a pergunta. Era sobre esperança. Uma esperança tão fina quanto um fio de que talvez Llewelyn pudesse revelar sua identidade.

“…Você foi à escola?”

É claro que ele ainda não respondeu.

Ainda bem que ele não estava esperando, pensou. Se estivesse esperando, ficaria desapontado. Eu teria ficado com o coração partido se tivesse me decepcionado… Foi nesse momento que não disse nada porque estava engolindo meus pensamentos.

“Sr. Shevon.”

Ouviu-se uma voz. Uma voz tão fraca que não era possível reconhecê-la a menos que se prestasse atenção. Era Llewellyn.

“Estou sangrando.”

Liberação. O som do sangue pingando de sua mão ecoou.

Noite. Por ser uma borda afiada, não havia nem mesmo uma luz fraca da lua e todo o mundo estava escuro.

Shevon estava acordado. Estava cansado demais para sair e, estranhamente, não conseguia dormir, apesar de estar ainda mais cansado pelo sexo que Shevon sugeriu, dirigiu e participou ativamente por alguma razão. Virou-se de um lado para o outro na cama, nu, usando apenas a roupa íntima. Olhou para Llewelyn, que adormeceu assim que o sexo terminou. Shevon fechou os olhos e, quando não conseguiu dormir, abriu os olhos e olhou para o teto.

Há quanto tempo você está aqui? Pequenas imagens começaram a aparecer no teto negro. Eram imagens residuais que pareciam centenas ou milhares de pequenos insetos se contorcendo.

Pensando “não”, Shevon levantou-se da cama. O cobertor que estava cobrindo Llewelyn escorregou para baixo. Decidiu que deveria ler o dicionário. Seja escrevendo um roteiro ou à mão, era um dicionário que ele usava principalmente como pílula para dormir quando não estava escrevendo um manuscrito.

Tentou acender a luz, mas preocupou-se em acordar Llewelyn, que estava dormindo há muito tempo. Se houvesse luz da lua, teria lido o dicionário confiando nela, mas o momento não era bom. Devo acender a luz do gás? Ou uma lamparina? Shevon, que estava refletindo repetidamente, decidiu usar um fósforo.

Aproximou-se da escrivaninha. O quarto estava tão escuro que não conseguia distinguir onde estava a porta ou a janela, muito menos a escrivaninha, mas conseguiu encontrá-la pelo sentido, usando todo o seu tempo livre no quarto 303 durante 8 anos. Era inevitável que seu lado dolorido batesse na esquina da escrivaninha.

Tateando no escuro, abriu a segunda gaveta da escrivaninha e tirou um pequeno estojo do tamanho da sua mão. Era uma caixa de fósforos.

Quando riscou o fósforo, a chama acendeu e apagou. O fósforo brilhou por um curto período de tempo. Tão brevemente que nem deu para ver o que era.

Shevon viu “algo”.

O mundo voltou a escurecer antes que pudesse sequer verificar se tinha sido em vão. Apenas o fósforo apagado estava na mão de Shevon.

… Deve ter visto errado, pensou Shevon. Levantou os olhos para o teto e viu uma imagem residual que parecia um pequeno inseto, não era uma suposição tão infundada.

Mas…

Tentando acalmar os batimentos do coração, acendeu um novo fósforo. Franguinho, franguinho. Mesmo depois de esfregá-lo, o fósforo mal se acendeu. Se o fósforo não pegasse fogo desta vez, não teria outra escolha senão acender a luz do gás, e quando retirou o fósforo, este se acendeu como por milagre. Era um fósforo pequeno, mas foi suficiente para iluminar o quarto. Claro, para Shevon foi o suficiente para confirmar o que era ‘aquilo’.

Era o corpo. O corpo de Llewelyn.

Era um corpo cheio de cicatrizes. As cicatrizes eram de Shevon de olhos negros, mas a uma primeira olhada, estava claro que as cicatrizes de cortes, queimaduras e hematomas estavam entrelaçadas. Nem mesmo podia contar quantas cicatrizes havia. Todo o corpo estava tão coberto que era impossível ver toda a pele. O fato de Llewelyn não ter ficado incapacitado, apesar de seu corpo estar tão machucado, era bastante surpreendente.

