Querido Benjamin - Capítulo 15
Assim que chegaram ao aeroporto, Félix foi direto para um hotel em vez de sua casa.
O hotel que Tony reservou ficava em Coronado Island, o hotel mais antigo de San Diego, é um famoso destino turístico. O maior complexo da costa do Pacífico da América do Norte! Um hotel dividido em várias vilas e complexos hoteleiros… E foi na seção chamada “Beach Village” onde Félix jogou sua bagagem assim que entrou.
Existem prédios individuais espalhados por cada um dos lugares e no entanto, o interior de tudo era o mesmo de uma típica suíte de um hotel normal… Havia observado que as vilas com pátios conectados à praia pareciam pequenas casas particulares de Roma. Que tinham uma enorme cozinha e uma sala de estar equipada com poltronas e duas TVs de plasma, todas de frente para um enorme pátio.
Havia muitas razões pelas quais Félix havia escolhido esse local entre vários outros hotéis de luxo. Tinha uma reputação impecável, o presidente e todos os tipos de celebridades ficaram aqui quando visitaram San Diego, então ele também queria. O chefe era sempre arrogante e bastante infantil com o que queria e ainda… O principal motivo era que a atmosfera da vila, onde uma praia de águas cristalinas se estendia para além do quarto era… Muito romântica. Um edifício de madeira branca que tinha um telhado vermelho e um pátio com areia fina…
Parecia bonito nos folhetos, mas não tanto pessoalmente.
— É famoso… Más bem formal. É este quarto? Você diz que é uma suíte? Para quem exatamente?
Enquanto visitava os quartos, Félix parecia bastante nervoso… De fato, ele possuía várias vilas ao redor do mundo, inclusive no sul da Itália. Tinha ilhas no mar Mediterrâneo, onde a paisagem era tão espetacular que parecia um paraíso na terra. Tinha cabanas, fazendas e prados em seu nome, então, não importa o que eles chamam de Suíte, é do tamanho de seu porão.
Ah…
Deveria ter levado Isaac para o Mediterrâneo, devia levá-lo a Itália e ficado com ele lá… Quer ter um encontro romântico com ele, mas ambos só podem dormir em um lugar que parece um maldito porão.
(N/T: Ele diz isso pq não conhece o porão do Sangwoo kkkkkk)
— Merda, se eu soubesse que era assim, teríamos ficado em casa.
Depois de ser golpeado por um ladrão ontem, Tony, que estava lutando com um choque traumático, limpou a testa várias vezes que constantemente se enchia de suor.
Ele tentou respirar, enquanto se limpava com um lenço. Em vez de ir direto até Isaac, decidiu pedir que Jack fosse buscá-lo. Ele não se sentiu mal, fraco ou machucado o suficiente para não fazê-lo, mas não tinha cara-coragem para ver o homem. Se ele soubesse o que havia acontecido, se soubesse o que tinha feito e descobrisse que colocara em risco a segurança da criança… Então, Isaac…
Lamentava infinitamente, mas não era hora de chorar pelo leite derramado.
— Este é o melhor de San Diego.
— O melhor… Quantos anos tem este prédio? 120 anos?
— 130 anos. Portanto, foi designado como um edifício histórico.
— Pura madeira velha…
— Mas esta vila em particular não é tão velha assim.
Tony tentou o máximo para confrontar Félix, mas nem parecia querer ouvi-lo. O homem olhou em volta e sentou-se em um sofá macio, aparentemente coberto de veludo vermelho. As paredes são incrustadas com vidro, as portas são francesas. É uma estrutura onde você pode apreciar a praia a partir de qualquer uma das vistas, mas, infelizmente, está escuro, então agora não se pode ver nada.
Só se ouve, o som das ondas. O mar Negro que parece triste.
— Quanto mais eu olho, mais horrível me parece.
Enquanto ele varre o local, Tony suspira.
— Está escuro agora, mas será espetacular quando o sol nascer de manhã…
— Tony Você já viu o sol nascer no oeste do Oceano Pacífico?
