Querido Benjamin - Capítulo 32
Cole não podia esconder sua tremenda raiva. Ele ainda parecia poder ouvir Félix em sua orelha, gritando e dizendo que Benjamim era seu filho.
Simplesmente, no início descartou a ideia completamente e pensou que ele havia dito isso como parte de algum tipo de plano ridículo contra ele… Mas o menino de quatro anos que os mercenários trouxeram, levou-o a congelar terrivelmente em seu assento. Ele era um bebê que tomou cada um dos traços de Félix. Um loiro deslumbrante, pele branca, olhos azuis. Os mesmos lábios, o mesmo nariz. Estava chorando, com as pálpebras completamente inchadas. Inclusive continuava a chorar, embora estivesse nos braços de Jéssica Parker… Gritava: “Pai. Eu quero meu pai.”
O rosto de Cole, olhando para a criança que chamou seu pai, tornou-se feroz em um instante. Seu punho fechado, o corpo tremendo. Ele tinha… Tanta vontade de matá-lo. Segurar e enterrar uma bala diretamente no meio da testa para que ele parasse de chorar.
Cole, com uma mão na boca e uma respiração consideravelmente agitada, andou em todo o quarto enquanto pensava sobre as diferentes maneiras que poderia dar-lhe um fim. Mal podia acalmar-se. E como eu poderia fazer isso? Não era apenas uma criança. Ele era a criança de Félix! Uma coisa abominável, um erro patético.
Era um sentimento obscuro, definitivamente.
—… Maldito seja.
Então, o que aconteceu foi; Isaac, que estava escondido por tanto tempo sem revelar até mesmo um fio de seus cabelos, foi associado com Félix. E mais intimamente que pensava… Já havia sido informado, que os viram juntos, que os encontraram juntos. Mas isso de ter um bebê dele…
Era difícil manter a razão. Era difícil não pensar nisso sem sentir um tremendo desgosto. Ou seja, o que diabos estava acontecendo? Como ele se atreveu a se envolver com a pessoa que ele ordenou que matasse? Não conseguia entender, simplesmente… Não conseguia.
Cole pediu para falar imediatamente com Jéssica Parker.
— Sra. Parker, se você e a criança ainda seguem minhas palavras, então vou devolvê-los de forma segura até sua casa.
Sentado em uma cadeira de metal, Cole tentou mostrar-lhe um sorriso brilhante para a mulher que estava do outro lado da mesa… Ela, com o menino em seus braços, ergueram o olhar.
— Eles bateram… No meu neto… Que só tem apenas quatro anos de idade, por Deus, eles poderiam me bater em vez de tocar em um bebê!
— Hum… Seria melhor baixar a voz, estou cansado de tanto ruído, e uma dor de cabeça não vai ajudar em nada, nem a você e nem a mim.
Cole assustou a mulher quando se levantou e aparentou se aproximar dela… Não é seu neto, ele é filho de Félix. Não é um bebê, é uma coisa que simplesmente não deveria está respirando. Felizmente, Jéssica Parker rapidamente mordeu os lábios, fechou a boca e se tornou menor no assento para protegê-lo. Cole finalmente reduziu sua raiva e encolheu os ombros.
— Você só precisa responder a algumas perguntas para mim… E se você fizer isso errado, então vou colocar a criança em outro lugar, muito, muito longe de você. E fique sabendo, há tantos locais solitários aqui, eu tenho quartos onde nem vai ser possível ouvir seu choro, mas oh… Eu lhe asseguro que você vai chorar até destruir sua garganta.
“…”
— De acordo. Em primeiro lugar… É a mãe de Isaac?
Jéssica assentiu lentamente enquanto olhava para suas pupilas ameaçadoras, que se misturaram perfeitamente com o tom de sua voz… Não importa o que faça. A única maneira de evitar que a criança seja enviada para um confinamento solitário, é segurá-lo em seus braços tão fortemente como poder, escutar e falar.
— Então. De quem é esse menino? É de Isaac?
— Sim.
A resposta firme de Jéssica Parker foi suficiente para remover todas as dúvidas que ele possa ter tido. Ele olhou para as costas do garoto, seu cabelo amarelo… Jéssica percebeu o que ele estava fazendo, então ela o abraçou com força e o escondeu um pouco mais em suas roupas.
— E o Félix? Félix Prixel é o pai do garoto?
