Querido Benjamin - Capítulo 04
A essa altura, Jack estava submerso em seus pensamentos.
A pessoa que dormia na frente dele era incrível em todos os sentidos da palavra. À primeira vista, era um rosto que o lembrava de alguém.
Um problema completo.
— Com quem se parece?
Jack, sentado com o queixo na mão, perguntou isso ao homem que se agachou ao lado dele.
— A Madonna.
O subordinado responde sem hesitação.
Uma das sobrancelhas de Jack sobe imediatamente.
— Madonna?
Certamente era assim que Madonna era. Uma loira deslumbrante, pele imaculada. Ah, também se parecia com Marilyn Monroe… Ou algo assim. Ele pensava em jovens atrizes que se pareciam assim… Mas certamente o personagem na frente deles era como uma atriz clássica, porque tinha cabelos dourados e brilhantes. Pele de mármore, linda…
Assim como alguém.
Então a porta se abre e estranhos olhos azuis entram em sua linha de visão… Jack se levantou e deu um passo para trás. Um garoto bonito, alto e parecido com Madonna ou Marilyn Monroe , rapidamente se aproximou e ficou na frente dele. Seus olhos prussianos estavam fixos na cadeira, no mesmo ponto em que Jack estava olhando.
(N/T: pra quem não entendeu essa discrição, assim q o Félix entrou e se aproximou, os caras relacionaram a aparência dele, também, com Madonna e Marilyn Monroe.)
Era uma criança dormindo, suspirando.
— O que é isso?
Félix franziu a testa. Jack respondeu:
— Foi o que você pediu.
— Quando eu te disse para trazer um bebê?
— Nos disse para trazer Benjamin e foi isso que fizemos!
— Espere… é este ‘Benjamin’?
Seus olhos ficaram escuros. Era um olhar irritante e agressivo… O que demonstrava quando estava prestes a explodir.
— Ele é Benjamin, não há erro.
A resposta de Tony foi como um suspiro por detrás de Félix. No entanto, não conseguiu chamar a sua atenção, e seus olhos, como uma navalha, foram presos na criança adormecida. Loiro, com cabelos prateados, pele branca e macia, bochechas vermelhas encantadoras e lábios rosados que se separavam. O garoto, que exalava e inspirava fluidamente, era a definição completa do belo e encantador. De forma a crer, inclusive, que foi um anjinho que caiu do céu. É tão bonito que, inclusive, quando você o olha, o olhará infinitamente.
— Bem, desde o começo, de onde você tirou essa abóbora?
Era uma pena que ele não fosse visto como um anjo aos olhos de Félix.
Tony suspirou novamente e abriu a boca. No entanto, a explicação não foi complicada: como resultado do rastreamento do endereço usando alguns cartões enviados por Isaac, pôde conclui que todos chegaram à mesma casa. Eles eram fontes confiáveis. Benjamin, que acabou de completar três anos este ano, mora com a avó em uma cidade do norte de San Diego chamada La Jolla, sem pais. De qualquer forma, Jack exagerou, dizendo que era muito difícil roubar um garoto da pré-escola. Inclusive até chorou dizendo que tinha comprado Benadryl porque o garoto tinha alergias.
Isso é um completo desastre.
Embora a ordem fosse para pegar um homem chamado Benjamin, era um crime ainda pior se tratando de uma criança… A essas alturas, já devem terem contatado sua avó e Isaac. Se ele se preocupa com esse garoto a ponto de lhe enviar cartões diariamente, agora com certeza está à beira do pânico. Cedo ou tarde, o Alerta AMBER pode aparecer em todo o bairro.
— Caralho.
Quem pensaria que Benjamin, o personagem principal na carta do homem que está interessado, era na verdade um garoto de 3 anos?
— Então Isaac é seu pai?
— Nada foi confirmado ainda. Mesmo se olharmos o certificado de relacionamento familiar, ele não aparece no registro. Estamos apenas… Com uma leve sensação de que eles são família.
As sombrancelhas de Félix estavam arqueadas.
— Impossível.
— Sim. Quanto mais você olha, mais estranhas são as coisas. Não existe um relacionamento familiar documentado, mas ele oferece apoio constante.
— Financeiro, eu acho.
— Isso mesmo.
As despesas de moradia e as despesas com o criança eram enviadas o tempo todo, mesmo que por períodos irregulares. No entanto, ele faz isso com um nome e uma conta diferente. Aparentemente, estava tentando esconder sua identidade.
— Deve haver uma história interessante por trás disso… quero dizer, criar um filho. Sozinho e ao lado de sua mãe. Sem nenhum registro familiar e sendo florista. — Quando esfregou o queixo e olhou para o garoto, Félix suspirou novamente.
