O Primeiro Mandamento - Capítulo 17
A tela do celular mostrava 4 da tarde. Aleksei havia tomado o celular de Ivan pouco depois das 3h20, e Bogdan havia dado a Ivan um prazo de uma hora. Isso significava que Igor chegaria ali em breve.
Nesse curto período, ele havia feito bastante. A primeira coisa foi inspecionar a mansão, diferente da de Igor, ele raramente visitava a casa de Ivan, então havia muitas áreas desconhecidas para ele. O único local familiar era o porão, onde Alexei, ocasionalmente, deixava coisas em nome de Vadim: ainda assim, é alguma coisa. Graças a isso, Valery vai conseguir fugir.
Por um breve momento, Alexei se perguntou se ele havia saído em segurança, mas logo afastou o pensamento. Agora é assunto de outra pessoa. A palavra “desconhecido” soava estranha e deixava uma sensação de vazio em seu peito, então para distrair-se, manteve-se ocupado. Enquanto memorizava a estrutura da casa, verificou quem mais estava ali. Parecia que Igor havia convocado a maior parte das pessoas, pois, além de três ou quatro guardas na entrada, a mansão estava praticamente vazia. Como eram estúpidos, não foi tão difícil evitá-los.
Em seguida, ele procurou o máximo de armas que pudesse encontrar. O resultado foi satisfatório: alguns carregadores compatíveis com a Beretta de Ivan, uma faca militar e uma espingarda semiautomática de caça que o homem havia guardado. Também havia munição de calibre 12 em quantidade razoável. Isso vai ser suficiente.
E agora estava ali. Alexei observou pela janela enquanto esperava Ivan, que estava amarrado à cadeira, despertar. O caminho da montanha visto do segundo andar da mansão parecia calmo e silencioso. Talvez fosse a última vez que contemplaria essa cena, pensou. Apesar de ter vivido uma vida sempre à beira da morte, Alexei nunca havia refletido seriamente sobre a própria morte. Ele sabia do perigo, mas o desejo de sobreviver sempre foi mais forte. Se morresse, Valery ficaria triste, e a ideia de uma criança sem proteção vivendo sozinha era algo que ele jamais poderia aceitar.
Agora, sem essa “obrigação” que o mantinha preso, Alexei finalmente podia pensar sobre o fim. Haveria algo depois da morte? Ele não acreditava, mas, curiosamente, Igor e muitos dos outros membros da organização tinham uma fé surpreendentemente forte no pós-vida e em Deus. Os bandidos mexicanos que lhes causaram tantos problemas antes da chegada de Khaleesi Winter pensavam da mesma forma. Esses tipos de pessoas pareciam sempre se voltar para a religião, acreditando que os critérios para entrar no céu se aplicavam a eles. Os imbecis matam sem pensar duas vezes uma pessoa e acham que basta se arrepender.
Mas a morte era o fim de tudo. Toda percepção desapareceria, e o amor por aqueles que ficaram jamais seria sentido de novo. Não haveria como lembrar como aquela pessoa cheirava, como sorria, que voz usava para sussurrar ou como o calor de suas mãos tocava o seu corpo. Tudo isso seria perdido, tanto para quem partiu quanto para quem ficou.
Nesse sentido, Alexei achava que despedidas se assemelhavam à morte. Se um laço é cortado e duas pessoas nunca mais se veem, então, para ambas, o outro está morto, de certo modo. Agora, ele era um homem morto nos pensamentos de Valery, assim como Valery também estava perdido para Alexei. Ele havia perdido aquilo que lutou tanto para proteger e agora já não tinha mais um propósito. Alexei desviou o olhar da janela, embora sua vida não tenha sido longa, ele havia resistido por mais tempo do que o destino planejou.
‘Já vivi o bastante, me esforcei o suficiente.’
Assim que terminou de clarear a mente, Ivan, que estava amarrado, soltou um gemido. Alexei caminhou lentamente da janela até parar diante de Ivan. Quando sua sombra caiu sobre ele, Ivan, que estava com a cabeça baixa, piscou os olhos com dificuldade. O homem parecia estar completamente desorientado, provavelmente porque Alexei o havia nocauteado novamente quando ele tentou acordar antes.
—O que… o que está acontecendo?
Ivan murmurou, confuso. Como ele ainda não tinha recobrado totalmente os sentidos, Alexei decidiu despertá-lo por completo.
—O que você acha? Hoje é o dia da sua morte.
Com essa explicação direta, Alexei desferiu um tapa no rosto de Ivan. O som do impacto ecoou, fazendo a cabeça do homem virar para o lado sem resistência. Um prazer sutil se espalhou pelo rosto de Alexei. Cada vez que olhava para a cara de Ivan, ele tinha imaginado fazer isso centenas de vezes, e agora, realizar o ato trouxe-lhe uma satisfação genuína. Ele não tinha experimentado muitos momentos de alegria em sua vida, mas agora, no final de tudo, finalmente provou desse prazer. Ficou um pouco decepcionado por não ter feito isso antes.
—Se.. seu… desgraçado!
Ivan finalmente recobrou a consciência e com os olhos arregalados de fúria, ele se virou para Alexei. Vendo o olhar cheio de ódio em seus olhos, o prazer de Alexei aumentou ainda mais, Ivan tentou se mover, mas foi inútil. Diferente de Ivan, que era um imbecil, Alexei havia amarrado seus pulsos e tornozelos aos pés da cadeira com braçadeiras de plástico, além de ter amarrado seu corpo com uma corda que encontrou. Havia inúmeras formas de matar o desgraçado naquele estado, ele poderia pendurá-lo pela janela e vê-lo cair até se espatifar. Mesmo que Ivan não morresse, ficar paralítico já seria bastante satisfatório.
Mas, é claro, a maneira mais segura era matá-lo. Antes, Valery tinha interrompido seus planos, mas agora que Alexei havia cortado todos os laços emocionais, ele não tinha mais limites, nunca havia matado alguém, mas, se o alvo fosse Ivan, não haveria hesitação. Ainda assim, seria mais satisfatório matá-lo na frente de Igor.
