Querido Benjamin - Capítulo 13
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- Capítulo 13 - A festa de aniversário de Benjamin
Quando ele pegou a mão de Benjamin e caminhou até onde o pônei estava, Isaac só conseguia pensar em Félix. Nos beijos que ele deu nele, na maneira como cheirava seus feromônios…
— Pai!
Foi o grito de Benjamin que finalmente o acordou.
De repente, quando chegaram ao jardim, percebeu que a festa havia terminado e que o jardim estava praticamente vazio. Junto com sua mãe, alguns dos homens de Félix pegavam pratos descartáveis, arrumavam cadeiras dobráveis ou simplesmente removiam o lixo de um lado para colocá-lo em uma sacola. Isaac estalou a língua enquanto pensava que era ele quem deveria consertar tudo isso, não eles.
Na verdade, ele queria falar um pouco mais com Félix e consertar algumas coisas importantes… Mas quando Benjamin pegou sua mão, Isaac foi forçado a acompanhá-lo e é por isso que eles estão lá agora. Caminhando em direção ao lugar onde um pônei estava amarrado.
O garoto o vê e imediatamente se liberta, corre e diz a Isaac que ele quer subir de novo.
— Benjamin, você gostou do presente?
— Sim muito!
Isaac olhou para Benjamin e, pela primeira vez em anos, passou bastante tempo inspecionando seus brilhantes olhos azuis.
— Você disse ‘obrigado’ pelo presente de aniversário?
Quando perguntado, Benjamin balançou a cabeça e gritou: — Obrigado, tio! Disse ao ar.
Tio, isso é… definitivamente algo novo.
— Quem é teu tio?
— O tio Félix!
— … Como?
O garoto sorriu para ele imensamente, mas Isaac apenas mordeu o lábio com força. Não dizendo mais nada…
Quando o pônei deu um passo à frente e se permitiu acariciar sua cabeça, notou-se imediatamente que era um animal bem treinado. Pequeno e adequado para Benjamin montar.
Ele ficou surpreso novamente. Onde conseguiu algo assim em um dia só? Foi brilhante. Muito habilidoso.
Fodidamente habilidoso.
Enquanto observava o menino andar a cavalo, pensou profundamente sobre isso e aquilo. Um dos homens que estava sempre com Félix de repente apareceu e olhou para ele.
Era estranho que fizessem isso, então ele também olhou para cima.
E começou a tossir.
— Oh, desculpe… Você não deve saber disso porque é um Beta, mas nosso chefe só teve uma incompatibilidade hormonal ruim e é muito pesado estar aqui. Vamos agora.
Isaac, que estava olhando para o homem que ainda estava em pé na frente dele, congelou com força em um segundo. Há um tempo atrás, Félix o beijou e depois… Ele sentiu que o ambiente havia se tornado verdadeiramente estranho. Ainda mais quando ele mordeu a parte de trás de seu pescoço.
Parecia que ele iria se afogar.
Isaac olhou em volta. Os alfas emitem os mesmos feromônios, mas em particular os feromônios de um alfa de alto grau fazem com que outros alfas se sintam assustados. Sabe-se mesmo que os alfas costumam liberar feromônios para esmagar o espírito dos graus mais baixos.
Então, se Félix, o melhor Alpha em San Diego, agora está fora de controle, o homem Alpha ao seu lado deve ter dificuldade em respirar.
— … Caramba. Deve ser difícil para você.
Isaac se desculpou baixinho, fingindo que não sabia nada da situação. Seria contraproducente dizer mais alguma coisa.
— Não, está tudo bem… Mas você vê, eu tenho que levar o pônei para o estábulo por enquanto.
— Claro.
O homem desamarrou a corda que amarrava o pônei enquanto Isaac cuidava de Benjamin e seu arnês[1] complicado… E ele viu então que esse cara tinha uma adaga no cinto. Inevitavelmente, ele ficou nervoso.