(N/T: E daí? Qual é o preconceito mermão? Ser florista não é defeito!)
— Ele pode ter lhe patrocinado. Afinal, é uma criança sem pais.
— Parece que ele vive muito bem apenas sendo patrocinado.
— Você disse que vivia em La Jolla?
Falando em La Jolla, era um lugar muito bom em San Diego. A cidade, que fica ao longo da praia, é linda e cheira a gente rica. Era um bairro que dava a sensação de “classe alta”, mesmo quando se olhava por um beco… Como um órfão mora em terras tão caras? Por que Isaac, que administra uma lojinha de flores, pode comprar uma casa assim? Ele realmente o patrocinou? Nem pode fazer um buquê, quantos clientes alguém assim pode ter? Parecia estar pagando o aluguel… Inferno, o que eles deixaram passar?
— A única coisa em que podemos pensar é que o florista é o pai da criança ou a família direta do garoto.
Félix rosnou.
Depois de ouvir a explicação, ele ficou ainda mais irritado do que antes. Quem imaginaria que haveria uma criança escondida? E de Isaac! A carta que escreveu com toda a sinceridade… Foi endereçada a um menino de 3 anos.
— Porra, como é que nosso Querido Benjamin acabou por ser um garotinho?!
Era um momento em que ele não aguentava mais, então apenas gritou de frustração… E seus funcionários ficaram chocados com isso, eles arregalaram os olhos e colocaram os dedos nos lábios dele.
Quase o censurando em coro: — Shhh!
— Isso é loucura! O que merda pensam que estão fazendo?
Félix também arregalou os olhos e olhou fixamente para todos… Então o garoto, que estava dormindo ao lado dele, moveu as pálpebras e os lábios para emitir um som muito semelhante a um ‘HIC‘… Ninguém sabia exatamente, mas também começaram a ouvi um som de “bip, bip, bip” porque todos os celulares dos que estavam na sala, começou a tocar ao mesmo tempo.
Inferno, sua cabeça era barulhenta. Certamente seu tímpano estourará!
Félix abruptamente tirou o telefone do bolso da calça. Não é de admirar que tenha sido o alarme de sequestro do Alerta AMBER. É um sistema que envia mensagens de texto para telefones celulares quando um relatório de uma criança desaparecida é denunciado.
Clicar nas informações mostra o número do veículo que levou a criança… Enquanto isso, os outros ficaram sobrecarregados tentando reduzir o ruído de alguma forma.
O som do alarme não cessou, na verdade aumentou bastante.
— Este é o Tony!
— É o número do seu carro!
Em lugar de não ter ninguém que o ensultara, Jack riu e zombou dele o bastante. O som de suas vozes e gargalhadas era mais alto que o som de aviso dos celulares tocando em todas as direções… Era natural que a testa de Félix franzisse ferozmente diante de tantos escândalos. Tony virou a cabeça como se soubesse que estava em um limite perigoso, e imediatamente os outros homens começaram a sentar e aguardarem em silêncio.
Mas agora o garoto começou a chorar.
Jack pulou rapidamente e sorriu para ele: — Você está bem? Por que um bebê tão fofo chora?
Nada.
— Quer leite? Tá sentindo dor em algum lugar
Félix observou tudo o que Jack fazia… No entanto, o homem que se parece com um grande urso pardo se sacode sem parar na frente de um garoto que não para de mexer as pernas e os braços… Ele chora enquanto o outro fala e depois o Alerta Amber soa novamente. Com os olhos fechados, cerrou os punhos e suspirou porque sentiu o pescoço latejar. Sua cabeça estava prestes a explodir!
— Foi por isso que dissemos para aguardar silenciosamente.
Tony suspirou suavemente. Félix, que estava tapando os ouvidos, aproximou-se do garoto como se não pudesse suportar por mais um minuto. Não importava como era o rosto dele, a energia escura que fluía por suas mãos e escurecia o ambiente oprimindo todo mundo em seus assentos, o incomodava. Houve um momento em que Tony e Jack correram ao mesmo tempo e o bloquearam quando Félix parecia prestes a bater nele com o punho.
(N/T: Rançooooo mortal do Félix!)
— Chega!
Félix, em pé na frente do garoto, ordenou isso com uma terrível frieza. Era uma voz muito forte… O garoto parecia curioso sobre isso porque, de repente, levantou o rosto. Suas bochechas estavam encharcadas de lágrimas e o nariz tinha muitas secreções transparentes. Enormes olhos irritados olhavam Félix de cima a baixo…
O rosto do garoto que estava tentando parar de chorar parecia muito com o rosto de Félix. O loiro cintilante, os olhos claros, azul da Prússia. O garoto também estava incrivelmente pálido.