— Não. Ele é apenas um amigo do meu filho… Eu o conheci pela primeira vez, algumas semanas atrás.
— Não te contou nada sobre ele antes?
— Não.
Cole, que estava encarando as costas de Benjamin por um longo tempo, passou a língua pelos dentes e depois disse que estava bem.
Jéssica Parker deu a impressão de ser uma mulher comum que morava em um lugar comum sem saber o certo quem realmente era seu filho ou o que o ex-marido estava fazendo. Bem, não era inteiramente estranho… Isaac era famoso por ser muito calado.
— Eu vou trazer comida para vocês mais tarde, então seria bom se tentasse descansar enquanto isso, como eu disse, não tenho intenção alguma de machuca-los.
Cole, falando em um tom mais tranquilo, levantou-se da cadeira começou uma marcha única e imperturbável até a esquina do salão. No entanto, ao contrário de sua caminhada, sua cabeça e pensamentos que cruzavam sua cabeça, eram extremamente complicados. Ele parou… Félix disse que ele pagaria por tocar em seu filho: “Eu vou tê-lo comigo novamente, vou mostrar-lhe o quão cruel, um homem pode ser”.
Isaac, com a criança de Félix…
O filho de Isaac…
Uma criança que sempre existiu…
Ele sentiu que algo estava faltando. Uma resposta invisível que não podia encontrar… Andando pensativamente com a ponta do queixo escondida entre os dedos, Cole ficou em frente à janela de vidro que dividiu os quartos e depois se virou e olhou novamente para a criança que Jéssica Parker estava consolando: loiro deslumbrante, olhos azuis, traços definidos e um odor forte. E se parece tanto com o pai, então esse menino é definitivamente um Alfa. Um Beta dominante pode engravidar de um Alfa… Mas um Beta e um Alfa não podem trazer ao mundo outro Alfa.
E se a criança é um alfa…
—… Isaac é um Ômega.
Jéssica Parker abriu os olhos para o murmúrio de Cole, que estava de pé no meio da sala como se sentisse muito fascinado com sua mais recente descoberta. Foi por um momento, mas quando enfrentou seu olhar e percebeu que ele estava tremendo de ansiedade, ele se convenceu tanto de sua teoria que se atreveu a abrir a boca.
— Foi um ômega o tempo todo, assim como seu pai… Ele me enganou, e eu fui tão estúpido o suficiente para cair. Ah! Meu Deus!
Um lamento fraco fluía até o teto e depois parou na forma de um grunhido por sua garganta. Keith Benjamin Lee era um Ômega assim que Kay também era um… Mas, quando e como ele se tornou Ômega? No final da adolescência, partiu para o dormitório da Academia Naval e… Nunca sentiu um cheiro nele ou algum sinal que o deixasse exposto. Quando se expressou como Ômega?
Ele ouviu alguns rumores sobre uma gravidez, mas passou tão rápido que ele pensou que não era nada. E se fosse real, por ser um beta, então ele perdeu tão rápido que nem sequer percebeu.
É… Que Isaac era o melhor no campo de batalha. O mais forte, o mais qualificado. A maioria dos Ômegas tem menos resistência e físico do que os Betas, então eles são voluntários para o exército, mas nunca avançam mais que isso. Além disso, uma vez que eles têm um ciclo de calor frequente, seu desempenho geralmente é tão pobre que nem sequer vale a pena olhar para eles.
Isaac sempre foi… Uma enorme e linda chama.
— Deus…
Cole não podia suportar a emoção estranha que estava espalhando-se por dentro. Ele pensou que seu cachorrinho era um pobre beta e agora, que é um ômega e melhor ainda — o Ômega de Félix… ,— Foi mil vezes mais interessante do que ele se atreveu a prever.
Tenho certeza de que ambos virão para cá.
Agora mesmo.
Ele olhou para Jéssica e a criança uma última vez e depois abriu a porta e saiu… Com uma careta estranhamente torcida que cresceu no rosto enquanto caminhou pelo corredor.
— Kay, quase posso te sentir.
Cole, com os olhos brilhando, riu tanto que começou a parecer um som triste.
(N/T: Vai dar muita merda isso, já até sinto o fedor da merda!)
***
Quando Isaac abriu os olhos, era 6 no horário da tarde.
