Uma noite só para dois. - Capítulo 02
A primeira vez que viu a capital, foi semelhante a encontrar fogo. Ao contrário das favelas, os edifícios altos e grandiosos exibiam uma impressionante variedade de luzes. As pessoas que andavam eram altas, bem constituídas e cheias de confiança, ao contrário das favelas. Parecia que Naito e Alto eram os únicos vestindo suéteres velhos e tênis ao contrário. Os dois, sentindo seus olhares, coraram de vergonha e viraram a cabeça para o chão. Nas favelas não tinham vergonha da forma como se vestiam porque eram todas pobres. Mesmo quando se tratava de trabalhos incrivelmente irritantes, como prostituição, ninguém se cobria ou fazia esforço para parecer algo que não era.
Mas aquele lugar era diferente.
Andar entre pessoas vestidas com roupas finas e cheirosas, foi realmente incrível…
Mas Naito não teve tempo de se maravilhar com a capital. Ele rapidamente se livrou da fome e da vergonha e saiu em busca de seu pai. No início, ele estava ansioso e desconfortável, mas agora ele tinha um grande desejo de conhecer aquele homem depois de não vêlo por tanto tempo. E como são crianças pequenas, havia uma vaga esperança de que ele pudesse ter um pouco de simpatia por eles.
— Hyung, estou com fome. — Alto, que estava andando na rua por várias horas, finalmente começou a chorar. — Minhas pernas doem e estou com fome.
— Se formos um pouco mais longe, com certeza vamos encontrar a casa do papai.
— Isso é o que você disse antes! Eu não quero mais andar!
O dinheiro, deixado pela mãe, pagou uma passagem de trem, comprou um mapa e comprou comida. Não demorou muito para que tudo acabasse. Naito viu o dinheiro restante na mão… Guardou o valor exato de uma passagem de trem para voltar caso não conseguissem, mas não podia deixar seu irmão, fraco e chorando como se sua vida estivesse se esgotando. Então é isso.
— Pare, espere um minuto. Vou comprar pão para você.
Alto assentiu e sussurrou um pequeno “Okay”.
Naito entregou a Alto sua carteira e bagagem e correu para a padaria do outro lado da rua. O proprietário ficou enojado com o comportamento peculiar e a maneira de se vestir de Naito. No entanto, Naito disse: “Meu irmão mais novo está com fome” e comprou vários dos pães mais baratos. Quando correu até o irmão e passou o pão para ele colocar na boca, o irmão mais novo mostrou um sorriso lindo e feliz. Naito, sentado ao lado de Alto, partiu o pão e o colocou na boca também. O gosto era muito melhor do que o pão que tinha comprado na favela porque, quando chega na língua, derrete imediatamente e o sabor dura mais tempo. Naito olhou para Alto, que estava provando o segundo pão.
Naito bateu nas costas da mão do irmão.
— Por que você me bateu?
— Vamos comer isso mais tarde. Só para garantir.
Alto olhou para Naito.
— Meu pai vai nos abandonar de novo?
Naito acenou com a cabeça enquanto pegava o pão.
— Está tudo bem. Eu trouxe o anel. Posso vendê-lo.
— E depois disso?
— Vou ter que arranjar um emprego.
Com a resposta sombria de Naito, Alto curvou a cabeça. Seus dedos dos pés apareciam através dos buracos em seus sapatos.
— Um dia poderemos comer muito pão e morar num lugar aconchegante, certo?
Alto perguntou com uma voz esperançosa. Naito não respondeu. Ele sabia pelas pessoas ao seu redor que isso não era possível. Eles teriam muita sorte se não morressem de fome ou acabassem estuprados e vendidos pelo lance mais alto.
