Noite De Caça - Capítulo 119
— Eu amo você, Doyun.
Sussurrei enquanto o puxava para meus braços e enterrava o rosto em seus cabelos macios, beijando-o. A criança parecia estar feliz mesmo durante o sono. Acariciei suas bochechas rechonchudas, achando tudo muito fofo.
Adormeci, envolvido pelo calor e pelo cheiro do meu bebê. Fui acordado pela sensação de uma presença ao meu lado. Esforcei-me para abrir os olhos ao som de farfalhar, então percebi que Baek Doha estava acordando Doyun.
— Bom dia. Que horas são?
— Oito horas.
Despertei rapidamente. Eu tinha que arrumar o Doyun, alimentá-lo e prepará-lo para a creche. A mulher que fazia as tarefas domésticas estava doente, então cabia a mim fazer isso hoje. Também era minha responsabilidade cuidar de Doyun enquanto Baek Doha estava trabalhando. Eu deveria ter me levantado quando acordei mais cedo.
— Você deveria ter me acordado. A comida… Doyun não vai comer a menos que esteja quente.
Levantei-me e vesti meu roupão.
— Tudo bem. A comida está quente. Vou dar comida a ele, dar um banho e deixá-lo pronto para a creche. Durma mais um pouco.
Ele estava acordado desde o amanhecer preparando o café da manhã? Me senti mal quando vi o assento vazio ao meu lado. Baek Doha sacudiu Doyun para acordá-lo.
— Baek Doyun. Acorde.
— Não, eu não quero. Vou dormir mais.
Doyun, que estava sendo segurado por Baek Doha, resmungou de aborrecimento. Ele pegou a criança sem nenhum esforço e a levou para fora do quarto. Quando disse que não o vi mais cedo, foi porque ele tinha se levantado primeiro e preparado uma refeição. Fez isso mesmo tendo chegado tarde após fazer horas extras no escritório.
Sentindo pena dele, saí correndo e fui para a cozinha. Baek Doha estava fazendo um ensopado em frente ao fogão e Doyun ainda um pouco sonolento estava sentado em uma cadeira na mesa da cozinha. O cheiro de algo delicioso encheu a cozinha.
— O que é isso? Está cheirando bem.
Aproximei-me e olhei para dentro da panela para ver o que estava borbulhando. Era um *Sundubu-Jjigae.
N/T — Sundubu-Jjigae (Ensopado de Tofu) é um ensopado picante, geralmente feito com tofu, vegetais, cogumelos, frutos-do-mar, carne de boi ou porco e gojuchang (pasta de pimenta coreana). Tradicionalmente é colocado um ovo cru em cima do guisado que deve ser misturado à sopa antes de servir.
— Doyun come bastante, e você também, então eu fiz.
— Você sabe como fazer o ensopado de Sundubu-Jjigae?
— Não há nada que eu não possa fazer.”
Ele estava se gabando descaradamente de suas habilidades e não era nem um pouco condescendente.
— Me desculpe, eu deveria ter acordado antes.
— “Nem invente de fazer as tarefas domésticas ou mexer em qualquer coisa com água. Não precisa fazer nenhuma tarefa. Se você se esforçar muito vai acabar entrando em colapso.
Eu sorri.
— Então quem vai fazer as tarefas?
— Contratei um ajudante para vir por alguns dias.
Eu me perguntava se isso era necessário, mas Baek Doha era um homem que nunca desistiria de uma decisão tomada.
— Não faça nada até se sentir melhor, apenas descanse.
— Estou bem.
— Não está bem.
Ele me tratava como se eu estivesse gravemente doente.
Fui para o hospital porque estava com a garganta inflamada devido a todos os estudos e esforços excessivos que tenho feito ultimamente. Era apenas um resfriado leve que poderia ter sido curado tomando remédios e descansando bastante, mas fui para o hospital porque estava com medo de passar para Doyun. Kim Binwoo estava preocupado com o fato da minha aparência estar ruim e até me fez tomar soro, o que deve ter chegado aos ouvidos de Baek Doha.
Nesse ponto, parecia que Kim Binwoo estava culpando Baek Doha, por me levar ao limite e me deixar tão exausto. Ele me ligou na mesma hora e disse para eu dar um tempo nos estudos e ir com calma, dizendo que não deveria arriscar minha saúde.
