Querido Benjamin - Capítulo 28
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- Capítulo 28 - Uma noite obscura como a boca de um lobo
— Eu nunca estive em um quarto que parecia… Tão de Benjamin. Nunca fui capaz de ficar muito tempo com ele e agora sinto que isso é algo comovente.
Isaac então tira um cartão do Mickey Mouse do bolso da frente da sua calça. É o mesmo que ele tinha na loja de flores e, no entanto, o rosto que ele faz agora é completamente diferente do que mostrou quando tentou colocá-lo em seu balcão.
O rosto que parecia sonhador agora parece exausto.
Félix não conseguiu dizer nada.
— Eu nunca pude decorar um quarto para ele ou brincar com ele. Nada.
A voz do homem continha um pouco de remorso. Félix suspirou por um longo caminho… “Não é sua culpa.” Ele queria dizer algo assim, mas ainda não parece que sua garganta esteja pronta para derramar essas palavras. Só podia estar lá, ouvindo Isaac.
— Antes de vir para San Diego, tive uma vida bastante difícil, então… Acho que fiquei tão tranquilo aqui que, por um momento, esqueci que minha situação era absurda.
— Isaac…
— É isso colocou minha mãe e Benjamin em risco. Você também se machucou por minha causa… Eu sei que seus funcionários estão feridos e a maioria deles morreu.
De repente, Isaac, que olhou atentamente para o ombro de Félix, suspirou de uma maneira absolutamente triste. Sob a camisa dele, podia ver as bandagens sangrentas, pensou assim. Quando isso aconteceu? Bem, ele nem percebeu que estava correndo como um louco, perseguindo Benjamin e o sequestrador de sua mãe até que não conseguiu mais. E quando não conseguiu alcançá-lo, ele simplesmente entrou em colapso e chorou em volta de um completo desastre.
Não foi culpa do Félix, foi tudo minha culpa.
— Desculpe… E obrigado novamente. Se não fosse por você, eu teria morrido lá.
— Não diga isso.
Félix estalou a língua como se as desculpas de Isaac fossem algo que ele definitivamente não merecia. É horrível, e há aquele terrível “obrigado”. Quer dizer, em quê realmente o ajudou?
— Deve ter sido você quem atirou fora da casa. — Isaac falou novamente naquele tom indiferente. — Eu acho que você é o único que tem a capacidade de atacar assim.
— Mas, se eu tivesse…
— Não diga nada, apenas ouça. Até agora, eu estou recebendo ajuda suficiente vindo de você… Eu não preciso que você peça desculpas.
— Pelo menos, para torná-lo justo… Você pode me dizer o que você precisa de mim? Como posso te ajudar?
Os olhos de Isaac se arregalaram um pouco com as palavras de Félix. Era tão estranho que ele mal conseguia respirar. O homem estava lá, esperando pacientemente por ele para que começasse a falar.
— Bem, sinceramente tenho vergonha… Mas preciso de ajuda, como você diz.
— Sim.
Queria responder algo nobre e fácil… Mas seus lábios rachados o enganaram e ele acabou perguntando: — Até onde vão seus privilégios, Félix?
Era como se pedisse para conhecer um segredo… Félix inclinou a cabeça um pouco mais em sua direção, porque não havia entendido o ponto em que ele queria chegar.
Rugas se formaram a um lado de seus olhos.
— Privilégios? Se você está falando sobre minha posição ou o que posso fazer com meu dinheiro, primeiro preciso saber onde e como usá-lo.
Para uma pergunta franca, Félix respondeu sem duvidar ou hesitar… Isaac finalmente, movendo lentamente os lábios. Respondeu:
— Se eu matar alguém com um status alto… Você pode me proteger?