— Hmmm… Não.
— Exatamente.
— Bem, mesmo que você não consiga ver como o sol nasce sobre o mar, quando tudo estiver claro, será definitivamente muito bonito.
— Melhor calar a boca. Você tá sendo irritante e está fazendo minha cabeça doer.
Tony olhou para ele. Sim, é definitivamente famoso demais por sua personalidade complicada. E ele sabe melhor do que ninguém que não há nada que pareça bom quando Félix está tão chateado.
— Porra, eu… Eu queria pedir que ele saísse comigo.
Mas, graças às palavras de Félix, Tony abriu os olhos incrivelmente arregalando-os.
— Sair? Sair com Isaac? Sair como… Um casal?
— Você está ficando surdo ou seu cérebro finalmente decidiu se degenerar?
— É só que… Todos nós pensamos que isso era devido ao seu próximo cio.
— Não quero algo de uma só noite dessa vez. Quero muito estar com ele… Acho até que o amo.
Tinha curiosidade e foi por isso que perguntou… Mas que caralho!
Tony estava bastante atordoado.
Amor.
Amor…
Amor???
No que estava pensando? Eles só tinham um contrato entre eles, certo? Certo!!? O que ele deixou passar dessa vez? E logo após o que havia acontecido com os documentos!
Tony, que estava pensando muito rápido, ficou perplexo e não entendeu o que fazer a seguir. Talvez apenas… Deveria lhe contar suas suspeitas sobre o garoto? Se tivesse as provas alí com ele, tudo seria mais fácil, mas…
Se o homem gosta dele de qualquer maneira…
O rosto de Tony está mais aterrorizante agora do que nunca. Tornou-se uma estátua de mármore porque até a cor da pele é o mesmo.
— Chefe, então… Sobre Isaac…
No entanto, não podia dizer que era completamente corajoso ao encará-lo, então apenas fechou a boca.
Foi nesse momento que um barulho incessante de batidas foi ouvido do lado de fora da porta… Tony, que tentou fazer um último esforço e avisar o que estava acontecendo antes que tudo piorasse, foi sacudido pelos ombros no último momento.
— O que você está fazendo? Acho que a pessoa que convidei está aqui, mas você não está abrindo!
— Não, eu tenho que lhe dizer uma coisa antes disso…
— Será mais tarde, abra.
Félix, que teve que correr para arrumar o cabelo e também vestir as roupas, de repente pareceu bastante animado…
Tony teve que desistir e caminhar até a porta da frente, deixando de lado a questão de dizer a verdade. Ou o que ele acreditava ser a verdade, pelo menos.
Ele removeu a trava segurança.
Tony abriu a porta e o homem que menos queria ver no planeta apareceu.
— Tony? Ouvi dizer que você estava se recuperando, você está bem?
Ele tentou fugir o mais rápido possível, mas Isaac inclinou a cabeça em um ângulo estranho e cumprimentou Tony, depois fez uma pergunta tão direta. Parecia que estava bem, talvez?
— Sim, não é realmente nada.
— Bem… Fico feliz.
Isaac sorriu, mas Tony estava chorando por dentro.
— Tony, Jack, vocês podem ir agora.
Então Félix, que estava olhando para os dois da porta do banheiro principal, deu uma mensagem imediata e concreta que eles não podiam ignorar. Tony, que olhou as costas largas e fortes de Isaac um último momento, balançou a cabeça com uma expressão sombria, depois se juntou a Jack e escondeu o rosto.
Eles saíram.
Fecharam a porta.
— Você parece muito melhor agora, mas você está realmente bem? — Jack perguntou de lado, mas não recebeu resposta.
Tony nem sabe mais com quem se preocupar, Isaac? A si mesmo? Ou pelo homem que diz coisas sobre romance, mesmo que não saiba nada sobre isso?
Este parece ser um daqueles momentos infelizes.
Isaac olhou para Félix por alguns minutos…
Assim como Jack disse, embora ele esteja voando e viajando sem parar há mais de duas semanas, ele nem parece estar cansado ou fatigado. Está limpo, arrumado, bem vestido. Na verdade não está elegante até demais? Tomou banho?
