Uma noite só para dois. - Capítulo 24
Ele acordou ao som da chuva estrondosa. O verão ainda está a todo vapor, mas faz frio por causa da chuva.
Abriu os olhos turvos ao som da chuva encharcando seus ouvidos como uma canção de ninar, e repetidamente fechou-os novamente, voltando aos seus sentidos. O ruim de acordar é que suas costas estão muito rígidas. Então só tocou no celular enquanto estava deitado de bruços porque se sentia pesado como se tivessem colocado uma pedra sobre ele. Era impossível sair, então usava seu celular o tempo todo, mas isso nem era divertido. Naito, que lutava em meio ao tédio, verificou a data e a hora em seu celular. Hoje era domingo, e antes que percebesse, aquele dia finalmente chegou. Esse era o único dia da semana que podia sair, e era um desperdício acordar tão tarde.
Naito se levantou com o corpo dolorido. Quando se olhou, seu corpo estava cheio de vestígios de seu pai, mas não se sentia incomodado. O pai parecia tê-lo limpado meticulosamente.
Aprendeu muitas coisas sobre o pai quando começou um relacionamento indesejado com ele. Quando era criança e moravam juntos, era proibido falar palavrões. Olhando para o processo de amadurecimento do pai, parecia que ele iria xingar em um dia difícil, mas seu pai nunca xingava de propósito. Seu comportamento era limpo e organizado e, para os outros, seu pai não era um cafetão, mas sim um filho de uma família nobre.
Se não me rebelasse, me encontraria em uma cama agradável com minha bunda limpa.
Recentemente tem diminuído o número de machucados. Os pulsos que meu pai costumava segurar ou amarrar tinham muitos traços tênues.
Às vezes, quando me deito sem pensar em nada, vejo meu pai sorrir como se fosse a pessoa mais doce do mundo.
Em certos momentos era difícil vê-lo desse jeito, então ele cobria o rosto do pai porque era insuportável olhá-lo assim. Mas ele sempre beijava a palma da mão do filho dizendo que estava
gostando. Quando seus olhares se encontravam nesse momento, era demais para ele ter relações novamente.
O cigarro acabava com um ou dois tragos por dia. Álcool não é permitido e drogas não são usadas. É engraçado que ele não tenha feito isso enquanto fazia prostitutas dependerem das drogas.
Quando perguntou indiretamente por que ele não usava drogas, o pai abraçava a cintura de Naito e dizia:
“Eu não gosto de ser controlado”.
Ele tinha essa mesma personalidade do pai. Agia como seu pai balançando a cabeça, dizendo que não gostava da sensação de ser controlado sentando-se sobre seu domínio.
Naito, pensando em seu pai, despertou. Não era hora de pensar em coisas assim. Ele tinha que se apressar para sair. Naito caminhou lentamente até o closet. Vestiu uma camiseta de manga curta branca over-fit, um cardigã preto e jeans claros. Olhou no espelho de corpo inteiro e varreu seu cabelo
desgrenhado. Depois de colocar o relógio, saiu. Enquanto descia as escadas, avistou Contor lhe esperando. Inclusive tinha até um motorista dedicado para Contor e Naito. Quando viram Naito, o cumprimentaram diretamente.
— Por favor, venha comigo senhor.
— Estou saindo apenas uma vez na semana, como devo me sentir com vocês me seguindo assim?
Ajeitando a manga da blusa, ele foi sarcástico. Contor olhou para Naito com olhos calmos e disse:
— Você ainda tem que ir conosco. O presidente ordenou.
—…
— Tudo bem?
Naito ligou para o pai com seu celular. Hoje, seu pai foi à propriedade do Conde Pepperon para participar de uma competição de caça realizada pelos nobres. Era hora de ficar entusiasmado com a caça, mas Naito não se importou. Ele estava convencido de que seu pai não rejeitaria sua ligação. O som da conexão parou pouco depois, e uma voz preguiçosa foi ouvida.
[O que foi?]
