O Marido Malvado - Capítulo 05
Enquanto a carruagem se afastava, Diego observava. Como os carros eram vistos como itens de luxo, ele geralmente usava uma carruagem quando queria ser discreto.
‘Se ao menos pudesse levá-la para casa eu mesmo! Mas não, tenho muito o que fazer.’
Ele não teve escolha a não ser deixar que seu subordinado de maior confiança a levasse para casa.
Ao ver a carruagem desaparecer e depois mais um pouco, ele soltou um longo suspiro.
— Ah, que merda…
Entre todos os lugares possíveis para encontrar a senhorita… o mundo tinha um estranho senso de humor.
— Lotan deveria ser preso por isso.
Independentemente de seus pensamentos, Lotan sempre parecia ser o mocinho. Ele jurava que a senhora deles tinha um volume significativo de homens a protegendo em volta do dedo mindinho, dançando como marionetes.
Ele planejava passar por lá com o coelho de pelúcia, mas percebeu que precisava fazer mais para se redimir. Tinha que elaborar uma estratégia para compensar o contratempo de hoje. Decidido, Diego voltou ao prédio, com a placa de pontuação acesa em sua mente.
Voltando para dentro, ele se encostou casualmente na parede ao lado da escada. Então, de repente, um quadrado de ouro se materializou na superfície lisa, revelando uma porta escondida. Além dela, havia outro conjunto de escadas que levava às profundezas do subterrâneo.
A escadaria estava mal iluminada por tochas tremeluzentes, criando uma atmosfera assustadora. Sem se deixar abater por essa atmosfera, Diego assobiou uma melodia enquanto descia.
O cheiro metálico de sangue ficava mais forte a cada novo passo. No fundo, uma vasta câmara subterrânea se estendia diante dele, dividida em seções por robustas barras de ferro.
Aprofundando-se no labirinto subterrâneo, Diego refletiu sobre a pesquisa de Eileen. Ele não era um gênio como alguns de seus colegas, que podiam beber de uma fonte de conhecimento de uma só vez. Ainda assim, ele sabia quando segurar a língua e dar tempo para que o conhecimento fosse absorvido.
Após examinar todos os documentos de pesquisa retirados do laboratório de Eileen, Senon declarou um dia.
— Morpheu mudará o curso da história.
Imagine uma droga potente que isola os componentes analgésicos do ópio, aumentando ao máximo suas propriedades analgésicas.
Apesar de suas propriedades viciantes, os resultados eram indiscutíveis. Morpheu seria a salvação definitiva, não apenas para os feridos no campo de batalha, mas também para os que estavam morrendo de dor.
Senon enfatizou que apenas um único ingrediente era extraído de uma planta, o que era de grande importância. O resto da explicação ficou surda para os ouvidos de Diego.
— Vossa Alteza, o Império alcançará novos patamares com esse medicamento! Por favor, apoie a pesquisa da Srta. Eileen!
Se o fizessem, teriam que provar sua eficiência para evitar a pena de morte.
Teria valido a pena para Cesare proteger secretamente Eileen até que sua pesquisa estivesse completa, depois demonstrar a eficácia do produto acabado e apoiá-la.
‘E quando se tornar a Grã-Duquesa, ninguém ousará mexer com ela!’
Independentemente do quanto o Grão-Duque a adorava, não passava da filha de uma família decaída. Os cavaleiros do Grão-Duque, incluindo Diego, queriam desesperadamente que Eileen se tornasse a Grã-Duquesa.
Dessa forma, ela estaria completamente protegida.
Eileen havia se envolvido em um número estranho de acidentes desde a infância. Ela era particularmente propensa a atrair pessoas perigosas e desagradáveis. Isso ficou evidente desde o momento em que chamou a atenção de Cesare. Ele, antes indiferente e desinteressado, se viu cativado pela jovem Eileen e acabou descobrindo uma afeição crescente por ela.
À medida que crescia, Eileen se envolvia com personagens ainda mais estranhos. Se os cavaleiros de Cesare não tivessem feito uma pequena “faxina” na casa, já teriam um grande problema nas mãos.
Os cavaleiros do Grão-Duque, que observaram Eileen por muitos anos, passaram a amá-la. Eles não ficaram tão secretamente chocados quando Cesare anunciou sua intenção de fazer de Eileen sua Grã-Duquesa.
Eileen teria que se casar com alguém em algum momento. Seria melhor para ela se casar com Cesare do que acabar se casando com um homem estranho. Diego tinha certeza de que ela compartilhava o mesmo sentimento.
‘Ainda assim… É tudo um pouco repentino.’
O mestre de Diego sempre gostou de Eileen, mas seus sentimentos de repente se tornaram irracionais. Afinal, ela era apenas sua ‘filha’ até aquele momento.
Tudo começou com o triunfo dele sobre o Reino Kalpen.
O comportamento de Cesare mudou depois daquele dia. Diego notou uma diferença no momento que o Grão-Duque colocou o Rei Kalpen de joelhos.
Cesare raramente demonstrava suas emoções. Independentemente da situação, ele permanecia calmo e racional. Mas naquele dia, apesar de ter passado a vida inteira a serviço de Cesare, o homem mostrou um lado dele que Diego nunca tinha visto antes.
Olhando para o Rei ajoelhado, ele encarou fixamente e murmurou algo que aparentemente não fazia sentido quando escutado pelos outros.
— Quando foi isso, já faz 7 anos?
Ele fechou os olhos lentamente, e depois explodiu em gargalhadas, uma sensação mortífera causou arrepios na espinha de Diego. Cesare, que estava divagando há algum tempo, soltou um suspiro cansado.
