Noite De Caça - Capítulo 134
Capítulo 2 – Outra primavera
— Ah, espere um minuto.
Um dia, depois das aulas na instituição, quando eu estava saindo pela porta, alguém que estava sentado ao meu lado na sala me abordou.
— Você é aquela pessoa que se casou com o presidente Baek Doha que apareceu na TV, não é?
Para evitar esse tipo de coisa, quando eu vinha para o instituto, usava boné e óculos, além de neutralizar completamente meus feromônios.
Todos estavam ocupados, estudando, e tinham uma bela variedade de idades, então os alunos não eram muito próximos uns dos outros. Alguns jovens, haviam abandonado a escola regular. Já outros, como eu, estavam estudando para conseguir o diploma de ensino médio mais tarde. Haviam, também, pessoas mais velhas com cabelos brancos.
Eu não era muito sociável e não me sentia confortável quando alguém prestava atenção em mim, por isso gostei muito da atmosfera do instituto. Por isso, não me senti nada confortável com a abordagem.
Um jovem, que aparentava ter mais ou menos a minha idade, olhou para o meu rosto enquanto eu hesitava em responder, e, então, sorriu com alegria.
— É isso mesmo, não é?
— Ah, sim.
— Depois das aulas, vi você saindo em um carro importado com um motorista. Pensei que você fosse muito rico e descobri que era uma celebridade na TV também. Uau, incrível! Nunca imaginei na minha vida que estudaria com uma celebridade famosa.
Ele tinha um rosto redondo, bonito, e uma personalidade agradável. Embora não nos conhecêssemos, ele era muito falante. Fiquei ali parado, sem poder fazer nada.
— Não sou uma celebridade. Meu marido é uma celebridade. Eu sou apenas…….
— Não, você também é muito famoso! A propósito, qual é o seu nome? Sou Choi Cheolmin. Você costumava ser um sub-beta, não? Agora você é um ômega! Eu também sou um ômega, mas estou tão abaixo na escala que nem tenho cheiro de feromônio. Quantos anos você tem? Tenho 28. Como você é mais velho do que eu, posso chamá-lo de hyung? Há uma lanchonete na rua! Que tal a gente comer um sanduíche e conversar um pouco? Estou morrendo de fome.
Ele continuou lançando uma enxurrada de perguntas e falando sem parar, tirando completamente minha concentração. Perdi o momento para recusar e, sem perceber, me vi sendo arrastado para uma lanchonete de sanduíches no primeiro andar do instituto.
— Hoje eu pago o sanduíche!
Mais uma vez, perdi a oportunidade de recusar. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Choi Cheolmin fez com que eu me sentasse e me trouxe um sanduíche e uma bebida.
— Coma! Os sanduíches aqui são deliciosos!
Falando animadamente, Choi Cheolmin pegou um dos sanduíches que comprou e o comeu. Eu não tive escolha a não ser pegar meu sanduíche também.
— Obrigado.
— Ah, deixe disso, você é meu hyung. Eu estava entediado de estudar sozinho, então isso é bom. Hyung, a partir de agora, vamos estudar juntos!
Foi casual e informal. Ele tem um jeito tão amigável… mas como pode ser tão amigável assim? Enquanto ele tirava o celular do bolso para verificar uma mensagem, eu continuei mastigando o sanduíche em silêncio. O ambiente estava tão desconfortável que eu estava quase enlouquecendo. O sanduíche era saboroso, mas minha garganta estava apertada e eu não conseguia engolir direito. Era surpreendente ver alguém que conheci hoje comendo tão despreocupadamente na minha frente.
— Mas por que alguém como você está estudando para o exame GED? Não é como se você fosse um ômega pobre sem nenhum centavo e precisasse estudar como eu. Se eu fosse você, estaria me divertindo muito. Ah, hyung, me dê seu número.
— Bem, Sr. Cheolmin.
— Não me trate formalmente.