Depois de comer algum bolo de carne, ele acabou de ir ao banheiro para tomar um banho de água gelada. Curou cada uma de suas feridas, se vestiu e depois foi sentar-se no assento de sempre… Imediatamente depois teve muito sono, então os olhos pequenos e rígidos de Isaac fecharam e permaneceram assim durante um longo tempo.
Agora, as pálpebras estavam se esfregando. O interior do avião ficou em silêncio, e apenas o som enchido do motor foi ouvido. As luzes estavam em uma tonalidade tênue, eles colocaram seu assento todo para trás, além disso, cobriram com um cobertor de lã… Félix estava na frente dele, sentado, mas com a cabeça inclinada e seus olhos fechados. Seu coração se sente pesado quando ele o vê dormir ali, tão desconfortável. Havia um quarto ao lado, com uma cama que poderia ter sido ocupada… Não queria deixá-lo só, possivelmente. E como resultado iria acordar se sentindo um pouco dolorido e sem poder mover a cabeça direito.
Isaac sentou-se calmamente, olhando seu rosto com uma forma de escultura. Esperando que, se ainda tivesse tempo suficiente, ele abriria os olhos e o olharia para ouvi-lo dizer uma de suas frases ridículas… Logo, no entanto, o avião privado sacudiu levemente e começou a se preparar para pousar. Eles estavam prestes a chegar ao aeroporto de Charlotte, então ele levantou a cortina e olhou cuidadosamente pela janela uma última vez.
O céu negro, que havia causado seu medo pela grande parte da viagem, de repente estava se tornando azul claro. Havia uma luz brilhante, preparada para expulsar toda a escuridão do ébano. Isaac olhou para cima e lembrou-se de Benjamim, que se tornou a luz de sua vida. O que você está fazendo agora? Você iria dormir? Eles o alimentavam? Ele estará chorando?
Quanto mais pensava, mais dor tinha dentro do peito e mais insuportável se sentia ao respirar. Isaac levantou a mão e cobriu os olhos. O menino gritou em voz alta mesmo quando ele tentou não pensar sobre isso.
Então a altitude do avião cai abruptamente e a sensação de formigamento ocorre em suas orelhas. Com muita ansiedade, Isaac respirou profundamente por causa da sensação e lentamente levantou o olhar. Sua pupila escura é refletida em uma janela que agora parece inclinada. Como sempre, não há sequer uma gota de emoção.
— Eu vou encontrá-lo logo meu amor, e vou abraçá-lo bem forte… Não chore, espere por mim um minuto mais.
Sussurrando para alcançar Benjamin à distância ou talvez como uma promessa para si mesmo, Isaac apertou seu punho o mais forte possível.
***
Quando ele sai do aeroporto e olha para as costas de Isaac, caminhando diretamente em direção ao táxi, Félix começa a sentir a mesma sensação que teve antes do garoto ser sequestrado. Era um sinal tão estranho que logo estava lá novamente, mordendo o dedo até quase o destruir. Eles estavam no local onde todos os táxis estavam alinhados. Félix, que não aguentava mais, andou um pouco mais rápido e segurou o pulso de Isaac mais apertado do que o necessário. Sua boca não se mexeu, embora realmente quisesse dizer muitas coisas para ele agora. Ele estava suando e se sentia tão deslocado que na verdade era honestamente assustador.
Quando a sensação da pele de Isaac chega até a ponta de seus dedos, seu coração fica quase totalmente inconsciente. Por que ele está tão desconfortável? Por que está tão assustado? Nunca havia se preocupado tanto com o fracasso em sua vida. Não havia nada a temer, nada a perder… Mas agora parece que existem centenas e centenas de coisas que podem dar terrivelmente errado.
—… Você tem algo a dizer?
Mas, como sempre, Isaac olhou silenciosamente para Félix. Um rosto indiferente e sério. Como se estivessem em caminhos opostos e em sintonias completamente diferentes também. Uma atmosfera excessivamente contrastante que o fazia se sentir um tolo. Por fim, Félix franziu o cenho e murmurou amargamente: “Não, não há nada.” Mas todos os sentimentos tristes foram liberados assim que ele soltou o pulso de Isaac… Foi nesse momento que ele levantou a mão novamente e lutou contra todas as suas forças para segurar o queixo e aproximá-lo um pouco mais perto.
O rosto de Isaac bateu diante de seus olhos e suas pupilas negras finalmente se entrelaçaram com a suas… Félix inclinou a cabeça e sobrepôs os lábios sobre aqueles que estavam bastante feridos.
