Uma noite só para dois. - Capítulo 09
Ain engoliu em seco ao ver os olhos, músculos e tamanho temíveis do homem que estava vendo pela primeira vez em toda a sua vida. Ele não pôde dizer nada, embora tenha ficado evidentemente surpreso com a mudança no clima que o guarda-costas produziu…
E como sua personalidade parecia imperturbável, Naito estava de tão mau humor que entrou pela porta da escola sem cumprimentar ou notar ninguém.
A cerimônia de formatura será em breve, então parece comum que o ambiente nas salas de aula e nos corredores seja incrivelmente desorganizado.
Naito colocou um lenço grosso em volta do pescoço e cobriu a boca.
— Quem é esse homem?
— Um novo guarda-costas.
Naito respondeu brevemente, mas talvez Ain não tenha gostado muito da resposta porque ele rosnou como um cão bravo. No entanto, Ain, como a maioria dos jovens de sua idade, rapidamente se esqueceu das vezes em que praguejava e preparava seus cigarros importados com antecedência. Ele os guardou no bolso, embora fumar na escola fosse contra as regras.
Naito esperou pelo momento certo e arrastou Ain para um ginásio longe de todas as outras salas de aula. Frequentemente, era muito pouco usado, por isso poderia ser considerado um lugar seguro para contar segredos. Ain e Naito foram para o canto mais distante, onde não havia luzes ou janelas. Quase colado a uma parede. Ain parou na frente de Naito enquanto tirava o maço de cigarros que ele agitou na frente de seu rosto. Ele colocou um na boca e disse:
— Você tem algo a dizer?
— Sim, vamos ter uma conversa adequada agora que posso.
Naito deu a Ain muito dinheiro que ele havia preparado com antecedência. Um maço tão gordo que os olhos de Ain se arregalaram três vezes.
— O que é isso? Algum tipo de suborno?
Como Ain estava mascando um cigarro, sua pronúncia era bastante contida e estranha. Ainda assim, Naito entendeu em um instante:
— Com esse dinheiro, posso comprar uma nova identidade?
Os braços de Ain se cruzaram com a pergunta de Naito. Não é possível? Naito surtou em um instante só de pensar nisso. Certamente parecia loucura, mas Ain era o único com quem ele poderia recorrer até o final quando se tratava desse tipo de coisa. Entre os “vagabundos rico” bem-educados que abundam ali, Ain era alguém que podia entrar abertamente em qualquer beco, negociar com os meninos da favela e sair em paz.
— Meu pai também me proibiu de sair nos fins de semana, então… Estou desesperado.
— Então, como você planeja escapar se não consegue nem sair de casa? — Ain cuspiu a fumaça do cigarro lentamente para fora da boca. Ele olhou para Naito e então olhou para cima. — Eu posso ver o que consigo fazer, mas…
— Então, enquanto isso, você pode me comprar um celular em nome de outra pessoa?
— Eu posso fazer isso, claro. Já fiz várias vezes para alguns amigos.
Ele se sentiu um pouco aliviado ao ouvir isso, então a expressão rígida foi lentamente liberada até que se tornou diferente. Depois de verificar a quantia, Ain pegou apenas metade do dinheiro de Naito. As notas restantes foram entregues a ele na íntegra e, em seguida, ele esfregou o cigarro fumado no cinzeiro portátil até apagá-lo… Olhou para Naito com olhos bastante sérios. Um olhar de negócios que pareceria estranho.
— Por que você está olhando assim para mim?
— Agora, se você está se preparando para fugir, é porque algo ruim deve ter acontecido em sua casa.
— Você sabe que meu pai é aquele tipo de pessoa repugnante que… eu não consigo mais me mover e estou farto.
Ain sorriu. Ele estava vagamente ciente do trabalho de seu pai, então parecia ter uma intuição sobre o quão terrível era a situação de Naito. Ain silenciosamente tocou seu queixo, em seguida, deu um tapinha no ombro de seu amigo e quando Naito virou a cabeça totalmente naquela direção, Ain disse, tossindo:
— Se você precisar de uma identidade, posso ir para Madtown. É uma famosa cidade do tráfico de drogas no porto de Boyod, onde vivem todos os boticários, prostitutas e mercenários. Você sabe o que dizem, quanto mais baixo o assunto, melhor.
