Uma noite só para dois. - Capítulo 19
Diante da pouca clareza que tinha que se apegar, e enquanto ainda estava nos braços de seu pai, ele abriu os lábios e pediu:
— Keshan… Prenda Keshan.
Papai, acariciando seu cabelo para cima e para baixo, riu de sua ordem e sorriu amorosamente. Ele o havia algemado para puni-lo, mas agora estava tocando e acariciando um pequeno pulso cheio de cicatrizes e feridas abertas. Naito engasgou de dor e então, seu pai o confortou e o abraçou um pouco mais forte por trás… Ele sentiu o peito largo e duro de Elsie, sua respiração quente e seu hálito. O pai o beijou na cabeça e trouxe Naito até que beijou sua boca também.
— Eu o mato? Ou você quer que eu apenas corte fora sua língua, meu amor? Eu posso cortar as mãos dele, por bater em você.
Ele não queria ver uma pessoa morrer por causa dele. E cortar sua língua também parecia algo bastante cruel. Tudo o que quer fazer é… Apenas impedir que ele nunca falasse sobre a relação que tem com o pai. Nunca.
— Apenas faça… Que seja impossível para ele sair. Eu não quero que ele fale com ninguém.
Era impossível dizer mais do que isso. Naito estava exausto e fechou os olhos para dormir como se estivesse morto. E quando acordou, ele ainda estava no quarto de seu pai. Tinha acabamentos nobres nas paredes e, embora o interior do quarto fosse o ponto culminante de seus prazeres, nada do que aconteceu foi realmente perceptível.
Claro, ainda parecia sujo. Ele se sentia… O amante de seu pai.
Não, não é seu amante. Ele só o usa para o sexo. Se ele fosse seu amante, não iria bater nele, apertar seu pescoço ou amarrar seus pulsos com algema à noite toda. Deitado na cama, o corpo de Naito tremia como uma folha trêmula por causa da chuva e ele se lembrava, com muita clareza, de tudo o que havia acontecido e de cada uma das coisas que fez com ele. A maneira como ele estava sob o comando de seu pai, como chorava e como se agarrava com força às suas costas.
Naito, nervoso, escondeu o rosto sob o cobertor ao lembrar-se de ter culminado nas mãos de seu pai várias vezes. Na verdade, muitas vezes. Queria morrer!! Dormir com o pai era uma loucura e ele se sentia um pouco culpado por tudo isso. Mesmo que não fosse o que ele queria, sentimentos de autodestruição inundaram o espírito de Naito assim que se envolvia em seus braços um pouco mais e com força… A ideia de que ele tinha que fugir estava pressionando sua mente, mas estava lá, fazendo sexo na cama de seu pai.
Depois de um tempo considerável, ele se levantou e procurou algumas roupas para vestir. Como se alguém já tivesse pensado nisso com antecedência, viu as roupas que haviam trazido especialmente para ele. Sobre a mesa: era um material fino e leve que parecia ter sido feito pensando no clima. Com mangas compridas pretas. Na verdade, parece algo de luto…
Ele abriu a porta, respirando como um louco. Quando olhou ao redor, não havia ninguém, então Naito fortaleceu suas pernas e subiu as escadas de dois em dois. No entanto, seus pés ficaram sem força na metade do caminho e seu corpo simplesmente rolou para baixo. Sua cabeça estava tonta quando ele parou. A parte de baixo de seu nariz estava úmida e quando ele o tocou, o líquido escorreu incrivelmente rápido em sua manga. Ele se enxugou com o casaco e tentou sair da mansão depois de se levantar, mas alguém agarrou o pulso de Naito e ele gritou:
— Me solta!
Naito ficou com raiva, mesmo sem verificar quem era. Mas quem quer que fosse, foi atingido pela mão agressiva de Naito. Ele correu para a maçaneta…
— Onde você está indo?
Era a voz de Alto.
Naito parou o fluxo de sangue com os dedos e olhou para o irmão, que bloqueava a porta usando todo o seu corpo. Alto engoliu em seco, como se estivesse assustado com os olhos de um homem que parecia querer matá-lo, mas ele não se mexeu mesmo assim. Engasgando:
— Papai disse para eu cuidar de você.
— Saia do caminho.
— Hyung…
— Saia!
Naito agarrou o braço de seu irmão com as duas mãos e o puxou contra seu corpo. No entanto, Alto rapidamente se defendeu e agarrou
o pulso de Naito para impedi-lo de sair… Naito ainda era consideravelmente musculoso, mas foi parado por um pequeno Alto. O suficiente para que ele estivesse em choque e acabasse sentindo dor.
Quando Alto olhou para seu irmão, encarando-o como um louco, ele levantou lentamente a mão. Ele o largou e perguntou cuidadosamente:
— Você está bem, Naito ?
Naito não respondeu e, em vez disso, puxou todo o seu corpo para trás e o acertou com a força de seu punho. O rosto de seu irmão virou e respingou sangue, então Alto caiu no chão e bateu sua bochecha contra o azulejo. Uma linha de sangue escorreu pelo queixo de Alto e ele, que enxugou o sangue, se virou e gritou desta vez:
— Por que você está me tratando como se fosse a porra da minha culpa!!?
— Não mexa comigo ou mencione o assunto de morar aqui por minha causa! Você sabe o que vou fazer para que você fale de mim com um motivo real? Vou te dizer, vou me livrar de você primeiro!
