Noite De Caça - Capítulo 202
—Ahhhh!
Ao mesmo tempo em que o som de um tiro ecoou, um grito saiu da boca de Han Mun-woo, então o corpo do homem caiu pesadamente sobre mim. Ele tossiu e vomitou sangue enquanto se contorcia.
—Filho da puta.
Junto com um xingamento baixo, pude ouvir passos se aproximando, alguém pisando nas folhas secas. Logo, a figura de Baek Doha, segurando uma arma, apareceu diante de mim. Ele agarrou Han Mun-woo por trás e o jogou no chão como um saco de batatas.
—Seu desgraçado. Porra, eu vou matar você e aquele bastardo juntos.
Han Mun-woo tremia enquanto falava ferozmente, e cuspia sangue.
Doha chutou Han Mun-woo, fazendo-o se contorcer no chão. Assim como antes, o homem flutuou no ar, então seguindo Han Mun-woo que agora estava caído no chão, Baek Doha voltou a chutar o abdômen dele repetidamente, sem misericórdia.
—Ugh, ugh. Seu filho da puta, vou te matar.
Deitado no chão, como uma fera ferida, Han Mun-woo murmurou enquanto Baek Doha disparou novamente contra o braço dele, que já estava machucado. Um grito desesperado ecoou. Foi um som agudo, como se os meus tímpanos estivessem prestes a se rasgar.
—Ahh! Sua esposa, aquele, aquele bastardo mutante, eu vou matá-lo de qualquer maneira.
—Cale a boca! Vou fazer isso logo.
Han Mun-woo continuou gritando freneticamente. Nesse momento Baek Doha, com um rosto inexpressivo, carregou a arma e mirou na cabeça dele. Desta vez, ele ficou quieto, como se tivesse desmaiado.
—Baek Doha!
Chamei desesperadamente o nome dele, mas ele pareceu não ouvir, então desajeitadamente me arrastei até ele e agarrei seu tornozelo.
—Baek Doha. Doha, não faça isso. Não mate pessoas. —O olhar frio que estava em direção a Han Mun-woo virou-se para mim. —Não mate por minha causa.
—Se eu deixar passar, esse bastardo vai acabar te matando.
Sua voz era fria e áspera.
—Não mate.
O sangue respingado naquele rosto branco e bonito era por minha causa, como sempre. O homem que costumava sair para caçar com uma arma, agora estava usando essa arma para atirar em pessoas por minha causa.
—Você disse que queria viver comigo como um ser humano, não foi? Também disse que queria ser uma pessoa normal? Seja você um bastardo ou um monstro, tanto faz vou continuar te amando. Mas por favor não seja um assassino. Não faça isso por minha causa.
Lágrimas quentes escorriam dos olhos que encaravam Baek Doha. Essas lágrimas corriam por causa da dor aguda no meu ombro e dos fortes feromônios que fluíam de Baek Doha, era difícil até respirar. Uma tosse incessante surgiu. Eu senti como se fosse desmaiar a qualquer momento devido à dor.
—Por favor.
Eu implorei mais uma vez com uma voz trêmula.
Eu estava aqui não só porque estava preocupado com Baek Doha, mas também para impedí-lo.
—Por favor… Cof, cof.
Uma tosse intensa irrompeu da minha boca. No final o sangue também jorrou. Um pouco de sangue morno e viscoso escorreu da minha boca.
—Esse cachorro não vale nada, ele merece morrer.
A voz de Baek Doha caiu sobre a minha cabeça.
—Não ninguém merece morrer assim. Eu também já fui um cachorro que não valia muito.
—Iguais, você pensa mesmo nisso? Que essa pessoa e você são iguais?
—Somos. Somos todos seres humanos. Ele, eu e você. Somos todos iguais. —Com lágrimas e nariz escorrendo, olhei para Baek Doha com um rosto contorcido e disse com dificuldade. O rosto de Baek Doha que me olhava estava severamente distorcido.
Eu odiava isso mais do que tudo nos Alfas Reais. Era o que mais desprezava e repudiava. O fato de não considerarem ninguém além deles mesmos como seres humanos.