A princípio, os olhos de Félix se estreitaram. Era uma oração que certamente não esperava… Mas então, a confissão começou:
— Eu te conheci pela primeira vez, há 4 anos atrás… Há quatro anos atrás, havia uma missão importante… não quero tornar isso muito longo, basta dizer que percebemos que na luta havia muito mais inimigos do que o esperado…
A equipe tinha apenas vinte homens. O objetivo era enfrentar um grupo terrorista que tinha um arsenal secreto de armas ilegais… Era para ser uma coisa muito simples, entrar e sair, para que não houvesse tensão real na equipe. Mesmo quando desceram para fazer um levantamento de perímetro do edifício, que se acredita ser o arsenal, descobriram que tudo estava absolutamente silencioso. A informação transmitida parecia correta, mas era estranha. Começando com o fato de que a ilha da América do Sul não é mostrada em nenhum mapa.
O problema em si não era que o arsenal parecia tão desabitado, nem a ilha secreta ou as armas ilegais, o mais importante era o fato de que o dono do arsenal, Félix Prixel, certamente estaria lá. Esperando… Não era exagero dizer que até os meninos da CIA estavam bastante ansiosos com isso.
A ordem para matá-lo não foi dada diretamente à equipe, mas pelo menos ficou claro que eles concentrariam todo o seu poder em tentar acabar com ele imediatamente. E, no entanto, quando a ilha começou a ter sinais de movimento e eles prosseguiram para a batalha real… As coisas foram diferentes.
Félix Prixel nem precisou fazer nada. Com o passar do tempo, as tropas inimigas aumentaram significativamente e, o que é pior, estavam armadas com equipe tremendamente moderna.
Todo o seu esquadrão era bem treinado, forte e bastante capaz… Mas isso seria de pouco uso se houvesse apenas vinte pessoas.
Em apenas alguns minutos, cerca da metade deles caiu como moscas e finalmente enfrentou uma situação em que havia apenas uma resposta: a retirada. Isaac tentou se esconder o máximo possível, mas infelizmente essa era uma ilha secreta. Como alguém sai de um lugar assim? Ele tinha que estar em guarda até a equipe de resgate chegar… Como esperado, a resposta não retornou, apesar do fato de tropas de apoio e pedidos de resgate serem constantemente enviados via rádio cognitivo. Apenas um ruído rangente é ouvido como interferência.
Eu estava preso.
À deriva.
Porra, as dores de cabeça que Isaac tinha desde a manhã pioraram gradualmente. Foi ainda pior quando se lembrou da tarefa que agora parecia mais uma missão impossível. Ele nem sequer… Havia conseguido salvar seus companheiros.
Isaac, prendendo a respiração e organizando seus pensamentos, levantou-se. De qualquer forma, supõe que apenas precise escapar de lá. Se render ou não, o importante agora era viver. E assim, ele seria capaz de pensar um pouco mais calmamente. Ele decidia um plano, liderava os membros da equipe que ainda estavam lá e…
E…
No entanto, logo depois, se deu conta que havia um problema ainda maior. Ele estava cheio de suor pegajoso, uma dor de cabeça impressionante, uma febre que gradualmente se espalhava por todo o corpo e também havia o fato de que sua respiração era uma bagunça terrível.
Ele viveu como um Beta, mas de repente se manifestou como um ômega recessivo aos 19 anos. E ele teve seu primeiro ciclo de calor ali mesmo.
***
O sol apareceu no final do seu ciclo de calor.
Isaac, que olhou em volta com os olhos turvos, parou de respirar por um momento… Ele estava em um lugar cheio de máquinas agrícolas, o chão cheio de palha e sujeira e a luz turva que escapava da janela rachada e nublado, mal era visível. O armazém estava úmido, cheio do odor pegajoso de suor e sêmen. Havia feromônios Alfa e feromônios Ômega que aparentemente fluíam de si mesmos. Um completo e terrível desastre.
Ele ficou impressionado, então acabou beliscando o nariz. Não era só isso. Os sapatos e as calças estavam todos espalhados. Sua camisa, seu distintivo, seu cinto… Ele se mexeu e então sentiu uma dor terrivelmente poderosa em seu abdômen. Doeu sob o quadril, nas coxas, entre as nádegas. O sêmen que escorria de seu ânus ainda estava pegajoso e acabou absorvendo tudo. Isaac tentou olhar para trás para entender o que havia acontecido. Era uma situação difícil de acreditar e precisava encontrar explicações o mais rápido possível.
