Querido Benjamin - Capítulo 26
⚠️️AVISO, ESSE CAPÍTULO CONTÉM EXTREMA VIOLÊNCIA FÍSICA E METAL⚠️
MENTAL PQ MEU PSICOLÓGICO FERROU DEPOIS DESSE CAPÍTULO, AI QUE DOR…😭
O grito do garoto foi claramente ouvido entre tanto silêncio.
Jéssica Parker impediu que os tiros chegassem diretamente aos ouvidos de Benjamin. Ela também fez o possível para impedir que o garoto levantasse a cabeça. Os homens que caíram na frente deles estão terrivelmente deformados, com pedaços de carne e gordura se desprendendo do crânio… Algo muito sangrento. Não podia deixá-lo ver uma figura assim.
— Vá rápido!
Quando Jéssica Parker tentou descer as escadas duas de cada vez, um dos bandidos apareceu do outro lado e começou a gritar com todas as suas forças. “Vá mais rápido!”
Isaac estava mirando sua Beretta sem saber quem acertar primeiro. Havia um total de cinco caras ao redor de Jéssica Parker e Benjamin. E, além de tudo isso, embora os guardas que vieram para defendê-lo tenham sido exterminados quase imediatamente, ainda havia três homens de máscara negra erguendo-se do chão como zumbis em um filme de terror. Um mancava, outro parecia ter uma abertura considerável na cabeça, e outro tinha o braço pingando sangue escuro. Todos eles seguravam uma faca ou uma pistola.
Oito contra ele.
Se sua mãe não estivesse bem no meio, ele poderia ter tentado atacar primeiro… Agora é impossível. Há muitas coisas que podem dar errado: ou os machuca ou os mata. E se um adulto é completamente desfigurado após um impacto de bala, então o que poderia esperar acontecer a Benjamin?
Maldita seja. Foi a pior hora para não poder fazer isso ou aquilo e, finalmente, ele engoliu as palavras desesperadas que estavam subindo em sua garganta.
Descendo as escadas, um dos caras que desceu e avançou com toda a intenção de atacá-lo, olhou dentro de seu próprio coração antes de emitir um som como “Uh?”
Isaac, que já estava familiarizado demais com a forma do ponto vermelho do laser na camisa, tentou reagir o mais rápido possível e se atirou ao chão, mas apenas ouviu o som da janela se despedaçando atrás dele e, em seguida, o som do homem caindo com força a poucos passos dele. Foi um tiro rápido e preciso que definitivamente surpreendeu a todos. Imediatamente após atingir o alvo, continuou atirando no próximo e depois no próximo. Pontos vermelhos pairam no coração de cada um dos homens, de modo que a sensação aterrorizante explode tão terrivelmente no ar quanto seu peito segundos depois.
Não houve dúvidas ou erros. Foram tiros em rápida sucessão que destroçava o torso num piscar de olhos. Todos começaram a se mover, embora Isaac também estivesse tenso devido ao misterioso atirador de elite. Todos os tipos de perguntas surgiram em sua cabeça: Quem está atirando fora de casa? É outro guarda-costas de Félix? Félix tinha um atirador de elite? No entanto, é improvável que um cara tão experiente esteja em sua equipe de segurança. A maioria dos guarda-costas estava dentro da casa, com rifles normais.
Apesar disso, mesmo com a dúvida que pairava sobre sua cabeça, Isaac engoliu mais uma vez e olhou para cima. Fosse o que fosse, era uma coisa boa para ele e a oportunidade perfeita para se defender.
Ele ia aproveitar isso até o final.
— O que você está fazendo? Evite ficar na frente das janelas e corra! Alguém diga ao carro para vir agora! Agora mesmo!
Devido às balas que voavam do lado de fora da janela, os que estavam mais expostos tentaram ficar a altura do solo para percorrer todo o caminho rastejando para trás, em vez de ir para a porta da frente, como tinham planejado originalmente.