Ele imediatamente mostrou seus verdadeiros sentimentos pela saudação indiferente de seu pai.
— Diga ao seu pessoal para não me seguirem.
[Mas e se você se machucar longe de casa?]
Parecia estranho agir como um pai muito gentil lá fora. O pai não via Naito como filho. Naito abaixou a cabeça quando lembrou do pai, que esteve olhando para seu filho ofegante na noite passada.
Naito ficou com o rosto em chamas. Mesmo que Contor conhecesse seu pai e o relacionamento que ambos tinham, ele não queria falar sobre essa conversa particular.
— Não vou me machucar a menos que seja nas mãos de meu pai.
[Do ponto de vista desse pai aqui, não posso deixar meu filho ir sozinho porque ele pode acabar se machucando.]
— Você controlará até isso como quiser? Tem que me deixar sair sozinho no domingo. Pelo menos se você for um pai de verdade, pode fazer isso.
Seu pai caiu na gargalhada.
[Se eu fizer isso, o que você faria por mim?]
Estava indo bem o suficiente. Pensou que seria bom apenas abrindo suas pernas para o pai em vez de morrer. Mas como não poderia dizer isso na frente dos outros, engoliu e guardou em seu coração.
[Me beije.]
Naito ficou lá como se estivesse rígido e olhou para o chão. De repente, se perguntou qual era a sua posição nesta casa. Tudo estava ordenado em seu devido lugar. Naito, com uma respiração pesada, franziu a testa e olhou para frente. Mesmo que não houvesse luz solar, as decorações deslumbrantes fizeram seus olhos formigarem.
— Enquanto meu pai faz o que ele quer….
[É diferente com você tomando a atitude. Então, posso fazer isso por você ou não.]
Quando Naito ficou em silêncio, seu pai soltou uma risada intencionalmente. Naito, que estava segurando seu cabelo, disse com uma voz calma como se tivesse desistido.
— Tomarei a atitude, então diga para eles não me seguirem.
[Se você mentir, você irá para casa, e sua bunda vai levar muitas palmadas.]
Quase soltou um insulto grave pela boca. Mas engoliu o palavrão e caminhou até Contor logo estendendo o seu celular para ele. Ao ouvir as ordens do pai, Contor respondeu com uma voz leal.
— Sim, presidente.
Contor levou o aparelho celular ao ouvido de Naito. Naito pegou o telefone e lhe deu as costas. Não queria que ninguém ouvisse a conversa com seu pai. O pai disse [Naito.] Naito, exalando lentamente, respondeu calmamente.
— O que é?
[Esteja em casa por volta das 19h00 em ponto. Esse é o horário que chegarei. Não faça nada estúpido, entendeu?]
— Sim.
Naito desligou o celular e saiu de casa rapidamente. A chuva estava caindo mais forte do que tinha visto lá fora. Deveria ao menos ter chamado o motorista? Lamentou um pouco, mas assim que saiu de casa, o arrependimento desapareceu.
Finalmente, ele saiu de casa. Sentiu-se bem porque pensou que poderia escapar por um dia do seu pai opressor. Mesmo que tenha que enfrentar esse pai que chegará às 19 horas, mas antes disso, era seu tempo livre até então.
A calçada estava tranquila por causa da chuva, pessoas caminhavam com seus guarda-chuvas, havia uma padaria com um cheiro gostoso, e uma cafeteria com um leve aroma de café. Naito parou de andar por causa de sua rotina habitual. O mundo era o mesmo, mas ele era diferente. Não conseguia rir tão bem quanto antes e nem mesmo conversava com ninguém porque todos eram estranhos. Ele ficava preso em casa, fazendo sexo com o pai e sentindo que isso se tornou sua rotina diária.
O toque das pontas dos dedos do pai o deixava sem fôlego e sua cabeça ficava vazia… Quando os olhos de seu pai o encontravam, seus braços se erguiam naturalmente e o abraçavam.
Meu corpo se lembrava de como seus lábios eram doces e eu acabava procurando por meu pai.
