Uma noite só para dois. - Capítulo 08
Seu pai, com o celular nas mãos, observava o que as câmeras de segurança estavam gravando.
“O que você disse?” Ele repetiu novamente. Mas Naito não respondeu e tentou puxar seu braço para fora daquele aperto poderoso. O pai não largou…
— Por que eu tenho que responder?
Seu pai estreitou os olhos. Suspirou… Então ele abaixou a cabeça e cheirou Naito, enterrando o nariz profundamente em seu pescoço descoberto.
— Me deixe em paz! — Gritou. — O que você está fazendo!?
— Quem você permitiu que te tocasse?
Naito mordeu o lábio com força e então, com um olhar cheio de fúria assassina, falou, olhando nos olhos do pai:
— Por que você se importa!?
— Estou incomodado com esse cheiro nojento que você tem. Até me deixa enjoado… O que você está dizendo, Naito? Não deveria me livrar dele apropriadamente para que possamos ficar em paz?
Ao olhar para o filho, o homem riu como se tivesse encerrado o assunto principal. Ele soltou o braço de Naito com um forte impulso, então o jovem reclamou e começou a verificar a profundidade da marca que ele havia feito pegando a mão ferida. Foi muito doloroso, mas na realidade sempre foi assim. Quente, pungente, como se tivesse sido queimado com brasas e carvão queimando em chamas…
— Bem. A partir de agora, você não pode nem sair nos fins de semana.
— O que? — A reação apareceu automaticamente. — Você não pode…!
Alto, que foi atingido por Naito, estava entrando enquanto ainda tocava sua bochecha. O Pai deu-lhe um sinal para vir à sua frente: — Você está encarregado de monitorar Naito no futuro. Se ele quiser sair, chame outro guarda-costas e se algo acontecer, me informe imediatamente.
— Sim, pai.
Eles não eram como pai e filho, mas como chefe e subordinado…
Naito nem mesmo teve a chance de se rebelar porque seu pulso ficou preso na mão grande de seu pai. Preso, Naito lutou e gritou para deixá-lo ir, mas sempre que ele começou a colocar toda a sua resistência, seu pai parecia apenas ficar mais poderoso…
O lugar para onde vieram era um imenso banheiro que também era do gosto de seu pai. Naito olhou para a banheira cheia d’água e deu força aos pés para ficarem no mesmo lugar. O pai o pegou nos braços e o jogou descuidadamente na banheira. A água subiu até o final de seu queixo, ele abriu a boca e quando engasgou em estado de choque, seu pai agarrou a cabeça de Naito e pressionou-a sob a água. O menino, sem saber o que fazer ou para onde se mover, sacudiu os membros em completa agonia e terror. Seu pai, que contou 30 segundos, agarrou o cabelo de Naito e puxou-o para finalmente tirá-lo de lá. Naito, encharcado de água, gemeu e se inclinou para a borda da banheira enquanto o pai tirava a franja dos olhos.
Naito acenou com a mão para fazê-lo parar de tocá-lo:
— Vá embora!
Ele se rebelou com orgulho, como sempre, mas o pai viu seu filho com um olhar incrivelmente zombeteiro e hediondo.
— É seu hobby ser derrotado nas mãos de seu pai?
Naito estreitou os olhos com uma pergunta tão inesperada. Ele estava tossindo, seus olhos doíam e seu nariz parecia incrivelmente quente. Sua garganta também dói porque ele ainda tinha resíduos de água com sabão. Quando Naito não respondeu, seu pai agarrou seu cabelo novamente e o mergulhou na água uma segunda vez. Naito lutou e moveu seus membros, fazendo a água espirrar e molhar as roupas de seu pai a cada convulsão. O homem forçou Naito a ficar debaixo d’água por mais tempo do que antes e quando ele o pegou, Naito já estava chorando.
— Ah, ugh… Pare. Pare.
Naito lutou para abrir os olhos cheios de lágrimas e agarrou-se às mangas do pai. Ele era patético, seu rosto era patético.