Ele poderia… Lembrar algumas coisas. Os gemidos que saíam de sua garganta, a maneira como ele gritava, como se sentia.
E então, um som aparece à distância. Um longo suspiro…
Isaac ficou surpreso e se virou. Ele não tinha notado a princípio porque parecia que sua alma estava fora de seu corpo… Mas lá estava. O homem ainda permaneceu atrás de suas costas, dormindo e abraçando sua cintura. Isaac se sacudiu então como se não pudesse mais sentir dor. Cobriu um grito com as mãos e se afastou o máximo que pôde… Há apenas terríveis sentimentos de desespero subindo por seu peito. Terríveis e persistentes sentimentos de desespero que só aumentam!
Dormindo profundamente, o homem ao lado dele tinha o mesmo rosto da imagem que ele tinha visto milhões de vezes em seus relatórios. Um loiro brilhante, mesmo na escuridão de um armazém quebrado. Músculos bem organizados, como uma escultura que você lembra perfeitamente, mesmo quando fecha os olhos. Os lábios entreabertos, perfeitos e pequenos… O dono desta ilha e do arsenal ilegal. O homem que Cole ordenou que ele matasse em troca de sua própria vida. Ele foi a pessoa no arquivo que jogou na frente dele! Félix Prixel.
Meu Deus.
O ciclo de calor que ocorreu durante a noite foi tão violento que sentiu que definitivamente iria morrer. Tão diferente dos ciclos que ele ouvira falar que… Se aquele Alfa não o tivesse acalmado. Se esse Alfa não o segurasse tão docemente durante todo o processo…
Sem ele… Então…
Isaac se levantou e rapidamente começou a vestir suas roupas. Não era hora de agir como um adolescente sentimental, por todos os deuses! Primeiro ele teve que sair de lá e analisar a situação no campo de batalha. Como estava tudo lá fora? Quanto pior tinha ficado? Nem sequer sabia disso. A situação dos membros da equipe também era desconhecida para ele. E se eles já estivessem mortos? E Cole?
Isaac, meio vestido, empacotou tudo o máximo que pôde e então… Olhou para baixo novamente. O homem realmente estava dormindo muito bem, mesmo em um ambiente como esse. Com a mão estendida, como se pensasse que ainda o estava segurando ao seu lado. Isaac estalou a língua, coçou a bochecha e pensou… Que ele preferia fazer assim de qualquer maneira. Mate o seu oponente, sem tirar a aura tão pacífica que ainda soprou pelos seus poros.
Uma morte rápida, como agradecimento por diminuir seu calor.
Ele tirou a corda da bolsa e amarrou os pulsos e as pernas contra o poste que ajudava a sustentar o segundo andar… O homem abriu os olhos, só um pouco. Os longos cílios loiros tremeram e logo seus olhos estavam fixos nele. Ele estava acordado? Não parecia. De fato, dava a ilusão que estava morto de cansaço. Esgotado. Isaac então parou a mão e olhou para ele mais uma vez. Parecia algo saído de um filme romântico. Uma princesa adormecida justamente entre suas mãos. A idéia veio a ele de que poderia ser uma representação estranha de “Bela Adormecida”. O homem que estava esperando por ele, completamente imóvel… Então, isso fez dele o príncipe? E o príncipe, o príncipe o beija na história? Sim, certo?
Ele nem sabia o que dizer sobre o quão estúpido seus pensamentos estavam se tornando… Mas seu coração ansiava por ele tanto que quando o beijou, o atacou com uma fúria infinita.
— … Eu não sabia que você tinha pensamentos tão pervertidos, querido. Vou manter isso em mente para a nossa próxima vez. — Uma voz suave soou em seu ouvido, então, só então, e como se seu toque tivesse queimado sua boca, Isaac levantou os olhos e se afastou dali. Ele o deixou esparramado no chão, membros amarrados e um deslumbrante olhar azul prussiano. Seu tom pode ter sido relaxado, mas na realidade, seu olhar era tão agudo que ele não parecia ter acabado de acordar. Se tivesse que dar um exemplo, diria que parecia uma pantera esperando o momento certo para correr e afundar suas presas em seu pescoço… Mas ele já está amarrado em o extremo mais longo da corda ao trator para que não podesse se mover em muito, muito tempo.