Havia muitas coisas que eu queria dizer, mas pensei: Qual seria o objetivo? Eles estavam todos preocupados comigo, e não havia necessidade de eu me esforçar. Era um pouco radical achar que eu iria quebrar ao menor esforço, mas eu não me importava em ser tratado com amor e carinho.
— Vá se sentar.
Com isso, eu me sentei silenciosamente ao lado de Doyun. O menino estava sentado, cochilando. Dei um tapinha nas costas da criança, sacudi levemente seus ombros para acordá-lo e coloquei os talheres em sua mão.
— Doyun, você precisa comer. Papai disse que fez um ensopado com tofu bem gostoso.
Ao ouvir a palavra comer, os olhos da criança se abriram de repente. Eu ri porque ele tinha a aparência de Baek Doha, mas era igual a mim quando se tratava de comida. Baek Doha voltou com uma panela de ensopado e a colocou no meio da mesa. Era uma mesa de café da manhã elegante. O arroz era um arroz cinco grãos fumegante e os acompanhamentos estavam todos bem arrumados. Até mesmo os rolinhos de ovos foram assados em ângulos retos, impecáveis. Desde o café até as costelas curtas refogadas com cogumelos matsutake, havia muita comida.
— Parece gostoso.
Doyun exclamou alegremente e começou a pegar o arroz. Ele tinha acabado de acordar e estava comendo bem. Apesar de ser apenas uma criança do jardim de infância, ele sabia pegar o ensopado quente sozinho e o engolia. Doyun era uma criança que fazia as coisas sozinho desde pequeno. Ele era tão gentil e amável que, mesmo quando bebê, raramente chorava ou fazia barulho. A mãe de Baek Doha ficou impressionada, dizendo que nunca tinha visto uma criança tão meiga.
Peguei um talher e experimentei o ensopado. O sabor era incrível.
— “Papai, está muito bom!
— Você cozinhou o ensopado muito bem.
Quando o filho e o esposo o elogiaram ao mesmo tempo, Baek Doha sorriu triunfante.
— Você é bom no trabalho, é bom na cozinha… no que você é ruim?
— Eu sou perfeito.
— Sim. Meu papai é bom em tudo!
Exclamou Doyun com entusiasmo. Eu sorri e ele sorriu de volta, depois voltou a comer. Baek Doha, que estava comendo calmamente sua porção de arroz, pegou um pedaço de carne de costela e colocou em cima do meu arroz.
— Não coma só o ensopado. Coma carne também. Não seja exigente.
— Quem disse que eu sou exigente?
Peguei o arroz com a carne por cima e mastiguei bem. Normalmente, eu como bem, mas tenho sofrido com um resfriado nos últimos dias, então só comi alimentos de fácil digestão.
Achei que teria que tirar a carne das costelas e dar para Doyun, mas ele as estava pegando com os talheres e devorando por conta própria. Ele era como eu: comia bem, sem qualquer problema. Talvez porque tinha sangue alfa real correndo em suas veias, ou porque ele comia muito bem, mas Doyun era muito maior do que seus colegas.
Ao vê-lo comer tão bem, meu apetite voltou, então peguei as costelas com meus jeotgarak, mas as costelas caíram logo em seguida.
— Eu preciso ser mais habilidoso do que uma criança pequena…
Baek Doha riu e empurrou a tigela de costelas cozidas no vapor na minha frente. — Mamãe, você é pior com os pauzinhos do que o Doyun!
Do-yun riu e eu também. Desistindo de comer graciosamente com os pauzinhos, peguei as costelas com as mãos e comecei a comê-las.
— Costelas cozidas são deliciosas.
— É mesmo. Coma bastante.
Baek Doha sorriu ao ouvir minhas palavras murmuradas de admiração. Eu não estava brincando. A comida estava deliciosa e cada mordida era quente e saudável. Como comer com pessoas que eu amo poderia não ser gostoso?
De repente, lembrei-me de como eu costumava comer arroz frio mofado às pressas, sem o conhecimento da minha mãe. E de como eu costumava ir sorrateiramente até a cozinha, roubar o arroz frito que sobrava de Yoo Hyunseo. Sorri amargamente.
N/T: Para com isso Seolwoo isso tá acabando comigo 😭😭😭 quero matar essa VAGABUNDA DESGRAÇADA!