— Claro.
— Você vai levar Rayan também?
Quando questionado diretamente, Naito não sabia o que dizer a ele. Ele queria levar Rayan, é claro, mas ainda não se sentia seguro perguntando sobre um futuro juntos. Seu celular não estava com ele e ele não poderia sair o fim de semana inteiro. E como não conseguiu nem mesmo um telefone diferente, ele não conseguiu entrar em contato com ele…
Rayan era um pavão real. Nascido como filho ilegítimo de um duque, reconhecido como parte da família real anos depois que Naito deixou as favelas, então Rayan não era nada como Naito. Ele não era oprimido e fazia o que queria o tempo todo, graças ao amor abundante de sua mãe. Ele estava vivendo muito feliz e próspero, então não podia pedir para ficar com ele simplesmente por causa de seu egoísmo. Ele esteve na favela há tempo suficiente para saber que não podiam viver só de amor…
Naito disse que não. Ain deu um tapinha no ombro dele novamente:
— Você vai fugir agora?
Naito riu da pergunta de Ain. Ele tinha um rosto limpo e elegante com tanta naturalidade, seu sorriso era mais do que lindo. Seus olhos de meia-lua eram bonitos.
— Não sou um idiota, como poderia sair agora? Contor não se move da porta e meu irmão parece o cão de guarda do meu pai. Na verdade, estou pensando em fazer isso o mais rápido possível. Estou de olho para quando ele estiver desprevenido.
— Qual é o destino?
— Bassel.
Na verdade, o verdadeiro destino era “Gapelon”. Ele estava pensando em se locomover por um tempo, pois era uma cidade de onde poderia facilmente fugir de barco. E seria mais fácil alugar uma casa no porto se também levasse a identidade de outra pessoa. Com um passaporte falso, poderia fugir para algum país distante a qualquer momento porque ninguém estaria procurando por ele e ele concluiu então, no fim de semana, que se tratava de uma cidade incrivelmente adequada. Naito mentiu para Ain por causa de seu pai. Quando pegassem Ain e o interrogassem, ele os mandaria na direção oposta. Quer dizer, era um fato que aconteceria em algum momento e ele sentia muito profundamente por Ain, mas ele não podia tocar seu coração agora que estava tão desesperado.
Ain acenou com a cabeça, como se concordasse com a resposta de Naito e depois, não disse mais nada.
Já era hora de voltar para a aula, então Ain seguiu em frente… Embora não antes de colocar todo o peso de sua mão nas costas do amigo:
— Afaste-se do seu pai maluco o mais rápido que puder, mas faça de um modo inteligente. Porque tenho certeza que, assim que você for pego, estará morto.
Naito encolheu os ombros diante do conselho de um amigo que conhecia bem seu pai. Se tudo falhasse, no final as perspectivas seriam tão caóticas que a outra opção viável seria o suicídio… E as palavras de Contor pareciam confirmar isso: “O presidente está se controlando muito agora”. Disse. E se isso era paciência, não significava que ele o mataria no futuro à menor provocação? Ou apenas o deixaria respirando para tê-lo em sua coleção? Mesmo assim, com paciência ou não, ele poderia dizer com segurança que já estava morto o suficiente. O que poderia ser pior? Naito sorriu e saiu do ginásio…
A chuva estava caindo tão forte que os arredores pareciam desolados. Tremendo de frio, ele ajeitou melhor o casaco contra o corpo e esfregou as mãos: Ain não estava com frio? O jovem, que usava apenas um lenço felpudo como o seu, esperava por ele no final do corredor apenas para lhe entregar um celular que parecia novo para o seu gosto. Aparentemente era o seu… E ele teve muita dificuldade em ousar entregá-lo.
Ain riu ao vê-lo fazer uma cara estranha.
— Você não vai dizer ‘Obrigado’.