— Oh…
O gemido de Isaac, misturado com a respiração irregular, estimulou Félix tanto quanto o efeito de uma droga. Em um instante, os lábios que estavam absolutamente frios agora estavam manchados de calor, molhados, fazendo cócegas. Um som úmido fluiu bem no meio e, embora o olhar endurecido de Isaac estivesse cheio de vergonha e dúvida, ele não o rejeitou. Félix beijou-o e beijou-o. A textura de seus lábios era sedosa e a saliva era tão doce que ela não podia deixar de beber. Ele estava… Tão faminto, tão infinitamente carente, que o chupou até se sentir louco e tonto. Uma sede que definitivamente não podia ser saciada.
O beijo que derrama quando ele segura as bochechas de Isaac com as duas mãos continua por mais um minuto. Gradualmente, uma enorme quantidade de sons obscenos começou a fluir entre eles, entre os lábios que se lambiam violentamente e sugavam cada vez que se ofereciam à língua. Ah, ele estava definitivamente fora de si, louco e excitadono meio do caminho para o aeroporto.
Fazia tanto tempo desde que ele o tinha assim. Realmente, muito tempo…
— Ah, ah… Félix…
No final, Isaac empurrou os ombros de Félix algumas vezes. Ele iria mordê-lo, chupá-lo, tocá-lo e cheirá-lo tanto como se fosse um verdadeiro predador… Seu coração havia sido abalado por aquele beijo violento. Ele diz: “Pare!”, Mas Félix não o deixa ir. Ele finge não ouvir e depois o ataca novamente.
— Estou lhe dizendo… Ugh, pare. Por favor, pare!
— Isaac. Droga!
Só então ele separou e revelou lábios cheios de saliva e sangue… Isaac começou a limpar a boca abruptamente com a manga da roupa.
— O que diabos há de errado com você?! Como você faz isso no meio da rua?!
— Isaac… Por que você não vê como estou inquieto agora?! Eu nunca… Senti isso tão intenso, é como se eu estivesse prestes a morrer. É um sentimento desagradável que não desaparece, apenas aumenta e aumenta e… Quero dizer, acho que… Sinto que… Deveria te pegar e voar de volta para San Diego agora mesmo! Eu deveria… Te esconder em algum lugar para que não… Maldição!!
Depois de expressar uma ansiedade que pretendia engoli-lo vivo, Félix respirou o mais profundamente que pôde e começou a chorar alto. Ele estava limpando as bochechas várias vezes. Tentando prender a respiração para não fazer mais nenhum barulho… Isso foi tão patético, por Deus! Afinal, ele era uma pessoa que podia controlar suas emoções melhor do que ninguém. Ele era forte e totalmente capaz de realizar uma missão como essa sem suar. No entanto, se soltar sua mão assim, a ansiedade só aumenta e começa a comê-lo.
Parece que ele desaparecerá diante de seus olhos, que é uma despedida e que nunca mais o terá ao seu lado. Nunca mais será capaz de abraçá-lo novamente ou sentir as suas mãos… Sentir o cabelo dele batendo em seu rosto.
— Porra, eu não pensei que algo assim fosse acontecer comigo… Desculpe. Sério.
Ele estava tremendo, o rosto enterrado nas mãos porque não sabia a maneira correta de controlar suas novas emoções… Ele não queria dizer nada, sabia que Isaac estava nervoso porque precisava se concentrar o máximo possível em salvar seu filho. Mas o coração que segue batendo com medo não deixou de fazer acaso.
— Félix… Olhe para mim, Félix.
Antes mesmo de abaixar as mãos para revelar seus olhos… Um calor suave e confortável atingiu seus lábios. Ele não podia nem emitir um som, ou piscar, ou pelo menos mover as pontas dos dedos. Isaac estava lá, beijando-o. Com um braço em volta do pescoço e a outra mão na bochecha encharcada. Foi… Um beijo doce. Uma coloração vermelha prolongada.
Quando Isaac passou a língua pelos lábios, sentiu os braços que ele havia enrolado em volta da cintura se tornar terrivelmente fracos e trêmulos. Suas línguas estavam emaranhadas e misturadas. A saliva passava de um lado para o outro e às vezes eles até começaram a morder um ao outro como se não se importassem… Mas, na realidade, apesar de tudo isso, ainda podia ser classificado como um “beijo carinhoso”. Carinhoso, mas vertiginoso. Algo que continua até que os dois finalmente se percam.