— Não se parece com Isaac, não importa o quanto você olhe para ele.
Tony olhou para Félix, seus olhos quase vazios. De fato, Isaac era o homem perfeito para o gosto de Félix. Não é muito pequeno, mas é musculoso e forte. Tinha cabelos e olhos escuros também. À primeira vista, você pode nem perceber, mas depois…
— Chefe, você não vê?
— Tony, com quem você acha que essa abóbora se parece?
Félix se afastou do garoto que estava chorando novamente. Logo, ele parecia irritado mais uma vez, então perdeu toda a coragem que havia construído um segundo atrás. Em vez de dizer “com você”, como ele queria, terminou dizendo:
— Marilyn Monroe… Madonna ou algo assim.
— Bem, então, a mãe do garoto é Madonna ou Marilyn Monroe. É muito mais fácil assim, porque uma já está morta.
Tony se sentiu muito pequeno na frente de Félix, que estava olhando seriamente para o garoto.
Os caras ao seu redor pensam o mesmo que Tony: não há homem que seja assim tão bonito, com olhos azuis profundos e cabelos loiros brilhantes… Por outro lado, as dúvidas inevitavelmente sobre Isaac crescem ainda mais. Eles não são estúpidos. A primeira coisa que deduziram é que Isaac estava resguardando seu filho de algo importante: o filho de Félix, que estranhamente ele não sabia.
O que se passou com a relação daquele garoto com Isaac? Qual era a relação entre o garoto e Félix? Félix com Isaac? Isaac com Felix?
Aaah! Nada disso fazia sentido!
O garoto tem que se parecer com o pai, esse era o poder dos genes italianos… E agora o garoto diante de seus olhos gritava que ele era familiar a Félix. Além disso, também é óbvio que a criança é um alfa. São coisas que sentem.
É impossível para um Beta dar à luz a um Alfa. Um Alpha dominante só sai da produção de um Alpha com um Ômega… Então todos, exceto Félix, estavam se sentindo muito tontos estando alí.
Em outras palavras simples, se eles continuarem a aceitar a imagem que já têm de Isaac, que era conhecido como beta por seu chefe, isso significaria que ele não poderia ser o pai de Benjamin… E a confusão volta novamente, porque parecia que Isaac e Félix nunca havia se encontrado antes!
Quem é o pai? Quem é a mãe?
Tony realmente não sabia quando começou, apenas lhe ocorreu por instinto que Isaac era o Ômega que seu chefe não se lembrava… Agora a teoria está mais do que confirmada.
Benjamin é o filho de Félix. Quero dizer, é uma criança que parece uma coincidência? Coincidência?
Quando Tony estava prestes a dizer isso, Félix franziu a testa e virou-se para o garoto:
— Você é mesmo Benjamin?
***
— Você é mesmo Benjamin?
Félix, parado na frente de um garoto de três anos que havia deixado de chorar por um momento, perguntou isso com uma voz bastante digna.
De repente, o levam a um lugar estranho, o sentam em uma poltrona cercada por guardas na frente de um homem aterrorizante e perguntam o nome dele. Que tipo de absurdo é esse? No entanto, o garoto olhou para o personagem que parecia com ele e assentiu. Era um rosto brilhante e bonito.
— Quantos anos você tem?
— Três anos!
O garoto respondeu em voz alta enquanto levantava a mão para mostrar três dedos. Ele estava muito orgulhoso de poder contar a idade sozinho, então sorriu muito.
— E teu pai?
— Pai?
— Sim, quem é seu pai? Onde ele está? Você sabe onde ele trabalha?
— Sim, em um lugar cheio de lindas flores!
O garoto, que estava chorando, de repente fez uma cara muito brilhante quando falou sobre seu pai. Ele frequentemente estica os braços, balança a cabeça e responde com bravura… Sua voz era fluida, mas rouca desde o momento em que gritava. Era tão fofo que os funcionários relutavam em parabenizá-lo e aplaudi-lo cada vez que respondia corretamente.
No entanto, ao contrário deles, Félix tinha uma aparência aterrorizante.
— Sério? O nome do seu pai é Isaac?
— Meu pai é meu pai.
O garoto respondeu rapidamente novamente, com orgulho.