Sem perder tempo, Isaac sacudiu sua imagem lamentável e começou a puxar o gatilho. “Pow, Pow”, uma Beretta semiautomática atirou nos pés primeiro. Parecia que a missão deles estava pedindo que não machucassem Isaac, mas eles ainda apontaram suas armas e começaram a atirar nele.
— Não!!!
No tumulto, Jessica Parker gritou e caiu enquanto ainda abraçava Benjamin.
— Ahh! Vovó! Vovó!
Junto com os fortes disparos, quando sua avó caiu, Benjamin, que ainda estava afundado em seus braços, começou a chorar tanto que ele ficou sem ar. Os tiros soaram tão poderosos que com certeza foram aterrorizantes para alguém, mas Isaac apenas ouviu os gritos de Benjamin.
O choro da criança é o que mais dói…
Escondido atrás de um pilar, seu coração estava batendo forte. Sua agitação, seu medo e toda a tensão acumulada percorrem sua espinha e apunhalam a ponta da cabeça com muita dor.
A mão de Isaac, que continua segurando a Beretta, tremia. Ele nunca esteve tão nervoso ou indeciso em sua vida. Ele sempre teve total confiança em suas habilidades de tiro, assim que mirou. Era mais frio do que qualquer um, indiferente… Agora é tão difícil. Como poderia manter a compostura quando ouve o choro da criança? Isaac abriu os olhos, com os dentes cerrados, e rapidamente girou e apertou o gatilho novamente.
“POW, POW, POW”
O homem mais próximo de Isaac estava gritando. Caiu no chão e começou a sangrar.
Depois de atirar, ele virou o corpo em direção à parede para evitar balas. Lá, Isaac estava respirando profundamente. Seu peito subindo e descendo, suas costas escorregando… Ouviu a voz de Jéssica Parker tentando acalmar Benjamin. Ela dizia que ele tinha que respirar, porque aparentemente seu choro o fez ficar atordoado.
Os homens restantes ainda estavam atirando ao acaso, então Isaac, colado na parede, percebeu como Jéssica Parker, que estava sentada, se agachou para tentar correr na direção oposta… Ela estava tentando escapar pela porta principal como se tivesse criado um plano com antecedência.
Isaac estava imóvel, ouvindo os passos de sua mãe correndo e correndo até finalmente desaparecerem pela cozinha… O grito da criança estava diminuindo e, em vez disso, a tensão e a ansiedade aumentaram para fazer fluir um grosso suor frio na testa. Seu boné escorregou e acabou pousando em uma poça de sangue.
Os homens que continuaram a vir de algum lugar, atiraram em partes sem importância de Isaac, braços, pernas, às vezes até aos pés dele. Ele deu um passo atrás, atirou e saiu da sala para entrar na cozinha. Chegou ao pátio, ouviu os tiros do atirador, mais barulho, gritos, dor… Mais adrenalina que dor.
Alguns centímetros à frente, Jéssica Parker estava sendo empurrada para a porta aberta de uma caminhonete brindada. Benjamin ainda estava chorando horrorizado, segurando firmemente a ponta da camisa da avó. Ele gritou alto:“Pare! Pare!”
Seu choro triste fica ainda maior e então bateram forte em seu rostinho.
Um golpe em uma criança de quatro anos.
— Benjamin… Benjamin! MALDITO ESTÚPIDO! MALDITO FILHO DA PUTA!!
Os olhos do time se voltaram para ele… Mas Isaac não pode ver ninguém além de Benjamin. Seu coração definitivamente ia explodir.
— Pa… Papai?
— Benjamin!!!
Benjamin, que notou a voz de Isaac, levantou rapidamente os olhos manchados de lágrimas e gritou com todas as suas forças. Então, ele estendeu as mãozinhas, como se estivesse esperando que Isaac o alcançasse e o segurasse, como sempre fazia… Mas eles o jogaram no caminhão, junto com a avó.
O grito de Benjamin era mais assustador e mais alto do que qualquer outro. Era assustador, muito difícil.