Havia muitas pessoas entrando e saindo do aeroporto, mas agora parecia que restavam apenas duas pessoas no mundo inteiro. E mesmo que o beijo durasse o suficiente para que seus lábios se sentissem machucados e inchados em uma cor vermelha forte… Não parecia que eles queriam se separar dessa vez.
— Você esqueceu… Que nos pertencemos?
Isaac disse isso em voz baixa, agora com os dois braços apoiados no pescoço… Félix começou a rir, mas as lágrimas ainda tremiam em seus cílios.
— Não me deixe…
— Eu te dou permissão para me ignorar.
— Isaac…?
— Vá me encontrar.
—… Claro que vou fazer isso.
A voz era lenta enquanto Félix tentava impedir que suas mãos caíssem. Isaac finalmente enxugou as bochechas com as pontas dos polegares e voltou a chupar o lábio inferior do Alfa uma última vez, embora isso só o fizesse se sentir mais frio por causa da separação.
Isaac parecia mais forte do que nunca quando ele entrou no táxi, com uma mala em um ombro e o rosto bastante sério. Ele nunca olhou para trás… Mas Félix o olhava atentamente, curva após curva, até que ele desapareceu.
Possivelmente teria ficado petrificado no mesmo lugar se o celular dele não tivesse começado a tocar com tanta urgência.
O momento exato, certamente.
—… Fala.
— Félix, o GPS está funcionando.
— Ah.
— Ah? É tudo o que você vai dizer? Você deveria começar a me agradecer de joelhos, porque eu obviamente sou bom demais até em coisas que não me interessam!
A voz juvenil de Noah, que soa completamente oposta ao que ele sente, aumenta até que seu ouvido dói… Só então Félix começou a recuperar a compostura.
— Pare de falar e me diga para onde ele está indo.
— Ele pegou a estrada para a praia.
— Ele me deu um endereço falso… Continuo pensando que eu vou ser mais um fardo. Diga-me quem ele pensa que é?
— Alguém inteligente.
— Talvez.
Não foi difícil plantar um GPS no Isaac. Só teve que colocar uma pequena quantidade de pílulas para dormir na comida do avião e esperar até que ele estivesse inconsciente para começar a inserir um tubo no esôfago, como uma laparoscopia na qual empurrou uma cápsula até o fundo. Claro, teria sido mais fácil se tivesse pedido o seu consentimento, mas esse plano discreto era muito mais emocionante. Além disso, ele precisava dormir. Seu rosto estava pálido e feio, com enormes olheiras sob os olhos. Definitivamente, não importava quantas noites ele treinara com o DevGru, ele não poderia ir muito longe se sua força mental estivesse perdida.
— Cole… Onde vive essa cadela?
— Eu vou te guiar.
— Preciso que você entregue alguns documentos para mim primeiro, ok? Vou enviá-los para você imediatamente.
Félix, que falou pela última vez, desligou e colocou o telefone de volta no bolso do casaco.
— Você está certo, Isaac. Temos que removê-lo completamente para que possamos respirar em paz outra vez. Se deixarmos as raízes da planta, não saberemos quando e nem como aparecerá novamente… É uma pena, porque se eu o tivesse matado há quatro anos atrás, então isso não teria acontecido com nenhum dos dois.
Mas, embora estivesse profundamente arrependido, a verdade é que ele não tinha piada para ver algo que não podia mais ser corrigido. Só lhe restava encontrar conforto na ideia de que sua vingança logo viria. É hora de matá-lo adequadamente e depois rir disso.
Tony, que estava esperando por ele todo esse tempo, finalmente se aproximou.
— Os homens que contratou estão prontos para começar, senhor.
— Bom. Vamos garantir que nenhum deles cometa os mesmos erros.
Foi no momento em que um sedan preto parou bem à sua frente que Tony caminhou rapidamente para abrir a porta para ele.
— Chefe, já que as coisas ficaram assim… Há algo importante que você precisa saber.
Mas quando ele ia continuar, Félix levantou a mão e a bloqueou de repente.
— Terá que ser outra hora, agora não tenho humor para absorver mais nada.