De repente, as unhas de Llewelyn vieram à mente. Em contraste com seu belo rosto, suas dez unhas estavam tão distorcidas que qualquer um que as olhasse estremeceria.

O que Shevon não sabia não era apenas a cidade natal, a família e a educação de Llewelyn.

A luz do fósforo se apagou. Estava escuro de novo. Uma escuridão tão profunda que era impossível reconhecer o que era, muito menos o corpo de Llewelyn, caiu sobre sua visão. Malditos fósforos baratos. Shevon rangeu os dentes e buscou às cegas na caixa de fósforos. Era hora de acender outro fósforo.

“… Sr. Shevon.”

Shevon parou a mão. O fósforo que estava esfregando também parou. Costas rígidas.

“O que… o que você está fazendo?”

Uma voz vinha na escuridão.

O cabelo era branco. Sem saber o que responder, Shevon permaneceu em silêncio. O impulso de descobrir que tipo de cicatriz era aquilo o estava sufocando. Tentou controlar seu impulso pensando repetidamente que não deveria machucar os outros, mesmo aqueles que amava, para satisfazer sua curiosidade. Mas cada vez que tentava controlar seu impulso, sua cabeça latejava. Uma voz que avivou o impulso encheu seus ouvidos.

‘Por que tenho que pegá-los todos?’

‘Porque te amo, quero saber quem você é. É natural.’

“Compartilhar segredos é um privilégio que só pode ser desfrutado com os entes queridos. Se não, qual é a utilidade da posição de família, amigo ou amante? É apenas uma falsificação.

Um amante é um lugar especial. Se não é especial, por que me chama de amante? É o mesmo com um amante e uma pessoa sem-teto que não sabe de nada. Não, pior que os sem-teto. Acho que nunca mais vou me envolver, então posso confiar no sem-teto, mas não no meu amante.

Você é o dono? Lembrei-me de Turner olhando para Shevon como se fizesse essa pergunta. Aquela cara. Aqueles olhos. Verdadeiro amante? Mesmo que fosse substituído, não seria estranho.

Shevon conseguiu parar de pensar. Claro, Shevon estava aborrecido. No entanto, Shevon sabia que não devia tirar conclusões precipitadas sobre a situação só porque estava chateado, nem permitir que a situação chegasse ao extremo.

Shevon estava em um cabo de guerra entre o que sua cabeça sabia e o que seu coração lhe dizia, a razão e a emoção, o cálculo e o impulso. A menos que Shevon concordasse ou Llewelyn não confessasse o segredo, esse cabo de guerra provavelmente nunca terminaria. Não posso evitar. Seria bom se o amor fosse doce, mas na realidade não é nada disso.

Foi Llewelyn quem acordou o pensativo Shevon. Na escuridão. Perguntava-se se o contorno negro estava se movendo o suficiente para ser indistinguível da escuridão, e de repente estava diante do nariz de Shevon. Shevon nem teve tempo de reagir. Llewelyn agarrou a mão de Shevon. Uma força irresistível em sua mão esmagou a caixa de fósforos que Shevon segurava.

“Você perguntou.”

Era uma voz baixa e comprimida. Reprimindo as emoções crescentes, pronunciava cada sílaba em partes. Nunca pensei que Llewelyn seria capaz de dizer isso, mas aparentemente não era o caso.

Fiquei entorpecido. Shevon não sabe de nada. Não só a cidade natal, a família e os antecedentes acadêmicos, mas também as cicatrizes no corpo que se misturaram com inúmeros Shevon, a história por trás das cicatrizes e a razão para escondê-las… , que tipo de pessoa é Llewelyn.

Shevon não conhece Llewelyn.

“O que você está fazendo agora?”

