Noite De Caça - Capítulo 117
Jantamos em um restaurante que ele havia reservado com antecedência, em uma sala particular, claro, onde poderíamos comer sem olhares curiosos. A comida estava maravilhosa. Bebi vinho e Baek Doha bebeu de uma cerveja cristalina.
Fazia muito tempo que não saíamos para jantar só nós dois.
— O vinho me faz lembrar daquele dia.
Exatamente isso que eu estava pensando na hora, quando o droguei com vinho e fugi.
— Você mostrou suas habilidades de atuação naquele momento.
Meu rosto ainda queima quando penso na época em que Doha mostrou uma performance apaixonada para mim, sem que eu soubesse que estava sendo enganado.
— Pare com isso.
— Depois da sua segunda fuga bem-sucedida e do seu desaparecimento, passei a beber vinho de propósito.
— Por que você fez isso?
— O vinho me fazia lembrar de você. Além disso, não costumo tomar remédios, mas quando colocava pílulas no vinho, conseguia dormir um pouco. Eu estava uma bagunça na época.
Ele inclinou a cerveja e sorriu. Apesar de suas palavras, ele parecia estar se lembrando de uma memória muito agradável. Dei um gole no meu vinho e ri.
— As dores do crescimento são dolorosas.
— Até os répteis fazem o possível para trocar de pele. Estou satisfeito com o resultado, por mais que eu tenha sofrido.
— Sim. Você se tornou um homem e o pai de Doyun.
— Não me chame assim. Quero ser Baek Doha para você para sempre.
O homem à minha frente é muitas coisas: um alfa real autoritário com riqueza e honra, um pai carinhoso para seu filho, um garoto inocente e sempre sedento por amor. Todos eles eram o homem que eu amava.
Pensando nisso, lembrei que Baek Doha nunca havia me chamado de pai de Doyun. Até o meu número armazenado no celular dele era “Meu amor Seolwoo”. Ele sempre me olhava com carinho e me chamava de Seolwoo. Mesmo quando eu só olhava para o Doyun, ele só olhava para mim. Até mesmo na cama, ele era sempre apaixonado.
Seus sentimentos ainda estavam quentes. Formamos uma família juntos, moramos lado a lado na mesma casa e, mesmo depois de quatro anos, ele ainda era o mesmo homem fogoso.
Eu é que mudei. Seria correto dizer que estou acostumado a isso? Talvez os sentimentos ardentes do passado tenham diminuído, pois me acostumei a viver com ele.
— Certo, vou chamá-lo de Doha de agora em diante.
— Você não acha que pode pensar em algo mais doce?
Parecia que ele queria algo como “querido”. Ainda um pouco envergonhado, terminei meu vinho e me servi de outra taça, bebendo-a como se fosse água.
— Queri…….
— Não estou ouvindo você.”
— Que-, queri-, querido… hmmmm…. Querido, querido, querido, querido-ah. Está bom assim?
Repeti mais algumas vezes, tentando me acostumar. Meu rosto ficou vermelho. Baek Doha caiu na gargalhada.
— Você é tão fofo. Você está morando comigo há anos, o que é tão embaraçoso?
Fiz o que me disse para fazer, por isso fiquei envergonhado, ora. Franzi a testa e bebi mais vinho, mas deixei o vinho escapar pela minha boca. Será que foi porque eu bebi vinho demais? Quando terminei minha refeição, minha língua estava retorcida pela embriaguez. Minha risada também estava mais escandalosa que o normal.
— Você não deveria estar bêbado, sabia? Nós ainda temos um encontro para ir.
— Segunda rodada? Vamos lá, vamos lá!
Ele me pegou no colo e me levou até o carro. Rindo, Baek Doha me abraçou do lado de fora do restaurante. Nesse momento, um flash estourou na minha frente. Pude sentir os guarda-costas se movendo rapidamente. Provavelmente eram os paparazzi que estavam sempre atrás de nós.
