O Primeiro Mandamento - Capítulo 09
Realmente foi uma época estranha. Estranhamente para Saratov, recentemente o tempo estava bom, o clima da primavera, que sempre esteve abaixo de zero, apresentava temperaturas anormais pela primeira vez em 30 anos, registrando temperaturas que o mundo considerava típicas da primavera. Para os de fora, ainda podia parecer frio, mas os noticiários relataram unanimemente que estava fazendo calor.
Ouvindo as palavras do locutor que vinham do velho rádio, Alexei se remexeu na cama. Sem se livrar da sensação de sonolência, ele sentiu o calor remanescente nos lençóis, a cama, aquecida pelo calor de duas pessoas, estava aconchegante e quente. Através da janela aberta, uma brisa fresca com o cheiro da primavera invadiu o ambiente, trazendo uma sensação agradável.
Era estranho até para ele pensar assim. Como você pode se sentir bem?
Para alguém acostumado com o infortúnio, isso era uma ideia estranha. O infortúnio de Alexei não era grandioso, mas era suficiente para que não houvesse alegria em seu cotidiano. Se ao menos ele tivesse o prazer de ganhar dinheiro, talvez fosse feliz, mas o dinheiro que juntou durante esse tempo não foi nada extraordinário. Era apenas o suficiente para sobreviver, e o resto ia todo para Igor. Houveram momentos de risos ocasionais, mas nunca eram sinceros, estavam mais próximos de um sarcasmo habitual.
—Você acordou?
Sem se mexer, ele olhou para cima. Valery, que acabara de entrar no quarto, tinha um prato na mão. Nele havia um sanduíche de manteiga de amendoim e geleia de morango, perfeitamente tostado por fora e com um cheiro doce de morango. Ao vê-lo, Alexei não pôde deixar de sorrir.
—Sim.
Sem esconder seu bom humor, ele se levantou. Ao contrário dos outros, Alexei, que cresceu sem pais que o ensinassem a preparar pratos tradicionais russos, sempre fazia essa refeição para Valery. Embora fosse estranho chamar de prato um sanduíche que só precisava de manteiga de amendoim, geleia de morango e pão de forma, era uma das poucas coisas que Alexei sabia fazer na cozinha.
—Durma mais um pouco. Você não dormiu muito.
Valery disse isso mesmo tendo passado a noite em claro também. Alexei soltou um suspiro preguiçoso e balançou a cabeça. Não havia tempo a perder, seu ciclo de calor havia consumido o dia inteiro. Claro, ele não se arrependia. Além do sexo incrivelmente excitante, Valery não tentou escapar mesmo depois das algemas terem sido removidas. De qualquer forma, eu não posso encontrar Ivan ou os outros estando tomado pelo cio. Pensando que havia feito o que precisava, ele se sentou na beirada da cama. O cheiro suave de sabão que fluiu sugeria que Valery havia acabado de tomar banho, era um perfume agradável.
—Você fez isso, como posso dormir?
Alexei apontou com o queixo para o sanduíche, e Valery desviou ligeiramente o olhar. Sua pele branca estava levemente corada. Ele é lindo. Será que está envergonhado? Pensar nisso fez o coração de Alexei bater mais rápido.
—Vamos comer.
Quando ele falou, Valery se aproximou e depois de hesitar por um momento, se sentou bem ao lado de Alexei. O calor e os feromônios que emanavam de Valery ao seu lado fizeram Alexei tremer internamente, o som dos lençóis se movendo e a respiração do homem deixavam seu corpo tenso.
—Aqui.
Valery pegou um pedaço de sanduíche cortado em triângulo e ofereceu a Alexei, que olhou para a mão estendida. As pontas dos dedos longos tinham unhas arredondadas e bonitas. Ao contrário das mãos de Alexei, marcadas por cicatrizes e calos, as dele eram limpas e brancas. Era evidente que ele pertencia a um mundo diferente. Embora Valery fizesse parte da sua família, na realidade, ele era um cidadão comum, e foi a única pessoa na vida de Alexei que havia experimentado uma vida normal. Embora os padrões de normalidade fossem variados, para Alexei, uma vida normal significava não estar envolvido com o mundo do crime. Esta era a primeira vez que ele interagia com alguém assim.
—Você não vai praticar?