Os Ômegas que lidavam com eles em suas festas de prazer eram como coisas que podiam morrer, insetos que poderiam facilmente ser mortos. Mesmo que algum deles desabasse durante o sexo, vomitando sangue por ter sido obrigado a usar drogas, ninguém se importava.
Os Alfas Reais que eu vi até agora eram todos uns filhos da puta. Eles eram criaturas enlouquecidas pelo sexo, armadas com seus feromônios, tratando a vida humana como algo menor que a vida de um inseto. Depois das festas em que algumas pessoas morriam, eles voltavam à rotina, com sua aparência elegante vestindo ternos de alta qualidade.
Foram eles que riram e brincaram, enquanto um dizia como havia batido na cabeça de um servo por quebrar seu vaso favorito enquanto limpava. Quando tais histórias surgiam, os membros do grupo dos Alfas Reais presentes comentavam dessa forma.
“Você o deixou vivo? Eu teria matado.”
Entre essas pessoas, até mesmo Yoo Hyun-seo, que era tratado como uma rainha, ria e brincava com eles. Para esses arrogantes que não toleravam nem mesmo o menor erro de um subordinado, eu também era como um inseto. Foi triste levar uma surra de Yoo Hyun-seo, e os Alfas Reais também me trataram rudemente. Eu sempre vivi sem receber tratamento humano.
Mas Baek Doha era diferente. Desde o primeiro encontro, ele sempre foi rude. Ele era grosseiro não só comigo, mas com todas as pessoas, ele não tinha maneiras mesmo com outros Alfas Reais. Caçar era seu único hobby, e ele vivia usando palavras grosseiras e ásperas. O homem corria em minha direção como um animal assim que me via, dizendo todas as obscenidades que eu nunca tinha ouvido na vida.
No entanto, ao contrário de outros Alfas Reais, ele não tratava os empregados ou subordinados de forma descuidada, apesar de ser rude e frio, ele mantinha as noções básicas de etiqueta, Doha respeitava estritamente a relação contratual entre empregador e empregado. Ele também tinha uma boa reputação na empresa e os funcionários gostavam e confiavam nele.
É claro que ele era um homem problemático assim como qualquer outro Alfa Real, mas pelo menos ele não tratava a vida humana levianamente.
—Han Mun-woo é um criminoso. Mas você não precisa fazer isso. Eu não quero que você suje as mãos com sangue humano. O cheiro de sangue me enoja. É repugnante.
Foi tão difícil falar que parei várias vezes e precisei abrir a boca novamente. Com a visão embaçada, mordi meus lábios com força para me manter consciente.
Eu sabia muito bem que Baek Doha me amava intensamente, mas eu não podia tolerar isso. Por mais que o amasse, ou melhor, porque o amava loucamente, não conseguia suportar ver ele se tornar um assassino.
(Oxe, mas ele já não matou uns 20 no restaurante?! 😅)
A culpa de transformar meu homem em um assassino por minha causa me deixaria louco.
Existe alguma garantia de que isso não acontecerá novamente? E se acontecer, Doha pegará a arma novamente e vai atirar em alguém por mim? Não! Eu odiava que meu homem matasse qualquer ser vivo.
—Não mate pessoas, nem mate animais. Abaixe essa arma.
Eu disse com esforço, como se estivesse espremendo as palavras para fora. Fixei os olhos em Baek Doha, forçando-me a mantê-los abertos, e dei a ordem. Encarei Doha com firmeza e disse novamente.
—Abaixe essa arma.
Foi um último comando, um pedido. Baek Doha, com um rosto rígido, finalmente bufou para o nada.
—Merda.
Enquanto xingava, ele abaixou a arma que estava apontando para Han Mun-woo, que estava encolhido. Os feromônios cheios de vida, que pareciam prestes a incendiar a floresta inteira, diminuíram drasticamente.
