Noite De Caça - Capítulo 141
Independente de estar me perturbando ou não, ele enterrou o rosto em minha perna e massageou minhas panturrilhas com as mãos. Enquanto suas mãos grandes me apertavam, ele olhou para os meus pés e sorriu.
— Seus pés ainda são pequenos, como os pés de um coelho.
— Você já levou um chute de uma pata de coelho?
Estiquei o pé e dei um chute no peito de Baek Doha. Ele agarrou minha perna e passou as mãos pela minha panturrilha, tornozelo e pé. Parece que não podíamos ter uma conversa séria.
— Seus pés são pequenos e seus tornozelos e pernas são finos. Como pode caminhar tão bem com essas pernas? — ele tirou o rosto do meu colo e olhou para os meus pés, resmungando.
— Eu sempre caminhei muito bem com essas pernas. Vagava por toda a ilha de Hwangdo e até mesmo escalei montanhas para coletar ervas com os anciãos. Eles diziam que eu era como uma cabra na montanha.
Por alguma razão, Baek Doha não disse mais nada. Percebi tarde demais que tinha cometido um erro. Não deveria ter mencionado a ilha de Hwangdo. Ele continuou a massagem, pressionando as solas e o peito dos meus pés. Doía um pouco, mas era revigorante.
— Houve momentos em que pensei em quebrar essas pernas finas para que você não pudesse ir a lugar nenhum.
Baek Doha abriu a boca, murmurou para si mesmo e então soltou uma risada curta.
— Não importa o quanto eu pense sobre isso, eu era um bastardo.
— Você sempre diz isso, mas eu já disse que está tudo bem porque você nunca fez isso.
Baek Doha riu auto-depreciativamente mais uma vez.
— Eu não queria machucar seu corpo.
Mesmo que ele fosse um bastardo, ele não era completamente insensível. Murmurei essas palavras para mim mesmo e as engoli. O toque das mãos dele no meu pé era agradável enquanto seus feromônios emitiam um aroma sutil e apaziguador que, combinados, me deixava sonolento.
Há algo que preciso perguntar. Não posso adormecer assim. Minhas pálpebras pesadas estavam se fechando naturalmente, mas a sensação de Baek Doha beijando a minha panturrilha me trouxe de volta à realidade.
— Por que está me beijando aí? É sujo.
— O que é sujo?
Apesar de ter tomado banho antes de dormir, me senti desconfortável, então tentei puxar meu pé preso. No entanto, Baek Doha não soltou.
— Não vá a lugar nenhum com esses pés de coelho. Me deixe, quero beijá-los. — ele murmurou enquanto acariciava o peito do meu pé, onde havia beijado antes. — Não posso ficar sem você. Não posso viver sem você.
— Baek Doha. — quando chamei seu nome, ele imediatamente levantou a cabeça e olhou para mim. — Quantas vezes tenho que te dizer que não vou a lugar algum. Você não confia em mim?
— Confio. Eu confio, mas você tem que continuar me dizendo. Tem que continuar me tranquilizando. Diga que ficará comigo e que você não pode viver sem mim.
— Às vezes, você é ainda mais infantil do que Doyun.
— Você sempre esteve ao lado de Doyun, mas eu já tive a experiência de te perder uma vez.
E por ter me perdido, você está sempre ansioso… posso entender seus sentimentos até certo ponto. Baek Doha era assim. Antes, ele não tinha nada de tão precioso. Tudo era abundante e imediatamente acessível, então ele nunca sentia falta de nada porque não era apegado verdadeiramente amado. Ele não sabia como era perder algo assim.
Para aqueles que têm uma grande privação, há um tipo de fome que não pode ser saciada, não importa quanto se coma. Eu também sabia muito bem qual era essa fome. Você precisa constantemente alimentá-la, tapar buracos vazios e repetir que não está sozinho. E, mesmo assim, se você virar as costas, a fome voltará.
Agora que penso nisso, ele constantemente preenchia os buracos vazios dentro de mim. Ele me confortava com palavras que eu desejava ouvir repetidamente. Ele me abraçava e acariciava, me assegurando que eu nunca ficaria sozinho.
