Uma noite só para dois. - Capítulo 25
Ain estreitou os olhos sem um sinal de surpresa. Absorveu profundamente a fumaça do cigarro, olhou para Naito com um olhar desconfiado enquanto sacudia as cinzas.
— Claro, algo aconteceu com você. Vendo como você está parecendo agora.
— Como estou parecendo?
Quando Naito ficou irritado, Ahin apagou o cigarro e se aproximou. Ele afastou o rosto de Ain, que estava muito próximo. Ain, que foi empurrado para trás, sentou-se no sofá e apoiou o queixo sobre ele.
— Pense comigo. O garoto que neste mundo costumava ser um amante apaixonado, de repente não falou mais com seu amado, e do nada apareceu dizendo que romperia com ele assim que o visse.
— Não consegui entrar em contato com ele porque eu estava doente.
Ain respondeu calmamente, mas não conseguia acreditar. Em vez disso, a dúvida se transformou em convicção, com uma expressão fria, ele disse:
— Rayan também disse a mesma coisa. Não conseguiu entrar em contato com você porque estava doente. É ainda mais suspeito porque os dois falaram a mesma coisa do mesmo jeito.
—… Rayan veio aqui?
— Eu liguei para ele, mas ele não atendeu. Então entrei em contato com a mãe dele, e ela disse que ele estava hospitalizado. Então eu o visitei e ele disse que não poderia entrar em contato comigo porque estava apenas doente. Mas aparentemente não acho que foi só por causa disso.
Os pés de Ain pararam. Ele disse com o rosto ansioso.
— O que diabos aconteceu? Rayan parecia ter levado uma surra de alguém. Você não podia entrar em contato. Seu pai sabia sobre Rayan e você? E por causa disso ele foi espancado?
Ain tinha um aguçado senso de previsão. O que aconteceu entre Rayan e Naito foi um acerto muito bom. Naito tinha medo que Ain descobrisse seu relacionamento com o pai nesse ritmo.
No entanto, ele permaneceu imóvel sentado em uma poltrona, só para o caso de Ain achar que seria estranho se ele levantasse de lá. Ain suspirou enquanto Naito permanecia em silêncio com uma terrível ansiedade. Levantou-se do sofá e saiu. Depois de um tempo, quando Ain voltou, ele tinha uma latinha de cerveja na mão.
— Em primeiro lugar, você tem que beber álcool para ter esse tipo de conversa. Beba.
— Se meu pai descobri…
Ain ficou enojado quando ele hesitou em falar sobre seu pai.
— Já se passou mais de meio ano desde que você completou 20 anos. Você ainda não pode beber? Apenas beba logo.
‘O que meu pai dirá depois de eu beber esta bebida?’
De repente, pensou dessa forma. Eles estavam sempre brigando e lutando com seus corpos. Nunca pensou em uma rebelião de outra forma.
Ele sentia muita falta do rosto zangado de seu pai.
Naito abriu uma lata de cerveja como se estivesse determinado. O cheiro de álcool exalou. Naito esvaziou mais da metade da cerveja de uma só vez, depois largou a lata.
Naito, que esvaziou a cerveja silenciosamente, tocou na segunda latinha. Naito estava farto porque só bebia cerveja, então logo pediu outro tipo de bebida. Ain veio com uma garrafa de licor sem falar muito.
— Você nunca tentou isso antes, não é?
— Huh.
Ain resolveu ensiná-lo a beber.
— Você pode adicionar três pedaços de gelo e despejar o licor. Só não mexa muito.
— E então posso beber?
Derramou licor âmbar na boca. Tinha um gosto muito amargo. Sua língua parecia estar dominada pelo álcool. Ain riu enquanto Naito franzia a testa. Ain cutucou o queijo levemente comestível com um garfo e o colocou na boca. Quando comeu o queijo, pensou em comprá-lo. Naito, que comeu mais queijo, bebeu novamente.
— Você quis dizer que vai terminar com Rayan?
— Huh.
Depois disso, seu espírito de embriaguez aumentou. Naito assentiu com o rosto vermelho. Mesmo assim, não parou de beber. Naito, que pegou a garrafa da mão de Ain, encheu o copo. O licor âmbar tremia como o coração de Naito. Ain estava preocupado, franzindo a testa e cuidadosamente abriu a boca.
— Você não se arrependeria? Rayan sente muito a sua falta.
