Uma noite só para dois. - Capítulo 04
O horário de saída era geralmente às 16h30.
O motorista estava sempre pontual no portão da escola, então Naito, que estava jogando tranquilamente na sala de informática, caminhou devagar até aquele local e esperou pelo motorista. No entanto, não importa quanto tempo esperou, ele nunca chegava. Mesmo que 30 ou 40 minutos se passaram… E como nada aconteceu mesmo depois de esperar uma hora e meia, Naito caminhou lentamente até sua casa.
Era quase uma hora a pé da escola, mas Naito demorou muito mais do que isso para chegar lá. Ele queria chegar tarde deliberadamente.
Naito então entrou em uma mansão silenciosa e mal iluminada. Parecia que seu pai ainda estava dormindo porque ele era um homem que vivia à noite. Era simplesmente diferente dos outros. Ele dormia como uma rocha pela manhã e se comportava de maneira vívida à tarde e à noite. Geralmente levantava por volta das 6 horas, então ele tentou ir na pontinha dos pés para não acordá-lo… Mas essa foi uma ideia inútil. Quando Naito entrou no salão principal, um vidro voou em direção à parede, quebrou e se espatifou em um instante, fazendo com que vários pedaços de vidro espirrasse em sua direção e coçassem sua bochecha. Naito gritou, inclinou-se e tocou o sangue que escorria de seu rosto até os azulejos. Seu pai estava sentado na escada, olhando para ele. Naito chutou um pedaço de vidro quebrado e o analisou por um segundo antes de dizer sem sinceridade:
— É ótimo para uma saudação de boas-vindas.
— Você é meu filho, então tenho que fazer o que achar necessário para educá-lo.
Seu pai, que respondeu com uma voz tranquila, aproximou-se dele com calma e o observou de forma um pouco mais cuidadosa. Ele era alto, mais alto do que quando tinha 14 anos. E mesmo que ele fosse grande também, eles ainda não podiam se comparar no mínimo. Parecia ter cerca de 20 centímetros que eu nunca poderia preencher…
Seu pai riu e colocou as mãos ao redor da bochecha de Naito. O dedo do homem manchou de sangue, então ele moveu o polegar lentamente para se limpar. Naito tentou não ficar nervoso, mas enquanto a mão de seu pai o tocasse, seu coração inevitavelmente dispararia.
Ele estava nervoso, apesar de olhar para aqueles olhos carinhosos e ternos. Seu pai sorriu para ele, mas Naito prendeu a respiração e então tentou recuar. O pai não o soltou.
— Com o que você está tão insatisfeito, Naito? Huh? — A mão que estava limpando sua bochecha desceu até o pescoço. Ele olhou para seu pai, e o viu mover sua mão livre para pressionar o ombro de Naito várias vezes usando sua palma enorme. Naito não disse nada e se conteve, mas ele apenas o apertou com mais força, e então mais e mais forte. — Do que você está reclamando? Diga, com essa boca tão linda que você tem.
Naito não respondeu, então o pai empurrou seu ombro com uma das mãos e o jogou contra a parede. A força de seu pai é mais do que a de um atleta, então o corpo de Naito balançou e então ele caiu no chão. O problema é que um pedaço de vidro tocou sua palma e ficou preso de uma maneira relativamente profunda. Naito parou de respirar com a sensação estranha e aguda de sua carne se abrindo.
— Aiii!
Naito estava com dor e gemeu, então seu pai agarrou seu cabelo e o
ergueu em um terrível movimento. Doeu, como se a pele não estivesse apenas rasgada, mas sim desfeita. O pai que estava na sua frente, viu como seu filho lutava para escapar, então ele o segurou em seus braços. Naito arranhou a parte superior do corpo do pai como um gato com a cauda agarrada, mas ele estava com medo o suficiente para continuar fazendo isso. Por exemplo, agora, quando se rebelou contra ele por alguns segundos, seu pai agarrou a palma ferida e a apertou como se quisesse remover um osso:
— Ahhhh!!!
Naito abaixou a cabeça com uma dor estonteante, e então tremeu com toda vontade. O pai, vendo o filho chorar, suprimiu a parte superior daquele corpo com um braço e estendeu a palma da mão e os dedos com a outra. No entanto, sempre que a palma ferida era esticada à força, Naito chorava da dor que ia da cabeça até às pontas de seus pés. Ele estava tentando aguentar, mas não conseguia fazer isso muito bem porque doía mesmo quando ele estava parado. Seu pai continuou a tocá-lo, então a dor aumentou rapidamente:
— Posso mandar meu filho para a faculdade mesmo sabendo o quão fraco ele é? Até mesmo um empurrãozinho parece ser suficiente para você.