Rosnou assim. Talvez tenha sido um erro, mas a voz parecia tremer levemente. Uma caixa de fósforos amassada caiu a seus pés. Uma caixa de fósforos que bateu na frente do sapato e foi jogada no chão emitiu um som surdo. Queria pegá-la, mas Llewelyn segurou Shevon com tanta força que ele nem conseguia se mover, muito menos pegá-la. Como é possível uma mão humana ter tanta força? Parecia que o senso comum que Shevon tinha até agora havia sido completamente anulado.

Escuridão. Entre eles, olhos amarelos brilhantes esvoaçavam como uma ave de rapina noturna. Enquanto o enfrentava, uma energia fria invadiu sua mente atordoada. Shevon recobrou o sentido.

“Diga.”

Mas Llewelyn não soltou. Talvez simplesmente não tenha soltado, mas pelo contrário, sua força de aperto se tornou mais forte. Shevon estava com dor, ao ponto de fazer uma leve careta.

“O que você viu?”

Llewelyn gemeu mais uma vez. Shevon refletiu sobre o fato de que a pergunta de Llewelyn havia mudado com base no que ele viu, não no que fez. Llewelyn sabe o que Shevon fez. Provavelmente sabe o que viu. Mas por que gostaria de confirmação? Shevon nem conseguia adivinhar.

Desviei os olhos para a escuridão. Llewelyn está em algum lugar por lá. Tem um corpo coberto de cicatrizes tão horríveis que é preciso coragem para olhar diretamente. Quando pensei nisso, meus lábios se abriram naturalmente e uma pergunta saiu.

“… Como fez isso?”

Shevon observou como Llewelyn ficou paralisado diante dessas palavras.

“Não quer me contar?

O silêncio fluiu. Pensando que poderia ter sido um fardo, Shevon rapidamente se corrigiu.

“Se não quer falar, não precisa… .”

“Você viu?”

O quê? Me assustou a voz que de repente interrompeu, mas foi só por um momento.

É óbvio o que pergunta. Corpo. E as cicatrizes no corpo. Shevon hesitou e assentiu. Foi quando. Llewelyn queria soltar Shevon, mas como suas mãos escorregaram, de repente mudou e agarrou os dois pulsos de Shevon.

Sentia como se os ossos fossem esmagados. Doía tanto que pensei que poderia chorar. Quando o agarrei pela primeira vez, pensei que seu aperto era forte, mas comparado a agora, era um nível de cócegas. Shevon torceu os pulsos inconscientemente para sair, mas Llewelyn não soltou. Quanto mais lutava, mais obsessivo se tornava, amarrando Shevon como um fantasma em uma zona pantanosa.

“Vai me deixar? Vai? Vai me deixar?”

É um salto absurdo. Por absurdo, Shevon esqueceu de torcer os pulsos e olhou para Llewelyn. Estava escuro, então não conseguia dizer que tipo de rosto Llewelyn estava fazendo, mas pela voz tremida, tive uma ideia aproximada.

“Agora sabe o que sou? Entendeu. Sim, você sabe. Não quer mais ficar comigo, certo? Sou feio? É repugnante? Não quer ver meu rosto e não quer ouvir minha voz, certo? Certo?”

‘É um pouco perigoso… .’ Não se pode perder a razão diante de alguém que a perdeu. Não sei se é só uma pessoa, porque não sabe o que acontecerá se duas pessoas perderem a cabeça juntas. Shevon rapidamente recuperou a compostura. A calma é a calma, pegou um punhado de migalhas e abriu a boca calmamente.

“Tente isto.”

Claro, não comeu nenhuma das sementes.

“Não vai mais me tocar? Sim. Não importa o quão escondido esteja em sua roupa, vai lembrar. Mesmo que apague as luzes e não veja nada, vai lembrar!”

“… Llewelyn.”

Claro, desta vez a semente também não funcionou. Não é porque não ouviu de propósito, mas porque não pode ouvir nada porque estava fora de si agora, mas não pude deixar de me sentir sobrecarregado enquanto ouvia um galimatias ignorado e sem sentido. O que significava?