— Obrigado.
Ain era um bom amigo para ele, embora seu comportamento fosse mau e grotesco na maior parte do tempo. Ele sempre pareceu interessado em conseguir algo em troca de um bem maior, então, sim, ele era incrivelmente diferente de Rayan, mas não menos confiável para isso.
Naito tinha grandes esperanças para o futuro.
— Que tal você ir no verão?
Ain perguntou enquanto atravessava a ponte entre o ginásio e o edifício principal. Com o celular nas mãos, Naito, que estava enviando mensagens de texto para Rayan, assentiu secamente.
— Eu pensei sobre isso… Mas sinto que não deveria fazer isso em um dia de aula. O transporte público não é bom aqui.
— Como não é bom?
Naito disse brevemente:
— A estação ferroviária fica perto da escola. É a rota que usei quando fugi de casa pela última vez.
Naito encolheu os ombros casualmente, mas Ain perguntou, olhos arregalados.
— Como eles te pegaram?
— Naquela época, os funcionários do meu pai estavam no terminal.
Fingindo buscar um livro, ele foi ao banheiro, trocou de roupa e saiu. Era uma fantasia perfeita porque ele tinha conseguido sair com orgulho pela porta da frente e se dirigir à estação… Até então, ele pensava que era um sucesso. Mas o verdadeiro problema estava dentro do terminal. Seu pai parecia estar trabalhando em um plano interno para pegar um certo “cliente problemático”. Assim, ele colocou homens em portos e terminais ferroviários específicos com o único propósito de encontrá-lo. Naito não sabia. Ele não era seu irmão e não estava interessado em negócios, por mais interessante ou benéfico que pudesse ser. Como eles tinham idade suficiente para decidir por conta própria, Alto decidiu assumir o negócio de seu pai. Era Alto, que estava tendo aulas com ele, caminhando com e conversando sobre qualquer estupidez ao seu lado, então Naito estava completamente cego.
Ele estava confiante de que os guarda-costas que o acompanhavam para a escola não o reconheceram e ele viu a saída tão perto de suas mãos que não conseguia parar seu coração de bater em antecipação. Ele colocou o chapéu…
E naquele momento, um homem que estava encarregado da busca reconheceu Naito.
Ele se aproximou e o agarrou pelo ombro com força enquanto Naito tentava fugir. Embora soubesse que não bastava bater nele, porque eles sempre o seguravam com firmeza. E de um ponto de vista distante, era um abraço muito natural. Um simples gesto de carinho, em vez de algum tipo de sequestro.
Eles o levaram para a mansão como estava. Ele pensou que seria espancado da pior maneira imaginável, mas inesperadamente, seu pai estava muito calmo desta vez. O homem recompensou o funcionário que o pegou e isso foi tudo.
O Pai olhou para Naito e disse, com uma atitude calma e elegante: — Espero que tenha se divertido.
Os olhos e a voz de seu pai eram calorosos e doces, como um marshmallow. Naito estava tão cativado que não percebeu que o tinha agarrado entre as garras: o braço do pai estava em sua cintura como se aquele fosse seu lugar natural e a outra mão subia pelo abdômen. Ele o empurrou na tentativa de afastá-lo, mas seu pai, que era 20 centímetros mais alto que ele e era obviamente mais forte, não se mexeu. Em vez disso, como uma pessoa muito doce, seu pai sorriu gentilmente e desta vez apertou os ombros de Naito:
— Se é divertido, continue. É divertido para mim brincar de escondeesconde com você também.
— Me deixe ir.
Quando Naito falou descontroladamente, usando uma linguagem simples e desorganizada, seu pai sorriu e disse:
— Você não pode fazer isso com o papai. Eu o criei assim?
As mãos de seu pai estavam ficando mais fortes e parecia que ele iria quebrar as omoplatas se aplicasse um pouco mais de força… Lágrimas começaram a se acumular em seus olhos e logo, a força o fez se desvencilhar de sua expressão até que se transformou em algo que parecia um grito.