— Ah…
Ele sorriu, seus olhos vermelhos brilhantes.
— Finalmente voltei.
Então ele desembainhou sua espada e cortou a cabeça do Rei Kalpen.
Não houve tempo para impedir isso. Ao brilho da lâmina da espada, a cabeça do rei já havia sido cortada.
Sua cabeça voou, e uma fonte de sangue jorrou de seu pescoço decepado. Os cavaleiros do Grão-Duque não conseguiram conter o choque ao verem o Rei Kalpen cortado ao meio.
Não era normal que Cesare agisse assim.
Se ele fosse o Cesare que eles conheciam, teria poupado a vida do rei decaído e o mantido por perto até que sua utilidade tivesse expirado. Mas Diego não conseguia conciliar esse Cesare calculista com o ato impulsivo de violência à sua frente. Era estranho que ele empunhasse uma espada para executar sua sentença.
Depois disso, Cesare recuperou a compostura, riu histericamente e considerou a decapitação uma mentira. Ele assumiu um ar de extrema calma e racionalidade, apesar da reviravolta chocante dos acontecimentos.
Os cavaleiros sabiam, apesar de sua fachada. Seu mestre havia mudado, no momento em que ele decapitou o rei isso ficou claro.
Na opinião das pessoas sobre o homem, Cesare havia se transformado em alguém mais sábio. Ele parecia ter amadurecido e se tornado mais sofisticado, e ocasionalmente conseguia prever o futuro. Era como se ele tivesse roubado o conhecimento do céu.
No entanto, diferentemente de antes, um lado mais impulsivo surgiu. Houve momentos em que ele agia feito louco como se estivesse quebrado, mas foi tudo por Eileen Elrod.
— Eu deveria me casar com Eileen.
Cesare reuniu os cavaleiros que estavam prestes a retornar ao império e fez o anúncio repentino. Lotan foi o primeiro a dizer a coisa certa, enquanto todos os outros estavam congelados em choque.
— Acredito que Eileen se sentirá sobrecarregada.
— Não posso evitar, mesmo que ela não goste. É preferível a ter sua cabeça decepada na guilhotina.
Cesare sorriu amargamente antes de começar a murmurar novamente.
— Isso não acontecerá duas vezes. (╥﹏╥)
O que seu senhor queria dizer com isso? O mestre deles não era de proferir bobagens, então isso tinha que significar alguma coisa.
Diego rapidamente descartou suas suspeitas sobre as intenções de Cesare e abriu a grossa porta de ferro à sua frente. Diego entrou e estalou brevemente a língua quando ouviu um resmungo.
— Aaaah.
Ele andou direto para uma poça de sangue. Franziu o nariz e olhou para dentro. Um pedaço de carne estava amarrado a uma cadeira no centro da sala, então era difícil descobrir sua identidade. Manchas vermelhas cobriam todo o chão.
Um homem que estava preso num canto e não conseguia emitir nenhum som saiu rastejando, choramingando.
— Sniff, hic, Dieg-, senhor Diego!
A pessoa que pulou para fora como se tivesse visto um salvador foi o pai de Eileen, o Barão Elrod. Parecia que o desgraçado Barão tinha se sujado.
Enquanto ele franzia a testa devido ao fedor azedo da urina, o Barão Elrod, que tentava se agarrar aos pés de Diego, percebeu e caiu imediatamente.
Diego saudou seu mestre primeiro. Quando Cesare reconheceu a saudação, ele fez um gesto, e todos os soldados na masmorra imediatamente largaram seus instrumentos de tortura e assumiram uma postura ereta.
Embora a câmara estivesse cheia de odor de sangue, Cesare estava organizado e imaculado. Com os braços cruzados, ele falou languidamente.
— Não a deixe beber de novo, Diego.
— Peço desculpas.
— Se ela pedir novamente, simplesmente recuse.
— Sim, Vossa Graça.
Diego arriscou um rápido olhar para seu mestre. Foi uma sorte que Cesare parecesse estar de ótimo humor. Ele deve ter tido um encontro agradável com a Srta. Eileen.
Sua Graça não era de demonstrações abertas de emoção, muito menos de afeição. Mas quando Cesare estava com ela, seu comportamento suavizava inesperadamente.
Diego olhou para o Barão Elrod com desgosto.
‘Agora, o que devemos fazer com esse verme?’
O Barão ficou abalado até o âmago quando percebeu que Diego o observava. Ele tentou dar um sorriso servil, mas era difícil porque seu corpo inteiro tremia.
Cesare observou isso com um sorriso lento brincando em seus lábios. Era uma expressão tão linda que não conseguia deixar de chamar atenção para si.
— Pensando bem, nosso atendimento aqui foi realmente abaixo da média.
Cesare falou gentilmente, como se lhe oferecesse chá.
— Vamos sentar e conversar?
Após remover os restos profanados da sessão anterior, um pedaço de carne mal pendurado na cadeira, os soldados forçaram o Barão Elrod a sentar-se no assento.
AAAAAARGG!
Os gritos histéricos do barão eram mais como guinchos, com sua saliva e lágrimas se misturando como se estivesse cortando a garganta de um porco. Sua explosão foi breve, porém, ele fechou a boca abruptamente quando Cesare se aproximou. Cesare olhou para o barão incontinente, notando a umidade se espalhando mais uma vez em sua calça.
— Bem, então.
Ele fez a pergunta com alegria.
— Então você ainda tem mais alguma coisa para vender, barão?
Continua…
Tradução: Elisa Erzet