“Eu não queria ser este país. Não sou eu, não quis ser eu… Você conhece Shevon, certo? Eu também queria ser Llewelyn. Eu também queria ser o Llewelyn de Shevon…”

Llewellyn.

“Não é minha culpa? Não, é minha culpa? É minha culpa? Sr. Shevon, Sr. Shevon, você é uma boa pessoa, certo? Você é uma boa pessoa? hein? não me abandone não deixe ir…”

“Ei.”

Duck, o disparate parou.

O silêncio se estabeleceu. Llewelyn olhou fixamente para Shevon. Os olhos que estavam desfocados voltaram lentamente ao foco. Quebrando os ossos, o aperto de Llewelyn no pulso de Shevon apenas enfraqueceu. ‘Ei’. Era um nome rude, mas o efeito era claro.

Eu disse que sinto muito por ser mau, mas parei. Não apenas Shevon, mas Llewelyn também costumava dizer bobagens (o que você disse? ‘Você viu. Shevon. Você ainda tem minha vela?’), então deveríamos nos considerar empatados.

Olhei para baixo no meu pulso. Não importa o quão forte o segurassem, o sangue não fluía através de suas mãos, então suas mãos eram de um branco puro. Mesmo na escuridão, você pode ver, então será tão pálido quanto um fantasma quando visto de um lugar claro. Espero que minhas mãos não inchem para que escrever um romance não se torne desconfortável, mas não tinha certeza se seria assim.

Shevon soltou um suspiro. Desviei os olhos do meu pulso e olhei para Llewelyn. O rosto de Llewelyn também era de um branco puro. Mais do que a mão de Shevon, mas não tão pálido como sempre.

“Sr. Llewellyn”.

Shevon falou.

“É apenas uma cicatriz”.

“… … .”

“Eu não vou mentir. Como você disse, é feio. Tanto que tenho que preparar meu coração antes de vê-lo”.

Eu tinha oito anos. Houve um tempo em que o diretor de um orfanato ordenou que ele trabalhasse como mensageiro em uma clínica particular. Mesmo como uma clínica particular, não era difícil para Shevon fazer tarefas como ferver panos de cozinha, lavar toalhas ou varrer e limpar o quarto.

Uma coisa que foi difícil foi ir ao hospital. Havia um paciente no quarto do hospital. Você tem queimaduras de cor vermelho escuro por todo o corpo, não tem pernas ou seu rosto está coberto de bolhas, então você não pode distinguir qual é o olho, qual é o nariz e qual é a boca. Como soube mais tarde, eram soldados deficientes. Uma clínica particular atendia soldados deficientes sem nenhuma conexão.

Era como ver um monstro. Para Shevon, que tinha oito anos, ir ao quarto do hospital era como um asceta indo para a caverna de um monstro. Depois de completar a tarefa de entregar livros, lanches e água, Shevon saiu correndo do quarto do hospital.

Houve momentos em que fui ordenado a limpar o quarto do hospital, mas naquele momento terminava de limpar em dez minutos. Houve momentos em que fui esbofeteado por médicos, enfermeiras e funcionários de manutenção que trabalhavam em clínicas particulares, mas não havia nada que eu pudesse fazer sobre isso. Eu tinha medo que o monstro comesse Shevon.

No entanto, isso só aconteceu quando Shevon era uma criança de oito anos. Shevon não é mais uma criança de oito anos. A casca e o núcleo não coincidem. Eu não sou um monstro porque sou feio, e eu não sou uma fada só porque sou bonito. Da mesma forma, o feio não é uma fada e o bonito não é um monstro.

“Mas o que importa isso?”

“… .”

“Eu te comprei… , não, não é porque eu não gosto de cicatrizes, certo?”