Assim, Igor sentiria um pouco da mesma dor que eu senti.
—Você está acordada, princesa?
Ivan gritou em desespero, balançando o corpo. A cadeira apenas chacoalhou, sem cair nem quebrar, no fim, o único talento dele era ter nascido do pai certo. Adaptar-se rapidamente a situações adversas não era algo que ele sabia fazer.
—Me solta, seu filho da puta!
—Isso é uma coisa realmente estúpida de se dizer.
Alexei olhou para ele com desdém e, em seguida, agachou-se na frente de Ivan. Girando o facão militar que segurava o tempo todo, Alexei olhou para o homem irritado.
—Sorokin, agora mesmo… seu desgraçado, me solta! Eu vou mandar meu pai te matar imediatamente, me solte agora mesmo. Você não tem medo do meu pai? Hein?
—Você está confundindo as coisas.
Alexei deu uma olhada ao redor da sala e depois voltou a olhar para Ivan.
—Aqui, agora, somos só você e eu. Seus adoráveis seguranças estão com o seu pai, e os outros estão lá fora. Ninguém vai notar que estamos nos divertindo aqui por, pelo menos, mais alguns minutos.
Parecia que Ivan finalmente estava começando a entender a situação, pois ele escolheu tentar outro caminho. Ele gritou com toda a força:
—Alguém me ajuda! —Um grito desesperado, abandonando qualquer orgulho.—Tem alguém aí? É um intruso! Peguem esse desgraçado do Sorokin, agora!
O grito ressoou alto e irritante e como Alexei sabia que não podia arriscar, decidiu agir.
—Vou te dar três segundos para se calar. Um, dois…
Como esperado, Ivan não parou de gritar.
—Andrei! Pavel! Venham aqui, agora!
Pelo menos ele sabia o nome de seus próprios seguranças.
—Três.
Assim que a breve contagem regressiva terminou, Alexei enfiou com precisão a faca que segurava bem entre as pernas de Ivan. A lâmina perfurou o centro das pernas abertas, quase acertando seus genitais. Ivan, que estava gritando em pânico, arregalou os olhos e imediatamente calou a boca.
—Ah, errei porque é pequeno.
Com um tom desapontado, Alexei estendeu a mão. Segurando o cabo da faca, ele a puxou da cadeira em que havia cravado, falando com uma gentileza forçada a Ivan. Usar um tom tão cuidadoso, que ele costumava reservar apenas para Valery, com alguém como Ivan parecia um desperdício.
—Agora que sei exatamente onde está, posso cortar certinho.
—Ugh, seu bastardo maluco… … !
—Ah, e só agora você percebeu?
—Espera, espera…!
Sem hesitar, Alexei cravou novamente a faca. Dessa vez, não tinha a intenção de cortar nada, então propositalmente a enfiou em outro lugar. Mas o suficiente para assustar Ivan, que acabou mostrando algo que não deveria. Alexei riu alto ao ver um líquido começar a escorrer discretamente da madeira da cadeira, onde as nádegas de Ivan estavam apoiadas.
—Agora que vejo, será que você não é um alfa, mas um ômega? Não sei bem onde ouvi isso, mas…
Ivan ficou vermelho de vergonha, tremendo incontrolavelmente. Sua respiração estava pesada, claramente abalado pelo choque.
—Por, por que… por que você está fazendo isso comigo? Sou eu, Alexei! Você acha que vai sair ileso dessa depois de fazer algo assim comigo?
—Você já não ia me matar de qualquer maneira?
Ivan, surpreso, ficou em silêncio por um momento. Tentando desesperadamente pensar em algo, ele gaguejou uma resposta idiota.
—Claro, porque você é um traidor… mas… eu estava só planejando punir você, devia estar agradecido por…
Hik!
Antes que Ivan pudesse terminar sua frase, ele puxou a faca de novo. Sentindo o perigo, Ivan rapidamente mudou de tom.
—O que você quer?
—A senha.
Alexei balançou o celular bloqueado. Ivan, ao reconhecer seu telefone, contorceu os braços amarrados, tentando agarrá-lo.
—Se você implorar ao seu pai para te salvar, eu deixo sua parte pequenininha e fofa no lugar.
Em vez de entregar o celular a Ivan, levou-o gentilmente até o ouvido dele. Ivan virou bruscamente a cabeça.
—E como vou saber o que você está tramando? Não vou…!
—Vanya!
Alexei enfiou a lâmina diretamente entre as calças de Ivan. O metal frio penetrou pelo zíper e tocou seu penis, fazendo Ivan ficar rígido.
—Bom garoto.
Quando a lâmina cutucou sua parte íntima, ameaçando cortá-la a qualquer momento, Ivan estremeceu e finalmente disse a senha.
—434546!
Uma combinação realmente idiota, típica dele. Alexei desbloqueou o celular e deu uma olhada no histórico de chamadas. Ao ver o nome salvo como “papai” em vez de “pai”, ele levantou as sobrancelhas, já sabia que Igor protegia seu filho estúpido, mas talvez fosse essa a razão de Ivan ter crescido assim.
Alexei pressionou o nome. O sinal de chamada começou a soar. Igor atendeu depois de pouco tempo.
[Vanya, ouvi dizer que você capturou Alexei. Não o mate antes de eu chegar…]
Igor foi direto ao ponto, mas Alexei interrompeu-o com um cumprimento.
—Olá, Igor.
Houve uma breve pausa do outro lado da linha quando Igor ouviu a voz de Alexei no celular de seu filho. Felizmente, ao contrário de Ivan, Igor era rápido em entender a situação.
[Como tem passado, Alyosha?]
—Bem, graças ao trabalho que você me confiou.
Igor riu baixinho.
[O que você quer?]
—Bem, não sei.
Alexei fez uma pausa para pensar.
—Que tal se entregar à polícia? Ou talvez limpar o nome do Yuri e o meu. Não é uma recompensa muito grande para dar àqueles que trabalharam para você durante toda a vida, certo?
[Haha, não sabia que você também fazia esse tipo de piada. Acho que te entendi mal todo esse tempo. Deveria ter prestado mais atenção em você.]