Não chore, Benjamin. Não chore. Eu estarei lá em breve. Estarei contigo.
O coração que grita está quebrado em pedaços.
“Pow, Pow” Isaac estava correndo e atirando, mas Ben, o guarda de Cole, acelerou e começou a fazer o carro correr pela estrada enquanto olhava Isaac no espelho retrovisor. O homem ainda estava olhando para a figura de sua mãe e Benjamin em seus braços. Um rostinho molhado…
Precisava enxugar àquelas lágrimas e o narizinho. Ele tem que beijar o seu cabelo, que parece areia macia e dourada. Necessitava carregá-lo e dizer que está tudo bem…
Ben acelerou, continuou indo embora… Isaac seguiu Benjamin sem sentido.
— ISAAC!
Foi então que uma voz estranha, que parecia a de Félix, se misturou ao grito frustrado de Benjamin. Finalmente, todos os tiros que ele recebeu começaram a aparecer em seu corpo, embora alguns minutos atrás nada doesse. Sua cabeça estava tonta, nem sequer podia mais ver. Quando se ajoelhou, ele abriu as mãos como Benjamin… E então começou a chorar.
— Benjamin… — Tentou levantar o corpo, mas seus membros não se mexem. — Eu não o ouço mais chorar…
Suas lágrimas salgadas caíram em suas bochechas sujas, suas mãos e pernas tremiam, seu queixo, seus dentes batiam como se estivesse morrendo de frio.
— Benjamin, Benjamin! Eles têm…!
Isaac, que gritou a princípio, acabou vomitando uma quantidade quase exagerada de sangue no instante em que — para o terror do homem que estava correndo em sua direção — seus olhos ficaram brancos e seu corpo voltou.
— PORRA! PORRA!!
Só podia ouvir o som de alguém xingando enquanto o segurava.
Suas pálpebras fecharam, mas as lágrimas não podiam parar.
***
Félix sentou-se, com o queixo apoiado na mão. O médico estava tirando uma bala dele e, inevitavelmente, começou a manchar todo o curativo que haviam preparado sob ele.
Não conseguia sentir realmente nada.
— Isaac?
Foi à primeira pergunta que fez depois de um tempo em extremo silêncio… Enquanto foi suturado e preparado para começar com as bandagens. O médico assistente o deixou se mexer:
— Ele está sedado.
—… É muito sério?
— Muitas feridas, algumas consideravelmente grandes. Graças a Deus os ossos não estão rachados ou quebrados. Ele tem uma concussão, então pode se sentir tonto quando se levantar. Vai ser difícil por alguns dias, mas com nutrição adequada e muito descanso, ele ficará bem.
Depois que o médico atendeu, Félix disse que estava bem e que ele podia ir embora agora… Só então, sozinho e em um novo silêncio, Félix tentou vestir a camisa.
Tony, que estava olhando tudo cuidadosamente, se aproximou um pouco mais:
— Ele está bem?
— Sim… E Jack e os outros?
Félix, que não fechou os botões da camisa, aproximou-se do minibar no canto e colocou uma grande quantidade de Bourbon em um copo de cristal. O som de seus movimentos é extremamente pesado.
— Jack recebeu um ferimento de bala na costela e na coxa, mas ele se recuperará em breve. Contando com ele, salvamos três.
— O resto está morto?
—… Sim
A resposta de Tony foi concisa, mas deprimente. Félix levou o bourbon à boca.
— 10 contra o quê? 30?
— Sim.
— Que tipo de homens eles eram?
— Segundo Noah, mercenários.
— De onde?
— Noah quer lhe contar pessoalmente, senhor.
Félix não reclamou, levantou-se, bebeu o resto do álcool e atravessou a biblioteca sem hesitar… Seus movimentos, o modo como andava rápido e abotoava a camisa, isso o fazia parecer um homem absolutamente saudável, em lugar de um que levou um impressionante tiro no ombro.
Pura aparência.