— Também sinto falta dele.
Quando o álcool começou a fazer efeito, sua pronúncia também foi ficando distorcida. Naito olhou para Ain com uma cara de choro e disse:
— Mas nós temos que terminar. Por Rayan.
Ain franziu a testa diante das palavras incomuns. Não conseguia entender a contradição de que ele deveria terminar por Rayan. No momento em que Ain iria pará-lo, agarrou a mão de Naito, que bebia demais.
Olhando para a mão de Naito naturalmente, Ain arregalou os olhos quando viu as estranhas marcas em seu pulso. Não importa o quanto olhasse, era uma marca de amarração. Não tinha certeza antes, porque havia olhado muito rápido, mas agora pode ver claramente de perto. Também havia marcas que pareciam ter sido provocadas por alguém que o agarrou à força.
— Por que seu pulso está assim?
Como Naito estava bêbado, ele ficou parado mesmo que seu pulso fosse segurado. Naito estava apenas olhando fixamente para Ain com o rosto em branco. Mesmo quando Ain gritou “Naito”. Naito apenas piscou os olhos e não disse nada.
—… Você vai entender se eu fizer algo que não posso ser perdoado?
— Claro. Eu sou seu amigo.
Naito riu como se estivesse aliviado. Ain se sentiu estranhamente comovido, embora tenha sido seu primeiro sorriso sincero desde que veio a esta casa. Porque Naito parecia estar quase chorando.
— É isso aí.
Naito, que havia dito só isso até agora, cambaleou. Ele estava bêbado e não conseguia nem andar direito, mas calçou os sapatos e abriu a porta. Até esse momento, Ain apenas o observava. Depois de ter aberto a porta, Naito despencou no chão.
Quando o pobre Ain correu e o levantou, Naito já havia desmaiado. Ain choramingou e arrastou-se junto com um Naito encharcado pela chuva igual quando chegou. Parecia que ele tinha que chamar seu guardião e pedir-lhe para levá-lo embora. Se Naito descobrir, ele vai explicar porque ligou, mas agora não tinha outra escolha. Ain pegou o celular de Naito. Não havia senha, então pôde ir direto para a ligação.
No entanto, por mais que olhasse, não havia nenhum número da pessoa que se presumia ser seu pai. As informações de contato também eram ruins para ver se havia alguém confiável ao qual poderia entrar em contato.
— Talvez este seja seu pai?
A lista de chamadas estava cheia de apenas “Elsie”. Ain, que estava olhando para o nome, engoliu em seco e apertou o botão de chamada. Uma voz suave e grave cumprimentou Ain.
[O que aconteceu?]
Era uma voz que não combinava com a pessoa de quem Naito sempre falava. Essa voz parecia feroz e arbitrária, mas ao mesmo tempo era muito educada e limpa. Assim que ouviu a pronúncia organizada e a voz se espalhando graciosamente, pode sentir por intuição que esse rosto também deve ser muito bonito.
[Naito?]
Seu coração bateu estranhamente rápido com essa voz afetuosa que o tocou profundamente. Ain saiu do transe e rapidamente abriu a boca.
— Oh, eu sou Ain, amigo de Naito.
[… Ain Planchat?]
Naito disse a ele seu sobrenome? Se sentiu estranho devido seu nome completo ter sido proferido tão rapidamente.
O normal seria se lembrar só do nome do amigo do seu filho. A suspeita foi analisada por Ain, que brevemente olhou para o rosto adormecido de Naito.
— Sim. Naito veio a minha casa, mas ele está muito bêbado agora. Então pensei que o senhor deveria vim buscá-lo-…
[Ele está bêbado?]
O pai riu suavemente.
[Meu filho não bebe.]
Ain se apressou em dizer indiretamente que antes Naito havia sido alimentado.
— Mas ele acabou bebendo.
Achou que não deveria trazer à tona a história sobre Rayan, então olhou ao redor o máximo possível. O pai deu a entender perfeitamente que não queria ouvir mais nada.
[Vou buscá-lo, então você pode me passar o endereço por mensagem de texto?]
Ele respondeu com um tom muito suave, dizendo “sim, sim”. Quando enviou a mensagem com o endereço, o pai respondeu rapidamente.