Embora o tivesse mantido preso todo esse tempo, agora que Valery disse que não encontraria Ryan, não havia necessidade de impedi-lo. Só agora ele começou a temer que a vida de Valeri fosse perturbada por sua causa. Até então, a segurança do garoto era a coisa mais importante, mas Alexei não queria arruinar a normalidade que havia tentado manter para ele.
—E você Alyosha?
Valery respondeu à pergunta com outra pergunta.
—Eu?
—Você não tem que ir?
A voz de Valery ao perguntar parecia indicar que ele não gostava da ideia.
—Sim, eu tenho que ir.
A realidade que Alexei havia esquecido por um momento voltou à tona. Devido ao ciclo de calor que surgiu de repente, ele ainda não conseguiu resolver as pendências. Como ele iria encarar Yuri, quanto tempo restava, essas eram as coisas que ele precisava considerar. Só depois de lidar com a questão de Valeri, sua consciência voltou. Conhecendo a personalidade de Igor, as tarefas dadas devem ser concluídas o mais rápido possível. Mesmo considerando o tempo necessário para entender os movimentos do alvo e elaborar um plano, seria no máximo uma semana, se passasse disso, nem ele, nem Valery estariam seguros.
—Se não for urgente, vá mais tarde.
Ele inclinou a cabeça levemente enquanto sugeria isso. Parecia que o jovem garoto estava pedindo para Alexei não ir. Embora ele tenha crescido muito desde aquela época e sua fala tenha se tornado mais adulta, o que ele despertava no coração de Alexei não mudou. Ao ver seu rosto piscando os lindos cílios enquanto perguntava, Alexei odiou a ideia de sair a ponto de enlouquecer.
Embora ainda tivesse poucas opções, assim como naquela época, pelo menos agora, como adulto, Alexei podia decidir quando sair. Com Khaleesi Winter começando a reprimir o tráfico de drogas com toda a força, era um momento para ele ser mais cauteloso. Como havia uma tarefa urgente, ele precisava priorizá-la de qualquer forma: matando Ryan Winter.
Ao pensar nisso, seu coração ficou pesado. Ao contrário dos outros que ele havia desviado mesmo seguindo as ordens de Igor, Ryan Winter não poderia escapar da mesma maneira. Como a execução foi ordenada, o corpo precisava ser exposto, e a reação ao seu redor seria verificada. Khaleesi Winter também deveria estar se preparando, então seria difícil se aproximar facilmente.
Para Yuri seria ainda mais problemático. O impacto seria maior se ele fosse pego, o assassinato de um policial sempre foi considerado o crime mais grave nos Estados Unidos, e como se tratava de uma pessoa ligada ao governo estadual e não apenas ao chefe de polícia, Yuri certamente seria capturado, independente do poder de Igor.
Na tentativa de escapar da realidade que de repente se tornou sombria, Alexei olhou instintivamente para Valery. Só de olhar para ele, o desespero que pesava sobre seus ombros foi aliviado por um momento, se era algo que ele tinha que fazer de qualquer maneira, ele queria adiar ao máximo. Ele queria desfrutar da paz mesmo que por um momento.
—Você gostaria disso, coelhinho?
Já tendo tomado a decisão, ele perguntou casualmente. Sentia-se um pouco ansioso sobre como Valery reagiria, mas de alguma forma, parecia que tudo ficaria bem. As conversas que haviam compartilhado lhe deram essa certeza.
—Quem está chamando de coelhinho?
Valery respondeu timidamente, com as bochechas ligeiramente avermelhadas. Ver o rosto envergonhado dele derreteu o coração de Alexei.
—Você costumava gostar quando eu te chamava assim.
Ele gostou da sensação de finalmente dizer em voz alta o apelido que sempre usava em silêncio. Valery hesitou antes de responder, sua pele clara estava ficando vermelha, o que Alexei achou extremamente fofo.
—Isso foi quando eu era criança e não sabia de nada. Quem chama um homem adulto de coelhinho?
—Você ainda é uma criança.
—Eu já cresci. —Valery respondeu calmamente, ele olhou para Alexei e sussurrou baixinho. —É por isso que eu posso cuidar de você assim.
O sanduíche aproximou-se dos lábios de Alexei. O cheiro doce, concentrado pelo longo cozimento, estimulou seu apetite, Alexei encontrou os olhos de Valery. As pontas dos dedos dos dois se tocaram levemente, enquanto estavam sobre a cama, a tensão que ele havia sentido antes voltou. É estranho que eu me sinta assim em relação ao meu irmão mais novo. Ao pensar nisso sua boca gradualmente ficou seca.