Igor parecia estar enrolando.
—De resto, não tenho mais nada que desejar. Decida logo. Se não, você vai acabar encontrando seu querido filho no além.
[Você acha que eu vou acreditar nisso?]
—Você vai acreditar.
Alexei disse isso enquanto aproximava o celular do rosto de Ivan. Com um sorriso mostrando os dentes afiados, ele moveu a lâmina que estava escondida na calça. Ivan tentou resistir, mas quando a lâmina fez um pequeno corte em seu órgão genital, ele entrou em pânico e gritou.
—Pai! Me ajude!
Graças à ótima atuação de medo na voz, parecia que as coisas ficariam mais fáceis. Alexei voltou a colocar o celular no ombro e se afastou de Ivan.
—Estou te esperando, então entre sozinho. Seu filho vai ficar comigo a partir de agora, então não tente nenhuma gracinha.
[É decepcionante, Alyosha.]
Em vez de atacar Alexei, Igor falou com uma voz quase paternal.
[Eu te criei, mesmo sendo um garoto que deveria ser morto, e te levei a essa posição, e você retribui dessa forma. Se você não tivesse desobedecido minhas ordens e estivesse bancando o herói, nada disso teria acontecido hoje.]
—Como você soube?
Igor riu baixinho.
[Seu pai sempre fez isso. Os caras que eu tinha que eliminar desapareciam, mas eu nunca via os corpos. Se você e ele não tivessem agido como idiotas, vocês dois teriam um lugar garantido no meu império.]
Ele estalou a língua e, como se tivesse acabado de lembrar de algo, disse.
[O sangue não engana. Quando vi você sequer piscar ao ver seus pais morrerem na sua frente, eu coloquei grandes esperanças em você. Ivan é meu único filho de sangue, enquanto você sempre foi como um filho adotivo para mim.]
Quase a ponto de se enganar, Igor falou como se fossem uma família, com uma voz gentil.
[Ainda assim, vou te dar uma oportunidade. Se você voltar para o seio da família junto com Ivan, eu vou te perdoar. Estando encurralado, você pode fazer isso, sim. Eu posso te perdoar]
—Escute, Igor.
Ousando chamá-lo pelo nome, Alexei perguntou.
—Se eu matar Ivan aqui agora, você ainda vai me perdoar?
Igor, com uma voz agora sem risadas, advertiu.
[Vou fazer você implorar para que eu te mate.]
Com isso, Alexei sorriu.
—Viu?
Quem mataria um membro da família?
—Você já entendeu.
Quem perdoaria isso.
Com essas palavras, Alexei desligou primeiro o telefone.
***
Alexei carregou a espingarda que tinha guardada nas costas e desceu ao porão com Ivan. Seu corpo, que estava tenso, começou a ficar cada vez mais exausto devido ao esforço contínuo. Originalmente, ele planejava nocautear Ivan novamente para movê-lo, mas decidiu enfiar a cueca que Ivan usava em sua boca, e o amarrou antes de levá-lo ao porão. Qualquer resistência foi interrompida por uma pistola apontada diretamente para suas costas.
A escolha do porão era simples. Havia uma saída atrás, o que seria útil se a situação na mansão não se resolvesse, permitindo que ele fugisse com Ivan. Além disso, ainda não estava completamente escuro, então o porão era mais apropriado do que o ambiente claro da casa. Enquanto descia as escadas para o porão, Alexei não pôde evitar de pensar em Valery.
Ele já deve ter escapado.
Embora soubesse que isso era improvável, a ideia de que Valery pudesse estar lhe esperando no porão passou por sua mente. No entanto, não havia nenhum sinal de vida além da porta do porão aberta. Ele empurrou a porta levemente com o pé e a luz suave que preenchia o espaço não revelou ninguém, apenas um corredor que levava para fora olhava diretamente para Alexei.
Ao ver o corredor, Ivan tentou agir de forma imprudente. Ele provavelmente pensou que poderia escapar se corresse para lá, e assim que Alexei se distraiu, ele começou a correr. Alexei deu um curto suspiro e levantou a pistola que estava carregada e sem hesitar, ele mirou nas pernas de Ivan.
Com um estrondo, a bala atingiu a panturrilha de Ivan. Ele caiu, gemendo e se contorcendo, e Alexei o deixou lá. Ele fechou a porta e se encostou lentamente na parede. Como Igor não gostava muito do hobby de Ivan de brincar com Omegas, Ivan tinha caixas cheias de remédios e dispositivos estranhos empilhados aqui e ali. Graças a isso, havia bastante espaço para se esconder, como um armazém.
Embora não tivesse planos de sair vivo, era bom ter algum espaço para se esconder, já que precisava lidar com Igor. Ele examinou a parede antes de se dirigir à porta que levava para fora do porão. Ao lado da porta, havia um quadro de distribuição de energia. Ignorando Ivan, que ainda tentava desesperadamente sair mesmo com a bala alojada na perna, Alexei olhou para fora. Viu as marcas de pneus, o que indicava que Valery havia partido, junto com Ryan, sem olhar para trás.
No momento em que percebeu isso, uma onda de calor subiu pelo seu corpo. Quando pensou que a sensação tinha diminuído, o calor voltou, parecendo uma febre, e Alexei considerou que talvez não fosse um simples resfriado. Embora não soubesse a causa, parecia ser um efeito colateral da mudança de característica. Como não era um remédio comum, era natural que seu corpo estivesse se deteriorando.
O caminho para a montanha estava silencioso. Em um lugar tão calmo, sem ninguém por perto, Alexei percebeu que ele estava completamente sozinho. Ele lembrou de Yuri por um momento, mas mesmo que ele descobrisse sua localização, levaria um tempo até que chegasse até ali. Alexei, que olhava silenciosamente para fora, respirou fundo e fechou a pesada porta de ferro. Assim que a porta se fechou, o porão ficou bastante escuro. Naquela situação, ele apenas desviou o olhar e atirou na caixa de distribuição de energia.