— Eu perguntei sobre o seu hobby.
Ele tentou responder para evitar outro castigo, mas Naito não conseguia nem respirar. Ele enxugou o rosto molhado várias vezes, mas foi inútil porque suas mãos estavam molhadas e escorregadias. Os olhos, nariz e garganta de Naito estavam tão quentes que ele tossiu e disse em voz alta.
— Não.
O pai riu levemente com a voz exausta. A tosse de Naito nunca parou.
— Então por que você continua se rebelando contra mim?
Naito, assustado e soluçando, perdeu as palavras com a pergunta que seu pai lhe fez. Ele não sabia por que tinha que ser torturado por algo tão estúpido como isso, então olhou para ele sem expressão e chorou de novo. O pai estalou a língua diante do olhar desagradável de Naito. Ele puxou o filho para fora da banheira e o sentou em um móvel perto da pia para começar a despi-lo. Naito, espantado, agarrou seu pulso com a mão e parou seu pai com os dedos trêmulos. — Eu farei isso. Então saia. Saia daqui!
Naito gritou com urgência, como se sentisse até mesmo uma ameaça à sua vida nessas pequenas ações. O pai, por algum motivo, deu um passo para trás, embora não achasse que o ouviria tão facilmente… Ele acariciou o rosto do filho, enxugou seus olhos com a ponta dos dedos e sussurrou com uma voz bastante doce:
— Tome um bom banho.
Suas grandes mãos cobriram suas bochechas e sua testa tocou a testa de Naito. Naito ficou parado e então, ele se sentiu atordoado por
aqueles olhos roxos que o olharam profundamente. Tão amorosamente.
Ele não conseguia tirar seus olhos dele…
— Vou chamar alguém para te ajudar.
Seu pai brincava secretamente com a orelha de Naito. Então ele lhe ofereceu um beijinho embaixo dela e no queixo até que Naito respondeu com uma voz incrivelmente trêmula:
— Ok, ok… Mas, por favor, vá.
A oração suplicante de Naito fez com que seu pai lhe oferecesse um sorriso aterrorizante. Ele disse-lhe para não demorar muito, lentamente retirou suas mãos e desapareceu completamente segundos depois… Mas só quando ele confirmou que tudo estava quieto, Naito encostou-se na parede e rapidamente desabou no chão. Cobriu o rosto com as mãos trêmulas e segurou a garganta. Era terrivelmente doloroso se mover depois de quase se afogar, então tirar as roupas molhadas também foi muito mais difícil do que ele pensava. Além disso, sua mão não parava de latejar ou sangrar como se tivesse sido quebrada.
Ele tentou se acalmar, verificou a temperatura da água e descobriu que estava quente o suficiente para entrar. A banheira tem a função de manter a temperatura em um nível adequado, para que não esfrie mesmo que a deixe abandonada por muito tempo…
Mas ele ainda estava com muito frio.
Naito, que acabara de se lembrar do que aconteceu, amaldiçoou silenciosamente enquanto entrava lentamente na banheira. Ao se ajoelhar, ele lavou o rosto como se quisesse apagar os vestígios de seu sofrimento. Seus olhos, nariz e garganta ainda estavam quentes e formigando e ele mal conseguia sentir os dedos por causa da ansiedade que o havia provocado ao engolir tanta água. No final, Naito não se conteve e roeu as unhas. Era um hábito que surgia quando ele ficava assustado e muito nervoso… Até mesmo sair no fim de semana acabou sendo proíbido. Como se ser forçado a voltar para casa de segunda a sexta não fosse suficiente.
Longe de ficar melhor, esta sua vida está sendo sugada para o abismo mais escuro que poderia ter encontrado. Quando ele era jovem, era pobre e estava prestes a morrer de fome. Agora, graças a seu pai, vive uma vida generosa, não passa fome, mas sua liberdade foi jogada ao lixo. E a vida tem sentido se ele não pode estar com Rayan? Quando se lembrou do namorado, seus olhos começaram a doer muito mais e ele até pensou que haveria mais lágrimas. Ele enxugou o rosto… Não é certo dar a ele o luxo de chorar só porque o está mandando para o inferno.