Naito recuperou as energias e levou seu irmão mais novo para a casa onde seu pai morava. Ele não sabia o caminho, então ele vagou em todas as direções, com um mapa na mão. Naito foi corajoso, mostrando um mapa para alguém que passava e pedindo direções específicas. Com a ajuda do povo, Naito finalmente encontrou a casa de seu pai. E não era apenas uma casa. Ele não conseguia colocar em palavras normais e não podia dizer que lugar era aquele. Sua boca estava escancarada em choque, porque para ser mais exato, aquele lugar era um pequeno palácio. Três andares, e um amplo jardim entre as laterais. Árvores magníficas que se erguiam firmemente contra o forte vento que cobria a mansão. A luz estava se espalhando como uma névoa no meio, então não parecia muito escuro. Na verdade, até brilha um pouco, então a atmosfera luxuosa e elegante da mansão é mais do que viva.
Ele queria olhar de perto.
Naito deu um passo para trás e gaguejou ao ler a placa de identificação:
— Elsie Benjamin J. Altar. Correto. É o nome do meu pai.
— Então, posso pressionar isso?
Alto ficou na ponta dos pés e apontou para a campainha. Naito levantou a cintura de Alto e o fez apertar a campainha.
O botão afundou.
Depois de um tempo, uma luz vermelha acendeu.
[Diga?]
Ele ouviu uma voz de uma mulher. Naito, que ganhou coragem, pigarreou e disse:
— Eu sou Naito Melsikrats. Uh, há uma Elsie J. Jardan por aí?
Naito perguntou imediatamente, sem hesitação. A mulher respondeu em voz baixa:
[Sim. Mas o quê você quer? Não parece que seja algo público…]
Antes de Naito responder, ele tirou o anel e o colocou em um lugar que ainda estava brilhando. Talvez houvesse uma câmera lá. Ele viu algo parecido na televisão, então ele estava imitando o melhor que podia. A mulher que o viu disse:
[Espere um minuto.] e desapareceu. Naito e Alto se entreolharam e piscaram de forma confusa.
Pouco depois, a voz suave da mulher foi ouvida novamente:
[Primeiro, entre. Então siga em frente.]
A voz sumiu e a enorme porta se abriu. Naito agarrou a mão de seu irmão. Alto também estava um pouco assustado, segurando com força aquela mãozinha trêmula. Os dois eram dependentes um do outro, então caminharam lentamente em direção à mansão enquanto tentavam cuidar um do outro e caminhar lentamente pelo caminho ordenado.
Enquanto faziam isso, Naito e Alto encontraram uma mulher que eles acreditavam ser a dona da voz na porta. Ela varreu seus longos cabelos loiros e acabou colocando-os bem na frente do peito para mostrar a eles um lindo rosto que se destacava no escuro. Ela era uma linda mulher de pele branca que usava um vestido curto e um casaco de pele grosso que era popular na capital. Além disso, também usava saltos altos que revelavam a pele nua de suas pernas.
Ela colocou as mãos na cintura e olhou para os dois com indiferença.
— O que vieram fazer aqui?
— Vim ver meu pai.
Alto disse abruptamente. Naito, surpreso, bloqueou a boca de Alto e se desculpou. No entanto, ela caminhou como se não tivesse ouvido nenhum deles. Quando Naito e Alto não a seguiram, ela moveu os dedos com um sorriso cativante. Ela estava apontando para dentro da magnífica mansão.
— Se vocês quiserem ir ver seu pai, por favor, me siga.
Naito engoliu em seco e a seguiu lentamente. Ele tirou os sapatos e calçou chinelos cuidadosamente colocados na entrada. Alto também tirou os sapatos. Era… Algo como que se livrar do símbolo da pobreza.
Entraram de pantufas, mas por mais que andassem, o quarto não apareceu. O espaçoso salão só chegou ao fim quando eles terminaram de percorrer um longo corredor. Havia escadas e estátuas de leões rugindo de cada lado. Naito deu um passo para trás por um momento, pois até parecia que iam pular sobre eles. Também encontraram uma obra-prima cujo nome nem sabiam e várias flores com um perfume delicado e delicioso.