—Você cozinha bem desde quando era criança.
Para afastar a estranha sensação que sentia, Alexei falou. Ao ouvir a resposta, Valery mordeu levemente os lábios vermelhos.
—Então, você deve ter crescido desde aquela época.
Os corpos se aproximaram. Valery, que estava bem na frente de seu rosto, olhava para ele como se fosse observá-lo comer, ele até podia ver os cílios dourados do garoto se movendo lentamente. Não importa o quanto pensasse sobre isso, era uma cor dourada que ele não conseguia acreditar que existisse na realidade.
Como não queria que Valery segurasse o sanduíche por mais tempo, Alexei levantou a mão. Quando ele tentou pegar o sanduíche, Valery balançou a cabeça e Alexei pôde ver um leve brilho de travessura nos olhos dele.
—Vou dar na sua boca.
Os dedos dele apenas tocaram o dorso da mão de Valery quando tentava pegar o sanduíche. Mas mesmo que fosse uma ação embaraçosa, Alexei não conseguiu afastar Valery, desde pequeno, ele sempre foi extremamente gentil com o irmão e fazia tudo o que podia pelo garoto. Mesmo assim, se alguém perguntasse por que aquelas coisas aconteceram, seria porque Valery queria algo além do que ele podia oferecer, como sair daqui apenas com a força dos dois irmãos.
Como se quisesse compensar isso, Alexei finalmente abriu a boca obedientemente. Seus caninos afiados e brancos apareceram enquanto ele mordia o sanduíche. O sabor familiar, mas estranho, se espalhou por sua mucosa, era mais doce, amargo e gostoso do que ele se lembrava, já que não o comia desde a adolescência. Então logo depois da primeira mordida, ele sentiu mais fome.
—Está gostoso?
Valery sussurrou. Encontrando os olhos verdes brilhantes dele, Alexei assentiu com a cabeça.
—Está gostoso.
—Que bom.
Enquanto dizia isso, Valery pareceu prestes a recuar, mas fez um som de surpresa e estendeu o braço. Os dedos dele tocaram os lábios de Alexei.
—Alyosha, aqui tem uma mancha.
Seu indicador roçou o canto da boca dele. Durante o inesperado toque, ele piscou os olhos, e Valery se afastou após limpar a geleia. Mesmo que fosse engraçado ele se paralisar por causa dessas pequenas coisas, Alexei não estava acostumado com esse tipo de contato. O toque suave, gentil e de alguma forma fazendo cócegas em sua pele não era familiar.
Naquele momento de hesitação, Valery lambeu a geléia que estava no seu dedo indicador. A cena dos lábios vermelhos envolvendo o dedo era estranhamente obscena. Valery levantou os olhos, que estavam abaixados, talvez por ter sentido o olhar de Alexei. Seus olhos se estreitaram num sorriso, sem qualquer intenção, apenas pura alegria.
—Está gostoso.
Ao ouvir a voz tímida que apenas afirmava um fato, a nuca de Alexei esquentou. Alexei prendeu a respiração quando o calor subitamente aumentou como um incêndio, ele sentiu um impulso de se jogar sobre Valery, e seu coração começou a bater ainda mais rápido. O homem ficou confuso com a série de sensações estranhas que se seguiram, era a primeira vez que seu coração batia assim. Era tão intenso que ele se perguntou se estava doente. Quando bateu em alguém pela primeira vez, seu coração também disparou, mas era um sentimento diferente. A sensação que sentia agora não podia ser definida, era simplesmente… estranha.
Parecia, na verdade, excitação.
Depois de devorar rapidamente o sanduíche, Alexei foi para o banheiro. Uma vez que Valery começou a ocupar seus pensamentos, sua mente ficou confusa. De repente, ele se incomodou com a sujeira em seu corpo devido ao sexo da noite anterior e com a reação estranha de seu corpo.
Durante todo o banho, Alexei apoiou a testa na parede e ficou perdido em pensamentos. Várias ideias se misturavam em sua mente. O que fazer hoje, como lidar com Igor, e outras coisas passavam brevemente por sua mente, mas logo eram substituídas por pensamentos sobre Valery. Lembrar-se do sorriso puro de Valery, ao invés do usual sorriso sarcástico, fez seu peito apertar. Estava formigando e latejando. A sensação era tão estranha que ele pressionou o centro do peito com a ponta do dedo indicador, mas mesmo pressionando fortemente o osso duro, a sensação interna não desapareceu.