Depois de um tempo, Félix desceu rapidamente as escadas que levavam ao porão e abriu a porta com mais força do que necessário. Então Noah, com um humor muito diferente do que estava acostumado, vira a cabeça e dirige-se a ele.
— Amore mio, eles atiraram em você?
— Eu não estou com disposição para piadas estúpidas, então fale logo.
Noah encolheu os ombros enquanto o observava criar uma bolha de feromônios realmente sufocante ao seu redor. Pressionou melhor os tampões dentro do seu nariz.
Na verdade, ele não queria brincar…
— Não estou brincando. Fiquei surpreso que você levou um tiro, estou preocupado com…
— Fale.
Assim que ele disse algo novamente, Félix cortou as palavras de Noah com uma voz bastante aguda. Não importa o que ele diga, era uma situação que não poderia ser melhorada. Seus homens morreram, Benjamin e Jéssica Parker foram sequestrados e, em relação a Isaac… O homem nem consegue acordar.
—… Eu não tenho certeza se isso vai fazer você se sentir bem ou mal.
Mas, quer queira ou não, Noah não tem escolha a não ser dizer todas as informações que já coletou.
Em meio à atmosfera incomum, Félix fechou os olhos e soltou um suspiro enorme.
— Quando eu ouvir você, decidirei se são boas ou más notícias.
— Ok…
Noah apertou o botão do teclado para ligar o monitor.
— Primeiro, os homens que quebraram a floricultura de Isaac da última vez eram mercenários. Provavelmente os mesmos desta vez.
—… Alguns mercenários nos massacraram?
Noah começou a digitar rapidamente de novo… Foi algo que fez seus olhos brilharem intensamente.
— Você sabe até onde eu estive hackeando?
Mas, em vez de falar sobre o que ele descobriu, Noah perguntou com um sorriso que gritava: “Eu sou o melhor homem da porra do mundo.”
Félix não precisava do melhor homem da porra do mundo agora.
— Como diabos eu vou saber?
Félix ainda não se sentia bem… Mas Noah, com seus enormes olhos verde-oliva, rapidamente moveu vários monitores na frente de Félix e respondeu:
— Eles fazem parte dos JSOCs. Porra, os malditos JSOCs[1]! Eu nunca na minha vida pensei que estava indo hackear uma agência tão malditamente controlada como essa… Aah… Aah!
Apesar disso, Félix também moveu a mão no teclado.
— Você está brincando comigo? JSOC…?
— É a resposta correta.
Noah não respondeu de ânimo leve. Parece que essa é apenas a ponta pequena e insignificante de um imenso iceberg.
A testa de Félix estava enrugada e, ao mesmo tempo, uma foto de um homem em uniforme militar apareceu na tela. Cabelo curto, meia idade.
— Ele é…
— O líder do JSOC… Coronel Cole Patricks.
—… Esse cara… Foi ele quem tentou matar Isaac e sequestrou Benjamin? Por quê? Chegar a esse extremo… — Enquanto murmurava os pensamentos que lhe vinha à mente, ele olhou para Noah e se inclinou sobre o monitor novamente. — Qual é a relação entre essa cadela e Isaac?
— Ele é o homem pelo qual você me prometeu um coelho vibrador… É nada mais e nada menos que o padrasto de Isaac.
— O que?
À primeira vista, parecia mesmo que ele era surdo. Existia até a dúvida se ele escutou corretamente ou não. Noah passou o dedo pela orelha.
— Félix?
— Por favor, diga de novo. Quem é o padrasto de Isaac?
— Cole Patricks.
— Tem certeza?
Noah não respondeu imediatamente, apenas se virou e tocou o teclado e o monitor novamente para obter uma visão mais detalhada: Uma nova foto aparece. Cole, de pé, de uniforme limpo impecável…
Infelizmente, sua aparência se torna cada vez mais familiar.
— Caralho… Você o conhece?
Noah perguntou, olhando para ele.
Félix não conseguiu nem responder.
Continua…
***
NOTA DA TRADUTORA:
[1] Comando de Operações Especiais do JSOC nos Estados Unidos.