Um estalo foi ouvido e a eletricidade acabou. Não demorou para que as luzes que iluminavam o porão se apagassem. A escuridão que se instalou rapidamente cobriu o espaço por completo. Na total escuridão, onde não entrava uma única flecha de luz, Alexei fechou os olhos por um momento antes de abri-los novamente, então lentamente, seus olhos começaram a se ajustar à escuridão.
Arrastando Ivan, que estava caído, ele o colocou ao lado de uma caixa de madeira. Dominado pela escuridão repentina, Ivan ficou muito mais quieto do que antes. Ao ver seus olhos aterrorizados através da escuridão, Alexei sentiu mais irritação e descontentamento do que o prazer que havia sentido antes, era como se ele estivesse caçando um ratinho fraco e indefeso.
No entanto, Ivan provavelmente já havia matado incontáveis pessoas que estavam tão aterrorizadas quanto ele nesse momento. Ele deve ter deixado muitos em situações piores do que a morte, arruinando suas vidas. Deixando de lado qualquer compaixão desnecessária, Alexei olhou para ele e desferiu um golpe forte com a arma na têmpora de Ivan. Sem tempo para se defender, Ivan se curvou, emitindo um som de dor, assim que o movimento parou, Alexei se sentiu mais aliviado.
Na silenciosa escuridão, ele se preparou para o fim. Embora fosse para estar nervoso, sua mente estava tranquila. Depois de carregar a espingarda, ele colocou algumas balas no bolso do casaco. Era quase impossível que Igor aparecesse sozinho, então precisava se concentrar apenas em mirar e acertar Igor o mais rápido possível. Se ele perdesse tempo com outras pessoas, Ivan ou Igor poderiam escapar. Isso não pode acontecer.
E não muito depois, barulhos começaram a ser ouvidos do lado de fora da porta do porão. O atraso era maior do que o esperado, indicando que ele poderia ter se perdido em outro lugar. A voz de Igor ecoou.
E não demorou muito para que sons fossem ouvidos do lado de fora da porta do porão. Ele demorou mais do que o esperado, indicando que ele parecia ter se distraído com alguma outra coisa. A voz de Igor ecoou.
—Se mantenha vivo. Não importa se você perder um braço ou uma perna. Se conseguir se manter vivo, eu cuido do resto.
Diferente de um camaleão, Igor estava visivelmente agitado. Alexei sorriu internamente e lentamente se levantou, encostando as costas na caixa. Escondido do lado oposto da caixa onde havia deixado Ivan inconsciente, ele esperou pacientemente. Contou silenciosamente as vozes murmurantes que entravam suavemente. Parecia que havia cerca de dez pessoas, era menos do que ele esperava. Embora Igor normalmente mantivesse quatro guarda costas ao seu redor, era um número consideravelmente baixo se levasse em conta o total de membros da organização.
—Não temos muito tempo, Igor. Se não recebermos notícias de Sergei, parece que eles também foram para o armazém. Seria mais rápido matá-los…
A fala de Bogdan foi interrompida por Igor.
—Você está dizendo que vai se render?
—Não.
Assim que a resposta de Bogdan foi dada, o som de um código sendo digitado foi ouvido. Pelo visto, Khaleesi Winter conseguiu lidar com a situação adequadamente. Pelo menos é um alívio saber que ela não é uma idiota ingênua como Ryan Winter.
—Alexei!
Assim que a porta se abriu, o som do seu nome sendo chamado ecoou. A voz de Igor ressoou no ar. Alexei lançou um olhar rápido para a porta, de onde uma luz filtrava, a luz que vinha pela escada que levava ao porão iluminou apenas a entrada.
—Acenda a luz, Vadim
Bogdan foi o mais rápido em compreender a situação. Mesmo sem a orientação de Igor, ele encontrou a luz. Vadim gritou para seus subordinados.
—Você aí, acenda rápido.
O som de passos pesados ecoou perto da entrada. Um dos homens, que estava apalpando a parede, reportou a Vadim.
—Parece que cortaram os fios.
—E que merda você está esperando? Traga qualquer coisa para iluminar o lugar!
Com a fala irritada de Vadim, um dos passos desapareceu em direção às escadas. Nesse meio tempo, Igor entrou.
—Se você matou Vanya, saiba que vou matar todos que estão relacionados a você e não será uma morte bonita. Vai ser muito pior do que quando matei seus pais.
Não era esse o seu plano desde o início?
Era frustrante não poder responder, já que a localização não podia ser revelada. Alexei começou a andar lentamente, sincronizando seus passos com os de Igor, fazendo com que o som dos seus próprios passos se perdessem entre os dos outros homens. À medida que Igor se aproximava, Alexei também se movia em direção à caixa de luz, ficando mais perto dele. Então ele prendeu a respiração.
—Não se esconda como um rato, Alexei!
Vadim gritou. Bogdan, ao seu lado, olhou ao redor na escuridão e disse em um tom baixo.
—Estou sentindo o feromônio. Ele está por perto.
—Eu queria saber de onde vinha o cheiro de ômega.
Igor olhou para trás e perguntou:
—Omega?
—Sim, não sei o motivo, mas parece que ele usou o modificador de características.
Vadim confessou prontamente.
—Vanya está fazendo algo estúpido de novo.
A voz descontente de Igor fez Vadim se calar. Igor se aproximou cada vez mais. Ele caminhava com confiança, confiando nos guardas do lugar, até que finalmente ele entrou no alcance de Alexei. Só preciso esperar mais um pouco. Só mais alguns passos.
—O quê?
Só até Igor encontrar Ivan, só até esse momento.
—Ali está o jovem mestre!
O grito de Vadim fez Igor se virar rapidamente. Ouviu-se o som de algo batendo em uma caixa, e, ao mesmo tempo, o homem que tinha ido procurar a lanterna nas escadas retornou.
—Está aqui.
A luz branca da lanterna acendeu-se de repente, iluminando o interior. Ao ver Ivan caído no chão, com sangue no rosto, Vadim soltou um suspiro surpreso e correu até ele. De longe, Igor, ao ver seu filho, gritou:
—Alexei!