Por que Lerusha é tão fofo?
Era um fato que ele já sabia, mas de repente pensou nisso novamente. Desde as ações até as palavras, não havia nada nele que não fosse adorável. Ele o amava mais do que qualquer outra pessoa e sempre o protegia, mas quando o garoto que o desprezou por tanto tempo começou a agir de forma adorável, foi difícil manter a compostura. Embora não fosse o momento certo para sentir essas emoções, apenas o fato de Valery ter sorrido o deixava feliz. Ele queria esquecer todas as mentiras que contou e a situação caótica em que se encontravam, também queria aproveitar a paz recém-descoberta, nem que fosse por um momento. Era uma fuga atípica para ele. Parecia que estava um pouco cansado da vida que sempre teve que enfrentar de alguma forma e superar situações tão ruins.
Com a mente ainda confusa, Alexei terminou o banho. Ele sacudiu a água do cabelo de qualquer jeito e jogou uma toalha grande sobre os ombros e saiu com a parte inferior do corpo praticamente descoberta. Então instintivamente, ele olhou ao redor da casa procurando por Valery. O som de alguém mexendo nas coisas vinha do quarto de Valery.
—Lerusha?
Ao abrir a porta, Valery desviou o olhar, ele apenas colocou a cabeça para fora e olhou para Alexei. O garoto estava observando alguns de seus pertences que estavam espalhados na escrivaninha, Alexei tinha esquecido que suas coisas estavam ali, já que ele tinha trancado Valery em seu próprio quarto. Ele havia movido para lá algumas caixas de itens antigos e roupas que não usava mais. As armas e munições que ele guardava para emergências, incluindo a espingarda, estavam escondidas sob o piso de seu próprio quarto, onde Valery não conseguiria encontrá-las.
—Ainda tem isso?
Valery levantou um copo de uma das caixas na escrivaninha, ao vê-lo, Alexei não pôde deixar de rir. Era o primeiro copo que Valery tinha feito quando estava na escola primária. Ele lembrou de ter resmungado sobre como essas aulas eram inúteis quando comprou os materiais. O resultado foi um copo malfeito com olhos, mas Alexei costumava beber água nele de vez em quando. Quando a relação entre eles esfriou, o homem guardou o copo para evitar quebrá-lo durante alguma briga.
—Sim. É a prova de que foi o melhor você não ter seguido carreira nas artes.
Ele estava sendo sincero e enquanto dizia isso, entrou no quarto. Valery, que estava examinando o copo, arregalou levemente os olhos ao vê-lo entrar. Ele parecia prestes a dizer algo, mas só mexeu os lábios sem emitir som, ficando com um pouco vermelho como antes, quando Alexei o chamou de coelho.
—Você não vai se vestir?
A voz de Valery soou um pouco rouca. Alexei riu.
—Por quê? Está excitado?
Ele estava meio brincando, mas parecia ser verdade. Valery corou visivelmente e colocou o copo de volta na mesa. Desviando o olhar, ele respondeu:
—Você vai pegar um resfriado.
Parecia apenas uma desculpa. Na idade dele, era natural se sentir estimulado por uma visão assim.
—Faz muito tempo que não fico doente.
—Você sempre anda assim?
Valery perguntou, com os dedos levemente tremendo. O jeito como ele repetidamente tentava desviar o olhar, mas não conseguia, estava fazendo Alexei quase enlouquecer de tanto achar fofo. O homem caminhou sem cerimônia até ele, quando o som de seus passos ecoou pelo chão, Valery recuou. Apesar de seu tamanho, ele parecia um coelho tímido.
—Huh.
Ele caminhou para frente e deu uma resposta curta. A resposta concisa fez Valery desviar o olhar por um momento. Havia um sinal de cautela nos olhos verdes dele.
—Ninguém viu, certo?
Alexei inclinou a cabeça e olhou para cima. Isso porque foi surpreendente. Quanto mais sentia o ciúme que o Alfa demonstrava por lhe considerar seu ômega, mais ele se sentia estranho. Ele se sentia desconfortável com o fato de Yuri e T-Mac o tratarem como ômega, mas não sabia por que estava mais confortável com a atitude de Valery. Ele não sabia dizer se era porque achava fofo aquele cara infantil estar se exibindo como um alfa, ou porque gostava do jeito como seu irmão tentava protegê-lo. Não sabia ao certo.