Naito acordou e reconsiderou os planos que tinha. É hora de fugir de casa para que o pai não possa encontrá-lo e ele possa viver feliz ao lado de Rayan. Quando pensa sobre isso e visualiza um futuro mais nobre, primeiro percebe que precisa de um novo telefone celular porque o pai pode rastrear o seu número se ele quiser. Além disso, todos os itens rastreáveis também serão deixados para trás. Não pode usar cartões de crédito e não pode sacar muito dinheiro de uma só vez para não levantar suspeitas. Estava pensando em sacar uma quantia considerável e mantê-la em um lugar que os outros não conhecessem… A questão era onde, como e a que horas ao sair de casa. A melhor maneira seria fazê-lo quando fosse para a escola, então ele achou que tinha que traçar um caminho e um plan-…
Naito se virou para o som de uma porta… E o arruinado Alto olhou para ele de um canto.
— Papai quer que você saia.
— Então vá embora para que eu possa fazer isso.
Naito respondeu friamente e lentamente saiu da banheira quando seu irmão mais novo saiu. Tem sido muito trabalhoso e sua cabeça estava incrivelmente tonta… Encostado no canto da banheira, ele exalou lentamente e inspirou para que o ar parasse de queimar dentro de seus pulmões. Quando ele estava bem, Naito rudemente se lavou com sabão, esfregou as pernas, enxaguou tudo e abriu a porta do banheiro. Ele viu um pequeno quarto banhado por uma luz laranja sutil. Os nobres deste país, após se lavarem, sempre se lavavam em um pequeno quarto antes de ir para o quarto principal. Possui sofá, geladeira, cômoda e armário pronto com suas roupas.
Seu pai era tão louco…
Então alguém bateu na porta novamente. Ele colocou uma toalha na cintura e perguntou quem era.
— Posso entrar?
Embora ele não fosse um aristocrata, a tendência de seu pai para seguir os costumes dos ricos ao fundo era impressionantemente exagerada, então, é claro, as pessoas que trabalhavam em sua casa não podiam entrar na sala sem pedir permissão primeiro. Naito pegou outra toalha e disse, secando o cabelo:
— Entre.
A porta se abriu e Contor entrou, envolto em um terno preto sem rugas… Quando um homem como ele, de estatura e físico exagerados, entra na sala, sente que tudo está bloqueado e que não tem nem espaço para respirar. Contor desdobrou uma grande toalha, envolveu o corpo de Naito e começou a secar as pequenas gotas que começavam a escorrer por seu rosto. Contor, o guarda-costas de seu pai, o atende tão fielmente como se fosse um cachorrinho, então não foi estranho vê-lo agir assim em um momento tão tenso. Ele começaria a lamber o chão se mandassem.
Naito piscou indiferente, puxou a mão e abriu a geladeira que estava presa na parede. Parece que eles constantemente o enchem com todos os tipos de bebidas extravagantes, então, tirando a água engarrafada, Naito puxou a tampa e a jogou com tudo em Contor. Contor estava encharcado, mas ele nem piscou… A bandagem de Naito começou a se soltar como se fosse uma crosta de pintura.
— O que meu pai ordenou para você fazer?
Naito perguntou, jogando o curativo sujo no lixo. Contor pegou a garrafa de água que Naito jogou para ele, colocou-a sobre a mesa e observou pacientemente enquanto Naito pegava uma garrafa de refrigerante para começar a beber. O ácido carbônico desceu por sua garganta, destruída pela água da banheira. Ele tinha dor e queimação, então Naito tossiu, cobrindo a boca com força. Contor, que observava a figura do menino em silêncio, abriu a boca:
— Agora, ele me encarregou de deixá-lo e buscá-lo na escola todos os dias.
— Ele tem medo de que eu escape?
Naito se levantou sem lhe dar tempo de responder e deixou sua toalha no sofá. Contor pegou a toalha, seguiu de perto atrás dele e a arrumou em uma prateleira para permitir que secasse. Naito assistia a tudo enquanto se vestia.