Olhando para as duas crianças que observavam vagamente o corredor, a mulher tirou o casaco e o entregou ao mordomo que a esperava. O mordomo foi leal, aceitou o casaco e saiu depois de fazer uma reverência bastante marcante. Então, ela perguntou em um tom suave, envolvendo as bochechas duras de Naito e Alto com as duas mãos.
— Qual é o nome de vocês dois?
— Eu sou Naito, e este é Alto.
Naito, olhando para a mão dela branca como chantilly, a pegou com cuidado. Estava mais macio e quente do que eu pensava . Quando Naito a olhou sem expressão, ela disse com um leve sorriso.
— Eu sou Eli Lee.
— Sim.
Naito não tinha nada a dizer e respondeu bruscamente. Ela ergueu o cabelo loiro novamente para que seguisse seu rosto.
— Você não precisa ficar tão assustado. Eu não sou alguém que faz coisas estranhas. Sou eu quem dirige os negócios de Elsie.
— Nosso pai tem um negócio?
Naito perguntou ingenuamente, então ela olhou para ele com olhos surpresos. Els se inclinou e tocou levemente o nariz do menino com um par de dedos.
— Quero dizer, o pai de vocês é muito famoso na cidade.
Ele ouviu a porta bater e abrir. Naito virou a cabeça… Um homem muito alto com ombros largos se aproximava. Tão imponente que a sala se encheu apenas com sua presença.
— Não diga nada estranho para eles.
O homem que apareceu depois de cortar suas palavras, estava quase enfrentando Naito e Alto. Ele tinha cabelo preto como o das crianças, então Naito, que olhou para cima um pouco mais, arregalou os olhos para seus intensos olhos roxos, hipnotizado. Era uma aparência linda, algo que só tinha visto em filmes. Muito mais bonito do que nas memórias que ele ainda tinha dele. Seu olhar era mais bonito do que o de qualquer outra pessoa. Pupilas largas que brilhavam tão claramente que produziam um estranho êxtase, como se ele estivesse olhando para uma joia. Nariz estreito, lábios carnudos e queixo viril. Não havia nenhum lugar nele que parecesse feio. Ele até parecia mais jovem do que sua idade.
Naito, que encontrou os olhos roxos do homem, agitou a mão. Sua atmosfera era muito dura e autoritária. Havia uma elegância sonolenta nisso, mas quando ele olhou em seus olhos, seu coração batia descontroladamente como se tivesse corrido um longo trecho. Foi um tremor de medo. Ele até sentiu uma ameaça, como se uma cobra estivesse mirando nele.
O homem, que olhava para as crianças com as duas mãos nos bolsos da calça, pegou o anel que Naito segurava nos dedinhos. Olhou para ele com olhos sérios e falou:
— É meu. Mas quando eu dei a você?
— Quando eu tinha 7 anos, você me deu enquanto estava saindo de casa.
Naito respondeu. O homem olhou para ele, riu e disse, cutucando sua testa redonda com o dedo indicador. Apenas o empurrou e empurrou um pouco mais, mas sua mão era tão forte que o corpo esguio de Naito foi empurrado para trás até que ele caiu.
— Eu não te disse para responder, Naito. Só responda quando eu te perguntar algo. Não quando eu estiver falando comigo mesmo.
Seu tom de fala era leve e suave, mas a emoção contida dentro dele estava perto da raiva. Naito estava assustado e segurou a mão de Alto com mais força. O homem, que olhou várias vezes para o anel, entregou-o a Eli com uma atitude que dizia que ele não estava interessado. Ele riu e olhou para as duas crianças.
Quando seus olhos mordazes o escanearam, seus ombros se encolheram em um segundo, mas Naito fortaleceu seu corpo e se controlou.
— Acho que eu estava louco na época.
Em um instante, Naito o fuzilou com o olhar. O homem riu baixinho porque achou sua expressão engraçada. Ele era tão alto que Naito teve que erguer a cabeça e olhar para ele. O homem então se ajoelhou para fazer contato visual com ele. Então beliscou sua bochecha fria e verificou seu rosto. Quando o menino deu uma impressão de nojo, o homem agarrou sua pele e o sacudiu.
