Noite De Caça - Capítulo 169
— Você só canta essa música.
Num tom baixo, eu senti uma mão segurando meu braço. Quando me puxou, eu caí em seus braços sem resistência. Os feromônios do meu parceiro, impregnados com um leve aroma de perfume, entraram em mim. Sorrindo maliciosamente, eu abracei a cintura de Baek Doha.
— Pare de ser tão fofo, certo? — Baek Doha olhou para mim com seu rosto lindo e envolveu carinhosamente seus braços em meus ombros. — Como posso nunca me cansar de olhar para o seu rosto. De onde veio algo tão maravilhoso?
Abri a boca e ri como um idiota diante da seriedade de sua voz enquanto ele olhava para o meu rosto. Ele era a única pessoa a chamar meu rosto de bonito quando todos os outros o achavam feio.
Ele é meu. É o meu alfa, é o meu companheiro. Eu o amo, eu realmente te amo.
Eu me perguntei se minhas emoções estavam me dominando devido à embriaguez, e lágrimas escorreram pelo meu rosto. Baek Doha perguntou, assustado.
— Por que está chorando?
— É só que… — Murmurei enquanto olhava para ele, ainda agarrado à cintura de Doha, sem me preocupar em enxugar minhas lágrimas. Minha pronúncia estava distorcida por causa da embriaguez. — O filme que assistimos hoje foi tão bom, o vento está tão frio, o ar é agradável, a noite está deslumbrante, você parece tão quente, seu cheiro é tão bom. Eu realmente estou feliz, tudo está perfeito.
As lágrimas escorriam pelo meu rosto como uma torneira aberta. Minha pele molhada estava uma bagunça e minha voz tremia. Eu solucei e funguei entre as lágrimas. Então Doha sorriu e limpou minhas bochechas com a mão.
— Se é tão bom, por que você está chorando?
— Eu não sei. É tão bom, mas me sinto triste.
— Ei, Bebê chorão.
Gostei do tom afetuoso. Gostei do calor de sua mão enxugando minhas lágrimas. Adorei o modo como seu belo rosto olhava com carinho para o meu, que devia estar horrível de tanto chorar.
Como ele mesmo disse, se foi tão bom porque eu estava chorando? De qualquer forma era uma situação difícil. Eu também chorei enquanto assistia ao filme mais cedo, meus canais de lágrimas pareciam se romper com frequência.
— Pare de chorar. Parece que estou te fazendo chorar. Você quer andar um pouco?
Balancei a cabeça enquanto fungava. Caminhamos durante a noite, agarrados um ao outro. Como não consegui andar agarrado por muito tempo, tirei minha mão da cintura dele e segurei sua mão, embora fosse um bairro de entretenimento noturno, era um dia de semana, então não havia muita gente nas ruas. Felizmente, depois de caminhar um pouco as lágrimas pararam.
Como já era tarde, não havia barracas de taiyaki, apenas uma ou outra barraca de comida era visível. Fiquei olhando fixamente para fumaça saindo do vaporizador de uma barraca de bolinhos.
— O que? Você quer comprar?
Ele parecia pensar que eu estava olhando para eles porque queria comê-los. Então balancei a cabeça.
— Quando eu era criança, queria muito pãezinhos cozidos no vapor, então, quando trabalhei em uma lanchonete, fiquei feliz por poder comer todos os bolinhos e pãezinhos cozidos no vapor que eu podia. Os bolinhos de kimchi deles eram deliciosos.
— O que você ainda não fez?
— Tudo, exceto trabalho braçal. Na verdade, eu fiz isso também. Quando estava no ensino médio, eu menti dizendo que era um estudante universitário e trabalhei duro.
— Naquela época, você devia parecer mais jovem do que agora. Como conseguiu enganá-los?
— Eu enganei. Quando era mais jovem, eu era tão magro e maltrapilho que na verdade parecia mais velho. Mas fui demitido depois de um dia porque não aguentei o trabalho.
Eu dei uma risadinha, mas a expressão de Baek Doha era séria. Ele segurou minha mão e a apertou com força.
— Toda vez que ouço você falar do passado, tenho vontade de matar todas as pessoas que te fizeram sofrer.
— Não fale bobagens.
— Não vou deixar você passar por coisas ruins de novo. Vou garantir que você viva como um rei.
Eu apenas ri, já estava vivendo como um rei.
— Iremos ao cinema novamente, ao parque de diversões, faremos o que você quiser fazer. Não vou comprar suas porcarias favoritas com tanta frequência, mas ainda comprarei tudo o que você quiser comer. Portanto, continue vivendo como meu Ômega.
Fiquei desnecessariamente constrangido e falei sem perceber.
— Está me dando ordens de novo.
— Por favor, seja meu esposo pelo resto da vida.
Assim que eu reclamei ele imediatamente mudou suas palavras. Eu sorri e disse algo.
— Já estou fazendo isso.
