Uma noite só para dois. - Capítulo 13
O plano de Naito era simples: papai sairia para se despedir de Alto e então, inventaria uma desculpa e iria para a escola com a mala na qual colocaria toda a sua bagagem.
Para que não suspeitasse, ele partiria com Contor e, em agradecimento pelos seus serviços, lhe daria um café frio com soníferos dentro. E já dormindo, ele trocaria de roupa e sairia pela porta dos fundos para ir ao shopping que fica bem na esquina e onde Rayan e Ain estariam esperando por ele. Juntos, eles caminhariam até o porto de Viyod e, uma vez lá, ele mudaria de roupa novamente. Embora, claro, isso possa não ser suficiente. Ele teria que mudar a maneira como andava, a forma como suas costas se curvavam, talvez até a cor de seu cabelo. Iria comprar duas identidades falsas com um dos amigos próximos de Ain, pegaria um barco e então desembarcaria na Ilha Kunzan. De lá, ele se mudaria para outro porto e embarcaria em um navio para um país insular… Todos os planos foram cuidadosamente armazenados em sua cabeça, então, na data e hora prometidas a Rayan, ele deixou uma mensagem de texto informandolhe o local específico onde tinha que esperar por ele.
— Você parece bem.
Seu pai falou de repente. Ele estava com pão na boca e o observava com muita atenção. Naito sorriu e sem responder, olhou na direção da sopa e afundou a colher novamente. O pai parecia muito entretido comendo o pão enquanto o chef, à mesa, tentava cortar um enorme porco assado.
Quando o pai se levantou e pegou a faca sob a desculpa de que tinha uma excelente técnica para fazer isso, Naito deu um passo para trás como se tivesse conseguido ficar assustado. Uma faca na mão de seu pai não é algo que queira ver diariamente. No momento em que cortou a carne com um sorriso deslumbrante, embora ainda parecesse ameaçador, a atmosfera mudou rapidamente e a ilusão se formou de que era uma refeição incrivelmente normal entre pai e filhos.
Papai primeiro deu a Naito o maior e mais delicioso corte e depois ofereceu o resto para o Alto. O homem, que havia cortado a carne, sentou-se lentamente ao lado da mesa e virou o corpo em sua direção enquanto perguntava:
— Como você está se sentindo? Você está bem?
A voz era mais doce e suave do que pão com manteiga e frequentemente fazia cócegas em seus ouvidos. Naito tossiu e murmurou: “Sim”. E então ele esfaqueou o porco que seu pai tinha lhe servido, usando um garfo. Sua garganta doía, então ele não conseguia comer bem a carne. Ele comia apenas produtos moles ou moídos e tinha que se contentar em observar os outros comerem.
O Pai sabia que ele adorava carne e desde o dia seguinte que conseguiu sair da cama, o porco ficou rondando por sua mesa constantemente a ponto de que já estava cansado de comer carne… Porém, até que ele fuja pensa que tem que ser obediente e gentil, então Naito silenciosamente levantou o garfo e a faca. Cortou a carne e colocou na boca… Delicioso, estava realmente delicioso.
Depois de comer várias vezes, papai tirou o garfo da mesa.
— Naito.
— Sim.
Seu pai cantava “Naito” enquanto cortava sua própria carne. Naito desviou o olhar porque realmente não queria vê-lo. Quando olha para o rosto do pai e deixa que transborde em sua respiração, ele fica nervoso e suas costas começam a esfriar. Tinha a ilusão de que uma centena de formigas estavam correndo incontrolavelmente subindo pela sua garganta, então preferiu olhar para seu próprio prato. No entanto, não importa o quão forte seja, ele ainda não conseguiu superar a força física de seu pai, então quando papai estendeu a mão e agarrou o queixo de Naito para que ele o olhasse diretamente nos olhos, ele não pôde fazer nada para recusar:
— Você está pensando em me ignorar? — Papai perguntou com um rosto sorridente, como se ele fosse a vítima em vez de Naito.