— O que você está olhando?
— Eu pensei que já fazia muito tempo desde a última vez que te abracei…
— Eu nem notei sua ausência.
— Bom, pareceu dois meses para mim. — Ao se aproximar, agarrou o pulso de Isaac e tentou levantar seu queixo… Ele inclinou a cabeça sem perceber que estava agindo assim. Olhou para baixo. — Não acha que este é um bom momento para nos abraçar?
Lembrou-se de tudo o que Jack havia dito a ele na floricultura… — Não parece que ele só quer te foder. — Eram palavras bastante precisas. Por um momento, pareceu que havia esquecido tudo, exceto ele. Pediu para vê-lo assim que voltou da Itália e agora eles estavam em um hotel. Lhe havia mandando mensagens o tempo todo.
— Hoje não, obrigado.
(N/T: Sinto que isso foi uma breve vingança do Isaac 😆)
— Uau, você está fazendo isso por causa de alguma coisa? Eu estava transando com você e te beijando o tempo todo, mas você não pode me abraçar?
Quando lhe perguntou isso, Isaac permitiu que suas sobrancelhas se erguessem. Quer lhe dizer que não e quer dizer que se apresse logo, para que pudesse pegar um táxi e ir para casa… Mas não consegue pensar em nada para refutá-lo. Félix é como uma criança mimada que inclina o corpo e não espera palavras ou ordens.
Junta seus lábios…
Seus olhos se abrem com seu beijo, que é responsável por chupar seus lábios para fazer um som molhado e apaixonado que só aumenta de intensidade… Na última vez, Isaac teve que segurá-lo pelos ombros para poder continuar com isso.
Foi um sentimento bastante sensual.
— Agora me sinto melhor.
— …
— Você acreditaria em mim se eu lhe dissesse que estava estressado porque queria te beijar o tempo todo que eu estive na Itália?
— Não.
— Pensei que diria isso… Você sempre tem que ser um personagem tão frio? — Os olhos de Félix se estreitam, e sorri… Era um sorriso que parecia deliberadamente tentar encantar as pessoas. — Mas isso me encanta. Eu não gosto de cães que dobram as orelhas e fogem quando encontram um predador. Você é agressivo e bonito. Na ponta desses belos lábios, palavras sangrentas aparecem sem nenhum tipo de filtro… Que sexy.
Esfregou sua boca com o polegar… E isso pareceu obsceno e emocionante. É por causa dos olhos ou por que faz cócegas nele?
O calor parecia estar se espalhando.
Isaac, envergonhado, tentou sair do caminho… Mas aquele homem o segurou mais apertado. A dor no aperto aumentou.
— Você jantou?
— … Ainda não.
— Eu também não comi. Você quer… Se juntar a mim para jantar?
— Um jantar?
Isaac, que estava esperando algo apimentado como quando se conheceram, ficou subitamente confuso…
Félix entregou a ele o folheto que deixavam em cada quarto.
— Sim… Você gostaria de ter serviço de quarto? Ou você quer sair e comer? Este ainda é um hotel muito famoso e tem vários restaurantes. O que você quer? Apenas me diga.
Olhando para o folheto, que apresentava uma breve introdução aos restaurantes e bares do hotel, Félix murmurou que esta fazia margaritas muito boas, mas que a outra tinha comida espanhola luxuosa.
Isaac coçou a bochecha…
Agora que pensava sobre isso, seria a primeira vez que iria comer com ele. No iate não pode tocar na comida que eles haviam preparado devido ao enjôo e, na casa de sua mãe em La Jolla, ele estava completamente focado em Benjamin e sua geléia.
Parecia apertado por dentro. Estressado… Como se tivesse gastrite.
— Diga a verdade, Félix. Você não está aqui para que eu te pague pela segunda-feira passada?
Enquanto tentava ignorar sua estranha dor de estômago com uma conversa diferente, Félix, que estava olhando ao redor da sala, levantou os olhos e olhou para ele:
— É claro que eu deveria.