Se foi por intuição ou mera coincidência, Igor virou a cabeça na direção onde Alexei estava escondido na escuridão. No momento em que a luz da lanterna se voltou para ele e revelou Alexei, ele se abaixou para evitar a luz e simultaneamente apontou a espingarda carregada para Igor. Seus olhos se encontraram através da luz trêmula.
Por uma fração de segundo, Alexei viu surpresa e um leve medo nos olhos de Igor. Talvez tenha sido por isso que a ponta da espingarda, que estava perfeitamente apontada para o pescoço do homem, tremeu ligeiramente. Apesar de seu ódio profundo por Igor, Alexei nunca havia matado alguém antes. Por que justo agora, nesse momento, o juramento que fez por Valéry veio à sua mente, ele não sabia dizer.
Porque ele detesta isso.
Enquanto ele pensava, a expressão de Valery também passou por sua mente. A lembrança de Valery aliviado ao saber que ele nunca havia matado o fez hesitar por um instante. E foi nesse momento que Bogdan aproveitou a oportunidade e se lançou sobre Alexei. Tudo aconteceu em questão de segundos.
O som do tiro veio rápido. O disparo atrasado atingiu Igor, mas apenas raspou seu braço. Então, o peso de Bogdan caiu sobre Alexei, jogando-o ao chão. Com um barulho estrondoso, Alexei se chocou contra uma caixa de madeira, ofegando enquanto rolava pelo chão. Bogdan era forte, mas não tão ágil quanto ele, o que lhe deu alguns segundos para reagir.
—Desgraçado!
Nesse meio tempo, Vadim se juntou à briga. O homem que segurava a lanterna a deixou cair no chão, enquanto a luta se desenrolava freneticamente. A luz girou, iluminando o teto por um instante, enquanto Vadim e os outros avançavam contra Alexei. Rapidamente, Alexei puxou a alavanca da espingarda e disparou novamente. O estrondo ensurdecedor da arma ecoou, e um dos bandidos foi atingido no pé. Alexei percebeu que estava desperdiçando oportunidades. Inconscientemente, ele estava mudando de direção, mesmo podendo mirar com precisão. Se alguém fosse atingido por uma espingarda àquela distância, seria morte certa.
—Merda!
A verdade era que Alexei, por mais que amaldiçoasse a situação, não estava pronto para matar ninguém. Xingando, ele rolou na direção onde Ivan estava.
—Pegue ele! Proteja meu filho!
Seguindo a ordem de Igor, Bogdan avançou novamente. Dessa vez, Alexei não teve tanta sorte. Bogdan se aproximou por trás e agarrou a parte de trás da espingarda. Com uma força bruta, ele arrancou a arma das mãos de Alexei e a jogou no chão. Vadim aproveitou a oportunidade para chutar o estômago de Alexei, e, enquanto ele perdia o fôlego por um instante, Bogdan envolveu seu pescoço com os braços por trás. O simples ato de apertar já causava uma enorme pressão, deixando Alexei sem ar.
—Foi uma jogada estúpida da sua parte.
Bogdan sussurrou em tom baixo. Alexei desferiu uma cotovelada forte no abdômen de Bogdan, mas, embora ele cambaleasse, não soltou a presa. Enquanto isso, Vadim empurrou a espingarda para longe com o pé e, levantando o rifle que trazia, apontou para a cabeça de Alexei.
—Seu maldito!
Vadim gritou e atingiu a têmpora de Alexei com o cano de sua arma. A visão de Alexei ficou turva com o impacto, ele notou brevemente que Vadim também havia sido atingido de raspão na coxa pela espingarda, pois arfava de dor. Ao lado dele, Igor se aproximava, caminhando devagar. Embora sorrisse, havia em seu rosto uma fúria que Alexei nunca havia visto antes.
Bogdan chutou a parte de trás do joelho de Alexei, forçando-o a cair de joelhos. Então Igor olhou para baixo, encarando-o com olhos penetrantes.
—Você realmente achou que ia conseguir fugir?
Igor estendeu a mão para Vadim, que, mesmo estando arfando de dor, lhe entregou a outra arma que carregava. Ao receber a Glock, Igor balançou a cabeça.
—Traga aquilo.
Ele apontou para a espingarda que rolava pelo chão. Vadim mancou até ela, verificou o carregador e, acenando com a cabeça, entregou a arma a Igor.
—Eu te disse que você ia implorar para morrer. Deveria ter me ouvido, Alexei.
—É mesmo? Você acha que eu vou fazer isso?
Alexei ergueu a cabeça e riu, o que fez Vadim chutá-lo no estômago. Mesmo tossindo e se curvando, Alexei não perdeu o sorriso.
—Vou cortar seus braços e pernas e pendurá-lo no meio da cidade. Eu pessoalmente ficarei ao seu lado enquanto você congela até a morte, para você perceber quão generoso eu fui quando puni Mikhail e Nina e vai ficar grato por eu ter matado seus pais.
Igor segurou a parte inferior da espingarda. Ao contrário de Alexei, ele não hesitou. Apontando a arma para a perna de Alexei, Igor puxou a alavanca. Ao mesmo tempo, tudo à sua frente pareceu desacelerar. Um suor frio começou a escorrer. O coração de Alexei bateu descontroladamente, e, no momento em que sua perna estava prestes a ser arrancada, ele foi tomado por um arrependimento. Não por suas escolhas, mas por sua incapacidade de ter atirado primeiro.
Bang!
Um tiro ecoou no ar, mas não foi o som da espingarda. Uma bala vinda de uma direção inesperada passou por Alexei e Igor, atingindo Vadim de raspão.
—Igor Volkov! Essa merda acabou, renda-se!
Alexei não sentiu a dor de sua perna ser destruída. Confuso, ele olhou na direção de onde vinha a voz. Na porta aberta, Khaleesi Winter estava em pé, com dois policiais atrás dela. Barulho também podiam ser ouvidos vindos do andar superior.
No momento em que Alexei pensou “Por que ela está aqui?”, Bogdan se moveu. Ele rapidamente definiu suas prioridades e puxou uma pistola da cintura, apontando na direção de Khaleesi Winter. Diversos tiros foram disparados, fazendo Khaleesi se esconder atrás da parede ao lado da porta. Igor também já havia avaliado a situação.