Muito sangue começou a derramar da ferida. Seu pai soltou o braço que segurava de forma que o corpo dele parecia estar prestes a cair novamente. O pai novamente abraça seu filho ternamente, sussurrando:
— Olha, Naito… Olha como você é fraco. Você não pode ficar sem mim.
— Me deixa ir!!
Naito lutou para escapar de seu pai, mas o homem apenas o olhou e puxou um enorme pedaço de vidro de sua mão. Os dedos de Naito tremiam, mas seu pai não o deixava ter o menor descanso ou a capacidade de respirar com calma.
Segurando-o, ele o arrastou até seu quarto… Naito estava tremendo enquanto aquela mão enorme segurava sua mão ferida. Seu pai tinha uma caixa de emergência, então Naito ficou com ódio com a nova atitude de seu pai de dar-lhe cuidados e remédios depois do que ele tinha feito.
Ele esticou seus longos braços, agarrou o pulso de Naito e se sentou na cama. A parte ferida doía mesmo quando fazia isso, então ele não teve escolha a não ser abaixar a cabeça. O pai de Naito agarrou seu cabelo e o ergueu alguns centímetros. Seu pescoço dói e ele também se sente rígido.
— Estenda sua mão. Eu vou te curar.
— Ah… Depois de que tudo isso é sua culpa?
— Bem. Eu fiz, então eu assumo a responsabilidade. Agora, estenda sua mão.
Naito, que reprimiu um gemido, disse claramente:
Eu te odeio.
— Ódio?
O pai, que ouviu as palavras do filho, sorriu de forma incrivelmente exagerada. O corpo de Naito estremeceu com o mau presságio que seu estranho pai havia causado a ele. Ele estendeu a mão, puxou o braço de Naito e o deitou na cama. Seu pai apertou os braços em volta do pescoço e das costas do jovem, que estava prestes a se levantar por puro reflexo. No entanto, a ferida latejava e doía enquanto ele se contorcia, então ele teve que parar.
— Pare! Não me toque!
Naito chorou desesperadamente porque o odiava. Especialmente quando o colocava por baixo dele, como ele estava fazendo agora. Ainda mais, porque seu pai nunca deu ouvidos a Naito nem deu atenção às suas queixas. Ele poderia facilmente derrotá-lo, dobrá-lo. Mais tarde, quando ele se sentou perto de sua cintura e apertou seus braços com força, ele descobriu que a dor só tinha aumentado porque estava combinada com uma raiva terrível. Ofegou…
Naito, que está naturalmente debaixo de seu pai, respirou fundo e o observou. Naquele momento, o pai sorriu feliz e acariciou sua nuca enquanto dizia:
— Você é um bom filho. Você é um bom filho…
— Isso não é o que um pai faria. Aí!
O pai estendeu a mão do filho com os dedos… O sangue correu com tanta força que logo o lençol ficou todo molhado. Seu pai tirou uma gaze limpa da caixa de emergência e embrulhou para estancar o sangramento, mas Naito ainda estava com raiva. Seu coração tremia ao olhar para o pai… O homem sorriu levemente e o filho ergueu os joelhos e apertou ambas as mãos enquanto ele segurava seus pulsos. Naito, que já havia perdido as energias, respirava com os olhos semicerrados e a boca bem aberta.
— Tudo bem. Então meu filho, vou perguntar de novo. Por que diabos você se sentiu tão insatisfeito a ponto de ficar bravo com Keshan? Você nem mesmo foi à escola?
Você pergunta como se realmente não soubesse.
Naito disse ferozmente, olhando para ele como se fosse matá-lo.
O pai fecha os olhos e pensa. Ele fingiu agir indiferente por um momento e de repente, como se estivesse punindo Naito, ele agarrou o pulso do garoto com mais força do que antes e o dobrou para trás. Graças ao grande poder de seu pai, Naito fez um som de dor e reclamou com vontade enquanto esfregava o rosto contra o lençol.
Apesar do gemido triste de Naito, seu pai perguntou sem preocupação:
— Você quer ir para a faculdade sendo tão patético?
— Eu quero ir porque você prometeu me deixar ir!
— Eu não acho que você está em posição de falar sobre isso agora, Naito.
— Você prometeu… Você prometeu me deixar ir.
A voz de Naito estava tremendo. O pai, que olhava o perfil de seu filho, pressionou seu braço com os joelhos como antes e tocou sua bochecha com bastante amor. Seu pai afastou o cabelo espalhado na testa e sussurrou, como se quisesse lhe contar um segredo:
— Você é meu filho, então estou no comando sobre você. Enviar você assim, sendo tão fraco? Para a universidade? Um lugar cheio de homens, prostitutas e gangsters? De jeito nenhum. Tenho o dever de protegê-lo.