— Então agora…
— Mas estou com fome. Vamos comer primeiro.
Isaac pensou que seria melhor se ele o matasse na cama, em vez de jantar, enquanto estava claro a quilômetros de distância que ele estava mais do que nervoso! Mas Félix o ignora agora e o faria sempre que tentava mudar de assunto.
— Isaac, seu calor é bastante excitante, mas eu acabei de voar da Itália e nem comi um pedaço de pão. Eu também sou um ser humano, não vivo apenas de sêmen.
Suas palavras imediatamente caíram em suas bochechas. Estava tão envergonhado que Isaac teve que se sentar, depois desviou o olhar e fingiu ver o folheto novamente.
Querer que a terra o engolisse era pouco.
— Agora, o que fazemos? Chamamos o serviço de quarto ou saímos para comer?
Isaac balançou a cabeça. Seria mais fácil se Félix decidisse… Não era sempre assim? Por que agora está lhe perguntando?
Olhou para Félix com um tom suplicante, mas ele franziu a boca.
Só apenas esperando por uma resposta.
— Posso escolher uma coisa… Normal?
— Sim.
— Então, vamos tomar uma cerveja e… Vamos ver o que há no cardápio.
Era Isaac que estava nervoso porque o deixaram sozinho em um espaço fechado com aquele homem… Pensou que, se comesse algo simples e tivesse uma cerveja, aliviaria sua impressionante tensão.
— Cerveja… Isso também não seria ruim. — Se Isaac parecia contente com isso, ele também estava.
Félix levantou-se imediatamente, exibindo um físico forte e bem treinado… E, enquanto estava em pé, o espaço de repente pareceu ficar bem apertado. Parecia quase como se estivesse encurralado.
Isso é esmagador.
— Está bem apertado.
— Você também achou?
Mas Isaac disse isso enquanto olhava para as costas de Félix. Suas costas naquele terno, aquela jaqueta apertada… Ele ficou envergonhado em um segundo, então não disse mais nada.
— Para dizer a verdade, eu nem sabia que este lugar era tão estreito. Só reservei porque é famoso. Mas você vê, quando entrei, parecia exatamente assim.
Os olhos de Isaac se arregalaram imediatamente.
— Eu não me referia a… Este é o famoso ‘Hotel de Coronado’, não é? E você não gostou? Está falando sério?
Já conhecia o ‘Hotel de Coronado’, mas nunca… Tinha pensado que seria enorme, inclusive por dentro. Não era caro o suficiente para ele? O que estava acontecendo? Jack teve que dirigir por meia hora para chegar ao quarto! Meia hora desde a entrada! Existem edifícios magníficos e praias de areia branca, vistas noturnas de tirar o fôlego e uma atmosfera animada, ideal para uma tarde preguiçosa. Era verdadeiramente lindo. Nem parecia que ele ainda estava em San Diego!
— Está perfeitamente bem.
— … É sério?
Em resposta às palavras calmas de Isaac, a expressão de Félix se liberta lentamente.
— Sim. Bem… É bom estar em uma vila tão grande. Essa é a primeira vez para mim, então definitivamente parece algo saído de um filme. É o mesmo ambiente, entende? Seria agradável poder ver a praia quando o sol nascer.
Com certeza o cenário da praia vai mudar muito com a chegada do dia… É um lugar onde você iria passar o dia todo deitado em um banco, bebendo cerveja e olhando o mar. Usando óculos escuros enormes e um ridículo chapéu de palha. Não era uma cena frequentemente vista em anúncios imobiliários? Tudo o que restava era que eles fizessem uma fogueira no pátio à noite para beber vinho sentado ao lado dele…
Isaac sorriu com sua imaginação relaxada.
O céu escuro e o mar aberto eram muito bons. O som das ondas podia ser ouvido de longe e o fazia sentir-se calmo. Seria bom se ele tirasse os sapatos, se esquecesse do fato de que sua vida era um desastre total e se sentasse no pátio. Bebendo cerveja, com a brisa do mar em seu rosto.