A saliva escorreu pela garganta seca de Isaac…
— É isso que você faz com o homem que te ajudou a acalmar seu cio?
Félix parecia zangado, mas Isaac simplesmente o ignorou. Olhou para o relógio… Adeus à morte calma e pacífica que havia planejado para ele. Não havia mais tempo a perder. Tinha que eliminar rapidamente aquele cara e, em seguida, encontrar uma maneira de sair de lá inteiro.
— Desculpe, de verdade.
Isaac, que tocou a adaga na cintura com a ponta dos dedos, agarrou a maçaneta e apertou-a para começar a tirá-la do cinto. Metade da adaga sai e a fina lâmina furana brilha levemente, mesmo com pouca luz. Mas… Por que parecia que o armazém estava se expandindo e aumentando de tamanho a cada vez?
Félix olhou para as pontas dos dedos de Isaac… Às olhou com cuidado até começar a rir:
— O que é isso? Por que você começou a espalhar tantos feromônios? — Isaac parou o movimento da mão.
— Se o pensamento de me machucar o deixar desconfortável, tire a mão da adaga e me deixe ir.
— Não é uma atitude arrogante demais para um homem amarrado?
Mesmo assim, Félix só conseguiu rir de novo… E estranhamente, o ar começou a ficar mais e mais denso ao seu redor, como se algum tipo de perfume tivesse sido jogado contra eles. Há feromônios Alfa derramando da cabeça aos pés. Feromônios Ômega. Algo impressionantemente forte, como um ataque planejado. Isaac levantou a mão e apertou o pescoço.
Já não tem mais fôlego.
— Você é um Ômega e eu sou um Alfa… Como você pode querer se rebelar contra mim?
Os feromônios densos são ainda piores do que os que quando os sentiu algumas horas atrás.
Se derramam…
Colidem com todas as partes dele. Ele sente que seu estômago está de cabeça para baixo, como se fosse vomitar, tremer ou acabar se jogando no chão implorando por algo… Isaac, um ômega que tomava inibidores há muito tempo, estava pisando em um terreno terrivelmente desconhecido para ele. Droga!! Que feromônios poderosos eram aqueles!
— Você tem que saber… Que agora você é toda meu.
Mesmo deitado nu e no chão sujo de um armazém… Félix parece tão intimidador como se estivesse andando na frente dele com o melhor de seus ternos… Ele se sacudiu. O que estava acontecendo com ele? Um Alfa é uma pessoa que pode suprimir a mente dos outros apenas jogando feromônios? Como pode explicar o fato de que ele não pode se mover!!? Estava com medo e como resultado, agora não conseguia mover um único dedo. Apenas tê-lo lá, de frente para ele, o fez se sentir terrivelmente louco. Seus olhos já estavam embaçados e ele começou a respirar intermitentemente. Em sua boca, a saliva escorria tão rápido que acabou caindo por sua pele e terminou manchando sua camisa e finalmente, Isaac, cujos joelhos estavam dobrados, caiu no chão e começou a tentar controlar seus pensamentos.
Havia muitos e muitos…
Os olhos azuis de Félix encontraram os dele… E quando sorriu para ele e lhe mostrou um brilho de dentes brancos perfeitos, então caminhou em sua direção com toda a fúria do mundo, ergueu a adaga que estava segurando na mão e posou completamente contra sua nuca: a pele de Félix se rompeu instantaneamente e muito sangue escuro começou a cair em suas costas. O espaço estava cheio de feromônios e o leve cheiro de sangue acabou persistindo em seu nariz.
— Ah, aí…
Isaac respirou fundo. Os feromônios que caem em cascata contra seus dedos finalmente se rompem quando enterra a adaga ainda mais e mais… E então um pouco mais. A mão de Isaac, segurando a maçaneta com a maior força possível, na verdade tremia.