— Me dê essa adaga.” Isaac se aproximou dele com uma atmosfera fria e agressiva. O homem então o olhou de cima a baixo, como se pensasse que finalmente enlouqueceu.
— Por quê? Eu sou guarda-costas, então preciso disso no caso…
— Não, você não precisa. — Ao contrário dele, que respondia com uma voz calma, Isaac infundira ódio suficiente em sua voz.
— … Eu não vou te dar minha adaga.
— Eu não perguntei se você queria ou não me dar.
O homem se defendeu de um ataque que veio de algum lugar, tentou parar Isaac, mas ele era consideravelmente mais rápido… Ele pegou a mão, dobrou levemente o pulso e o puxou para remover a armar.
Tudo muito rápido, com braço ocupado e um pônei atrás…
Tão fácil, que dava até medo.
O homem olhou para Isaac com olhos bastante confusos. Ele não parece acreditar que seu pulso ficou tão fraco por causa dele… Se afastou e esfregou a outra mão várias vezes. No entanto, Isaac apenas olhou para a adaga com uma carranca.
— O que está acontecendo?
Foi então que uma voz estranha começou a soar por trás. Quando todos se viram, descobrem que Félix está lá. Caminha em direção a eles com a mesma atitude avassaladora de sempre, esmagador, uma tensão que faz você se sentir frio. O homem, que perdeu sua adaga para Isaac, coloca força em seu corpo e muda a pose para uma muito mais ereta, e séria. Félix olhou para a adaga que Isaac segurava na mão.
— O que é isso?
Isaac silenciosamente entregou-lhe a adaga. Parecia normal, mas no cabo havia um botão diferente de um punhal comum.
— Não é uma boa opção para guarda-costas de crianças. Adagas balísticas já foram descontinuadas… Mas você sabe disso perfeitamente, não é?
— …
Adagas balísticas com um botão na maçaneta foram usadas há algum tempo pelas antigas forças especiais soviéticas. Os Spetsnaz. Basta pressionar o botão e a lâmina voará diretamente para você como uma bala em uma arma. Devido a riscos óbvios, as vendas e compras já cessaram em muitos países, inclusive nos Estados Unidos. O traficante de armas, Félix, não fazia ideia de onde ou como ele havia obtido uma adaga balística.
Os olhos azuis escuros se ergueram.
— Por que você tem uma adaga balística?
— Oh, é uma arma que está em minhas mãos há muito tempo.
— … Qual é o seu nome?
— James.
— James, o que você está fazendo? Parado na minha frente, armado assim quando você sabe que isso me incomoda terrivelmente.
— Como vou proteger o bebê então?
O homem estava com a mente nublada devido aos feromônios Alpha lançados diretamente contra ele… Não parecia se lembrar de que, no início da tarde, Félix quebrou o rosto e a perna do chefe de segurança porque o garoto havia caído devido a grama que estava crescida.
— Não gosto que um homem que trabalhe para mim tenha armas ilegais que nem sequer nos manejamos… Isso realmente me perturba, muito.
Ninguém se atreveu a refutar Félix.
— E você sabe por que ainda não fazemos isso? Uma adaga balística causa muitos acidentes…
— Senhor, se eu estivesse errado sobre alguma coisa…
No entanto, Félix tirou a adaga da bainha, apontou-a diretamente para ele e pressionou o botão na alça.
Foi em um piscar de olhos.
A lâmina balançou como se tivesse sido disparada.
James, que não teve tempo de reagir, tinha a adaga enterrada no fundo do sapato do pé direito. Ele tremia, sem se mexer. Certamente estava com muita dor, mas o choque foi muito mais forte.
Apenas olhando para baixo.
Fixamente para baixo.
— Oops. — Foi Félix quem quebrou o silêncio. — Meu dedo escorregou, que chato.
Félix, que cuspiu uma mentira com uma aparência bastante natural, encolhe os ombros e joga o cabo na grama. James está pálido, arregalando os olhos.
— Você vê como é fácil sofrer um acidente?
— Eu… Me desculpe, me desculpe.