Mas quantas vezes eu disse essas palavras a ele? Quantas vezes eu já havia dito a mesma coisa a ponto de ter dor de cabeça?
Envolvi o rosto de Baek Doha com minhas mãos e olhei para ele com os olhos bem abertos.
— Escute bem. Eu não vou a lugar algum…. Estarei ao seu lado no próximo ano, no ano seguinte, daqui a 10 anos. Eu vou permanecer aqui, do seu lado, até a minha morte… e não posso ficar sem você. Você é tudo para mim. Meu marido é tão incrível que os outros homens nem chamam a minha atenção. Confie em mim. Você está entendendo?
Eu disse essas palavras carinhosamente e ele sorriu, radiante. Seu rosto sorridente era parecido com o olhar adorável de Doyun quando ele estava agindo de forma fofa.
Esse homem tem tantas faces e, quando está sem expressão, pode parecer infinitamente frio, mas quando olha para mim e sorri, é como um garotinho. Às vezes, ele parece um valentão indisciplinado, às vezes parece um homem de negócios inteligente, sexy e elegante, e às vezes parece um pai forte e confiável.
Ele só faz isso na minha presença. Somente na minha frente ele se desarma, sorri sem segundas intenções, exibindo seu corpo grande como uma criança, mostrando sua fofura e, às vezes, até age como um menino mimado. Eu adorava as versões dele que só eu podia ver.
Baek Doha sempre olhava para mim. Dizia que eu era bonito, me mordiscava e beijava, mas eu também o achava incrivelmente bonito. Era fofo. Sentia muita vontade de agir do mesmo jeito: mordê-lo, beijá-lo e chupá-lo, mas só de pensar nisso eu ficava extremamente envergonhado.
A maneira como ele me olhava era doce demais para suportar, então beijei seus lábios carnudos, alternando entre os lábios superiores e inferiores. Os mordisquei levemente e depois me afastei.
— Eu amo você, Baek Doha.
Eu já havia dito isso tantas vezes, mas, estranhamente, hoje me senti envergonhado. O calor subiu ao meu rosto como se eu estivesse me confessando pela primeira vez. Sem piscar, olhando para mim com seus olhos penetrantes, meu alfa também sussurrou em um tom risonho.
— Eu também amo você, Yoo Seolwoo.
Com isso, ele esticou seus longos braços e os envolveu em meu pescoço, tentando pressionar nossos lábios juntos. Rapidamente virei a cabeça para o lado e o afastei, evitando-o.
— Escute, tenho que te perguntar uma coisa antes.
— Mais tarde.
Ele sussurrou suavemente, tentando envolver seus braços em meu pescoço novamente. Ignorei os seus sussurros de “Mais tarde, mais tarde, mais tarde” e o afastei novamente porque senti que, se não dissesse agora, nunca teria a chance de perguntar a ele.
— Vamos conversar primeiro.
— Depois, faremos isso depois.
— Shh! Sente-se.
Como Baek Doha fazia com Mickey e Minnie, coloquei a língua no céu da boca, emitindo um som de comando. Então Baek Doha começou a rir.
— Você adora me tratar como um cachorrinho, não é?
Ele parecia genuinamente alegre. Eu costumava odiar esse tipo de perversão a ponto de tremer, mas agora parecia fofo. Felizmente, Baek Doha se sentou à minha frente tão silenciosamente quanto antes. Confesso que fiquei muito grato por ele não ter feito mais barulho.
— É verdade que você ameaçou Yoo Hyunseo?
Não voltei atrás e fui direto ao ponto. Baek Doha ficou atônito, então eu lhe contei o que tinha ouvido dos homens que invadiram minha casa no outro dia. Quando terminei, ele soltou uma gargalhada.
— Então… você está denunciando as irregularidades de Yoo Hyunseo para a sede do sistema de empareamento, exigindo que ele seja destituído de seu status de ômega real e até mesmo ameaçando seu futuro marido?
Ele riu alto novamente, como se achasse a ideia absurda.
— Quem, eu?
— Sim, você.