—Você veio direto para a morte. Bogdan, mate aquela vadia. Vadim, e você! Peguem Vanya.
Igor deu ordens enquanto se movia para perto de onde Ivan estava, evitando os tiros. Seus olhos, cheios de raiva, pousaram brevemente em Alexei. Com a interferência de Khaleesi, ele tinha hesitado por um momento, mas agora estava pronto para terminar o que começou. Igor apontou a espingarda para Alexei.
—Você realmente achou que ia sair daqui vivo?
Embora não pudesse cortar seus membros como queria, ele ainda não tinha esquecido sua intenção de matar. Alexei torceu os lábios em um sorriso sarcástico e respondeu calmamente.
—É uma pena.
Sem hesitar, Igor puxou o gatilho. No mesmo instante, Alexei usou toda a força para puxar o braço de Bogdan, que ainda o prendia pelo pescoço. Com Bogdan distraído por Khaleesi, ele cambaleou. Embora Alexei não conseguisse derrubá-lo completamente, conseguiu uma brecha para escapar. O tiro da espingarda passou entre Bogdan e Alexei. Rolando rapidamente, Alexei sacou a pistola que estava presa à cintura. Ele destravou a arma e disparou no braço de Igor, um som abafado foi ouvido quando a bala penetrou a carne.
—Você precisa se retirar agora, chefe!
Vadim gritou, e Igor, segurando o braço ferido, recuou. Aproveitando o momento, Alexei também se afastou deles. Os olhos do velho assassino estavam inflamados de raiva, mas, ao contrário de Ivan, ele tomou uma decisão sensata. Vadim, mancando, apoiou Ivan com a ajuda de outro homem, e juntos correram em direção à porta.
—Eu cuido disso, vão na frente!
Bogdan gritou, enquanto atirava na direção de Khaleesi. Embora suas ações merecessem elogios, Igor não respondeu e correu em direção à porta que Vadim tinha aberto.
—Peguem eles!
Khaleesi ordenou, enquanto Bogdan parava para recarregar. No mesmo instante, a equipe da SWAT, equipada com coletes à prova de balas e armas, invadiu o local, seguindo as ordens dela.
—Baixe a arma e levante as mãos.
Apesar das palavras de Khaleesi, Bogdan não largou a arma. A equipe tática, que já o cercava, lentamente o envolveu. Feixes vermelhos das miras dos rifles apontavam todos para a testa de Bogdan. Ele começou a baixar as mãos, ou pelo menos assim parecia.
—Bogdan Makarov, você está sendo preso pelo assassinato de um policial e…
Antes que o outro detetive que acompanhava Khaleesi pudesse terminar de pronunciar sua acusação, Bogdan levantou a mão, empunhando a arma novamente. No momento em que ele apontou para Khaleesi, vários tiros ecoaram ao mesmo tempo. O disparo da pistola de Bogdan e o som dos rifles que o alvejaram reverberaram pelo local.
No meio da confusão, Alexei aproveitou a chance e se esgueirou pela escuridão, correndo em direção à porta por onde Igor havia desaparecido. Alguém o avistou e atirou, mas Khaleesi gritou para impedi-los.
—Não matem Alexei Sorokin!
Alexei correu com toda a sua força antes que a polícia pudesse alcançá-lo. Se ele fosse capturado, não teria chance de acabar com Igor. Ele tinha hesitado antes, mas desta vez sabia que precisava terminar o que começou. Não posso deixar Ivan e Igor escaparem. O grito de Khaleesi ecoou atrás dele.
—Pare aí, Sorokin!
Ignorando-a, Alexei seguiu as marcas de sangue. Vadim estava gravemente ferido, então eles não poderiam ir muito longe. Sua intuição estava certa. Depois de uma curta corrida, ele avistou o grupo de Igor se dirigindo a um carro estacionado em uma clareira na estrada de terra.
Percebendo que alguém os seguia, Igor se virou. Ao ver Alexei, franziu a testa e deu uma ordem a Vadim.
—Atire!
Vadim, claramente exausto, levantou a arma. Desta vez, Alexei não hesitou, ele mirou no ombro de Vadim e disparou primeiro. Vadim gritou de dor, segurando o ombro nesse momento um dos capangas que estava atrás de Vadim atirou em Alexei. Com os reflexos afiados, Alexei conseguiu desviar por pouco. O atirador parecia não ser muito habilidoso, errando todos os disparos seguintes. Talvez por isso Alexei nem lembrava seu nome.
Quando o capanga gastou todas as balas em vão, Alexei rapidamente o atingiu também. Primeiro um ombro, depois o outro, imobilizando-o. Enquanto os dois caíam, Igor empurrou Ivan para dentro do carro, e sem olhar para trás, ele entrou no banco do motorista.
—Igor, espere…!
Ignorando o grito de Vadim, Igor ligou o carro. Uma expressão de desespero surgiu no rosto de Vadim enquanto o SUV preto Ford começava a descer pela estrada da montanha. Alexei correu atrás do carro. À medida que o veículo ganhou velocidade, ele atirou várias vezes nas rodas. Bang, bang! Um dos tiros, por sorte, acertou o pneu traseiro. Uma das rodas começou a vacilar, e o carro saiu da estrada, rolando pela encosta da montanha. Mesmo com a situação parecendo resolvida, Alexei não desistiu e continuou perseguindo o carro. Correndo pela ladeira íngreme, galhos de árvores arranharam o rosto de Alexei, a dor dos arranhões desapareceu com o frio intenso, e logo ele chegou ao local onde o carro de Igor havia colidido.
O Ford, com o para-choque dianteiro completamente amassado, estava preso contra uma grande árvore, soltando fumaça cinza. Ofegante e exausto, Alexei deu passos pesados em direção ao veículo, seu corpo e mente estavam em frangalhos, mas ele não tinha esquecido sua missão.