Mas agora tudo isso faz parte do passado. Eu nunca mais teria que comer arroz frio estragado ou roubar as sobras de outra pessoa. Baek Doha nunca deixaria ninguém fazer isso comigo. O passado doloroso e frio ficou para trás e eu estava muito feliz em sentar com meus entes queridos e comer uma refeição quente.
Mas por que de repente estou tão ansioso?
Depois de todos esses anos de felicidade, por que sinto um nó na garganta? Deve ser porque tive um sonho de infância com minha mãe.
No ano passado, recebi um telefonema da minha mãe. Fazia anos que eu não tinha notícias dela. Ficou claro que estava tentando ser simpática comigo quando disse ter me visto na TV. Agora que eu estava casado com um alfa real, ela estava planejando se tornar minha mãe e almejava a fortuna da família Baek.
Ouvi dizer que até foi à empresa de Doha, mas não tive nenhuma notícia dela depois disso. Ela não retornou minhas ligações. Não sei se a Sra. Park fez alguma coisa ou não. Entretanto, não perguntei à Sra. Park porque não importava para mim se minha sogra assustadora usava as mãos para lidar com a situação ou não. Eu preferia tê-la deixado morrer do que deixá-la se meter com a minha família.
Se essa pessoa estivesse viva, estaria se agarrando a mim como uma sanguessuga, sugando meu sangue. Como uma pessoa assim pode ser chamada de mãe?
— Vá ao médico de novo hoje.
A voz de Baek Doha me tirou de meu devaneio. Seu rosto era estoico, mas seus olhos estavam cheios de preocupação. Eu estava prestes a lhe dizer que estava tudo bem, mas sorri e acenei com a cabeça.
— Certo.
— Aproveite para tomar um pouco de soro enquanto estiver lá.
— Ok.
— Tenha um bom descanso depois de chegar do hospital. Não fique sentado em sua mesa estudando demais. Para que diabos você está estudando?
— Só estou estudando.
Ele sorriu e mastigou seus grãos de arroz. Baek Doha não fez mais perguntas.
Na verdade, eu estava estudando para o meu *GED do ensino médio.
*N/T — General Educational Development. É um teste de peso equivalente ao ensino médio para aqueles que não puderam cursar o ensino por completo.
Eu nem sequer terminei o ensino médio porque minha mãe me abandonou na casa de Yoo Hyunseo. Se eu contasse a verdade, Baek Doha provavelmente me perguntaria para que eu precisava de um diploma a esa altura. Ele não estava errado, não é como se eu fosse entrar no mercado de trabalho agora. Quem precisa de um diploma de ensino médio quando se é casado com um alfa real e tem um filho? Sou bastante conhecido e, por isso, não posso nem procurar um emprego. Não é nem mesmo um diploma universitário ou de pós-graduação.
Mas eu não queria isso porque precisava, mas sim porque odiava…. Eu odiava o fato de não ter um diploma do ensino médio. Não que alguém me desprezasse devido a isso depois que me tornei cônjuge de um alfa real, mas era um problema porque eu estava ficando cada vez menos confiante.
Após o café da manhã, dei banho e vesti Doyun. Depois, me lavei e me vesti rapidamente. Antes que eu percebesse, Baek Doha estava pronto para o trabalho.
— Vou levar Doyun para a escola e você pode ir para o trabalho, Doha.
— Apenas fique aqui. Está frio lá fora.
— Pare de tratar as pessoas como pacientes.
Doyun que estava cheio de energia. Ele pegou minha mão e fomos para fora. A creche ficava perto de nossa casa, então podíamos ir e voltar a pé. Por fim, Baek Doha desistiu de tentar quebrar minha teimosia e me seguiu.
— Leve Doyun para a creche. Não saia andando por e venha direto para casa depois disso.
Iria ficar em silêncio, mas resolvi dizer algumas palavras.
— Há alguma coisa errada?
Não era incomum que ele me superprotegia, mas hoje ele estava estranhamente superprotetor.
— Isso não é bom.
— O quê?
— As coisas estão… Falaremos sobre isso mais tarde, não na frente das crianças. Por enquanto, evite saídas desnecessárias e leve um guarda-costas com você sempre que precisar sair.
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Continua…
Tradução – Rize
Revisão – MiMi