Eu estava bêbado, então minhas palavras eram um tanto trêmulas. Baek Doha virou a cabeça para me olhar e disse seriamente: — Vou tentar o meu melhor. Não posso prometer que não vou fazer nada, mas tentarei ao máximo não agir como um idiota.
— Porque não diz que não fará mais isso?
— Sou um bastardo por natureza, então o que posso fazer?
Eu sorri. Ele sorriu de volta e agarrou minha mão, enfiando-a no bolso do seu casaco.
— Por que suas mãos estão tão frias?
Isso foi bom. Ninguém jamais havia segurado minha mão assim antes, mesmo em momentos extremamente frios. Mas agora havia alguém ao meu lado que sempre segurava a mão feia e grumosa, a colocava no bolso, esfregava e a aquecia.
Quando finalmente parei de chorar, a ponta do meu nariz formigou novamente, com isso virei a cabeça para olhar as montanhas distantes.
— Se está tudo bem, apenas sorria. Se gosta disso, por que está triste? Você pensa demais. Por que algo tão pequeno vive uma vida tão complicada?
É verdade, por que penso tanto? Mesmo pensando nisso, minha boca disse algo diferente.
— É complicado, acho que é porque somos seres humanos.
— Eu só penso em uma coisa.
— No que você está pensando?
— Em você. — A resposta, pela primeira vez, foi simples. Eu comecei a rir. Um hálito branco escapou alegremente por entre meus lábios entreabertos. — Penso em te beijar, em fazer sexo com você, fiz isso ontem e quero fazer sexo de novo hoje, quero te abraçar, rolar nos lençóis o dia todo enquanto sinto o seu cheiro delicioso, penso no seu cuzinho apertando meu pau enquanto você goza se mexendo para cima e para baixo. Penso em ouvir seus gemidos e ver seu corpo se contorcendo de prazer. Penso em passar o fim de semana viajando com você, em te ver acordar amanhã, na próxima, todos os dias do ano, pelo resto da minha vida. Fico ansioso porque não quero que um idiota qualquer toque em você, e impaciente para saber o que você está fazendo lá fora. Meus pensamentos estão cheios de você.
Falar coisas desse tipo de forma tão descontraída era um de seus talentos. Normalmente, eu teria ficado envergonhado e pedido para ele parar, mas hoje eu continuei rindo.
— Você não pensa na empresa?
— É uma empresa, o que há de tão importante? Se algo der errado, dane-se.
Um presidente dizendo coisas desse jeito. Mas sabia muito bem que, mesmo falando assim, ele era alguém que fazia seu trabalho corretamente.
— Eu só penso em você. Se estou com problemas, é por sua causa. Você deveria pensar em mim também. Só continue vivendo comigo e Doyun. Não pense nesse passado de merda. Apenas seja feliz. Sorria. Não chore. — Ele parou, depois acrescentou rapidamente outra coisa. — É bom sorrir, mas só faça isso na minha frente. Faça isso escondido dos outros e não sorria demais quando não estiver comigo
Onde eu iria rir tão confortavelmente? Eu nunca ri assim antes, nem mesmo na frente de Choi Cheolmin.
— Eu não rio muito fora de casa, você também não deveria rir na frente de outras pessoas.
— Eu não faço isso. — Ele me deu rapidamente uma resposta. — Se eu risse, acho que ficariam assustados. — Ele acrescentou, e eu soltei uma gargalhada.
Sim, estava claro que, se ele risse na empresa, todos ficariam nervosos e se perguntariam se haviam feito algo errado. Ele era assim no passado, e foi assim nos últimos anos, o seu comportamento na frente das pessoas era o mesmo. Ele era frio, rude e arrogante. As fotos de paparazzi e as fotos de artigos dele na Internet eram as mesmas, como se tivessem sido copiadas e coladas.
O mesmo rosto sem expressão. Uma aparência quase desumana como uma estátua de mármore. O público, que só o viu em fotografias, talvez não soubesse como as expressões faciais de Baek Doha eram diversas, como ele sorria lindamente ou como era caloroso e atencioso. Provavelmente não sabiam que ele não era apenas um bastardo malcriado e grosseiro, mas um marido e pai amoroso e cuidadoso.
Isso não importava. Eu era a única pessoa que precisava conhecer esse lado dele.
Não queria compartilhar isso com mais ninguém. Queria manter esse lado inesperado dele só para mim.
— Não seja gentil com os outros.
— Por que eu seria gentil com outras pessoas?
Foi uma resposta simples. Gostei muito da resposta.
Eu vinha insistindo para que ele melhorasse suas habilidades sociais. Não queria que a pessoa que amo fosse mal falada pelos outros, mas também não queria que ele saísse por aí mostrando bondade para todos.
Eu queria que ele continuasse agindo como um bastardo rude e arrogante lá fora. No entanto, pensei que deveria estabelecer um limite para quando ele agisse como um idiota. Agora, no entanto, minha mente estava muito confusa por causa da embriaguez, poderíamos discutir isso mais tarde.