— Não me olhe assim, antes de mais nada, você fez um monte de coisas erradas. Eu já disse que você não poderia ter nenhum relacionamento amoroso, não se lembra?
Quando seu pai o soltou, descobriu que seu coração já estava batendo como se estivesse correndo uma maratona. Naito agarrou o pulso de seu pai para fazê-lo ficar quieto e naquele momento, os olhos de papai se arregalaram um pouco devido a tanta arrogância. Naito abaixou a cabeça até os pés:
— Me solta, é sério…
Seu pai sorriu, com um olhar excitado… E o som de sua risada provocou uma raiva verdadeiramente assustadora. No entanto, ele não podia ficar com raiva quando tinha Alto o observando tão atentamente.
— Talvez ele não esteja namorando ninguém. Qualquer um pode fazer sexo sem namorar.
Alto sussurrou isso secretamente, então ele não pôde ouvir bem. Papai torceu a ponta dos lábios e começou a rir de novo. Ele agarrou a nuca de Naito e se aproximou dele enquanto Naito, em um ambiente que parecia se tornar opressor, agarrou seu ombro para tentar se separar dele pela segunda vez.
Naito prendeu a respiração quando seu pai envolveu sua bochecha com a mão:
— Certo. Qualquer um pode fazer sexo… — Papai apertou a bochecha de Naito a ponto de começar a doer. — Mas ainda estou com raiva.
Os dedos dele, os que seguravam a sua nuca, subiram e agora acariciaram sua cabeça para começar a emaranhar seu cabelo entre as pontas. Naito, que estava nervoso com isso, só pôde ver e permitir que os lábios daquele homem se movesse até seu ouvido para sussurrar:
— Você não pode oferecer um corpo que me pertence.
Espantado com as palavras que pareciam repreender um amante infiel, Naito começou a pintar suas bochechas com um tom vermelho profundo. Alto, que ouviu isso, ficou tão envergonhado que largou o garfo e fingiu que havia algo interessante na madeira.
Naito cobriu o rosto vermelho com a mão e saltou da mesa:
— O que você está dizendo?
Você quer que eu repita de novo?
Seu pai perguntou calmamente. Naito olhou para Alto e Alto, apenas balançou a cabeça e começou a comer carne. Isso é o pior que já tenha experimentado! E parece que ele não consegue dizer nada para se defender.
— Por que você só está fazendo isso comigo?
O pai abriu a boca sem pensar profundamente na pergunta impulsiva:
— O que você acha?
— Realmente não sei.
Naito se queixou de frustração, mas seu pai pegou o pulso de Naito e puxou-o para mais perto dele em um forte impulso que o fez cair contra seus músculos. Ele se arrependeu de novo, seu pai o agarrou pela cintura e não o soltou no que pareceram minutos intermináveis. O rosto de Naito parece absurdo neste ponto:
— Pense, eu já me confessei a você antes, por que acha que estou fazendo isso só para você?
Ele não queria saber.
Naito se afastou do corpo do pai e correu para sua própria casa… Mas mesmo entrando e saindo de seu quarto, a reverberação e a temperatura corporal aderiram a todo seu corpo e não desapareceram por muito tempo.
Naito, que soltou um suspiro profundo, se enrolou na cama e reclamou. Não importava o quanto pensasse nisso, era estúpido! Ele envolveu as orelhas com as duas mãos e enrolou o corpo em uma pequena bola. Ele se sente preso por isso e isso só o faz querer sair de casa imediatamente, embora não haja para onde escapar. Pelo menos não por agora. E como as coisas chegaram a esse extremo?
Naito, que se escondeu sob um cobertor escuro, fechou os olhos e os apertou com força. Foi uma sensação miserável, como correr por um labirinto sem fim… Como quando tinha 14 anos e se viu perdendo a mãe. Como quando ele foi morar com o pai. Talvez fosse uma sensação mais assustadora do que isso.
Nesse momento, havia apenas uma resposta: “Pense nisso”. Dizia a voz cheia de poder que dominava sua mente, que não o largava e que fazia sua cabeça se sentir distante…
___________________ Continua…