Sua voz parecia bastante determinada, de modo que Tony, que apenas olhou para ele, não teve escolha a não ser ficar quieto e assentir.
Ele olhou para Félix uma última vez, refletindo no espelho lateral do carro.O rosto bonito, que parece ter saído de um cartão de Natal, torceu-se maliciosamente em um sorriso estranho quando falou sobre uma imagem futura, na qual Cole estava sangrando até a morte logo abaixo do seus pés.
Tony estava assustado só de olhar, então fechou a boca e virou a cabeça.
***
— Kay! Quanto tempo já se passou?
Depois de passar por tudo e verificar da cabeça aos pés que ele não tinha armas ou algum artefato estranho, Cole levantou os braços como se quisesse envolvê-lo entre eles. Isaac só conseguiu se afastar.
Quando o chamava no passado, ele sempre estava em uma posição digna e com os braços escondidos atrás das costas. Ele era um soldado forte e rigoroso, tanto em casa quanto no campo de batalha, então… Agora isso era assustador. Isaac não disse nada. Não houve saudações, desculpas, nem mesmo o fantasma de um abraço. Então, de repente, o homem se aproxima. Levanta a mão no ar e cruza o rosto de Isaac com um tapa que rompe o som. Se ele não tivesse mordido com força a membrana mucosa da boca, a dor poderia definitivamente explodir ainda mais do que já estava.
Sua bochecha fica toda vermelha e inchada em um instante.
— Maldito ingrato! Você achou que poderia fugir de mim até o fim?
A imagem de Cole cerrando os dentes quando ele arregalou os olhos era, afinal, a aparência completa de um senhor da guerra… Ele devia ter pouco mais de quarenta anos agora, um Alpha dominante que ainda tinha um bom físico. Pele pálida e olhos claros. Agora estava cego pela ira, mas sob outras circunstâncias, se sorrisse um pouco, pareceria tão charmoso quanto ator em algum filme romântico. Era por isso que meu pai se apaixonou por esse homem?
Afinal, seu pai decidiu de repente ser seu parceiro.
Olhou para ele…
A atmosfera que fluía dele era absolutamente sufocante. Diferente… Depois de quatro anos, estar juntos parecia tão antinatural que se podia dizer que era desconfortável. Não era uma questão de aparência, porque realmente ele não havia mudado nenhum pouco… Era só que parecia que alguém mais estava na sua frente. Era muito diferente do homem que ele conheceu na sua infância e adolescência. Já não era grande o suficiente para cobrir o céu e seus punhos agora são menores e mais fracos que os dele. Nunca tinha pensado nesse sentimento antes. O que aconteceu no passado? Estava com medo? Porque agora, embora seu físico ainda seja tão forte quanto o dos jovens… A verdade é que ele pode vencê-lo sem fazer nenhum esforço.
— Ah, eu me sinto emocionado. É só que… A emoção do nosso reencontro.
Cole sorri, agarra o braço de Isaac e começa a andar em algum lugar com ele. Isaac o segue sem dizer nada.
Cole o leva para a mesa da sala de jantar e mostra que já existe um café da manhã simples na mesa. Panquecas, bacon, croquetes de batata. Um prato com frutas… Como uma paisagem pitoresca que você pode ver de uma família no calorosa.
Enquanto olhava para baixo, completamente desconfortável, Cole puxou a cadeira e apontou para Isaac.
— Sentar-se.
— Estou bem.
— Você ainda não tomou café da manhã?
Quando saiu do aeroporto, notou que o céu escuro estava completamente claro. Sem nuvens… Isaac, olhando a mesma cena da janela, apenas balançou a cabeça novamente.
— Vamos começar com a história principal. Onde estão Benjamin e minha mãe?
— Não. Coma. Eu não comi ainda.
— Então coma sozinho.
— Se você não quiser comer, pelo menos beba um copo de suco de laranja. É natural.
Cole então imediatamente derrama o suco de laranja recém-espremido de um jarro em um copo vazio. Ele não tinha a intenção de beber um gole de água enquanto estivesse dentro dessa casa, mas… Talvez tivesse que ser assim.
— Kay… Você vai ignorar as coisas que eu preparei para o momento em que você chegou?
— …..
— Beba.
Ele está mantendo o seu bebê e a sua mãe como reféns, logo entende que precisa cooperar com ele…
E assim o fez, mas estava convencido de que havia colocado algo no suco de laranja.
Continua…