Noite De Caça - Capítulo 168
Não era uma situação engraçada, mas me fez rir. Eu sorri e torci o braço que ele segurava para fora do seu alcance.
— Não. Eu quero mais.
Baek Doha me encarou com um rosto petrificado enquanto eu fazia um gesto de flerte que nunca faria se estivesse em meu juízo perfeito. Continuei rindo como um homem com um parafuso a menos e puxei seu braço.
— O quê? Vamos beber mais. Me pague mais bebidas.
— Haha.
Baek Doha deu uma risada curta com o absurdo de tudo isso e acabou se sentando novamente em seu lugar. Depois de pedir outro copo do mesmo coquetel ao garçom, ele disse em tom sério.
— Você não vai mais beber no futuro.
Eu simplesmente ri, não conseguia parar de rir. Trouxeram os dois coquetéis que pedimos e outro de cortesia. O drink de cortesia tinha gosto de suco de laranja e era delicioso, com bebidas assim, eu senti que poderia beber a qualquer momento. Depois de tomar um gole do que eu estava bebendo antes, planejava alternar entre eles, mas Baek Doha pegou o copo da minha mão.
— Não, não. Você só vai beber esse.
— Não é justo que eu beba um copo e você beba dois.
Enquanto eu divagava, Baek Doha engoliu o coquetel que havia tomado de mim em um gole rápido.
— Eu só estou com um. Agora é justo, certo?
— O que é isso? Está bebendo um drink junto com soju. Quanto custa esse coquetel?
Era o drink recomendado pelo restaurante ganhou algum tipo de prêmio ou algo assim, por isso custava 20.000 won o copo. No entanto, para um homem com recursos financeiros que lhe permitiriam beber champanhe de alta qualidade como água todos os dias, isso não era nada.
No entanto, eu, como esposo desse homem, estava surpreso por estar tão atento a essas questões. Eu vestia roupas que custavam centenas, ou até mesmo milhares de wones, usava joias extravagantes e vivia em uma casa de bilhões de wones. Mesmo a minha aliança de casamento poderia ser um produto de primeira linha se fosse colocada à venda.
Fui ao supermercado local para obter um desconto no sorvete, costumava procurar a cafeteria com o café mais barato, e estava me questionando porque ele tinha comprado o drink de 20.000. Como alguém assim vai conseguir sobreviver no mercado de arte onde uma única pintura pode custar milhões e até dezenas de milhões de dólares?
Mas isso era assunto para outro dia. Por enquanto, eu me sentia muito bem. Dei uma risadinha e tomei meu coquetel com sabor de suco de laranja. Baek Doha ficou me olhando com cara de desaprovação, e nem sequer tocou no seu copo de bebida.
— Você tomou seus supressores hoje? Esconda seus feromônios, você os está derramando por toda parte sem a permissão do seu marido.
— Pensei que tinha dito que eu não deveria suprimir meus feromônios quando estou com você?
— Eu lhe disse para fazer isso quando estivermos sozinhos. Mas você deve suprimi-los quando estiver em público.
Na verdade, eu deveria estar no controle dos meus feromônios, mas a embriaguez deve ter afrouxado meu controle e os deixou escapar sem meu conhecimento. No entanto, quando olhei ao redor, não vi ninguém como um Alfa ou um Alfa Real. Mesmo assim, Doha parecia inquieto.
Um a um, os clientes que estavam sentados saíram e, antes que percebêssemos, éramos os únicos que restavam. Foi então que Baek Doha chamou o garçom e fez um pedido ridículo.
— Não aceite clientes de agora em diante.
— O quê?
O funcionário lançou um olhar de incredulidade.
— Vou alugar o bar inteiro a partir de agora e não quero que aceite nenhum cliente.
— Vamos embora. Eu já terminei.
Constrangido tomei o resto do meu coquetel de uma vez e me levantei. Era quase meia-noite, e eu tinha que sair dali. Peguei meu casaco e fui cambaleando em direção ao caixa. Queria pagar a conta. Mesmo que fosse com o dinheiro de Baek Doha, eu ainda queria sentir a sensação de pagar.
Quando levantei, estava tão bêbado que meus olhos começaram a girar. Meus dedos pareciam estar andando nas nuvens.