Foi uma palavra maldosa, então Naito cerrou os dentes e olhou para o pai.
— Você não precisa fazer isso.
— As crianças sempre se sentem assim, mas os pais sabem das coisas…
— Se você é meu pai, então existe alguma lei que diz que você pode tratar seu filho assim?
Já que você pertence a mim, posso fazer com você o que eu quiser.
— Eu não pertenço a você e… Você não é meu pai!
Naito gritou. Mas o pai não deu ouvidos às palavras desesperadas do filho… Ele apenas falava com calma, envolvendo a gaze cheia de sangue na mão pequena.
— Esses são seus pensamentos, Naito. Mas o que você realmente pode fazer sem mim? Quem mais pode protegê-lo?
Naito não podia dizer nada às perguntas elegantes e incrivelmente estranhas de seu pai. O ferimento na palma da mão era mais profundo do que ele pensava, então quando papai o agarrou e o sacudiu, isso o rasgou e doeu muito também. E quando ele tirou a gaze, o sangue que nunca parava de escorrer começou a cair como chuva.
Então a porta se abriu.
Cinco anos atrás, Eli Lee, que teve uma grande briga com o pai de Naito e Alto, avisou sua despedida e foi embora. Depois de deixar a faculdade de medicina, Eli, que era amante de seu pai, conheceu uma boa garota e viveu uma nova vida mais feliz e brilhante. Como se ela estivesse absolutamente feliz por nunca mais encontrar seu pai novamente.
Mas Naito foi quem mais sofreu com tudo isso.
Era porque ela era como uma mãe. Uma pessoa que tinha compaixão por pequenas e delicadas criaturas. Ela cuidou das crianças durante todo o seu crescimento e no final, quando teve que ir embora, aproximou-se de Naito e o abraçou dizendo: “Menininho, não estou preocupada com a Elsie, mas estou muito preocupado com você. Se as coisas ficarem realmente difícil, por favor, não hesite em entrar em contato comigo”.
No entanto, Naito nunca a contactou. Ele queria sinceramente vê-la feliz. Não triste como quando estava com o seu pai.
Agora Eli Lee, que estava no quarto por algum motivo desconhecido, estava tão bonita quanto antes. Ela estava se aproximando dos quarenta, mas sua pele estava limpa como se ainda tivesse vinte
anos. O loiro sempre comprido agora estava cortado até o queixo e a maquiagem que antes era espessa também ficou modesta. Quando Eli entrou no quarto onde havia cheiro de sangue, ela deixou escapar o choque e levou as mãos à boca. Ela tirou o paletó e o jogou na cadeira… Ao passar por Elsie, que ainda o esmagava, ela voltou sua atenção para Naito, que estava tão cansado que empalideceu, e então estendeu a mão para ele. Ela estalou a língua, ajoelhou-se e olhou para a palma da mão de Naito. A linha que foi produzida pelo vidro se espalhou de forma reta e até parecia que seria necessário levá-lo ao hospital.
Desde que viu a mão de Naito gravemente ferida, seu olhar ficou tão escuro que Elsie encolheu os ombros e logo começou a se comportar bem.
— O quê? Não é minha culpa. Eu o empurrei e ele caiu onde havia um pedaço de vidro.
— Você o empurrou?
— E daí? — Com uma risada curta, ele se aproximou da pobre mulher que logo parecia excepcionalmente pequena. Elsie olhou para ela com olhos insensíveis: — É de seu poder aparecer quando alguém está em apuros?
— E o seu é de está causando problemas?
Diante de sua pergunta, seu pai riu baixinho. Ele é magro, mas não é como ela, então quando colocou a mão no ombro de Eli, ela cambaleou e então removeu rapidamente os dedos de Elsie, empurrando-o suavemente para trás.
— Além disso, é claro que é um poder de nós mulheres. Não ser tão idiota quanto os homens! Por que você o empurrou!?
Naito tentou abrir a boca e contar-lhe todas as coisas que haviam acontecido com ele, mas ficou em silêncio porque não tinha o poder de fazer isso.
Eli olhou para ele e depois olhou para Elsie.
— Droga, sua força é a mesma que a de Naito? Você diz que foi uma vez? Você com certeza o empurrou várias vezes.
— Uma vez foi o suficiente.
— De qualquer forma, o menino está muito mal. Leve-o para o hospital.
— Se eu quisesse levá-lo ao hospital, o teria levado antes.
— Leve-o para o hospital! Ou fique longe.
Eli Lee apenas o cortou e disse sua ordem. Mas seu pai fingiu não ouvir. Ele saiu e, demonstrando respeito pelo antigo relacionamento, levantou uma bandeira branca e a deixou trabalhar sem pedir mais nada.
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Continua…