Nós nos encontramos pela primeira vez hoje, logo, era estranho agir como se fôssemos amigos há dez anos. E, ao contrário do passado, eu agora estava em uma posição em que tinha que ser cauteloso ao me aproximar de alguém sem pensar. Poderia haver pessoas que se aproximam de mim com segundas intenções.
Baek Yeonju e a Sra. Park sempre me aconselhavam a ter cuidado com as pessoas. No passado, eu era apenas um mutante insignificante, mas agora as coisas não são mais assim. Ainda não conseguia acreditar completamente nisso, mas, como disse Choi Cheolmin, eu era uma pessoa famosa e pertencia a alta sociedade.
Larguei o sanduíche que estava comendo em silêncio, limpei os labios com um guardanapo e abri a boca.
— Obrigado pelo sanduíche.
— Hã? Por que você parou? Não vai comer mais?
Choi Cheolmin me encarou com os olhos arregalados. Mais uma vez, eu não respondi e apenas tirei uma nota de 50 mil wons da carteira, a colocando na mesa antes de me levantar.
— Eu preferiria que você não se aproximasse tão casualmente sem aviso prévio no futuro. Isso é muito desconfortável para mim. Não sei por que você está agindo assim de repente.
— Nossa, amigo. Você é mesmo um babaca.
Choi Cheolmin xingou, com o rosto contorcido.
— Por quê? Você não quer se divertir com um cara insignificante como eu, que está abaixo de você?
A reação inesperada do rapaz me pegou desprevenido. Achei que estava sendo educado o suficiente.
— Não, eu não quis dizer isso.
— Está bem. Eu só queria ser amigável, considerando que somos da mesma idade e ambos ômegas… e como o hyung estava estudando sozinho na academia, pensei que seria bom nos darmos bem. Mas você me trata como se eu fosse uma mosca ou algo assim! Você se acha, não é? Mas que droga, você realmente se acha bom demais, viu.
Todo o rosto de Choi Cheolmin se contorceu depois disso e ele seguiu blasfemando enquanto enfiava o resto do sanduíche na boca, choramingando.
— Todos somos iguais, então o que te faz tão especial para tratar as pessoas assim? Você acha que não tenho dinheiro sobrando para comprar um sanduíche? Eu sou um mendigo para você? Se quiser me tratar como um mendigo adequadamente, pelo menos me jogue um cheque e não apenas essa miséria!
Ele estufou as bochechas, ainda choramingando, e pegou a nota de 50.000 won que eu havia colocado sobre a mesa, a jogando em mim. A nota caiu no chão. O que quer que ele fosse dizer, eu já havia pago meu sanduíche e dito o que tinha a dizer, então poderia me virar e ir embora. Mas não o fiz.
— Estou me sentindo um lixo.
Ele engoliu o refrigerante e mastigou a comida fingindo que não se importava, mas, em seguida, depois bufou e disse:
— Ah, merda… — e fez outra careta. Parecia que seu orgulho havia sido ferido.
Só então percebi que havia cometido um erro. Não era minha intenção e achei que estava sendo o mais educado possível, mas, do ponto de vista dele, era uma questão de se sentir desrespeitado.
O meu passado se sobrepôs à imagem de Choi Cheolmin. Eu nunca teria coragem para ser tão franco e direto como ele. Ser ignorado e humilhado era algo cotidiano para mim, mas eu sempre escondia minhas emoções, abaixava a cabeça e engolia minhas lágrimas. Eu não podia expressar esse sentimento horrível que me consumia por dentro e, assim, me tornei um poço de ressentimento.
Você é um mutante: merece ser insultando, merece ser ignorado. Tinha ouvido isso a vida inteira, mas isso não significava que eu não tivesse meu orgulho. Como disse, Choi Cheolmin e eu éramos iguais, então por que o tratei desse jeito?
Eu havia feito a esse homem exatamente o que todos haviam feito comigo no passado.
— Por que você não vai embora? Por que está aí parado?