— James, não aja como se você quisesse visitar os tubarões.
James não conseguia olhar diretamente para Félix… Ao mesmo tempo, os olhos de Isaac se estreitaram quando ele olhou para eles em completo silêncio.
Tubarões? O que isso significa?
Ele não sabe.
Mas Benjamin, sentado nos braços com a cabeça no ombro, parecia conhecê-lo bem o suficiente: — Ele também vai alimentar os tubarões conosco?
Perguntou inocentemente.
Graças a ele, James ficou tão nervoso que chorou…
— Tire isso e entregue a Tony.
— … Sim
— Está despedido.
No final, Félix disse isso sem se virar para olhá-lo novamente. James abaixou os ombros como se o mundo de repente desabasse sobre ele. E logo deu um suspiro de alívio… Claro, mesmo que o demitisse e arruinasse os seus dedos, ele teve muita sorte.
Isaac mordeu os lábios, sem esconder sua culpa… Mas Félix não disse nada. Em vez disso, como se o episódio passado e o peso de seus feromônios Ômega nunca tivessem existido, Félix sorriu brilhantemente e se aproximou dele para pegar Benjamin no colo.
Isaac não percebeu como tinha sido tão fácil para ele.
— Você quer dar outro passeio no pônei?
— Sim!
Quando o colocou de volta no pônei e ajustou as correias de segurança, Benjamin gritou com tanta emoção que Félix imediatamente riu.
Isaac não teve escolha senão olhar.
Depois que a festa terminou em segurança e a bagunça da casa foi concluído em certa medida, as pessoas no jardim relaxaram rapidamente.
Foi meio estranho.
Era um jardim familiar tranquilo, com a típica luz do sol da tarde. Algo bastante calmo, de fato. Bonito.
Isaac fica à sombra de uma enorme árvore, braços cruzados e olhos fixos em Félix e Benjamin: O garoto estava montando um pônei sem dar a menor intenção de se cansar, e Félix estava animado por estar assim com ele.
Era um silêncio evidente, porém… Isso é algo que qualquer um podia notar apenas prestando um pouco de atenção.
— Você comeu alguma coisa durante esse tempo todo?
Uma voz mandona apareceu ao lado de um Isaac que continuava refletindo sobre cada um de seus movimentos. Ele desvia o olhar do filho e finalmente a vê: ela parece bastante cansada devido a toda movimentação da festa, mas seu espírito é definitivamente forte. Uau, cuidar de uma criança não é uma tarefa fácil e certamente será pior para alguém mais velho. Seu coração ficou pesado e ele lamentou muito honestamente. Ela lhe dissera muitas vezes que não se importava, porque estar com seu neto era sua maior felicidade… Mas como não podia ele mesmo fazer isso?
Havia pensado em contratar uma empregada doméstica e uma babá também, mas isso nunca parecia ser suficiente. Fora que também não se sentia seguro… Além disso, há Benjamin e suas idéias esporádicas de que ele precisava de um pai presente. Um ambiente muito mais familiar do que já teve um dia. Mas sabia que também não podia fazer nada disso.
De alguma maneira, é impossível organizar uma vida que já era instável.
— Isaac?
— Oh, não… Mas se você está com fome deveria entrar. Eu irei logo em seguida.
Isaac respondeu enquanto lutava para deixar de pensar… Mas, como sempre, sua mãe sabe muito bem o que está acontecendo com ele e faz uma expressão facial bastante complicada. Estava tão ansioso que nem pensava em comida.
— Por que você sempre tem que sofrer tanto? — Perguntou.
— Você não precisa sair assim. Parece encantado de estar com Benjamin depois de uma longa ausência. Vamos jantar! Se estiver tudo bem para você, também deveria convidar o Félix.
Isaac arregalou os olhos diante de sua estranha proposta. Em primeiro lugar de, Félix? Félix sem qualquer honorífico antes? Félix assim do nada?… Por que convidaria ele!? Eles conversaram quando ele estava fora ou apenas estava sendo gentil? Ela tinha contado sobre Benjamin? E se agora ele…?