—Sim, as pessoas com quem eu dormi viram.
Alexei respondeu com indiferença. Mas era verdade.
—… Ômegas também?
Valery parecia surpreso, como se tivesse acabado de perceber algo.
—Sim.
Claro que ele tinha dormido com ômegas. Como Alexei havia se tornado ômega há pouco tempo, todas as pessoas com quem ele havia se envolvido no passado eram ômegas. Ao responder de forma despretensiosa e olhar para Valery, ele notou que o outro tinha uma expressão sutil. Ele estava mordendo o lábio, e Alexei estendeu a mão.
—Por que, não gosta? Não morda.
Ele disse, enquanto suavemente acariciava o lábio de Valery com o dedo. O garoto obedeceu, seus delicados olhos verdes piscaram e olharam tristemente para Alexei.
—… Foram muitos?
Parecia estar preocupado. Embora, por causa da sua natureza alfa, ele controlasse os outros ao seu redor, as coisas que ele havia feito no passado não deveriam ser relevantes agora.
—Hum.
Alexei pensou por um momento, havia muitos ômegas com os quais ele havia se envolvido. Considerando que seu único entretenimento permitido era beber e fazer sexo, então não havia motivo para recusar isso. Era mais eficiente ter um parceiro para sexo do que tomar inibidores e evitar o prazer.
—Mais ou menos.
Como ele não contava os números, era difícil dar uma resposta concreta. Porém, Valery franziu os lábios como antes, como se a resposta fosse suficiente. Embora ele não dissesse nada específico, era claro que havia algum descontentamento. Era surpreendente que ele não estivesse apenas com ciúmes de outros alfas, mas também se incomodasse com os ômegas. Sua possessividade de exclusividade influência até isso? Alexei nunca tinha tido ciúmes de outros ômegas, então não compreendia bem, mas queria acalmar Valery. Não queria que alguém que ele tinha recuperado ficasse chateado.
—Agora só você pode ver.
Ele se aproximou e sussurrou, e Valery o encarou.
—… Para sempre?
Valery perguntou com uma voz baixa, e ele sorriu. Era difícil responder a essa parte, mesmo que Alexei desejasse, seria impossível. Se Valery soubesse que ele não estava grávido, certamente se sentiria traído, e quando descobrisse isso, não iria assumir qualquer responsabilidade. A possessividade em relação aos ômegas tinha seus limites.
Além disso, mesmo que as coisas tenham ficado estranhas, os dois foram irmãos a vida toda. Embora Alexei tenha começado isso, ele nunca pensou que veria Valery como um amante. Mesmo sem laços de sangue, não era possível manter um relacionamento assim com alguém que ele havia criado como seu irmãozinho.
Não querendo mais mentir, Alexei apenas sorriu. Enquanto pensava no que dizer, agarrou gentilmente o dedo de Valery. Quando o tocou pela primeira vez, uma tensão instintiva surgiu, mas ao ver que Valery não o afastou, ele se sentiu aliviado. Sentiu-se melhor.
—Pelo tempo que você quiser.
A resposta vaga fez Valery piscar os olhos e olhar fixamente para Alexei. Ele queria saber o que o garoto estava pensando. Qual era a verdadeira intenção de Valery ao dizer essas coisas? Estava tudo bem para ele manter esse tipo de relação com o irmão? A A resistência feroz que ele demonstrou no dia em que o forçou a fazer sexo durante seu Rut ainda estava vívida em sua memória. Era inacreditável que, apesar de ter visto Valery se contorcendo e chorando, eles tivessem chegado a essa situação.
—Você promete?
Valery perguntou como se precisasse de uma prova. Cada vez que o via desconfortável com a dificuldade de acreditar, o coração de Alexei também doía.
—Sim.
Como havia estabelecido a condição de “pelo tempo que você quiser”, Alexei podia prometer. Ao esfregar as mãos que se encontravam, Valery virou a palma e entrelaçou os dedos com os dele.
—É uma promessa.
Puxando as mãos entrelaçadas, Valery pousou os lábios no dorso de Alexei, que balançou a cabeça e perguntou de forma casual.
—Você quer continuar vendo isso?