Por enquanto, eu estava apenas aproveitando essa agradável embriaguez. Cambaleei para trás, me agarrando a Baek Doha me esfreguei em seu corpo.
— Você está com frio?
— Não. Está quente.
Enquanto resmungava, Baek Doha segurou minha mão que ele havia colocado no bolso de seu casaco e apertou meus dedos com força. Ele riu satisfeito com minha demonstração de afeição incomum.
— Vamos ao rio Han? Vamos pegar um barco de passeio no rio Han. Eu nunca andei de barco de passeio antes.
— Eles não estão funcionando no momento.
— Mesmo? Ainda assim, vamos ao rio Han. Vamos fazer lámen e comer enquanto vemos a vista noturna. Dizem que o lámen fica especialmente delicioso quando você o come na frente do rio Han.
Falei entusiasmadamente enquanto andava alegremente. Baek Doha tentou resistir para não ser arrastado por mim.
— Acalme-se. Você vai andar a pé daqui até o rio Han?
— Qual é a distância daqui até o rio Han?
Doha me levou até o carro enquanto eu ainda estava atordoado e com os olhos turvos.
Devo ter adormecido no carro enquanto conversávamos. Quando acordei com uma sacudida no ombro, vi uma vista panorâmica do rio Han pela janela do carro. Nem precisei sair para ver a vista noturna do rio. E logo comecei a conversar animadamente de novo.
— A casa onde você me aprisionou antes tinha vista para o rio Han. Era tão bonito à noite. Na primavera, poderia ter visto as árvores de flores de cerejeira, mas saímos daquela casa antes da primavera.
— Aprisionou?
— Extremamente, você não me deixava dar um passo para fora.
— Sim, eu era um imbecil.
Doha bufou e colocou um braço em volta dos meus ombros. Naturalmente, inclinei-me e apoiei minha cabeça em seu ombro, e continuei falando.
— A vista do rio Han daquela casa era tão bonita que eu chorei ao vê-la. Passei de carro pela ponte do rio tantas vezes com Hyunseo e, toda vez que a via, tudo o que eu queria era morrer.
— Ainda não vendi a casa, às vezes vou até lá para descansar. É minha segunda casa.
A voz suave de Baek Doha soou através do topo da minha cabeça. Era reconfortante só de pensar nisso. Jantar enquanto olhávamos para o Rio Han ao pôr do sol e depois curtir a vista noturna, tudo isso soava maravilhoso.
— Tenho casas em meu nome em toda Seul e vilas familiares nas províncias, portanto, pode ir a qualquer lugar se quiser. Mas não vou deixar você ir sozinho.
Eu não tinha intenção de ir sozinho. Agora tenho minha própria família, então por que eu deveria ir sozinho?
— Na primavera, deveríamos ver as flores de cerejeira com Doyun. No verão, vamos passar as férias no resort de Gangneung que visitamos antes. Vamos até a ilha onde me escondi tombem, os idosos de lá sentem falta de mim e eu quero levar de Doyun. E eu quero ir para a Ilha de Jeju também e comer carne de porco preto.
Nos braços do meu esposo, eu divaguei sobre o futuro, não sobre o passado. Baek Doha me ouviu pacientemente, tocando meu ombro, o lóbulo da orelha e a bochecha.
— Sim. Vamos fazer o que você quiser.
Não importava o que eu dissesse, ele sempre dizia: “Faça. Tudo o que você quiser fazer”. Ou: “Faça tudo comigo”. Se eu dissesse: “Vamos voar de parapente”, ele também aceitaria. Se eu lhe pedisse para pular no rio Han agora mesmo, mesmo que fosse de brincadeira, ele com certeza faria.
Foi tão doce, tão feliz, tão bom, que meu estômago tremeu de alegria. Eu até tentei me contorcer e me enroscar mais nos braços de Doha.
— Mas por que você não diz que me ama? Eu disse antes que amo você.
Ele olhou para mim e riu com incredulidade.
— Porra, você vai me matar hoje, não vai?
Não fazia sentido usar palavrões. Pisquei e rapidamente disse a ele que o amava e, com outro aperto, ele me beijou nos lábios.
— Eu amo você.
Ele afastou nossos lábios por um momento e sussurrou, depois sobrepôs novamente, beijou, mordiscou, chupou, e então continuou a beijar os lados da minha boca, bochechas, queixo, e os lóbulos da minha orelha.
— Eu amo você, Yoo Seolwoo. Te amo. Te amo. Porra. Eu te amo tanto.
Ele me deu um beijo para cada vez que ele dizia “eu te amo”. Em meio ao batismo de beijos, joguei meus braços em volta do pescoço de Baek Doha e ergui o pescoço, sorrindo. Foi uma noite muito feliz.
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Continua….