Estava emocionado por estar ao lado de Félix… Mas isso era algo que ele já havia aprendido a esconder como um verdadeiro profissional.
— Fico muito feliz por você gostar tanto de tudo isso.
Uma voz foi ouvida do lado dele e grudou forte em seus ouvidos…
Isaac ainda estava olhando pela janela; assim, quando voltou sua atenção para o homem ao seu lado, seus lábios foram engolidos imediatamente.
Ao contrário de antes, este foi um beijo que não ficou à margem. Foi muito intenso… E quando ele fica assim, sempre sente que não tem escolha a não ser segurá-lo pelos ombros para acompanhá-lo. É realmente um beijo violento que esfrega cada canto de sua boca com a ponta da língua e morde os lábios para que doa e treme entre suas mãos…
Em um momento, a energia de seus membros caiu completamente. Seus joelhos dobraram e ele sentiu que seus pés se tornaram terrivelmente inúteis.
— Ah, ah… Vamos parar por um minuto…
Mas Félix continua a beijar seus lábios, queixo e bochechas… Não havia dúvida em esfregar, lamber e morder, com os lábios molhados, cada área que considerado altamente sensível…
Ele o está abraçando tão forte.
Sua respiração está aumentando tanto…
Seu coração está sendo esmagado pelo coração de Félix.
Ele acha que pode estar gostando demais, acha que gosta muito mais do que em outros momentos, então agora está com medo.
— Félix …
— Porra, eu tentei relaxar e aguentar isso, mas nada saí do jeito que eu quero ultimamente! Na minha cabeça… Tudo estava perfeito e, na realidade, a única coisa perfeita é você.
Como um cachorro grande, Félix colocou todo o rosto no pescoço dele e começou a farejá-lo.
— Não… Se não formos jantar agora, vou acabar comendo você aqui. E eu não quero ainda…
Félix se afastou como se lhe estivesse custando a vida inteira… Limpou os lábios molhados com as costas da mão e atravessou a sala como um animal zangado.
Estava respirando com dificuldade. Suas mãos tremiam, então ele teve que andar um pouco mais e dar algumas voltas. Enquanto ofegava, Félix abriu todas as portas e janelas e só então, se atreveu a olhar para trás…
O vento que soprava com força dispensou sua cabeleira loira deslumbrante para o lado.
Ele era bonito, mesmo com os olhos escuros e perdidos…
O homem alfa o olha novamente e correu imediatamente para ele, guiado apenas pela necessidade de abraçá-lo e beijá-lo no pescoço.
— Ah, ah… Ah…
— Tudo bem, vá com calma …
— Minha cabeça… Eu não… Não posso…
Isaac luta para acalmá-lo, mas percebe em um instante que ele está sendo jogado de volta…
Passo a passo.
E tudo está terrivelmente cheio de feromônios alfa.
Fechou os olhos e os abriu novamente, mas a nova pupila negra de Félix ainda estava olhando para ele.
— É você, certo? É você!
— … Félix?
— Você é meu o…
Então ele deu um soco nele.
Ele esqueceu que era sexta-feira à noite e que havia sugerido sair para tomar uma cerveja quando talvez a melhor coisa fosse tomar um café.
Isaac já se sentia culpado por muitas coisas para acrescentar mais uma.
O bar do hotel, localizado perto da praia, era bastante barulhento. Música alta, sons e bate-papos, risos de mulheres e homens. Vários sons diferentes que se juntam e se perdem… E só conseguia pensar que que havia lhe dado um soco. Deus do céu…
Isaac, que não estava totalmente familiarizado com um ambiente tão nobre, passa o tempo lendo o rótulo na garrafa de cerveja que tem na mão antes de esvaziá-lo completamente no copo… Ao contrário dele, Félix não está mais transtornado e nem mais estranho do que o normal. Sua atitude é realmente muito consistente. Sentado em silêncio, bebe e coloca comida na boca pouco a pouco.