Ao gesticular para si mesmo, Valery o seguiu com o olhar. O rosto dele ficou vermelho ao ver as marcas desajeitadas que ele mesmo havia deixado. Seus olhos verdes, que antes pareciam tímidos, se arregalaram como os de um cachorrinho, e ele falou suavemente.
—… Sim.
—Normalmente, irmãos não se interessam tanto pelo corpo um do outro.
Era algo que Alexei havia ouvido. Sempre que via Alexei tratando Valery de forma peculiar, T-Mac costumava dizer isso. Ao ouvir a palavra “irmãos”, Valery mordeu o lábio. Parece que adquiriu um novo hábito que nunca tinha visto antes. Alexei não gostou do fato de ele continuar mordendo, então colocou o dedo nos lábios dele novamente.
—Se você morder, vai acabar se machucando.
Valery disse baixinho, afastando um pouco a mão.
—Mas nós não somos irmãos.
Biologicamente falando, era verdade.
—E além disso, Alyosha… também disse que agora somos amantes.
Ao olhar para o rosto inocente que acreditou no que ele disse, uma parte do coração de Alexei ficou entorpecida. Continuando a tocar os lábios, Alexei fez outra pergunta. Era curioso ver uma conversa real acontecendo entre os dois.
—Você se sente assim?
Valery hesitou. Um olhar de indecisão surgiu em seu rosto.
—Não sei direito.
Respondendo honestamente, Valery hesitou por um momento e esfregou os lábios contra os dedos de Alexei que o tocavam. Ele sentiu a maciez dos lábios. O contato afetuoso, quase como um carinho, fez seu corpo esquentar um pouco. Apesar de ter experimentado a sensação de seus toques a noite inteira, parecia que ainda não era o suficiente. Talvez assim como Rutt, o ciclo do Omega não termine em apenas um dia?
—Mas irmãos não fazem esse tipo de coisa.
Uma textura macia envolveu a ponta do seu dedo indicador e depois se afastou. Assistir Valery lambendo seus dedos como um gato despertou o apetite sexual de Alexei. Era impressionante que ele ainda ficasse excitado, mesmo após fazer tanto sexo.
—É verdade.
Ele certamente nunca havia visto Valery agir dessa maneira antes, e a repulsa que ele parecia sentir quando o atacou pela primeira vez havia desaparecido. Uma pequena parte de seu cérebro ainda mantinha uma ética moral e uma rejeição como alfa, mas preferia ver os diversos lados de Valery, especialmente porque o garoto ainda era muito inexperiente com beijos. Ele rapidamente aprendeu a foder, mas ainda parecia não saber bem como beijar, talvez por falta de experiência.
Valery, engolindo e depois liberando os dedos com uma certa ousadia, era tão fofo que Alexei decidiu se envolver mais. Ele empurrou os dedos através dos lábios, então sentiu a língua úmida e quente. Observando Valery corar e tremer, ele pressionou a língua com a ponta dos dedos. Um gemido suave escapuliu de Valery.
—Normalmente, não se faz isso.
Os dedos se moveram dentro da sua boca. Ao provocar o céu da boca com carinho, uma veia azul se destacou no pescoço de Valery. Sentiu a respiração ofegante tocar a ponta dos dedos, e Valery o puxou para mais perto com as mãos. A julgar pela contração de seus dedos, ele parecia não saber como reagir. Era evidente que ele não estava imune à estimulação e ao perceber isso, uma excitação estranha surgiu. O rosto de Valery enquanto sentia prazer era encantador, era um fenômeno inevitável.
Alexei seguiu seus instintos. Focando obsessivamente no rosto de Valery, mexeu na boca dele. O som pegajoso da saliva se acumulando dentro dos lábios abertos ressoou. Ao sentir os lábios um pouco úmidos, ele retirou a mão. A vermelhidão que se acumulou nas maçãs brancas das bochechas era adorável.
—Alyosha…
O pomo de Adão de Valery se moveu bruscamente enquanto ele engolia a saliva. O pescoço reto e branco estava tingido de excitação.
—…Posso te beijar?
O pequeno sussurro, dito com hesitação, fez a espinha de Alexei arrepiar. Como sua resistência contra beijar só havia sido quebrada há poucos dias, isso o fez sentir um estranho calafrio. Valery, que sempre fugia, estava ali na frente dele. Não era mais o irmão mais novo que respondia com desprezo a suas palavras, mas sim um Valery obediente e amoroso.