Choi Cheolmin olhou para mim e franziu o rosto.
— Me desculpe. — respondi imediatamente. — Eu sou um idiota azarado, admito. Não é que eu tenha ignorado você, mas é que eu me sinto desconfortável quando alguém que não conheço se aproxima… quero dizer… me desculpe.
Desisti de tentar explicar minha situação e pedi desculpas novamente. Era apenas uma desculpa, uma explicação. Choi Cheolmin piscou os olhos, como se não esperasse por meu arrependimento. Eu me abaixei lentamente para pegar a nota que havia caído no chão e a coloquei cuidadosamente de volta na frente dele.
— Ainda assim, pegue o dinheiro para o sanduíche de hoje. Eu não gosto de receber coisas de graça.
— Hyung, você não tem amigos?
Em resposta à pergunta aleatória, eu disse: — O quê?
— O quê? Você não tem amigos, tem?
— Oh, não, não tenho.
Apenas respondi à pergunta com sinceridade, mas Choi Cheolmin de repente começou a rir.
— Você é engraçado, hyung. Se for assim, na próxima vez pode apenas me pagar o almoço. Pronto. Por que precisa dividir tudo tão calculadamente entre amigos? Vamos lá, relaxe um pouco.
— …….
Me perguntei quando aquele cara e eu nos tornamos amigos.
— Você quer tanto me dar dinheiro assim? Então dê um cheque, um cheque.
— Um cheque serve?
Rapidamente, tirei minha carteira do bolso. Felizmente, havia muito dinheiro nela. Choi Cheolmin disse: — Você é louco! — E começou a rir de novo. Eu não sabia o que fazer, então fiquei ali parado, com minha carteira na mão. Era a primeira vez que eu me encontrava com alguém assim: alguém que vinha até mim de forma tão amigável. Já havia conhecido muitas pessoas, mas Choi Cheolmin foi a primeira pessoa a vir até mim e pedir para ser meu amigo. O homem, que estava sorrindo com lágrimas nos olhos, olhou para mim e perguntou.
— Ok, então que tal você me comprar mais um sanduíche? Um não é suficiente para saciar minha fome.
— Posso comprar?
Fui até o balcão, pedi um combo de sanduíches e, enquanto esperava, também pedi uma xícara de café para mim.
[Seolwoo, você não vai sair?]
Naquele momento, recebi uma ligação do guarda-costas que estava esperando do lado de fora.
— Vou terminar a conversa aqui, com um colega, e saio em seguida.
Dito isso, eu desliguei.
[Sim. Espero do lado de fora.]
Pensando bem, será que os guarda-costas comeram direito? Pensei nas pessoas que estavam esperando no carro, então pedi mais dois sanduíches. Assim que os sanduíches foram servidos, saí correndo e bati na janela do Mercedes-Benz estacionado bem em frente à escola. Estendi o pacote para o chefe de segurança, que colocou o rosto para fora da janela.
— Comam, por favor. Vou terminar em breve. Desculpe tê-lo feito esperar.
— Não, não precisa se desculpar. É nosso trabalho. Obrigado como sempre. Vamos comer.
— Eu que agradeço!
Ao ver os funcionários com um sorriso brilhante graças a apenas um sanduíche, senti que havia tomado a decisão certa.
— Por favor, fique à vontade com seu amigo.
Acenei com a cabeça para o Sr. Jeong e voltei para dentro. Um amigo, uma palavra pouco familiar, mas muito empolgante.
***
A viagem de fim de semana que eles haviam combinado às pressas, deixando Doyun aos cuidados da Sra. Park, foi cancelada.
A culpa foi da minha condição física.
Tive que ficar de cama devido ao intenso sexo que tivemos. Meu corpo não aguentou. Tive de passar o sábado inteiro deitado porque não usamos camisinha e toda vez ele ejaculava era dentro de mim. Felizmente, não foi grave o suficiente para ter que ir ao hospital, então fiquei deitado e descansei. Fiz minhas refeições na cama e ele me ajudou a tomar banho.