“Tudo o que você precisa fazer é gastar o dinheiro que te dou, comer a refeição que te ofereço e viver apenas na casa onde eu moro. Você não tem que fazer mais nada além disso.”
Disse o pai, segurando gentilmente seu queixo. Ele realmente queria mais do que um filho obediente. Desejava ter um filho e um amante. Seus olhos o queriam.
Abraçando o pescoço dele, Naito perguntou:
“Você quer um ser humano tão patético?”
Seu pai o beijou enquanto desabotoava a camisa dele com uma das mãos. Beijando-o suavemente, puxando seus lábios entre os dentes, lentamente, mordiscando e descolando a boca da sua. E assim que fez contando visual com ele… Sorriu.
“Tudo bem.”
Tocando a pele nua de Naito, seu pai sussurrou:
“Você pode ser patético. Mas é mais útil do que qualquer outra pessoa.”
“Sou uma pessoa útil para o meu pai.”
Sua mão desceu e tocou suas costas. Ele mal o tocou, mas o lugar por onde passou está quente. Naito olhou para o pai com o rosto inexpressivo.
Seu pai sussurrou entre seus lábios, com um sorriso mais doce do que nunca.
“Isso é tudo que eu preciso. Você não tem que viver trabalhando como todo mundo.”
Antes de se misturar com seu pai, Naito lentamente fechou os olhos enquanto se lembrava da conversa que teve com ele. Nasceu em uma casa incomum, mas pensou que o futuro ainda brilharia desde que estivesse com Rayan. Quando Naito pensou assim, logo arregalou os olhos.
‘Pensando bem, desde quando parei de pensar em Rayan?’
O pensamento atingiu a cabeça de Naito com força. Enquanto namorava Rayan, nunca deixou de pensar nele um dia sequer. Falavam sobre a vida com honestidade, começando com as histórias do dia a dia. Quando abria seus olhos, ficava feliz em ir ao encontro de Rayan, e quando fazia amor com ele no fim de semana, sentia uma sensação de satisfação como se possuísse o mundo inteiro.
Mas, desde aquele dia, Rayan tornou-se cada vez mais transparente e, recentemente, nem mesmo ouvia sua voz. Só mesmo a ideia de sair desta casa empolgava Naito.
Naito, que estava parado no meio da calçada pensando em Rayan, sorriu em vão.
“Você só se lembrará do seu pai.”
Estava se tornando realidade, como seu pai disse. Ele foi dominado pelo medo que sentia do pai, e sua cabeça estava cheia dele. Seu desgosto por si mesmo cresceu mais do que sua raiva por seu pai. Naito largou o guarda-chuva que segurava. A chuva caiu diretamente sobre o corpo de Naito. Logo seu corpo ficou molhado. As pessoas que passavam olharam para Naito e inclinaram a cabeça.
No entanto, Naito mal respirava, agachado segurando os joelhos debaixo da chuva.
‘Eu tenho que fugir. Se eu não fugir realmente, meu pai vai acabar me devorando’.
Levantou-se, dando força ao seu corpo trêmulo. Pegou o guardachuva caído. Naito liderou um corpo encharcado e pegou um táxi. Demorou cerca de 20 minutos de táxi até a casa de Ain, mas só demorou um pouco mais por causa da chuva. Cansado e cochilando, se despertou com o som do taxista o acordando. A mansão de Ain foi vista. Ele também avistou um belo jardim encharcado de água da chuva. Naito apertou a campainha enquanto olhava para as flores rosa pálido que pareciam algodão doce. Logo depois, uma voz foi ouvida.
[Quem é?]
Ouviu a voz inocente de Ain.
— Sou eu.
[Naito?]
— Uhum.
[Qual é o problema… Vou mandar um carro te buscar, então entre.]
Depois que Ain pediu que entrasse, terminou de falar.