Colocando novas balas no revólver, Alexei caminhou até a porta do motorista. Lá estava Igor, com o rosto pressionado contra o airbag, tentando recobrar a consciência. Ele se mexeu lentamente, tentando soltar o cinto de segurança.
—Encontrei você.
Com um suspiro, Alexei bateu com a pistola contra o vidro da janela. Igor, pálido, olhou para ele com ódio e, em pânico, apertou o botão de travamento das portas.
—Acha que isso vai adiantar. Só preciso atirar até o vidro quebrar.
Alexei murmurou calmamente, quase tranquilizando-o, antes de puxar o gatilho. O vidro não era blindado, já que o carro era apenas um SUV comum que Ivan costumava usar. Após dois disparos, o vidro trincou e começou a estilhaçar. Igor, agora livre do cinto, se arrastou para o banco do passageiro enquanto Alexei, observando, quebrou o restante do vidro com o cotovelo.
「Дерьмо! (Porra!)」
Igor, desesperado, soltou um palavrão enquanto lutava para abrir a porta do passageiro. Após alguns cliques nervosos, ele conseguiu destravar a porta e se esgueirou para fora. Observando-o rastejar para fora do banco do passageiro, Alexei caminhou lentamente pela frente do carro.
—Espere!
Igor, já sem forças para continuar rastejando, finalmente desistiu e levantou a mão em rendição. O velho, caído na neve e completamente derrotado, já não se assemelhava ao infame Igor Volkov de Saratov, que tirou tantas vidas. Alexei o observava de cima, sem demonstrar emoção, enquanto Igor o fitava de volta com um olhar desesperado. A figura antes dominante, que por toda a vida havia oprimido tantas pessoas com sua astúcia e crueldade, agora não passava de um velho enrugado.
—Dinheiro, eu vou te dar muito dinheiro,— gritou Igor. Alexei inclinou a cabeça ligeiramente, encarando-o.
—Eu perdôo suas dívidas. Você não estava precisando de dinheiro por causa daquele bastardo do Valery que você tanto protege? Eu te darei mais dinheiro do que você poderia tocar, mesmo que trabalhasse a vida toda, então deixe eu e Ivan ir embora. Eu vou te dizer onde está.
Se fosse no passado, quando estava realmente desesperado, Alexei poderia ter cedido. Não precisaria matar ninguém, e naquela condição, a gangue de Igor ficaria quieta por um bom tempo. Talvez Igor não fosse preso, mas seu negócio certamente teria um grande impacto, e Alexei poderia pegar o dinheiro e desaparecer com Valery.
Mas não havia mais razão para ele viver assim.
—Você parece estar enganado sobre algo..
Havia apenas uma escolha a ser feita.
—Eu já paguei todas as minhas dívidas, seu desgraçado.
Matar Igor, e então morrer também.
Não havia mais ninguém importante para ele neste mundo. E ele não queria viver como o pior ser humano que Valery tanto desprezava. As pessoas que Alexei amava mais do que a própria vida não estavam mais lá. Viver ou morrer, não faz diferença.
Só quero que tudo isso acabe.
Alexei levantou a arma novamente. Igor, percebendo que não havia mais chances de negociação, franziu o rosto, mas logo começou a rir.
—Ok, tudo bem. De qualquer forma, eu vou para o paraíso.
Igor apontou o dedo para Alexei e gritou:
—Diferente de você, que tentou mudar o destino que Deus estabeleceu, eu continuarei a desfrutar de tudo, como sempre fiz, lá.
Alexei não respondeu. Seu dedo estava no gatilho. Ao contrário de antes, quando hesitou, apontou a arma precisamente para o coração de Igor, que desistiu de tentar fugir e agora apenas ria. Agora tudo que precisava fazer era puxar o gatilho, mas seu dedo não se movia.
—Você não consegue matar pessoas.
Naquele momento, uma voz cansada foi ouvida atrás. O olhar de Igor se direcionou para trás de Alexei, e seu rosto se iluminou. Alexei virou a cabeça na mesma direção e viu Khaleesi Winter. Parecia que ela havia o seguido imediatamente, pois estava igualmente em péssimo estado. Seu cabelo, que antes estava preso, estava quase solto, e suas bochechas estavam arranhadas, assim como as de Alexei.
—Então, deixa esse desgraçado comigo.
Igor, talvez achando que seria melhor seguir na direção de Khaleesi, começou a rastejar em sua direção. Alexei o observou por um momento antes de perguntar:
—Por que você pensa assim?
—Porque eu consigo perceber.
Khaleesi olhava para Alexei de uma forma diferente de antes.
—Quem já matou consegue reconhecer quem não matou. Quando Yuri Kiselyov me pediu ajuda, eu não acreditei nele, mas agora entendo.
Khaleesi começou a andar lentamente na direção de Alexei.
—Se fosse eu, nem teria chegado até aqui. Teria matado o desgraçado no momento em que ficamos a sós. Ainda mais se tratando do inimigo que assassinou meus pais.
Alexei franziu as sobrancelhas.
—O que você fez com Yuri?
—… Não se preocupe. Eu não prendi ele. Ainda.
Khaleesi passou a mão pela testa, tentando controlar sua respiração.
—Encontrei Taylor McDonald e Yuri Kiselyov no depósito de armas de Volkov. Então ouvi que Ryan havia sido sequestrado e Kiselyov me contou a localização desta mansão. E ele também me contou quem matou meu cunhado. Pra ser honesta, eu não acreditei, mas…
Khaleesi então olhou diretamente nos olhos de Alexei.
—Eu encontrei provas durante a busca na casa de Volkov. Com isso, as acusações contra Yuri Kiselyov desapareceram imediatamente. É claro que o crime que vocês cometeram não se resume a isso, mas se você me entregar esse sujeito, eu vou te ajudar a fugir.
—Isso não parece algo que alguém da DEA, que é uma força incorruptível diria.
—Não estou dizendo que confio em você, ou que vejo você como uma boa pessoa, ou que acho que você vai mudar. Estou apenas dizendo que quero negociar.
Khaleesi estendeu a mão.
—Entregue-o a mim.