— Me deixe ir! — Ele disse novamente. Mas a voz do pai, dizendolhe para se acalmar, alcançou seus ouvidos de tal forma que fluía por seus vasos sanguíneos e se chocava contra seu coração… Uma afeição incômoda permeou cada canto de seus pulmões e então ele se sentiu encurralado por uma ternura calorosa.
Naito foi capturado pelos dedos de seu pai e por sua respiração. Ele abaixou a cabeça e disse friamente:
— Por favor, me deixe ir — até que ele finalmente fez pouco caso…
Memórias daquela época permaneceram em sua mente e flutuam como uma névoa espessa. No entanto, em vez de dizer algo sobre isso, apenas um suspiro impressionante saiu de sua boca. Ele não pode falar muito com Ain, então ele se contentou em lhe dar um sorriso.
— Não se preocupe. Tenho certeza que desta vez vai funcionar.
Naito tinha um sorriso brilhante, como se a poeira das estrelas estivesse espalhada sobre cada um de seus dentes. Quando ele estava parado, era muito lindo, e quando ria, era ainda mais bonito. Como se ele pudesse fazer com que cada pessoa que o encontrasse esquecesse suas preocupações.
Talvez o pai de Naito se importasse com ele exatamente por causa de sua aparência e daquele sorriso. Talvez ele quisesse ser protetor e amoroso, mas ele só conseguiu soar cruel.
— Bem… então eu confio em você. O que me diz? Te vejo no almoço?
— Claro.
Gostou que tivesse esperança por ele porque, afinal, ele estava planejando um plano completo e perfeito para não ser pego agora.
Depois de se despedir de Ain, Naito foi para a biblioteca central. Hoje, a aula da manhã acabou sendo incrivelmente silenciosa, então ele planejou descansar e ler o dia inteiro.
[Me ligue.]
A mensagem de texto de Rayan tinha acabado de chegar, então Naito parou em seu caminho. Ele ergueu sua bolsa, seus livros e correu para o ginásio. Rayan atendeu o telefone depois de alguns bipes longos.
— O que aconteceu?
— Como você pergunta isso? Você está bem?
Sua voz estava muito preocupada. Rayan sempre perguntou como ele estava, mas hoje ele parece muito desesperado. Naito suspirou e disse o mais calmamente possível:
— Há muito o que explicar. Enfim, o importante é que meu pai me proibiu de sair nos fins de semana.
— Até nos fins?
Naito desamarrou a gravata para respirar melhor. Ele tocou a janela com a testa e como se estivesse vomitando, disse alto e muito rapidamente:
— Eu não acho que posso te ver por um tempo.
— Por quê? Eu preciso de uma explicação. O que há de errado com seu pai? Com que direito ele faz isso conosco?
Rayan ficou com raiva e pediu uma explicação que talvez ele merecesse. Havia muitas coisas que ele queria dizer, começando com a mesma velha coisa sobre uma relação pai-filho que não era nada comum e uma atmosfera que estava terrivelmente errada. Ele não sabia se seu pai estava obcecado por se parecer com sua mãe ou por causa do que havia dito sobre amá-lo, então não podia contar a Rayan. Acima de tudo, ele não queria entregar seu fardo ao seu amado, quando tudo isso era apenas seu problema.
— Vou te contar quando estiver resolvido. Agora é… Tudo ficou difícil.
Rayan suspirou de dor com a resposta. Ele ficou em silêncio por um tempo e então abriu a boca novamente e perguntou:
— Eu falo com minha mãe?
Naito negou com a cabeça, pensando na mãe de Rayan. Ela tinha seu próprio filho e seus próprios problemas. Embora soubesse que, se pudesse, ficaria feliz em ajudá-lo imediatamente.
— Não fale com sua mãe. Isso não pode ser resolvido mesmo se ela vier pessoalmente.
— Ou não posso ir para a sua casa?
— Ele não vai permitir.
Ao contrário de Naito, Rayan proferiu um monte de palavrões um tanto vulgares que aparentemente dedicou inteiramente a seu pai. Naito, que estava brincando com os dedos, disse abruptamente:
— Estou fugindo depois da formatura.