Posicionou o guarda-chuva, olhou para a frente e esperou o carro chegar. Um carro importado de luxo foi visto à distância. Esse foi o primeiro modelo de carro que ele viu. Ele parecia ter trocado de carro antes que pudesse superar o tédio. Era semelhante ao gosto do pai dele. Naito, que naturalmente pensava em seu pai nesse lugar, franziu a testa entre os olhos.
O portão se abriu e o carro parou na frente de Naito. Naito abriu a porta do banco de trás e entrou. Avistou algumas revistas familiares dentro do carro. Naito se sentou no banco de trás e piscou. Virou a cabeça e olhou pela janela.
Choveu tanto que o mundo ficou coberto de névoa. O carro continuou rodando e chegou ao prédio onde Ain estava. Abriu a porta e saiu com uma atitude natural. No corredor, viu Ain parado com uma garrafa de álcool. Quando se aproximou, o cheiro de álcool exalou do corpo de Ain.
— Quanto de álcool você bebeu?
— O que você fez para ficar todo molhado?
— Choveu.
Ain franziu a testa confuso e logo chutou o guarda-chuva com o pé.
— Você tem um guarda-chuva para quê então?
— Bem, posso entrar primeiro? Está um pouco frio.
Ain encolheu os ombros. Como se estivesse dizendo para ele entrar e se afastou. Ain levou Naito para o banheiro, onde ele lentamente tirou as roupas molhadas da chuva. O verdadeiro problema veio a seguir. As roupas curtas de Ain não cabiam nele. Por causa das roupas pequenas, havia muitos vestígios deixados em seu corpo.
Durante toda a lavagem no box do chuveiro, ele foi tomado por muitas preocupações.
‘Que desculpas devo dar para os hematomas? Os vestígios do meu
pai são tão terríveis que, por mais que eu os lavasse, não desapareciam’.
Naito fechou os olhos, olhando para as marcas de mãos deixadas em seus braços, coxas e estômago com seus olhos vazios. Ele abriu os olhos com uma respiração pesada. Quando se olhou no espelho, enxugando seu cabelo molhado, viu Ain de pé. Assustado, ele se cobriu com uma toalha mais próxima.
— Fale primeiro antes de entrar!
— Eu já não tinha te chamado várias vezes? — Ain disse com uma cara de sono e logo jogou as roupas em sua mão. — Você está saindo com alguma Noona¹ gostosa esses dias? Seu corpo está um desastre.
Claro, ele não sabia que Naito está fazendo sexo com o pai.
Naito, tranquilizado, vestiu-se às pressas. Era uma camiseta branca lisa e shorts que desciam até os joelhos. Depois de se vestir rapidamente na frente de Ain, ele saiu. Enquanto Naito estava tomando banho, Ain colocou suas roupas na máquina de lavar e depois para secar. Até preparou um lanche para Naito. O donut estava quente como se tivesse acabado de ser feito. Naito deu uma mordida em um donut e aceitou o leite quente que Ain lhe ofereceu. Um sorriso sem graça foi dirigido ao amigo que cuida bem dele mesmo que ele esteja mal-humorado.
Ain, que observava Naito comendo donuts e bebendo leite em silêncio, colocou um cigarro na boca. Ain acendeu o fogo e disse com uma expressão séria, respirando a fumaça.
— Mas você não gosta de mulher. Você nem tem interesse em outras pessoas, porque só pensa em Rayan.
Ele não conseguia abrir a boca por causa do donut que estava mastigando. Quando Naito terminou de comer o donut, tentou agir com calma.
— Eu também posso fazer isso com uma mulher.
— Eu não acredito.
Ain fumou com um sorriso maldoso estampado na cara. Naito tossiu, olhando para o rosto de Ain. Tanto quanto possível, teve que agir sem agitação emocional. Naito já havia decidido o que faria sobre suas preocupações até chegar aqui.
‘Eu tenho que terminar com Rayan. Assim, quando eu fugir, a perseguição não chegará até ele’.
Embora Rayan fosse filho ilegítimo do Duque, ele não poderia estar completamente aliviado.
— Eu vou terminar com o Rayan.
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Continua…