— Huh, onde está minha carteira? E meu celular.
Bêbado e mal conseguindo me controlar, remexi nos bolsos e encontrei minha carteira, mas então percebi que meu celular havia sumido. Enquanto cambaleava à procura do celular, ouvi a voz de Doha atrás de mim.
— Aqui está o telefone.
Ao mesmo tempo, ele estendeu meu celular.
— Por que você está com meu celular, você o roubou?
Baek Doha riu ao ouvir a pergunta.
— Você o deixou sobre a mesa.
— Oh, eu deixei. Desculpe.
Depois de ouvir isso lembrei que eu o havia deixado sobre a mesa depois de ter ligado para Doyun para dizer a ele que fosse para a cama primeiro porque sua mãe e seu pai chegariam tarde. Dei uma risada incontrolável ao pegar o telefone. Baek Doha agarrou meu braço para me apoiar, enquanto eu ria balançando de um lado para o outro, mesmo estando parada no lugar.
— Você é tão fofo, vou acabar perdendo a cabeça.
Ele fez o comentário casual que geralmente fazia, mas por algum motivo, ri histericamente como se fosse a coisa mais engraçada do mundo. Enquanto ele estava me ajudando e tentando pagar as bebidas eu tirei rapidamente a carteira do bolso.
— Não, eu pago. Por favor, veja quanto deu eu pago com isso.
Mas quando tirei o cartão da carteira, deixei-o cair no chão. Abaixei-me para pegar o cartão e vi uma moeda de 100 won fiquei tão animado que segurei o dinheiro e mostrei como se tivesse encontrado ouro.
— Encontrei 100 won. Veja isso. Alguém deixou cair 100 won. Senhor encontrei 100 won. Estou com muita sorte hoje. Quando eu era criança, não conseguia encontrar nem uma moeda de 10 won no chão. Uau, essa é uma moeda da sorte! Senhor, posso ficar com ela, não posso?
— Sim, senhor. Você pode ficar com ela.
O homem que estava em frente à caixa registradora riu. Eu sorri de volta e me levantei, limpando a moeda que havia pegado em minha manga. Em seguida, percebi que não havia pego o meu cartão e me abaixei novamente, mas perdi o equilíbrio e caí de repente no chão.
— Eu caí. Eu caí. Hahahahah, Doha. Eu caí, me ajude a levantar.
Dei uma risada idiota e estendi os braços para frente como uma criança implorando por um abraço. Baek Doha estalou a língua vigorosamente e colocou as mãos sob minhas axilas para me levantar. Eu caí em seus braços. Ele colocou uma mão em volta das minhas costas e me abraçou, enquanto pegava o cartão com a outra.
— Quer que eu chame um táxi?
— Não. Estou com um motorista.
Um som de cartão de crédito passando na maquineta e a conversa entre Baek Doha e o dono da loja ecoaram em meio a minha confusão. Não, não, não, as bebidas deveriam ser pagas com o meu cartão. Foi o que pensei em minha cabeça, mas não consegui dizer nada. Eu estava tonto. Apenas caí desamparado nos braços de Baek Doha e continuei sorrindo.
Assim que terminamos de pagar e saímos do bar, ele me levantou sobre seus ombros. Normalmente, eu teria ficado envergonhado e gritado para que ele me colocasse no chão, mas naquele momento eu estava apenas me divertindo. Balançava os braços e as pernas alegremente como Doyun fazia quando ele queria ser carregado.
Como se não fosse pesado o suficiente, ele subiu as escadas comigo nos braços.
— Pare de se debater, você vai cair.
Seu tom era frio, mas o tapinha na minha bunda foi carinhoso.
— Já faz um tempo que não sou abraçado assim. A última vez foi quando te embriaguei com vinho e tentei fugir, você me pegou no estacionamento e me segurou assim.
— Por que do nada está trazendo histórias do passado?
— Foi irritante na época, mas agora é engraçado.
— É mesmo? Fico feliz. — Murmurando secamente, ele deu outro tapinha em minha bunda e disse: — Fique quieto. — Seus ombros estavam estáveis, sem a menor oscilação. Eram ombros largos e firmes que nunca me deixariam cair. Minha cabeça estava pendurada para baixo, o que me fazia sentir bastante tonto.