— Você se parece com a sua mãe.
O homem olhou para Alto dessa vez. Mas ao contrário de Naito, ele parecia sombrio quando murmurava.
— Você se parece comigo.
Ele ergueu as costas. Eli, que estava esperando atrás dele, aproximou-se e trouxe uma camisa limpa para que ele aceitasse sem agradecer. Cruzou os braços e olhou para Naito. Perguntando por que ele tinha vindo, Naito disse:
— Minha mãe está morta.
O homem riu novamente. Ele não deu um olhar afetuoso para criança, nem deu um olhar de quem teve compaixão por um menino que perdeu a mãe. Parecia estar zombando.
— E vocês querem que eu os crie ou o quê?
— Se você não quer fazer isso, você não precisa fazer.
Na verdade, o que ele disse foi diferente do que sentiu. Naito e Alto logo se tornarão mendigos se ele não for responsável por eles. O homem estava bem ciente disso, então ele riu e perguntou brincando.
— Então, como você vai viver? Bem, seu rosto é bastante suave, então você pode viver bem onde quer que vá. Mas o garotinho vai morrer em breve.
Naito fechou a boca. A esperança que permanecera dentro dele desapareceu. Sim, seu pai era esse tipo de pessoa. Era arbitrário e violento. Naito olhou para o chão cheio de decepção… As lágrimas pareciam vir do nada. Ele pensou que viveria sem morrer de fome, mas não foi assim. O pai zombou e riu dele. Além disso, pegou o anel que usaria para ter dinheiro.
Naito cerrou o punho.
— Naito, levante a cabeça.
O homem ordenou docemente. Naito ergueu a cabeça e então, o homem, olhando para seu rosto mesclado de rebelião, decepção e resignação, disse, tocando seu queixo:
— Você quer viver comigo?
Naito estava preocupado. Quando ele não conseguiu responder imediatamente, o homem agarrou seu queixo com tanta força que ele não conseguia mais se mover.
— Responda rapidamente. Ou eu vou expulsar você.
— Vai me deixar morar com você?
Naito se agarrou a essa esperança estúpida. Ele não queria viver miseravelmente. Eu queria viver. Como se tivesse notado um desejo tão forte em seu peito, o homem sorriu gentilmente. O coração de Naito bateu forte com o sorriso paternal que viu pela primeira vez .
— Se você quiser — ele sorriu e acrescentou: — Naito, você é bem vindo.
Sem saber, ele agarrou o pulso do homem com as duas mãos e perguntou claramente enquanto o segurava:
— Alto também?
— Bom. Se for esse o seu desejo.
O homem levanta a mão e retira-a do queixo para começar a brincar com a franja de Naito. A mão de seu pai não era melhor que a de Eli, mas era macia. Ele tocou a bochecha delicada de Naito segundos depois e então abriu sua boca.
— Em troca, existem condições.
— Que condições?
Na pergunta inocente de Naito, o homem mostrou a ele três dedos. Ele os estava derrubando um por um e disse:
— Primeiro, quando você crescer, não poderá ter nenhum relacionamento. Segundo, volte para casa depois da escola. Terceiro, você deve jantar comigo, seu pai, às 6 horas em ponto. Essas são as condições. Se você mantiver isso, eu o educarei. e vou mandar você para a faculdade.
Naito não teve tempo para se preocupar com os detalhes, então ele concordou. O homem riu feliz da reação de Naito. Lhe estendeu a mão grande e esperou que ele a agarrasse. Sua mão era muito grande e parecia que poderia segurar as duas mãos de Naito ao mesmo tempo com muita facilidade.
— Então vamos nos dar bem, filho.
Ele riu. O coração de Naito continuou batendo com aquele sorriso agradável. Uma sensação de alívio estremeceu sob seus pés e ele pensou, o começo não tinha sido tão ruim.
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Continua….