Não, não parecia que esse era o caso…
Isaac exalou brevemente com uma ansiedade terrível e logo depois, sacudiu a cabeça e tentou parecer que estava relaxado.
— Não, assim já tá bom. É sério que tenho que ir logo…
— O que você disse? Vamos jantar?
Uma voz forte veio do pátio. Isaac teve que endurecer os ombros e fingir, da melhor maneira possível, que nada estava acontecendo dentro ou fora de sua cabeça… No entanto, Isaac, que voltou os olhos pra ele, se surpreendeu de maneira bastante diferente do habitual: o garoto havia adormecido e Félix o segurava de uma maneira bastante carinhosa em seus braços. A cabecinha estava bem ajustada, as mãos seguravam a camisa.
Respira lento e, às vezes, suspira.
— Dê para mim.
— O quê?
— O Benjamin, me dê.
Isaac imediatamente se aproximou de Benjamin e estendeu as mãos, mas Félix diz não balançando a cabeça.
— Tá tudo bem, deixe ele comigo… Eu vou levá-lo para a cama, posso?
Isaac ficou sem palavras e esqueceu o que queria dizer… Então sua mãe se aproximou dele. Ela riu e acariciou os cabelos dourados de seu neto.
— Deve ter se cansado muito. Estava tão animado por ter uma festa de aniversário que na verdade nem dormiu direito. Ele sempre tira sonecas, mas hoje não fez.
— Ele estava no cavalo, mas de repente começou aos balançar a cabecinha. Eu o abracei e ele adormeceu imediatamente.
— É realmente muito gentil da sua parte, obrigada.
— Você não precisa me agradecer, está tudo bem… Eu queria segurá-lo.
Isaac estava gelado de novo. Ele é um homem de atitude arrogante e sem vergonha com qualquer um e em todos os malditos momentos! E agora, justo agora e com sua mãe, ele decidiu agir assim…
Isaac, que tem um sentimento bastante desconfortável, olha para cima e percebe que Félix não pode tirar os olhos de Benjamin. Realmente tinha ficado paralisado! Quem poderia pensar nele como um traficante de armas e um homem da máfia que deixa uma pessoa sem dedos quando sorri desse jeito como um gato? À primeira vista, ele é literalmente como um homem rico e irritante… Mas, infelizmente, sua mãe já estava completamente derretida por ele.
O olhar dela era brilhante.
Ele não se sente bem.
— Félix, você falou sobre o jantar, certo? Você gostaria de ficar e comer com a gente?
Não foi surpresa que sua mãe tenha dito isso.
Isaac franziu a testa e levantou a mão para tentar novamente:
— Mãe, eu não-…
— Como eu poderia recusar?
Enquanto ele bufava e fazia o possível para afastá-lo de casa, Félix sorria para a mulher… Ele é um rosto bonito, com uma expressão brilhante e tão doce como algodão doce.
— Oh, isso é maravilhoso. E tenho certeza que Isaac também está feliz com isso, não é mesmo?
A mãe de Isaac com certeza o olhou, já que ele estava com o rosto completamente vermelho. O que há de errado com essa mulher? Sentiu um tremendo desconforto na garganta e ainda não conseguia cuspir.
— … Muito obrigado, senhora. De verdade.
E assim, Félix caminhou em direção à casa novamente. Arrogante e bonito. Mas sua mãe ainda está perdida na imagem de Félix e Benjamin, que dormem pacificamente em seus braços.
Parece… Que sempre teve expectativas e desejos que nunca disse a ele.
— Mãe…
— Eu não sei o que fazer para o jantar, caramba… eu vou ter que improvisar.
Sua mãe correu para a entrada e abriu a porta da cozinha imediatamente, ela estava mais preocupada com o menu do jantar do que com o constrangimento de seu próprio filho.
— O que você gosta de comer, Félix?