Naito, olhando feio para o irmão, que uma vez foi precioso e sinceramente amado por ele, abriu a porta e saiu imediatamente com passo determinado. No entanto, alguns passos à frente ele caiu no chão com uma expressão sombria e começou a tremer. Sua cabeça estava tonta, manteve a mão nos joelhos o tempo todo e quase perdeu o fôlego. Ele sentiu que cairia muito em breve, então, usando todo seu esforço e força de vontade, Naito se levantou e caminhou até chegar frente à casa de seu pai…
Naito então olhou em volta e percebeu a identidade da bela mansão que o cercava: Este lugar era o próprio inferno. E ele entrou sob seus próprios pés. Sentou-se em um degrau… Suas forças eram tão fracas que não conseguia mais ficar de pé e seu coração doía inegavelmente.
A vontade de sua mãe, o desejo de viver, o desejo de viver feliz com seu irmão mais novo, ele não sabia como estes bons votos podiam fazê-lo se sentir tão infeliz. Era insuportável, como se seu peito tivesse
sido golpeado com um martelo uma e outra vez até que se despedaçou. Naito agarrou seu peito e chorou tristemente. Ele estava tão ressentido com a porra de sua mãe morta, porque ele não conseguia entender como ela conheceu um homem assim e também, como ela deu à luz duas vezes. Se não fosse a disposição de sua mãe de pedir-lhe para cuidar de Alto, se ele não tivesse aceitado as condições para que Alto ficasse bem.
Então não…
Naito chorava sem parar, como uma criança ferida, por isso não conseguia perceber os passos que iam à sua direção.
— Jovem mestre.
Lá estava de novo, os pés de Contor. Naito enxugou as lágrimas e olhou para ele sem expressão. Ignorando a mão na frente dele, se sentou, cambaleando. Caminhou para trás e disse:
— Não me toque.
— Você está machucado? — Contor perguntou. Naito enxugou o
nariz com a manga. Ele tinha sangue seco que se notava por quilômetros… Mas ele fingiu que não.
— Quando você ficou do lado dele? — Era uma pergunta estranha porque ele estava sempre do lado dele, mas continuou dizendo: — Quando começou a instalar câmeras em casa e me monitorar?
— Na reconstrução, o presidente ordenou a instalação das câmeras. O presidente trata de tudo sobre você.
— Por que papai estava tão convencido de que Rayan era a pessoa com quem dormi?
Seu pai disse claramente que havia encontrado o homem que fez sexo com ele. O rosto de seu pai parecia convencido. Todas as suas palavras, cada um dos seus gestos. Ele se perguntou: como ele sabia? Foi por causa do Contor? Seu irmão?
O guarda-costas pigarreou:
— O presidente foi procurar uma lista de convidados e descobriu que um certo Rayan estava lá. Ficou impressionado porque ele veio da mesma cidade natal de seu filho.
— Continue…
Contor desabotoou a jaqueta:
— Ele conhecia o duque Jodrick, que por acaso era o pai dele, então quando o visitou, perguntou: ‘Você sabia que Rayan e meu filho Naito são amigos íntimos?’ Então o Duque disse que sabia. Além disso, o Duque comentou que seu filho disse que… te amava. Embora ele parecesse ter levado isso de forma infantil. O Duque disse que os dois eram muito próximos e que iriam para a faculdade juntos quando terminassem o ensino médio.
O Duque de Jodrick foi particularmente bom para Rayan. No entanto, como ele era muito jovem quando conheceu sua mãe, ele intencionalmente os fez morar em um bairro pobre, em vez de colocálos em seu registro familiar. De alguma forma, ele temia que seu pai, que ainda estava vivo, matasse Rayan ou o banisse. E quando o teve novamente com ele, na capital, ele foi estimado como uma joia em suas mãos.
E de qualquer maneira, o excesso de informação do Duque fez com que Rayan acabasse ferido.
— O presidente apenas me disse para esperar até que Rayan visitasse você. Ele disse que o toleraria, enquanto isso.
Na verdade, alguns meses depois, Rayan veio vê-lo para fazer o dever de casa, então, foi o momento em que as câmeras entraram em ação. O pensamento de que ele esperou por Rayan chegar para comprovar sua tese e logo esperar um pouco mais para capturá-los, fez sua pele arrepiar. Ele definitivamente não queria entrar naquela casa novamente. Se houver câmeras, parece que tem os olhos do pai por todo o corpo e isso lhe tira o fôlego terrivelmente.
Naito, que estava apenas olhando para o chão sem entender, ergueu a cabeça. Por enquanto, mesmo para coisas muito pequenas, Contor parecia responder perfeitamente, então ele disse:
— Rayan está bem?
Contor assentiu.
— Ele não ficou gravemente ferido.
— Bem.
E se Rayan estava bem, então isso era tudo. Naito queria ver Rayan e abraçá-lo… Mas agora ele pensou que era hora de deixá-lo ir.
Se ele se envolvesse mais com ele, apenas coisas ruins poderiam lhe acontecer e ele não estava disposto a perdê-lo para sempre. Se Rayan não fosse o filho ilegítimo do Duque, talvez tivesse sido espancado por seu pai até a morte, então… Ele teve que aproveitar e renunciar a ele, pelo bem de Rayan.
E murmurou, a última confissão que não pôde ouvir: “Eu te amo, Rayan.”
Com um gemido agonizante, ele cobriu o torso com as duas mãos, fechou os olhos e… Ele desistiu. Mesmo que fosse algo momentâneo.
_________________ Continua…