Olhou para ele por um momento: um homem surpreendentemente bonito, onde quer que você olhe. Brilha sem falhar, mesmo nesses lugares sem graça. Tem um garfo na mão, corta tudo em pedaços pequenos, mastiga silenciosamente e não fala até que tudo esteja terminado. Mesmo na casa de sua mãe, ele parecia estar mergulhado em modos bastante sérios.
É como alguém da realeza. Um homem estranho.
— Você não come e apenas olha para mim. Eu sei que sou bonito, mas se você continuar assim, vai acabar absorvendo todo o meu charme.
Isaac finalmente se virou bebeu a cerveja.
— Fiquei surpreso que suas maneiras de comer eram impecáveis…
…E também de como agiu como se nada tivesse acontecido depois de quase perder a cabeça no quarto.
Para ser coerente com o que Isaac estava pensando, Félix pegou um pedaço de frango com um garfo e deu de ombros: — Bem, meu avô foi muito rigoroso comigo. Na verdade, acho que ele me ensinou tudo o que precisava saber sobre etiqueta quando eu tinha a idade de Benjamin…
— Ele deve ser uma pessoa maravilhosa.
— Não inteiramente. Ele é um velho rabugento horrível que atira, mata e esmaga pessoas se fossem moscas em uma mesa. — Seu avô era o chefe da grande máfia italiana e ele certamente não consegue imaginar como era viver e crescer com ele…
— Certo.
— Mas sim, aprendi muito com meu avô. Inclusive ainda aprendo… Ele é muito inteligente, sempre tem um livro na mão, sabia?
Seu rosto, murmurando coisas com uma expressão severa, tornou-se suave sem que pudesse evitar. Era o rosto de um neto que amava muito o avô.
O olhou novamente. Agora parece que ele está sentado, bebendo cerveja com um velho amigo.
— Bem, quanto tempo temos? Você pode ficar em lugares públicos por um longo período de tempo?
Isaac de repente tirou os olhos de Félix e olhou ao redor. O governo e os militares estão sempre vigiando, e antes que lhe dissesse algo importante… Queria ouvir como lidava com sua vida normal. Já que parecia incrível que andasse pelo centro de San Diego durante o dia, no entanto estar ali é mais perigoso. Sentado e relaxando em um bar lotado.
Sentia curiosidade e muita preocupação.
— Eu posso fazer o que eu quiser.
— Você não é um cidadão comum.
— Eu não sou um cidadão comum, mas sim o melhor dos cidadões.
Um cidadão “bom” que mata todos os outros cidadões?
Olhou para ele, com os olhos pequenos.
Parecia que a palavra “dúvida” estava bastante estampada em sua testa.
— O quê? Eu sou um cidadão muito bom. Diga-me há quanto tempo você votou? — Félix, que bebia cerveja em grandes goles, disse: — Você reportou seus impostos?
— … Ainda não.
— Então, quando é a sua declaração de imposto pessoal?
— Abril, mas por que você está… Por que está perguntando quando eu preciso apresentar minha declaração de imposto?
Então Félix cruza os braços e se inclina contra o encosto da cadeira. É literalmente uma postura e expressão muito inquisidora.
— Pagarei tudo por você, minha equipe lida com os impostos da população em geral de San Diego.
Isaac começou a rir.
— Você não é um bom cidadão por fazer isso; de qualquer forma, eu sou o bom cidadão por ter uma loja normal!
— Ok, que tipo de pecado assombra o bom cidadão que temos aqui? Você está sendo assediado por dinheiro?
— Por que isso é tão de repente…?
— Se for por dinheiro, também pagarei toda a sua dívida. Não importa quanto.
— E você vai pagar tudo sem pedir nada em troca?
Quando fez essa pergunta, Félix se inclinou para frente e olhou para Isaac. — Eu vou pedir você.
Foi uma resposta bastante clara… Mas, ao contrário de seu tom leve e despreocupado, seu rosto e olhos azuis-escuros são afiados o suficiente para picar sua pele. Isaac nem conseguia falar direito.