— Sra. Parker, eu não me importo por que como qualquer coisa. Além disso, tenho certeza que sua comida é mais do que deliciosa.
Ele estava no modo “Casanova”, então conquistaria sua mãe sem fazer o menor esforço… Enquanto isso, Isaac estava lá, tentando aliviar uma terrível dor de cabeça. Definitivamente, isso não deveria ter terminado assim.
Isaac nunca teve histórias sobre si mesmo. Em vez de ser um homem falador, era mais um homem de ação.
Pelo fato de conhecer a sua personalidade, Félix nunca questionou sua vida privada. Inclusive, na realidade quase nem fazia perguntas sobre isso…
Tinha se dedicado apenas a uma pequena investigação em segredo: ele era um florista, sua mãe morava em La Jolla, tinha um filho e pessoas o perseguiam.
E agora percebia que descobria a um Isaac que ninguém mais conhece, foi uma sensação muito agradável.
— Nessa aqui ele está realmente lindo.
Félix apontou para uma foto onde se podia ver um Isaac bastante jovem. Um bebê de cerca de um ano de idade, sentado quieto, com um dentinho exposto. Não é de surpreender que Isaac, mesmo quando criança, fosse tão sério quanto agora.
Com um olhar curioso, Félix observou cada parte do álbum de fotos trazido pela mãe de Isaac… Jessica Parker para todos, mas para Benjamin é ‘Vovózinha Pina.’
Depois de jantar em sua casa de maneira descontraída, comendo biscoitos, frutas e chá quente… A verdade é que ver Isaac como um bebê era a coisa mais divertida que poderia ter acontecido com ele.
Embora nunca tenha imaginado inteiramente, a infância de Isaac foi tão encantadora que teve que aguentar a vontade de pedir o álbum inteiro. Estava muito apaixonado por esse homem, então toda vez que o via, mesmo que fosse na forma de um bebê babando com um único dente em enormes gengivas cor de rosa, ele parecia tão lindo que estava cheio de um intenso desejo de mordê-lo, beijá-lo e apertá-lo até morrer…
Félix tentou guardar todas as imagens do álbum em sua cabeça. Infelizmente, quando chegou aos dez anos e virou a próxima página, o álbum estava vazio.
— Eh?
Félix, que queria mais, imediatamente expressou seus sentimentos tristes. Como era Isaac na adolescência? Estava curioso demais e parecia não haver sinal de que seria saciado tão cedo.
— Eu não tenho mais fotos dele. — Jessica Parker sorriu amargamente ao olhar para a última foto do livro. — Eu me divorciei quando Isaac tinha dez anos, o pai dele ganhou a custódia e ele quase nunca me deixou vê-lo… No final, decidi continuar minha vida e me mudar para Washington. Devido a isso, vê-lo foi ainda mais difícil. Já dá pra imaginar o que aconteceu quando me mudei para Seattle.
Jessica Parker descreveu a história toda em uma voz suave, aproveitando o fato de que eles estavam sozinhos.
Depois de acordar, Benjamin os acompanhou para jantar. Ele bebeu leite, comeu um pouco de geléia e, em seguida, Isaac disse que lhe daria um banho e depois o levaria para a cama para dormir. Enquanto isso, Félix ficou lá, ouvindo essa e aquela história e vendo seu álbum infantil.
Félix olhou para Jessica Parker e se inclinou para mais perto dela.
— Às vezes recebia um telefonema dele, mas ele entrou no ensino fundamental e logo em seguida no ensino médio e eu não pude mais entrar em contato com ele. E então, quatro anos atrás…
Jessica Parker suspirou brevemente e olhou para o Isaac da fotografia. Seus olhos negros tremeram por um momento, como se ela fosse começar a chorar… Félix continuava quieto. Estava mantendo a boca fechada.
— Ouvi dizer que o pai de Isaac havia morrido há muito tempo. Isaac… Embora seu pai tenha morrido, morava sozinho. Ele nunca me disse nada e não entrou em contato comigo nem uma vez. E então me contou que havia descoberto meu novo casamento e por isso não queria interferir.