— Não é nem hora de ir para a escola, por que você está aqui então? — Naito, vestido com um suéter rosa claro, se aproximou do homem até que estava de frente para ele. Como faz com o pai, ele é tão alto que precisa olhar para cima. — Agora você é o cachorrinho dele também?
— É meu trabalho.
— Sim. — Naito murmurou imediatamente. Ele estava dolorido, rouco, mas ainda soava doce. — Meu pai é tão estranho que, obviamente, todos os seus funcionários também ficam contagiados.
— O presidente só está preocupado com você.
— Preocupado?
Naito riu abertamente, como se achasse a coisa mais absurda que já ouvira na vida. Ele colocou as mãos nos bolsos da calça, ignorou o guarda-costas novamente e imediatamente avançou para sair. Antes de abrir a porta, porém, Naito virou a cabeça. Olhando para Contor, ele disse com uma voz que lutava para não perder o controle.
— Nem mesmo venha jogar esses jogos comigo. Papai não pode se preocupar por mim, e você sabe disso muito bem.
Contor não respondeu à raiva de um homem mais jovem que ele. Seu chefe apenas disse para secar a sua cabeça e ajudá-lo com a roupa, e ele obedeceu. Naito vai para seu quarto, mas Contor ainda o segue… Contor estava ciente do olhar de Naito, que gritava algo como: “Se você tem algo a dizer, diga agora e me deixe em paz.” — O presidente me disse para confiscar o seu celular…
Naito pegou tudo o que tinha em suas mãos e jogou em Contor. Não havia razão, ele apenas sentiu que a raiva explodiu tão descontroladamente em sua mente que, se não a soltasse, iria pirar. Ele olhou para o homem com frieza e disse:
— Diga a ele que não pode tocar nas minhas coisas.
— Jovem mestre…
Naito parou sua mão enquanto tentava fechar a porta antes de passar. Ele suspirou lentamente, observou sua mão bloqueando a madeira e olhou em seus olhos novamente:
— Não quero ficar com raiva de você, Brad. Me deixe em paz e vá embora.
Ele o chamou pelo nome e pediu que ele fosse embora. Contor o ignorou.
— Se você não ouvir as palavras do presidente, você estará em perigo real mais tarde.
— Pode ser mais perigoso do que agora?
Contor fecha a boca… É um silêncio que soa como se estivesse concordando com ele. Naito decidiu que iria trabalhar em um novo plano de fuga, algo muito mais rígido e organizado. Mas, Contor, que estava apenas olhando para o ar, de repente usou todas as suas forças para abrir e se afastar a um passo de distância… Baixou a cabeça:
— O presidente está aguentando muito agora para não te atacar.
— Ha, você está dizendo que o que ele tem me mostrado é sua paciência?
— Não posso te contar mais porque não sei todos os detalhes, mas uma coisa posso te dizer com certeza… É que você o está subestimando. Você acha que não sair mais, ficar sem um celular e a sua vida de agora é a pior coisa que ele poderia fazer com você, mas não é. — Contor, que tinha uma conversa bastante particular com ele, ficou menor para olhá-lo detalhadamente: — Tenha cuidado e me obedeça. O médico está esperando agora. Então venha comigo.
Naito viu sua mão ferida. O sangue brilhou contra seus pés caindo em gotas enormes… De alguma forma, a dor continua até seu braço então Naito, que sorriu amargamente, ignorou a mão de Contor e saiu do primeiro andar por conta própria… Ele virou a cabeça. Contor o estava seguindo como uma sombra, então dessa forma poderia entender um pouco melhor o que o futuro lhe reservava. Ele iria monitorá-lo, observá-lo, aparecendo em todos os lugares que ele estivesse. Mesmo que seu pai não estivesse…
Mas se ele conseguiu resistir até agora, isso significa que aquele que foi subestimado é ele. E ele tem certeza que logo sairá desta casa.
Continua…