— Por que eu faria uma coisa tão estúpida? Se eu realmente quisesse mexer com Yoo Hyunseo, não faria uma coisa tão boba. Eu iria até ele agora mesmo o espancaria e depois atiraria nele.
Por mais assustador que isso soasse, era verdade. Suas ações sempre falaram mais alto do que suas palavras.
— Não faz muito tempo, me encontrei com o Yoo Hyunseo.
— Por que você se encontrou com o Hyunseo?
Sem que eu percebesse, minha voz aumentou devido à surpresa. Baek Doha riu ao me ver assim.
— Está com ciúmes? Você é tão fofo.
— Cale a boca.
— Seu tom está ficando mais agressivo, Seolwoo.
Precisamos ter uma conversa séria. O sulco em minha sobrancelha se ergueu em irritação. Mal conseguindo conter a vontade de gritar, mantive minha voz o mais baixa possível e abri a boca.
— Por que você se encontrou com Hyunseo?
— Eu não o encontrei, ele veio me procurar.
— Por quê?
— Ele me pediu para ajoelhar e pedir desculpas pelo que fiz a ele. Ele disse que, se eu fizesse isso, falaria com o seu futuro marido para me ajudar com a empresa.
Não fiquei surpreso: era a cara de Yoo Hyunseo fazer isso. Ele ainda é o mesmo. O bastardo orgulhoso deve ter acumulado em seu peito muito ódio todos esses anos. Ele era alguém que insistiria em receber desculpas de qualquer pessoa, mesmo que essa pessoa tivesse cometido um erro trivial contra ele. Ele era implacável em provocar e atormentar, até finalmente fazer com que a outra pessoa se ajoelhasse e implorasse na sua frente.
— E você se desculpou?
— Por que eu deveria?
A resposta de Baek Doha também era exatamente o que eu esperava. Ele não era do tipo que pediria desculpas obedientemente.
— Eu disse a ele para sair e parar de fazer coisas estúpidas, mas quando eu disse isso ele ficou irritado e começou a agir violentamente. Ele disse que não deixaria as coisas quietas e que iria destruir todo mundo, inclusive eu, você e Doyun.
— Você bateu nele?
Não havia como Yoo Hyeonseo, que estava fora de controle, sair calmamente dali.
— Às vezes você precisa bater em um louco para fazer alguém voltar à razão. De qualquer forma, como ele é seu meio-irmão, eu só dei algumas pancadas de leve nele e o ameacei de morte se tocasse na minha família, mas o Yoo Hyeonseo exagerou e espalhou mentiras na mídia sobre isso.
Tudo fazia sentido agora. Yoo Hyunseo era um ser humano que merecia isso. Ele era alguém que, se não gostasse da pessoa, faria de tudo para derrubá-la. Mas a questão era: Baek Doha iria cair em seus truques?
Fiquei em silêncio por um momento. Não sabia o que dizer primeiro, então preferi manter minha boca fechada.
— Não se preocupe. Você acha que eu deixaria que aquele bastardo tocasse em um fio de cabelo seu ou de Doyun?
— Claro que não. Você está bem?
— O quê? — Baek Doha, olhou para mim e perguntou.
— Seu trabalho. Ouvi dizer que tem sido difícil ultimamente.
Minha voz involuntariamente ficou pesada. Se até Yoo Hyeonseo sabia dos problemas na empresa de Doha e o estava ameaçando com isso, os problemas na empresa eram mais graves do que eu tinha ouvido.
— Eu sou Baek Doha.
Ele disse com confiança, com os olhos brilhando. Sim, eu sei. Você é Baek Doha, um alfa real que não tem medo de nada neste mundo.
— O vento pode soprar, mas não vai me quebrar. Sou mais forte do que você pensa.
Seus olhos não tinham nenhum vestígio de preocupação. Eles eram como pedras de diamante transparentes, que mostravam seu interior. Uma joia sólida e brilhante que nunca quebraria.
— Eu sou perfeito.
— Eu sei que você é incrível.
Mas estou preocupado. Não deixei as palavras saírem: mantive-as em minha boca.
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Continua…
Tradução: Rize
Revisão: MiMi