— Como você vai fazer isso?
— Eu não trabalhei no método ainda. Mas estava pensando que… Talvez Rayan, você…
Naito hesitou. Por amor, até a vida de Rayan pode ficar turva, então tudo bem se ele recusar sua proposta. Estava bem, mesmo que ele engolisse. No entanto, Rayan rapidamente descartou as preocupações de Naito e com uma voz doce, ele riu e disse:
— Claro que tenho que ir com você. Como eu poderia viver sem você, meu amor?
Naito se sentou e riu, sentindo seu peito se iluminar com a confirmação. Ele olhou para o chão e tentou pensar em algo que pudesse juntá-los o mais rápido possível… Seu pai havia falado algo sobre uma festa. Afinal, era a vida noturna que os nobres tanto gostavam e o grão-duque gostava de festejar como um louco todos os meses. Algo como uma “festa maníaca”.
Naito, que não estava interessado no que seu pai estava fazendo, foi forçado a ir a muitas festas de alta classe junto com seu irmão idiota. Seu pai estava muito orgulhoso de seus lindos filhos, então ele frequentemente os abraçava e exclamava:
— Estes são meus meninos!
Havia um sentimento de incrível gratidão no rosto de seu pai quando dizia isso. E na recepção, mesmo enquanto dançavam, às vezes ficava confuso com o olhar do pai… Como se realmente o amasse. Seu coração tremia com o olhar cheio de carinho e às vezes o jovem Naito, que se lembrava do calor e carinho de seu olhar, começou a tremer como uma folha de papel soprada pelo vento. Logo, porém, ele estava pensando na obsessão doentia de seu pai e começando a tentar apagar todas as suas “boas” memórias de sua cabeça. Ele tinha que fugir agora, ou mesmo o que restava de sua vida seria completamente destruído.
— Você vai à festa do Grão-duque de Alassis?
— Não. Porque eu não sou um filho formal de meu pai.
— Vou com minha família. Você pode vir naquele dia e dizer que eu o convidei? Por um momento apenas.
O Grão-duque Alassis, que gostava de festas chiques, sempre comprava prostitutas e drogas barato. E tendo um pai que dirigia esse tipo de negócio, eles definitivamente estariam lá muito cedo e até tarde da noite… E se ele pensasse sobre isso com cuidado, parecia uma grande oportunidade de escapar.
Contando as datas nos dedos, Naito contou a Rayan sobre seu novo plano:
— Não venha para minha casa. Até a formatura, vou me comportar com calma com meu pai. Ele não sabe que tenho um celular, então não vou ligar para você.
— Então…
— Eu vou te contar tudo quando as coisas estiverem calmas.
— Vou ficar no aguardo então. Vejo você na festa do Grão-duque de Alassis de qualquer maneira.
— Sim…
— Não se preocupe. Tudo vai ficar bem. Você resistiu bem até agora.
— Tem razão…
A voz de Naito tremeu. Seus sentimentos estavam em constante ira. Ele estava ansioso e seu coração disparou devido à esperança ligeiramente crescente… Agora ele poderia se libertar da obsessão de seu pai e saborear a doce liberdade novamente. Esse pensamento faz Naito se sentir mais forte:
— Eu te amo, Naito.
— Eu também te amo.
Essa confissão usual de hoje parecia inesperadamente amarga. Naito desligou o telefone e suspirou devagar… Seu interior fica congestionado de novo e ele pensa: “É porque se lembrou do olhar do seu pai?” Os olhos violetas são sempre penetrantes, mas quando o veem, parecem arder. Era definitivamente diferente de quando via Alto e seu amante. Parecia até que seu toque ainda permanecia nele. Como se ainda tivesse aqueles dedos na sua cintura, seus braços, pescoço e no seu queixo. Ao lado dos lábios… E esse calor. Fazia calor quando se imaginava com ele.
Naito encostou a testa na janela, esperando que as chamas que seu pai criou esfriassem.
O calor que parecia ter deixado uma queimadura, era doloroso.
_____________________ Continua…