—Se você pedir.
Alexei queria ver algo adorável e o garoto não recusou. Com os olhos cheios de desejo, ele olhou para Alexei enquanto suas grandes mãos envolviam sua cintura. Valery apertou e soltou a cintura fina repetidamente, já mostrando sinais de excitação.
—…Por favor, me beije.
O irmão mais novo pediu obedientemente instruções. Alexei, generosamente, decidiu ensinar-lhe tudo o que sabia. Afinal, esse é o papel de um irmão mais velho.
—Vamos ver?
Alexei sorriu e segurou o rosto de Valery, e as mãos, que seguravam sua cintura, ficaram mais firmes. Segurando as duas bochechas, Alexei levantou a cabeça lentamente. Parou a uma distância em que seus lábios quase se tocavam, sentindo a respiração suave e fresca.
—Mostre a língua, meu querido.
Era um pedido simples, mas o rosto de Valery ficou ainda mais vermelho. Ele mostrou levemente a língua com olhos que pareciam que iriam chorar devido à estimulação excessiva. Observando a ponta longa e vermelha da língua, Alexei abaixou o olhar, puxou o rosto de Valery para mais perto, e tocou a ponta da carne úmida com a sua. Era suave e macia. Enquanto Valery estremecia, Alexei lambeu lentamente sua língua.
—Al-… lyosha.
Surpreso com a ação desconhecida, puxou Alexei com força. Ele o prendeu em seus braços fortes e parecia não saber o que fazer. Cada vez que via essa expressão, Alexei ficava mais excitado. Como um gato provando um novo sabor, ele lambeu Valery várias vezes antes de entrelaçar suavemente suas línguas.
As línguas se enroscaram e se esfregaram suavemente. Com a respiração cada vez mais pesada, Valery começou a acariciar a cintura de Alexei, embora fosse inexperiente em beijos, ele parecia ter se acostumado a tocar seu irmão. As mãos, que estavam sob a toalha acariciando a pele nua da cintura de Alexei, gradualmente desceram para sua bunda. A respiração do Omega também começou a ficar mais quente.
—Este é o tipo de beijo que eu gosto, então lembre-se bem.
Alexei sussurrou baixinho, virando a cabeça. As línguas, que se enroscavam levemente por fora, lentamente se aprofundaram na mucosa. À medida que ele acariciava o céu da boca e explorava o interior doce, Valery agarrou sua cintura com firmeza e incapaz de conter a excitação, o jovem acabou levantando-o. Com uma facilidade impressionante, ele deitou Alexei na cama. A cama de Valery, agora repleta de feromônios e do cheiro dele, deixou Alexei arrepiado de prazer.
Com seu corpo grande ele cobriu Alexei enquanto estava deitado na cama. Apesar do rosto delicado bonito, seu peito e cintura eram firmes e largos, o que permitiu cobrir completamente Alexei. Os cabelos loiros platinados escorreram, fazendo cócegas em sua testa, o Alfa começou a misturar suas línguas, tentando seguir as instruções de Alexei. Apesar de ainda ser inexperiente, ele se esforçava. Alexei preferia beijos profundos e exploradores a toques suaves e delicados, e Valery estava disposto a aprender.
Eles se beijaram intensamente, e era a primeira vez que se concentravam tanto em um beijo. Sem perceber o tempo passar, eles se entregaram a explorar e misturar suas línguas e só quando seus lábios começaram a arder de tanto esfregar, perceberam que desejavam mais do que isso. Observando de relance o pênis ereto de Valery, Alexei sorriu. O dele não estava diferente.
—Querido.
Alexei baixou a mão e acariciou o pênis grande, sussurrando suavemente. Com os olhos vidrados de excitação, Valery olhou para ele. Quando ele esfregou a glande inchada com o polegar, a respiração de Valery ficou pesada, foi bom ver as sobrancelhas douradas se contorcendo estranhamente de prazer.
—Vamos fazer algo mais gostoso?
Desta vez, ele não respondeu. Em vez disso, moveu-se rapidamente como um animal esperando o momento certo para dar o bote. Sentindo as grandes mãos abrindo suas pernas, Alexei envolveu os braços nos ombros do irmão. Não houve constrangimento enquanto esperava a sensação do pênis duro se aprofundar em seu buraco, havia apenas uma expectativa estimulante de antecipação.
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Continua….