— Doha. Baek Doha. Doha.
Chamei seu nome como se estivesse cantando uma música.
— Você realmente não deveria beber de agora em diante.
— Eu amo você.
Baek Doha sorriu com a confissão.
— Não posso deixar que as pessoas vejam isso em lugar nenhum. — Com isso, ele subiu até o topo da escada e me colocou cuidadosamente no chão. — Eu definitivamente vou amarrá-lo e trancá-lo.
Ele murmurou, com a sobrancelha franzida enquanto me colocava no chão, ainda me segurando com o braço em volta da minha cintura, como se tivesse medo de que eu caísse. Costumava me assustar com a possibilidade de Doha realmente fazer isso, mas agora era apenas divertido.
— Vá em frente e tente me amarrar, mas eu vou fugir de novo.
— A palavra ‘fugir’ está proibida a partir de agora.
Sua sobrancelha se franziu ainda mais. Ergui o pescoço e ri, depois me soltei de seus braços. Caminhei sozinho pela noite tempestuosa. O vento estava frio, mas era refrescante e agradável. Os letreiros de neon reluzentes pareciam incrivelmente bonitos. Andei de um lado para o outro, cantarolando uma música enquanto caminhava. Não havia muitas músicas que eu conhecesse, então cantei Camellia Lady, que minha mãe costumava cantar quando estava bêbada.
Me senti bem, mas a canção estava um pouco trêmula. Tanto a letra quanto a melodia eram tristes. Quando minha mãe cantava essa música enquanto bebia soju como se fosse água, ela sempre era seguida de reclamações e questionamentos.
‘Como tudo terminou assim… Eu costumava ser a garota mais bonita da minha cidade, então porque estou assim agora? Todos os homens se apaixonavam por mim e faziam fila para me encontrar, mesmo que fosse uma única vez. O Presidente Yoo se apaixonou por mim à primeira vista e se tornou grudento. Acreditei nas palavras vãs daquele desgraçado, quando ele disse que ia se divorciar de sua esposa para viver comigo. Eu fui uma idiota.’
Depois de suas lamentações, vinha o ressentimento em relação a mim.
‘Tudo isso é por sua causa. Se você fosse um Ômega Real, eu não estaria assim. Você deveria ter tido um rosto como o meu. Como isso é possível que eu tenha dado à luz uma criança tão feia como você? Vá embora, não quero te ver! Apenas vá embora e suma.’
A partir de então, garrafas de soju vazias e cinzeiros voavam em minha direção. Eu ficava apenas sentado quieto no canto estudando, mas ele me tratava com um ser desprezível. Minha mãe me odiava tanto que poderia simplesmente me matar a qualquer momento, mas ela parecia não ter a coragem necessária para matar outra pessoa.
O engraçado é que todos diziam que eu me parecia com ela. Minha madrasta também costumava dizer isso.
‘Você se parece cada vez mais com ela. Toda vez que vejo seu rosto penso nela, e mil fogos fervem dentro de mim. Eu realmente não quero ver sua cara perto de mim.’
E o mesmo aconteceu com Yoo Hyunseo.
‘Você gosta de deixar minha mãe louca porque tem o rosto parecido com o daquela mulher? Porra, às vezes, quando vejo seu rosto, tenho vontade de rasgá-lo em pedaços. Não quero nem olhar para você, mas estou te aguentando por causa do meu pai, tenho nojo de você, seu desgraçado.’
Minha mãe disse que não queria olhar para mim porque eu não me parecia nem um pouco com ela, e a família do Presidente Yoo dizia que não queria olhar para mim porque eu era idêntico a ela. Eu era indesejado em todos os lugares. Como secretário de Hyunseo, ia a todas as reuniões e todos me desprezavam abertamente. Eles me menosprezavam com um simples olhar para o meu rosto.
Eventos do passado surgiam sem aviso, deixando um gosto amargo em minha boca. Provavelmente, essas memórias não seriam esquecidas até o dia da minha morte. São como cicatrizes que nunca desaparecem, independentemente do tempo.
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Continua…