É óbvio que esta abóbora não entende adultos e tentar falar com ele será perda de tempo. Ele deu de ombros e disse que estava bem. Isso não importava. No momento em que perguntaria sobre sua mãe, a porta de repente se abriu com um único golpe e um homem alto, espirrando suor e ofegando como se tivesse corrido uma maratona, adentrou com tudo sem dizer nada.
Graças ao menino angélical que estava agora na cadeira, os funcionários, que foram estimulados ao máximo, pegaram uma pistola refletora e imediatamente a apontaram para a cabeça do homem que entrou. Ouve-se o som do ferro, em seguida de um “clique” quando liberaram o dispositivo de segurança. Não sabiam que tipo de sujeito era ou como ele havia conseguido se infiltrar na casa de Félix.
O homem loiro, meio surpreso e meio assustado, não conseguiu falar.
Só então quando se escultou:
— Papai!
Ao mesmo tempo, o garoto que permaneceu sentado desceu e correu tão rápido como se fosse Seok-Hwa Jeong[1]. Certamente aconteceu tão rápido que ninguém poderia pegá-lo! Com a boca entreaberta, o garoto alcançou a porta e correu para o homem afim de pular e abraçar seu pescoço. Ele começou a chorar novamente.
Afinal estava sozinho, em um lugar desconhecido. Ao ver o pai foi como se a tensão finalmente explodisse.
— papai…
— Benjamin — Isaac também abraçou o garoto com as duas mãos. Ele estava lá, com os joelhos no chão. Segurando o garoto em seus braços quando fechou os olhos e suspirou. — Obrigado…. Graças a Deus…
Um “graças a Deus” é ouvido muitas vezes, como um leve murmúrio. Se alguém vê a cena, inevitavelmente pode sentir uma dor desconhecida. É claro que sequestrar uma criança era um crime que não podia ser perdoado. Félix esfregou a testa com um olhar envergonhado.
— Eu…
— Que diabos é isso!!?
No entanto, quando Isaac, que levantou os olhos para olhar pra cima, gritou… Parecia que todo o ar se encheu de uma aura pesada e aterrorizante. Queria matar Félix! Realmente parecia que o destruiria na sala de estar! Os olhos afiados do homem, escuros como um abismo, até o fizeram tremer.
Quando abraçou o menino e o carregou, seus músculos estavam maravilhosamente marcados em todos os lugares. Podia imaginar claramente como Isaac chegara àquele lugar tão rapidamente… No entanto, musculoso e tudo, Isaac dava toda a ilusão de ser uma mãe amorosa cuidando de sua cria. Absolutamente zangado que o bebê tivesse sido retirado do ninho.
Félix, que o olhou em silêncio por alguns minutos, olhou em volta e disse: — Mas o que foi que aconteceu aqui? Quem foi o inútil que fez isso? Por que me trouxeram uma criança nesse lugar? Sabem o quão aterrorizantes são os sequestros? Fizeram esse pobre homem correr desesperado!
Os homens não fazem ideia do que ele está falando… Não foi ele quem pediu para pegá-lo? Realmente queria colocar toda a culpa neles? Inaceitável!
— Mas, senhor… você era quem…
Félix ficou instantaneamente enfurecido, com fogo em seus olhos, expulsou os homens da sala sem dizer uma única palavra… Foi aterrorizante! Mas Tony, que na verdade aprendeu a não fugir por causa de coisas tão insignificantes como essa, virou-se para Isaac em vez de ver seu chefe: alí estava o que não tinha visto na floricultura por tentar dar a eles o seu espaço… O homem estava olhando Félix com estranhos olhos brilhantes, como se na realidade não estivesse realmente bravo com ele, embora já devesse estar chutando-o. Havia se dado conta disso? De que estava hipnotizado por ele? Certamente não, ou teria evitado o que quer que fosse.
— Por que você também não vai?
A inspeção de Tony não durou muito… Tony se viu sacudindo os ombros com a voz abrupta de Félix. Respondeu:
— Você quer que eu vá?
— Tenho uma coisa sobre a qual quero falar com Isaac. Saia daí e espere do lado de fora.
Tony se moveu sem dizer uma palavra.
Isaac ainda abraça Benjamin, e Félix, que é extremamente consciente de Isaac, finge ser casual e legal… Foi a primeira vez que Félix foi casual e legal com alguém!
Quem poderia imaginar Félix Prixel, o homem insaciável e perigoso, apaixonado por uma florista? Era o mesmo homem que a pouco ficou louco na cama e agora estava sorrindo como um idiota?
Depois de sair da sala, Tony fechou a porta silenciosamente.
Continua…
Nota da tradutora:
[1]Seok-Hwa Jeong: é um jogador de futebol de Busan conhecido precisamente por correr muito rápido.