Enquanto olhava para a arma, ela permaneceu em silêncio, esperando pela escolha. Alexei alternou o olhar entre Igor, que estava sorrindo, e Khaleesi, ele não conseguia tomar uma decisão facilmente. Ela apresentava um futuro, mas Alexei não precisava mais de um futuro. Ele viveu a vida toda dessa maneira e não sabia como viver como uma pessoa comum, e não queria continuar a vida assim. A única pessoa que sempre o fez se sentir humano não estava mais ao seu lado.
Se não sei o significado de estar vivo, então por que deveria pensar no futuro?
—Se você chegou até aqui porque está pensando em morrer, não faça isso.
E, como se percebesse o estado de Alexei, Khaleesi disse:
—Supondo que você tenha vivido uma vida menos suja do que eu pensei, ainda assim você participou da destruição da vida de alguém. Você falou sobre ter uma escolha. Então agora eu vou te dar uma escolha.
Ela apontou para Igor com o dedo.
—Você pode matar o lixo e se tornar um deles, morrendo da mesma maneira.
Então, ela apontou novamente para a arma.
—Ou pode me entregar aquele sujeito e o filho dele e viver de uma maneira que considere uma redenção pelos crimes que cometeu.
A palavra “escolha” agarrou Alexei. E ao mesmo tempo, Valery surgiu em sua mente. Valery sempre perguntava se Alexei não poderia resolver as coisas de outra forma. Ele sempre acreditou que não tinha escolha, mas ao refletir, pensou que se algumas pequenas decisões em sua vida tivessem sido diferentes, talvez as coisas poderiam ter se desenrolado de uma maneira um pouco distinta.
A escolha de Alexei era matar Igor e morrer também, mas…
—Cumpra sua promessa.
A escolha de Valery teria sido a segunda opção, então Alexei entregou a arma para Khaleesi. Foi apenas após perder Valery que ele finalmente escolheu o método do garoto. Khaleesi pegou a arma em silêncio. Então, olhando para Igor, que parecia aliviado, começou a falar.
—Você, por outro lado…
Antes de terminar a frase, um tiro ecoou. Assim que pegou a arma de Alexei, Khaleesi disparou sem hesitar, acertando o coração de Igor. Foi um movimento tão natural como se ela estivesse esperando por isso há muito tempo.
—Desapareça silenciosamente.
O leve cheiro de pólvora pairou no ar. Igor morreu instantaneamente, sem tempo para gritar. Khaleesi ficou olhando fixamente para o rosto de Igor, que permanecia de olhos abertos após a morte. Depois de alguns minutos observando, ela se abaixou, colocou a arma na mão de Igor e pressionou firmemente para que suas impressões digitais ficassem nela. Surpreso com a cena inesperada, Alexei observou com os olhos arregalados enquanto Khaleesi virava levemente a cabeça e dizia:
—O que está fazendo aqui? Você não vai embora? Siga o caminho descendo, e você vai encontrar Yuri Kiselyov. Vai de uma vez. Antes que os outros policiais apareçam aqui e peguem você. Eles não gostam muito de vocês e a acusação de posse de drogas é verdadeira, então é melhor fugir.
Como se tivesse planejado isso a muito tempo, Khaleesi começou a manipular as provas. Alexei a observou por um momento, depois se virou. Não havia necessidade de confirmar a promessa. Khaleesi Winter mostrou sua vingança a Alexei, cumprindo assim sua promessa. Isso bastava.
Alexei deixou ela para trás e começou a caminhar lentamente pela floresta. Quando o frio, que ele havia esquecido, começou a voltar, ele ouviu outro tiro soar atrás dele. Ele sabia muito bem quem era o alvo, sem precisar pensar.
Acabou.
Com esse pensamento vazio, Alexei olhou para o céu. Mesmo depois de tudo o que o atormentou durante a vida ter desaparecido, ele não sentiu nada. Nem leveza, nem alegria, nem alívio. Apenas um vazio esmagador o dominava.
Depois de 30 minutos descendo a montanha, Alexei avistou um carro familiar. Yuri estava encostado, ao lado de um Chevrolet prateado estacionado na beira da estrada, olhando em sua direção. Yuri, que estava com uma expressão assustadoramente vazia, logo reconheceu Alexei. Seu rosto, antes tenso, relaxou de imediato, e ele correu em direção a Alexei.
—Alyosha.
Yuri se aproximou rapidamente e segurou o rosto de Alexei. Com delicadeza, ele tocou as bochechas sujas, onde o sangue seco cobria os pequenos cortes.
—Merda, você realmente…
Surpreendentemente, Yuri xingou enquanto acariciava o rosto de Alexei, antes de puxá-lo para um abraço apertado. Alexei que estava exausto demais para afastá-lo, decidiu deixá-lo ali por um momento. Nesse meio tempo, alguém que estava no carro saiu. Com uma expressão nervosa e assustada, T-Mac abriu a porta do passageiro e correu em direção a eles.
—Alyosha, seu desgraçado!
Com a voz trêmula e quase chorando, T-Mac gritou o nome dele e abraçou Alexei e Yuri ao mesmo tempo. Os três ficaram ali, abraçados. No calor daqueles braços ao redor de si, Alexei sentiu uma leve, mas suficiente, sensação de aquecimento.
—Eu estava muito preocupado, seu louco de merda…
T-Mac começou a chorar, algo que não combinava com seu tamanho. Ao ver isso, Alexei não conseguiu evitar uma risada fraca. Yuri também não tentou parar T-Mac. Observando os dois, que normalmente não se davam bem, Alexei colocou lentamente as mãos nas costas deles.
Por causa deles, Alexei decidiu continuar vivendo um pouco mais. Pelo menos até que T-Mac e Yuri se estabilizassem e tudo voltasse, de certa forma, ao seu curso.
—Vamos.
Para isso, eles precisavam sair dali. Ele precisava ir para algum lugar onde não houvesse vestígios de Valery, onde talvez pudesse respirar um pouco melhor. Quanto mais remoto, melhor. Um lugar onde ele não ouviria mais notícias de Valery, nem veria Valery junto com Ryan.
Sim, isso seria ótimo.
Continua…