— É assim…? Eu entendo. — Félix perguntou como se ele tivesse ficado completamente em branco. Com certeza já havia sentido a queimação no pescoço e certamente também doía muito, mas ele não parecia querer fazer nada para evitá-lo. Talvez estivesse tão tonto quanto Isaac. — Se é isso que iria acontecer de qualquer maneira… Então me mate.
Como pode uma palavra todos os músculos do seu corpo? Foi instantâneo, a sensação de que seu corpo se voltou contra ele de um momento para o outro. Sim, é por isso que os ômegas têm medo de encontrar seus Alfas e os alfas ficam nervosos em encontrar seu ômega. Não sabe mais quem afeta quem, ou o que fazer ou que parte do seu cérebro seguir… E todos os sentimentos de frustração se juntam em ambas as cabeças até que fosse insuportável.
Diante de uma situação que ele não conseguia lidar, Isaac removeu a adaga e a jogou no ar até acabar colidindo na porta de saída. Havia muito sangue, a adaga era afiada, então definitivamente teria perfurado o pescoço de Félix em uma artéria certeira, ou até os ossos ou inclusive mais fundo do que isso… Se quisesse.
Mas ele não queria.
Caralho, até se sentiu mal por machucá-lo assim. Quando Félix zombou de novo e começou a rir de sua pouca habilidade, Isaac deixou escapar:
— A razão de eu não dobrar seu pescoço antes era porque eu queria saber até onde você iria. Que decepção. Até no sexo você é nojento.
Isaac levantou-se, cambaleando. Ele ainda estava molhado com feromônios alfa, então suas pernas estavam absolutamente fracas. Já tinha tido mais do que suficiente. Se lhe derramasse feromônios mais uma vez, pelo menos um pouco, talvez não consiga ficar em pé por muito tempo.
No entanto, confiante, ele pisou no braço de Félix com uma de suas botas pesadas.
— Ah, caralho, o que você está fazendo!?
Félix finalmente gritou como se estivesse entrando em uma tremenda crise. Sua expressão quebrou e a raiva imediatamente encheu seus olhos azuis. Foi o preço por preenchê-lo com feromônios e sêmen. Além disso, tinha sido sua forma de dizer: “Cuidado, não me siga.”
— Para mantê-lo fora do caminho!
Félix gritou mais uma vez e depois mordeu o lábio até quase destroça-lo. O som de ossos quebrados se espalhou por cada um dos espaços do armazém, mesmo onde havia mais silêncio.
— Quer saber, cadela? Você pegou o braço errado…!
Isaac lentamente olhou para Félix, gemendo. Com seu lindo rosto completamente avermelhado.
— Você me ouviu? Maldita puta ômega, você acha que pode se afastar assim de mim só porque te dar a porra da vontade?
O som dos gritos de Félix o assombra com insistência… Mas Isaac assim ainda só pega a mala, vira-se e sai dali.
— Sim, fuja enquanto pode. Vamos ver quanto tempo você irá durar!
Os gritos de raiva se tornam ainda mais visíveis, mais altos e muito mais agressivos… Isaac não olha mais para trás e rapidamente se move pelo armazém. Sai e fecha a porta com uma batida forte. O som de sua dor ainda está lá, também o som de seu braço quebrado… Mas, como alguém sem pecado, Isaac corre em direção às árvores.
***
Foi por puro impulso…
Havia pensando em cortar o pescoço dele em um único golpe… Por que não poderia? Por que joguei a adaga e corri? Por que fugir? Pela maneira em como ele me olhou? Por como me sentia ao estar com ele? De nenhuma maldita maneira! Nem sequer se conheciam!
Obviamente, não era tão infantil como para cair em sentimentos fúteis de amor à primeira vista… Simplesmente acabaram misturando seus corpos durante a noite por pura conveniência. Um capricho. Sim, essa era apenas a palavra certa. Foi um capricho impulsivo o que aconteceu.
No entanto, o arrependimento ainda estava lá. A culpa e a tristeza o atormentaram porque ele não tinha cumprido algo que era “aparentemente simples”. Por Deus! Era como se quisesse dizer que a vida desse estúpido traficante valia mais que a sua!
