O Marido Malvado - Capítulo 08
Isso não poderia ser parte da etiqueta que não tinha aprendido, podia? Afinal, ela definitivamente havia notado outras moças preenchendo seus cartões de dança anteriormente.
Após olhar para o cartão por um momento considerável, ela concluiu que não era realmente importante.
— ……
Os sussurros abafados tiraram Eileen de seu devaneio. Ela olhou ao redor, ainda segurando o cartão na mão. Então inclinou a cabeça, envergonhada. O incidente da procissão triunfal se repetiu.
Todos no salão do banquete focaram em Eileen. Eles murmuravam enquanto observavam a mulher cercada por homens altos e poderosos com expressões chocadas em seus rostos.
Nesta ocasião, porém, os nobres reconheceram Eileen imediatamente.
Os círculos sociais estavam cheios de rumores de que o Grão-Duque estava cuidando da filha de sua falecida babá.
— Ah! É aquela que Sua Graça estima…
— Oh? Então é ela. Hmm. Devo dizer que estou bastante surpresa.
— Não é estranho? Não acredito que ela compareceu a esse banquete sem nem mesmo fazer sua estreia!
— Ouvi dizer que a família dela estava passando por momentos difíceis.
— Suponho que os soldados estejam fazendo isso por ordem de Sua Graça.
As vozes sussurrantes atingiram Eileen como uma adaga, cortando profundamente. Sentiu pena dos soldados que insistiram em dançar com ela enquanto ouvia a conversa malévola. Se não tivesse aparecido, cada um teria dançado com uma dama de sua escolha.
Após refletir profundamente, percebeu que já fazia um tempo desde que aprendera a dançar. Se alguém pegasse sua mão agora, ela sem dúvida pisaria em seus pés. Eileen tomou uma decisão. Se desculparia com os soldados que pediram uma dança e manteria seu plano original de simplesmente parabenizar Cesare e ir embora.
Eileen olhou para Diego, que tinha sido o primeiro a colocar o nome em seu cartão de dança.
— Senhor Diego.
— Oh, Senon e Michelle vão se atrasar um pouco. Eles têm alguns negócios para resolver. Dependendo de como as coisas acontecerem, eles podem não vir.
Não era a pergunta que queria fazer, mas mesmo assim despertou seu interesse.
— É mesmo? É uma pena. Eu queria vê-los também.
Antes que pudesse continuar, Diego interrompeu com um sorriso travesso que lembrava o de um artista de rua.
— Que tal tomar uma xícara de chá mais tarde? Comprei uma pelúcia para você. É incrível, devo dizer. Um ótimo coelho gigante. 🤏🏻🥹
Que tipo de pelúcia de coelho poderia ser tão impressionante? Não conseguia nem adivinhar. Enquanto Eileen estava preocupada com a história da pelúcia, Diego e Lotan trocaram breves olhares.
— Senhorita Eileen.
Lotan sorriu brilhantemente, sua expressão rude, parecida com a de um urso suavizando diante de Eileen.
— Você se sentiu desconfortável no caminho para cá? Deveria ter buscado você eu mesmo, peço desculpas.
— Ah, não, de maneira nenhuma. Sua Alteza cuidou de tudo…
Eileen brincou com os óculos e explicou hesitantemente.
— Ele enviou alguém para me ajudar. Mas senti que estava sobrecarregando-o, então a enviei de volta. Se eu soubesse que seria assim, eu teria me esforçado mais.
O último comentário atraiu involuntariamente toda a atenção do cavaleiro. Se ela tivesse algum lugar para se esconder, já o teria feito há muito tempo. Lotan riu com vontade enquanto olhava para a envergonhada Eileen.
— Teríamos tido problemas se você tivesse se esforçado mais, jovem senhorita.
Depois de Lotan, Diego também fez um comentário.
— Isso mesmo. Todos os homens teriam se reunido em volta da nossa menina como abelhas em volta do mel.
Eileen apenas piscou, incapaz de compreender o que eles estavam dizendo. Eles não podiam estar falando sério, podiam? Então, num instante, se lembrou do que ia perguntar.
— Oh, a propósito, sobre a danç–
— Minha senhora! Você já olhou o jardim? Ele passou por uma grande mudança.
Lotan a interrompeu com outra pergunta. Ele então fez uma pausa, e Eileen esperou que continuasse. Isso estimulou Lotan a continuar.
— Quero dizer, a estufa. Eles trouxeram uma nova planta chamada — Camélia do Oriente, acho que é esse o nome.
— C-Camélia do Oriente?
Eileen gaguejou de excitação.
— Ah sim. Ouvi dizer que é uma planta muito preciosa.
Quando Cesare estava no Palácio Imperial, ele lhe deu acesso total para explorar os jardins do palácio. As memórias de suas andanças entre plantas que ela só tinha visto em livros ainda estavam vivas em sua mente.
No entanto, Eileen achou impossível visitar os jardins do palácio nos últimos três anos sem Cesare ao seu lado.
— Não seria bom tirar um momento para explorar os jardins antes que o Grão-duque chegue?
— Isso seria ótimo.
O fascínio avassalador de Eileen por plantas ofuscou seu desejo de voltar para casa. Eileen corou ao pedir ajuda a Lotan para encontrar o jardim, e o homem graciosamente concordou, como se estivesse antecipando seu pedido.
A caminho para o jardim, após deixar o salão do banquete, Eileen se lembrou do que tentou dizer a noite toda.
— Oh…
Lotan, que estava liderando o caminho, virou-se com uma expressão confusa quando Eileen suspirou. Como se em resposta, ela mostrou a ele o cartão de dança em seu pulso com uma expressão de dor.
— Você não vai ter a chance de dançar com outras moças por minha causa. Sinto que os demais cavaleiros também. Eu me sinto péssima. Então, estava apenas planejando cumprimentar Sua Graça e ir embora sem dançar.
— Por favor, não faça isso, Srta. Eileen.
Diante da insistência de Lotan, Eileen sorriu levemente.
— Tudo bem. Vamos dançar uma música, senhor Lotan? Mas tenho que deixar os outros sem isso.
— … Acho que isso seria aceitável.
A resposta de Lotan trouxe imenso alívio para Eileen, aliviando suas preocupações. Eles riram e conversaram até que se encontraram em frente à estufa.
— Por favor, aproveite o seu tempo e aprecie a vista.
— E você, Sir Lotan?
— Tenho que retornar à recepção. Você não precisa se preocupar com o caminho de volta.
Parecia que enviaria alguém para escoltá-la de volta. Eileen agradeceu e entrou na estufa sozinha.
Continua….
Tradução Elisa Erzet