—Você vai deixar esse bastardo que te fez isso, vivo? Não sabe o que ele pode fazer com você se o deixar ir? Por que você é assim? Mesmo diante dessa situação deplorável, você pensa nos outros? Sentindo pena desnecessariamente, de um inútil como esse!
—Não é por isso que você me ama?
—Ah, porra!
Baek Doha soltou uma enxurrada de xingamentos. Mesmo assim, ele parecia incapaz de me deixar triste. Eu sorri interiormente enquanto me deitava no chão, exausto, eu estava tão fraco que não tinha forças nem para mexer um dedo, meu ombro doía terrivelmente. Foi engraçado que, embora minhas pernas estivessem doendo, a parte inferior do meu corpo estava quente por causa dos feromônios. A área entre minhas pernas estava molhada.
—Baek Doha.
Chamei seu nome, mas ele pareceu não ouvir minha voz porque estava ocupado com um pouco de raiva ainda resmungando.
—Doha, querido.
Minha voz estava ainda mais fraca do que antes, mas Baek Doha virou a cabeça rapidamente quando me ouviu.
—Me abrace, querido.
Olhando para Doha, estendi meus braços como se estivesse implorando por um abraço. Meu ombro doía tanto que só pude esticar adequadamente um braço. O som da palavra “querido” que raramente saía de minha boca, saiu facilmente hoje, algo que Baek Doha sempre queria ouvir.
—Porra, não é um pouco demais falar assim em um momento como esse?
Ele resmungou, mas se ajoelhou à minha frente, abruptamente. Então, com muito cuidado, ele me levantou segurando minhas costas e nuca. Eu envolvi o corpo de Baek Doha com o braço que tinha estendido para abraçá-lo. Por estar usando apenas uma fina camisa, pude sentir claramente a textura dos músculos tensos dele. Ele me levantou como se estivesse segurando um bebê, instalou a língua e depois franzir os lábios e soltou um palavrão.
—Foda-se seu bastardo.
Enquanto xingava Han Mun-woo, que me deixou assim, Baek Doha segurou meu antebraço com cuidado. Mesmo sem tocar no meu ombro, apenas um leve movimento do braço já era suficiente para me fazer gemer de dor. Observando-me assim, Doha soltou outro xingamento, não foi uma maldição dirigida a Han Mun-Woo, mas uma maldição misturada com suspiro alto-depressivo. Seus lábios bem fechados tremeram e seus olhos também tremeram enquanto ele olhava para mim.
—Por que veio até aqui e acabou assim?
—Para te impedir.
As bochechas de Baek Doha tremeram e seus olhos ficaram úmidos.
Quando olhei mais de perto, vi que Doha também não estava bem. Havia marcas de cortes vermelhos em seu rosto bonito e um grande hematoma em seu pescoço. Manchas de sangue respingaram na gola de sua camisa e havia rasgos em seu peito e braços, de onde sangue fluía.
Ele me olhava com um rosto que parecia prestes a chorar, embora também estivesse ferido. Ele também deve estar sentindo dor.
—Não está doendo?
Quando perguntei, Baek Doha pareceu irritado.
—Quem está reclamando?
—Eu estou com dor. Está realmente doendo.
Normalmente, mesmo que estivesse doendo tanto a ponto de parecer que ia morrer, eu teria dito que estava tudo bem. Mas desta vez, eu admiti honestamente que estava com dor. Relaxei e descansei minha cabeça no peito de Baek Doha. A sensação sólida de seu peito contra minha cabeça era extremamente reconfortante. Embriagado pelo cheiro de seus feromônios que invadiam minhas narinas, relaxei completamente.
Uma voz chamando Baek Doha ecoou do alto da encosta. Os membros do Grupo do gerente Han que provavelmente sentiram o intenso aroma de feromônios que Doha havia emitido recentemente, se aproximaram. Os sons das pessoas se aproximando na encosta da montanha eram perceptíveis.
—Estou com fome.
Murmurando estas palavras, finalmente deixei de lado as cordas que controlavam a minha consciência e adormeci.
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Continua….
Tradução: Rize
Revisão: Ana Luiza