Meio dia depois que escapou, a equipe de busca inimiga pareceu rodeando toda a ilha, assim não tinha mais opção do que atravessar o arborizado para evitar qualquer contato com eles. Ele não conseguiu encontrar nenhum dos homens de sua equipe, ou verificar se ainda estavam vivos, ou mortos, ou pedindo por ajuda, nada… Realmente, analisando a situação, poderia ser dito que os abandonados por sua própria sorte.
Mas não podia voltar atrás.
Isaac, pensando em inúmeras coisas que podem dar errado, se arrastou pelo penhasco que estava no fundo da ilha e depois, correu um longo caminho até se deter contra uma parede. Os passos dos soldados de Félix fazem eco à distância. Claro que eles iriam segui-lo! O homem havia dito que o encontraria, “vamos ver quanto tempo você irá durar”. “Você acha que pode se afastar assim de mim só porque te dar a porra da vontade?”
No entanto ainda parecia poder ver as paralisantes e brilhantes pupilas de Félix, brilhando em azul escuro…
Isaac balançou a cabeça e gritou para si mesmo: Agora não há motivo para se lembrar dele!
Seguiu reto, sempre reto… Quando se infiltram nesse lugar, logo antes do amanhecer, tinham deixado vários itens escondidos na caverna, sob o penhasco. O barco de borracha ainda estava ancorado lá, assim isso significava que ninguém, nem o inimigo, haviam estado nesses lugares antes dele. Isso foi uma enorme ganância.
Olhou para o céu escuro e suspirou por um momento. Deixar a ilha, sozinho, certamente seria muito perigoso. O vasto oceano, em um barco de borracha… Na realidade seria uma loucura cruzar o mar em um barco a motor? O que acontecerá? De verdade iria fazê-lo? Além disso, devido a distância ao continente ser bastante considerável, ele nem sequer imaginou completar isso com a vida.
Não, sim, ele pode. Era de vital importância de sair deste lugar agora mesmo! Além disso, como o campo de batalha é sempre a base de sua vida cotidiana, então definitivamente enfrentou inúmeras situações muito mais perigosas que essas. Ele já sobreviveu uma imensa quantidade de vezes, então sim, ele vai levar esse barco de borracha estúpido e escapará daqui…
E… O que acontecerá se conseguir? Se o homem entrar em contato com ele e perguntar o que aconteceu com a ordem, o que ele vai dizer? Ele falhou, então… Que tipo de encargos terá que enfrentar agora se Cole dizer que ele escapou sem completar a missão? Oh, e ainda tinha o fato de todos os seus companheiros estarem mortos.
Mesmo que saísse da ilha, ficou claro que as coisas que viriam no futuro não seriam fáceis…
— É inevitável.
Isaac, que se sentou no momento e limpou o rosto, pensou cuidadosamente enquanto esperava o dia se desvanecer até o céu se pôr todo vermelho.
Empurrou o barco… As ondas sacudiram muito fortes assim que isso definitivamente duplicou sua ansiedade. Era um som agravado e terrível. Uma sensação de completo pânico.
Depois de navegar por vários mares negros e viajar por muitas ilhas desertas antes de voltar para casa, ele percebeu que a experiência tinha deixado vários sintomas e sequelas que não o deixaram enfrentar o castigo que já havia aceitado receber. Eles o acusaram, obviamente. O líder deixou os membros de sua equipe e fugiu. Mataram a todos. Eles eram cinquenta, disseram. E eles poderiam ter ganhado se não fosse por causa de Isaac.
E então veio outra acusação e outra e outra até que caiu na posição da corrupção militar. Eles tiraram o posto do capitão da Marinha e, demônios. Nunca foi se justificar! Isso significa que é culpado não é? Sequelas? Que está enjoado? Dá na mesma ele ser o culpado. Merecia mais do que enjôos por todo o sangue que tem nas mãos. E então, quando soube que realmente havia sido uma estratégia estabelecida por Cole… O céu parecia entrar em colapso sobre ele.
O que iria fazer agora que haviam dito a ele que estava esperando um bebê
Continua…
***