Enquanto me lavava, ele também ficou excitado e nos enroscamos mais uma vez no banheiro. No fim, acabei desmaiando novamente. Não foi culpa de ninguém. Éramos apenas nós dois, com nossos feromônios insanos e líbido sem limite ou, mais precisamente, a libido insaciável de Baek Doha. Em primeiro lugar, foi o fato de um alfa real, que era a personificação de uma besta faminta por sexo, ter se tornado celibatário por tanto tempo.
Além disso, no domingo de manhã, recebi uma ligação telefônica de Baek Yeonju. Doyun havia sofrido um acidente a cavalo e tinha sido levado ao hospital. Achei que o mundo estava desmoronando. Não sei com que espírito me levantei, me vesti e corri para o pronto-socorro.
— Não sei o que assustou o cavalo e ele deu um pulo. Eu sinto muito. Eu deveria ter ficado com ele, ficado de olho… Sinto muito, de verdade.
Assim que a Sra. Park me viu no hospital, ela começou a se desculpar. A mulher estava pálida como um lençol branco, seus olhos estavam vermelhos e ela se curvou. Ela disse suspeitarem de uma concussão e estavam examinando-o.
— Eu também sinto muito. Não deveria ter levado ele para cavalgar. O que devemos fazer? Doyun precisa ficar bem.
Baek Yeonju, que estava ao meu lado, também se desculpou comigo, sem saber o que fazer. Não tive vontade de culpá-las. Não era culpa delas. Meu corpo estava cansado, mas minha mente estava clara. Ver minha sogra em pânico e sem saber o que fazer me fez sentir mais calmo.
— Doyun vai ficar bem. Não é sua culpa, não fique se lamentando tanto.
— Eu não sei o quão assustada fiquei quando Doyun caiu do cavalo. Se algo acontecer com Doyun…
A Sra. Park não pôde conter suas lágrimas. Eu não queria deixá-la ser vista chorando na frente dos seus filhos, então rapidamente a abracei e dei um tapinha nas costas da chorosa Sra. Park.
— A culpa não é sua sogra. Além disso, nosso Doyun é resistente. Puxou a mim. Você sabe, os híbridos são muito saudáveis.
A Sra. Park não conseguiu responder e soluçou em meus braços, com os ombros tremendo levemente. Ela era uma mulher forte por fora, mas vulnerável de coração. Logo, o médico saiu e nos informou sobre os resultados dos exames. Felizmente, os resultados dos exames de Doyun estavam normais. Não havia ferimentos graves, apenas hematomas.
— Mamãe, mamãe! O cavalo foi muito divertido, mamãe! Eu quero montar novo no cavalo!
Enquanto os adultos estavam aliviados, a criança inocente que estava na cama da sala de emergência estava animada e empolgada. Ao ver Doyun bem, todos puderam finalmente relaxar e sorrir.
Nosso tão esperado fim de semana juntos foi arruinado, mas ficamos felizes por ele estar saudável.
Mesmo tendo sofrido uma queda, Doyun estava tão animado com a experiência de montar um cavalo que, desde então, só falava sobre isso, inclusive na creche. Ele falava sobre cavalos sempre que abria a boca.
— Eu amo muito o ‘Kamdori’! Chamei o cavalinho de ‘Kamdori’. Mamãe, eu quero viver com o ‘Kamdori’!
O cavalo preto que Doyun cavalgou se chamava “Black George”, mas ele decidiu chamá-lo carinhosamente de “Kamdori”. Ele continuou insistindo em ter um cavalo, então, inicialmente, comprei um cavalo de pelúcia preto para ele. O tempo passou como água e já fazia dez dias desde o acidente de Doyun. Durante esse período, continuei indo ao instituto e levando uma vida cotidiana. Em apenas dez dias, me aproximei cada vez mais de Choi Cheolmin.
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Continua…
Tradução: Rize
Revisão: MiMi