Eu amava Llewelyn. No começo, foi porque Llewelyn estava ‘do meu lado’, mas agora… Não foi tão simples quanto da primeira vez. Foi bom porque estava do lado de Shevon, foi bom porque era alto, foi bom porque tinha uma voz suave, foi bom porque tinha um sorriso brilhante, foi bom porque tinha um sorriso atraente, foi bom porque era tão bom que era imbatível à noite, era bom ser educado e descarado, e era bom porque gostava de cebolas, era bom escrever o Ano Novo como Shin-yeon, e era bom porque gostava de dormir com Shevon… . Havia muitos. Mesmo que tivesse que escolher uma razão para amá-lo, não poderia.

Llewelyn não disse nada. Como se não confiasse em Shevon.

Para uma pessoa com esses olhos, dizer: “Confie em mim” ou “Acredite ou não”, era inútil. Shevon soltou um suspiro silencioso. Eu não pude evitar. Deve haver uma razão pela qual Llewelyn também não confia em Shevon. Assim como Shevon não confia em Llewelyn porque não conhece Llewelyn. O pensamento de se o amor sem confiança era possível, brilhou em minha mente por um momento e depois desapareceu.

Foi quando. Uma voz cautelosa saiu da boca de Llewelyn, que olhava silenciosamente para Shevon.

“… Ainda gosta de mim?”

Essa foi uma boa pergunta. Shevon assentiu rapidamente. Como estava escuro, talvez não tivesse visto sua cabeça, então acrescentou: “Sim, eu gosto”. Silenciosa, Llewelyn voltou a falar. Também era uma voz que não se afastava.

“… De verdade?”

“Sim, de verdade.”

“… Por que?”

Foi bom porque estava do lado de Shevon, foi bom porque era alto, foi bom porque tinha uma voz suave, foi bom porque tinha um sorriso brilhante, foi bom porque tinha um sorriso atraente, foi bom porque era tão bom que era insuperável à noite, era bom porque era educado e descarado, era bom porque gostava de cebolas, era bom escrever o Ano Novo como Shin Yeon, e era bom porque gostava de dormir com Shevon… . Não poderia dizer a todos. Shevon decidiu descartá-lo.

“Porque eu gosto.”

Respondeu com um leve sorriso. Estava escuro, então não sabia se Llewelyn tinha visto ou não, mas queria sorrir de qualquer maneira.

Llewelyn não respondeu. Shevon, que estava olhando para Llewelyn assim, de repente fez uma pergunta. “E você?” Era a mesma pergunta que me fizeram. “Por que você gosta de mim?” Pensei que fosse uma pergunta fácil, mas parece que não era. Já fazia muito tempo desde que ouviu a voz de Llewelyn na escuridão.

“… Eu não posso evitar amá-lo.”

Pensou Shevon. Foi bom porque estava do lado de Shevon, foi bom porque era alto, foi bom porque tinha uma voz suave, foi bom porque tinha um sorriso brilhante, foi bom porque tinha um sorriso atraente, foi bom porque era tão bom que era insuperável à noite, era bom porque era educado e descarado, era bom porque gostava de cebolas, era bom escrever o Ano Novo como Shin Yeon, e era bom porque gostava de dormir com Shevon… . Se essas foram as razões pelas quais Shevon descartou “porque valia a pena”, quais foram as razões que Llewelyn teve, que descartou como “porque não tinha mais remédio que gostar de mim”?

Esse foi o momento em que pensei nisso. “Eu não posso evitar.” A voz de Llewelyn saiu. “Shevon. Eu não posso evitar. Perguntei-me se uma sombra se aproximava de mim e disse: “Preciso te beijar”. Sussurrou em uma pequena voz que mal era audível, e então beijou seus lábios em um instante. A mão que abraçou as costas de Shevon, o nariz que se chocou e os lábios que se sobrepuseram estavam frios. Foi um beijo estranhamente frio.

Quanto tempo você esteve Llewelyn se afastou. Coloquei as roupas para ver se estava bem à noite ou se conseguia ver tudo na escuridão. Mesmo antes de Shevon perguntar aonde ia.

“Boa noite.”

A voz de Llewelyn quando disse boa noite estava calma.

“Sinto muito pela mão.”

Depois disso, saiu da sala 303. Shevon nem teve tempo de se recuperar.