⟨Estarei aí dentro de 3 horas 😊⟩
Ele inclinou a cabeça diante do emoticon de sorriso fofo. O pai de Naito, ele já sabia, não era essa pessoa que aparentava ser. Ain sentou Naito, que é mais alto do que ele, perto da porta da frente. O cobriu com um cobertor para o caso dele estar com frio por causa da chuva. E logo foi se sentar no sofá observando Naito, que dormia caído.
Naito tinha uma aparência semelhante a da Branca de Neve. Cabelo preto, pele branca, rosto inexpressivo. A cor dos lábios também era de um belo tom avermelhado. Seu rosto é sempre cheio e sem expressão, mas ele ficava mais bonito quando sorria. Quando ele estava com Rayan, seu rosto se iluminava como o sol e muitas vezes ele sorria com bastante frequência.
Teve pena do amigo que chorava com o rosto abandonado. Por que diabos foi até ele em vez de ir até Rayan? O que aconteceu com Rayan?
— Se ele não falar, como vou saber?
Ain fez um beicinho indignado com seus amigos que não lhe deram uma explicação adequada. Então ele adormeceu enquanto assistia a um filme barato que passava na televisão. O som do celular tocando abriu seus olhos. Despertou seguindo de um som estranho. O celular de Naito estava tocando.
[Elsie.]
— Você já está aqui?
[Sim. Alguém abriu o portão para mim.]
Foi só então que lembrou que Naito foi até a sua casa e bebeu até ficar bêbado. Quando abaixou a cabeça, viu Naito dormindo embriagado. Assim que Ain soube que ele tinha vindo para a frente da casa, caminhou lentamente até porta. Logo que a porta foi aberta, a água da chuva úmida e umidade do ar cercaram o corpo de Ain.
No entanto, por causa do homem na sua frente, não havia tempo para se preocupar com essas coisas banais.
— Olá. Prazer em conhecê-lo, senhor.
O pai de Naito, que curvou ligeiramente a cabeça e estendeu a mão, era tão bonito que sua boca ficou aberta. Os olhos dobrados suavemente eram suaves e delicados como o personagem principal de uma famosa pintura.
Essa aparência era diferente do belo e orgulhoso Naito.
Vestido com um terno escuro de cor azul marinho, ele tinha uma atmosfera diferente da nobreza. Era clássico e elegante, mas tinha uma atmosfera que impressionava as pessoas. Foi essa a pressão sobre a qual Naito sempre falava? Ain piscou, como se estivesse sendo possuído pelo rosto de Elsie. Ele era tão bonito que estava em choque. Ain, que tinha despertado, lhe deu a mão direita. Suas mãos eram muito grandes para combinar com sua altura.
— Ah, eu sou Ain Planchat…
— Eu sei. — O pai segurou a mão de Ain levemente e apertou ambas as mãos. Seu olhar logo voltou para Naito. O pai olhou para o filho e disse de uma maneira amigável e paternal. — Obrigado por cuidar do meu filho.
O pai, que disse isso, lhe entregou um envelope grosso de dinheiro. Ele ficou assustado, mas não recusou o envelope. Apesar de ser um filho rico e ter crescido sem escassez, Ain sempre gostou de dinheiro. Ain, que vive com o lema de que o dinheiro é o melhor que existe no mundo, não ignorou um centavo.
Abriu o envelope de dinheiro e verificou a quantia. À primeira vista, a quantia era enorme. Ain engoliu em seco. Ele era um pai muito bondoso. Ain ficou comovido com sua aparência gentil e compassiva, ao contrário de seu pai, que dormia com várias mulheres.
Papai tocou em Naito com seu sapato. Mas como ele não se moveu, então se curvou e abraçou o filho. Ain ficou surpreso com sua força de segurar Naito de uma só vez. Já havia imaginado que ele tinha força porque possuía um bom físico, mas não sabia era tanto assim.
Ain virou a cabeça involuntariamente com a aparência das duas pessoas que parecia já ter visto em um filme de romance. O olhar do pai olhando para o filho era doce demais. As bochechas de Ain estavam ligeiramente coradas. Estranhamente, não conseguia fechar os olhos ao olhar para Naito nos braços do seu pai.
— Eu estou indo. Se cuida.
— Sim, tchau.
Quando ele sorriu suavemente com os olhos. Meu coração palpitou por um momento. Eu balancei minha cabeça quando percebi que era o pai do meu amigo. _____________________ Continua…