Não havia nada. Nenhum barulho, nenhuma voz… Nem tinha uma ideia de como lidar com isso.
— Se você pagar todas as minhas dívidas… Você realmente vai nos proteger depois?
Isaac respirou brevemente antes de fazer a pergunta para ele. Fez aquele olhar que faz Félix querer abraçá-lo com força e não deixá-lo ir por toda uma vida. Estava entrando nessa conversa e logo algumas emoções ficaram bastante intensas, havia coisas que nem entendia… Foi a primeira vez que o via agindo assim. Como se estivesse pedindo sua ajuda.
Félix tentou chamá-lo, mas seu nome derreteu na ponta da língua… A dor desconfortável começa a crescer novamente dentro de seu peito e ele logo descobre que está preso em um turbilhão de emoções difíceis de aceitar, mas que também elas parecem estranhamente familiares…
— Eu-…
Mas, naquele momento, alguém tropeçou na mesa de madeira e a afastou para o outro lado. A garrafa de cerveja cai, molha Isaac e o prato cai no chão… O vidro pula por toda parte.
Realmente aconteceu num piscar de olhos.
Piscou de repente e então Isaac olhou para cima e depois olhou em volta. A mesa estava uma bagunça completa.
— Hahaha, caiu. Me desculpe, eu acho que já estou bem bêbado!
O homem deslizou sobre a mesa e conseguiu endireitar as costas, estralando a língua antes de se sentar justo ali. Mesmo estando um pouco longe dele, o cheiro de cerveja e vinho sobe até a ponta de seus narizes.
— Tudo bem, apenas levante-se.
Isaac disse isso em um segundo, e tentou levantá-lo do chão… Mas o homem não parece querer cooperar com ele. Em vez disso, move o rosto na frente do nariz de Isaac e fala novamente. Em voz alta. O cheiro estava no auge.
— De verdade eu sinto muito, é muito-… Foi muito confuso. Tomei uma bebida e meus pés tropeçaram! Pago-lhe o jantar, ok?
Isaac franziu a testa, mas não disse nada. A equipe do bar respondeu rapidamente ao alvoroço, então não há mais nada que pudesse fazer. Se esperasse um pouco mais, o garçom cuidará dele e o levará para outro lugar.
— Você me ignorou? Ah! Que rude.
Mas ele estava tão bêbado que, quando tentou se levantar, seu nariz caiu no prato que ainda tinha frango e um pouco de sopa.
Quando virou os olhos para ver o que estava acontecendo com o seu acompanhante, viu que Félix, com o queixo acomodado sobre a mão, segurava os dedos do bêbado como se fosse uma criança curiosa que havia encontrado algo fabuloso em suas nas unhas. E logo depois…
CRACK!
Félix cruelmente quebrou três de seus dedos.
Isso também aconteceu muito rapidamente.
— AH!! AAH!!
— Você é muito barulhento, por favor, pare. — Quando Félix repreendeu o bêbado por abrir a boca, o funcionário se aproximou imediatamente.
— Nós realmente sentimos muito. Você pode nos contar o que aconteceu para que possamos reportar?
— Bem, ele caiu em nossa mesa. E quando caiu, levou a mão a esta quina e quebrou os dedos. Deve doer muito, coitadinho.
Félix bebia sua cerveja enquanto explicava tudo isso… Isaac não disse nada sobre isso, na verdade, apenas esperou.
— Estamos realmente muito envergonhados, vamos reabastecer sua comida sem nenhum custo e…
— Esse filho da puta quebrou minha mão! Foi esse filho da puta!
Quando o funcionário se desculpou, o bêbado saiu da mesa e mostrou a mão inchada. A comida está em todas as partes.
Com um bêbado, gritando e aterrorizado, isso não era uma boa combinação.
Ele esmagou o ombro de Félix porque, chorando e tudo, ele era um homem e queria recuperar um pouco de sua dignidade perdida.
— Diga a ele, diga o que você fez comigo!