Llewelyn caminhava pela rua. Um passo, um passo. Cada vez que caminhava, minha visão oscilava. Talvez os pés não vacilem, mas a mente vacila. Seja o que for, não importava.

Quando as cicatrizes foram descobertas, pensei que tudo tinha acabado. Foi porque pensei dessa forma que pude rosnar, ousar agarrar Shevon e ousar rugir.

Mas por sorte, a sorte continuou. Como Llewelyn, foi a primeira vez na vida que tive a sorte de experimentá-lo.

Mesmo depois de ver a cicatriz, Shevon não conseguiu lembrar as memórias perdidas. Talvez fosse porque o olhou como um pequeno fósforo por um momento e não conseguiu descobrir o que era. Ou era que a cicatriz de Llewelyn carecia de significado e não podia ser um catalisador para encontrar memórias?

Sim, provavelmente é o último. Para Shevon, pensei que Llewelyn era apenas algo que queria negar, mas não foi assim. É algo que você quer negar…, olhando para trás agora, é simplesmente ridículo. Para Shevon, Llewelyn não era nada.

Aqui está a tradução da passagem:

—

A noite é longa. A escuridão era vertiginosa. A voz de Shevon ressoava em seus ouvidos quando ele não conseguia ouvir nada.

― É só uma cicatriz.

Mentira.

― Mas o que importa isso?

Mentira.

― Sim, eu gosto.

Mentira.

― Sim, é sério.

Mentira.

― Simplesmente gosto.

Uma mentira tão descaradamente imperdoável.

Foi então também. Com o tempo, as cicatrizes desaparecem, disse Shevon. Eu disse vamos apostar cem ou mil. Seja o que for, eu disse que ficaria com você até que as cicatrizes desaparecessem completamente. Mas tudo era mentira.

O que importa isso? Era uma palavra que eu já tinha ouvido antes. Shevon disse que não importava. Mas, na verdade, estava muito relacionado. Estava tão relacionado que ele pôde abandonar Llewelyn sem olhar para trás.

Você gosta?

Você realmente gosta?

Era uma mentira tão doce que eu queria ser enganado. Com Shevon, era bom se fosse cego ou surdo. Quando estava com Shevon, sempre queria fechar os olhos e os ouvidos. Isso eu pensava antes. No entanto, Llewelyn sabia que isso não deveria ser assim, aprendendo do abismo de 8 anos atrás. Se fechar os olhos e os ouvidos, não pode ver Shevon virando as costas, nem ouvir seus passos quando ele vai embora. Não posso agarrar Shevon. Não vai acontecer. sim, então… Não pode resistir e não pode ser abandonado de novo.

Eu gosto só porque eu gosto.

Shevon sabe quem é Llewelyn e ainda pensa que é “agradável”? Claro? Ri alto. Quando tinha tanta dor, eu frequentemente ria. Desde que Shevon abandonou Llewelyn até agora, Joo Wook.

― Você está louco?

Lembro dessa voz de novo. Mesmo depois de 8 anos, e mesmo depois de reencontrar o dono dessa voz, a voz que nunca larga Llewelyn.

― Eu agrado? você me ama? Por que você nem sequer pede para sair daqui e viver conosco? Uma lareira em uma casa de tijolos vermelhos, sim, e um cachorro. Como você chamaria seu cachorro, Feliz? ou trevo?

Perguntou, olhando impassível para Shevon, sem entender. Shevon, você não me ama? Teria sido melhor se ele tivesse perguntado dessa forma, mas a pergunta que escolheu naquele momento era muito mais estúpida que isso.

― Shevon.

Ele chamou. Havia um tom de incredulidade em sua voz.

― Nunca me amou?

Silêncio. E o som da chuva preenchendo o silêncio.

Shevon olhou para ele e respondeu. Uma resposta cruelmente decisiva saiu de entre os lábios de Shevon.

― Não existe.

Acrescentou.

― Nem uma vez sequer.

É afiado, não há lua.

Continua…

*************

Créditos:

->Tradução: Lady Millenium

->Revisão: Gege