Félix silenciosamente ergueu a caneca e umedeceu os lábios com o chá quente.
Ela suspirou.
A história continuou novamente:
— Eu decidi procurar a Isaac, comecei procurando por conta própria.
— Ha…
— Mas não conseguia encontrá-lo. Ele sempre foi muito bom em se esconder, sabia?
Jessica Parker, que ainda estava vendo o álbum, silenciosamente o cobriu com as duas mãos. Em seu rosto enrugado, até os arrependimentos tardios e anos de culpa começam a aparecer.
— O que aconteceu quatro anos atrás?
De repente, Félix fez a primeira pergunta da noite. Jessica Parker finalmente mostrou suas emoções com um rosto calmo.
“Isaac… Apareceu inesperadamente. Estava na minha porta, com um bebê muito pequeno nos braços. Eu… eu estava tão feliz que não perguntei nada a ele. Benjamin e Isaac são como um sonho para mim. Eu não teria desejado nada mais.
— Posso perguntar por que seus sobrenomes são diferentes?
Jessica Parker pareceu um pouco envergonhada quando Félix fez essa outra pergunta. O sobrenome de Isaac era Sinclair. Isaac Sinclair… O nome dessa mulher é Jessica Parker. Benjamin Parker.
À primeira vista, parece que nenhum deles tem nada a ver com Isaac.
— Meu sobrenome mudou quando me casei pela segunda vez. Isaac me pediu para registrar o garoto como Parker.
Félix esfregou o queixo sem apagar os sentimentos.
— Então… O que aconteceu com a mãe de Benjamin?
Jessica Parker, que ouviu a terceira pergunta, sutilmente deu um sorriso estranho.
— Eu não sei nada sobre isso, então não posso responder.
— … Bem, então Isaac desaparece quando ele faz dez anos e volta para você há quatro anos com uma criança. O que ele fez durante esse tempo?
— Ele me disse que se formou na escola e que conseguiu um emprego imediatamente depois.
Félix ergueu as sobrancelhas…
Segundo Tony, depois de se formar em uma escola comum, ele trabalhava como estagiário em uma empresa ainda mais comum. Começou a trabalhar diariamente e depois teve um bebê de uma pessoa desconhecida. Foi morar com a mãe por um tempo, administrando uma floricultura surrada na esquina do centro de San Diego.
Um florista que faz buquês feios.
Um florista que vive escondido da perseguição de alguém.
É suspeito… Ele sabe disso. Mas sua mente não está funcionando corretamente ultimamente, então parece que está apenas andando no escuro.
Félix decidiu afogar suas mágoas com chá.
— Você é o primeiro amigo que Isaac traz para casa… O primeiro amigo que conheço há anos.
— Sim?
— Ele só tinha o trabalho e Benjamin. Eu estava preocupado com ele.
— Bem… Eu ainda estou preocupadado com ele.
Não sabe no que se meteu, mas alguém perigoso está definitivamente perseguindo-o… E era óbvio que não lhe contaria nada sobre seu passado ou sobre a mãe de Benjamin!
Caralho.
— Isaac, bem vindo de volta.
Jessica Parker, que parecia bastante com Isaac, disse isso em voz alta. Como se quisesse avisá-lo de que era hora de ficar em silêncio.
Félix olhou para onde os olhos da mulher estavam apontando e eles ficaram estáticos por um longo tempo em Isaac. Ele tinha uma aparência sombria como o céu noturno. Parou de andar, bem no meio da escada… E Félix, que o encarou com bravura, começou a rir.
Isaac, quantos segredos você está escondendo? Até quando?
Ele já estava um pouco animado, colocando grandes expectativas nele. Pensando em muitas coisas e tirando suas próprias conclusões… Mas ainda fingia não saber de nada.
Sorriu, esperando que fosse até ele.
Continua…
Nota da tradutora:
Arnês[1]: Equipamento completo de um cavalo de sela ou de tiro.