— Senhor, meu guarda-costas quebraria seu braço inteiro se ele visse que você tem um dedo sobre mim. Na realidade, o cortaria tudo. Pense bem, você deveria estar tremendo em vez de lutar, deveria estar correndo para o seu quarto agora. Eu mesmo o mataria. Bem aqui, mas comer frango com sangue no chão não é uma bela visão, e ainda tem o fato de que estou em um encontro.
Quando a equipe achou que a existência de Félix era incomum, ficaram imediatamente pálidos e pediram desculpas novamente. Félix tocou a bochecha do bêbado e levantou-se silenciosamente.
— Se você se desculpar adequadamente, prometo que o hospital em que você acordará amanhã será o melhor que você já viu.
Isaac gemeu com os comentários sutis de Félix. Estava com um nó na garganta e parecia estar estagnado, logo não podia fazer um barulho sequer. Seu coração era um completo caos.
E ali havia um bom cidadão.
No final, Félix se aproximou do recepcionista, entregou-lhe um pacote de dinheiro bastante gordo e disse: — Vou deixar o resto com vocês —, depois segura a mão de Isaac e o levanta da cadeira.
Droga.
Um jantar, era pra ser um jantar normal, o primeiro jantar em que ele estava sentado ao lado de Félix… Tudo se rompeu com muita facilidade. De alguma forma, até a tristeza começou a surgir, e ele começou a se sentir deprimido.
O olhou outra vez.
— O gosto do arroz é ruim de qualquer maneira, que tal ir para outro lugar?
Então, sussurrando, Félix de repente inclinou a cabeça para que seus lábios batessem levemente no lóbulo da sua orelha. Isaac o encarou.
— Não, obrigado.
— Você não está com sede? Eu posso comprar uma cerveja para você em outro lugar.
— … Faça o que quiser, mas não me inclua. Basta pedir um táxi para que eu possa sair daqui.
Uma palavra que apenas escutou ao se mesclar com o som da música. Félix, que ainda estava olhando para Isaac, percebeu o que estava acontecendo, então ele rapidamente o segurou pelo pulso para não perdê-lo de vista quando deixaram o bar. Isaac, que usava as pernas longas para quase correr atrás de Félix, percebe que não pode atravessar a praia tão rápido quanto ele, mesmo usando sapatos baixos. Os passos oscilam devido à infusão de álcool em seu sangue ou por causa da areia ou podia ser pelo fato de ele estar com muita raiva.
— Bem, você não deveria ir um pouco mais devagar?
Isaac tentou detê-lo, mas era impossível. Mesmo que não estivesse bêbado, suas pernas continuavam se retorcendo igual aconteceu com o homem que havia quebrado sua mesa no bar.
Assim que ambos pararam, Félix segurou sua cintura e o puxou em sua direção para envolvê-lo firmemente em seus braços. Quase ao ponto de tropeçar e cair no chão. Por estarem muito próximos um do outro, o perfume e o calor que fluem dele são imediatamente atraídos por Isaac… Os maravilhosos feromônios Alpha flutuam e se misturam entre o odor corporal e a brisa salgada do mar.
Oh, meu Deus.
O sangue corre para a parte inferior do seu corpo em um instante, e a saliva escorre de sua boca como um cão pavloviano. Isaac segurava os ombros de Félix, em uma praia escura com ventos frios e cheiro de cerveja… E assim que seus olhos ficaram escuros o suficiente para parecer pretos, Félix abriu a boca novamente. O cio ia e vinha sempre que ficava muito animado.
— Isaac, você está com raiva de mim? Você realmente vai me deixar? — No começo, não conseguia entender a voz que estava se mesclando tão fortemente entre o som das ondas… Mas o segurou pelo rosto e tentou novamente — Desculpe… É só que acho que não posso evitar de me tornar um louco, quando acontece algo que inclui você.
Uma voz quebrada saiu de seus lábios e fez seus olhos brilharem até ficarem visíveis na escuridão…
Tudo isso se derramava sobre si mesmo rápido o suficiente para fazê-lo parecer muito assustador.
Continua…