— Uh, uh-uh. Agora você está comprando, as fotos?
— Achei que você tinha dito que não queria parecer desgrenhado para a imprensa.
Baek Do-ha riu e tirou o casaco para cobrir meu rosto. Ele me ajudou a entrar no carro primeiro e subiu. Envolveu seus braços em volta da minha cabeça contra a lataria e me puxou para me encostar em seu ombro. Tirou um frasco de remédios do bolso do meu casaco, encontrou um neutralizador e o deu para mim. O neutralizador também serviria para curar a ressaca. Ele me deu os comprimidos com o mesmo carinho com que alimentava o Doyun.
— Querido…
Criei coragem para chamar novamente. Seus olhos estavam cheios de afeto quando ele olhou para mim.
— Sim?
— Eu amo você.
Deixei escapar a confissão e sorri com os dentes à mostra. Ele riu também, segurando meu rosto e me dando um beijo rápido nos lábios.
— Eu também amo você.
Esse é sempre um som maravilhoso de se ouvir. Dessa vez, eu o beijei e agarrei seu rosto quando ele gentilmente afastou os lábios. Dei-lhe um banho de beijos amorosos e barulhentos como se estivesse brincando com ele: lábios, embaixo do nariz, ponta do nariz, bochecha e queixo. Ele não fez nada, deixando que eu fizesse o que queria. Eu me agarrei a ele, o beijei o máximo que pude e depois me esparramei em seu colo.
— Como você vai assumir a responsabilidade quando eu ficar duro?
Ele sussurrou enquanto eu me deitava em suas coxas, sorrindo para mim como se eu fosse a coisa mais fofa de todos os tempos. Eu podia sentir um calor incomum entre suas pernas, mas, apesar de toda a responsabilidade, eu estava com muito sono. Os feromônios que emanavam do corpo dele tinham cheiro tranquilizador.
— Estou com sono. Vou dormir um pouco.
— Isso não é um pouco cruel?
Pude sentir sua mão acariciando meu cabelo enquanto ele falava. Meus olhos se fecharam e eu adormeci em um sono curto.
Acordei com o frio que roçava em minhas bochechas. Estava escuro por todos os lados. Parecia que eu havia dormido a noite toda, apoiado no ombro de Baek Doha. Graças ao neutralizador que tomei, fiquei sóbrio, mas minha cabeça doía. Baek Doha, que havia se esforçado cedendo seu ombro, sussurrou baixinho.
— Você está acordado?
— Ugh. Minha cabeça está doendo. Onde estou?
Enquanto eu olhava em volta, o casaco de Baek Doha que cobria o meu corpo escorregou. Um teatro? Não. Estava escuro onde estávamos sentados e a única luz vinha do saguão, onde um piano estava visível.
Enquanto meus olhos se ajustavam à escuridão, observei o ambiente ao meu redor, que era estranhamente familiar.
— Esta não é a sala de concertos onde Hyunseo costumava tocar piano?
— Isso mesmo. Hoje é o dia em que nós nos conhecemos. Para ser mais preciso, nos conhecemos em uma festa social na Inglaterra, mas foi aqui que tivemos nosso memorável primeiro encontro.
Minha sobrancelha se contraiu ligeiramente. Foi mesmo?
— Sério?
— Sim. Eu o vi aqui pela primeira vez. Você estava sentado ali, e eu estava sentado ali, observando você o tempo todo.
Ele fez um gesto com a mão na direção dos assentos vazios. Foi há muitos anos, mas eu me lembrava muito bem: uma sala cheia de alfas reais. Seus feromônios eram como gás venenoso e havia um homem olhando para mim na escuridão. Eu podia sentir seus olhos em mim.
Todos estavam hipnotizados por Yoo Hyunseo tocando piano, mas ele estava olhando para mim. Lembro-me claramente do calor de seu olhar sobre mim. Por que esse homem está olhando para mim? Lembro-me de todos os sentimentos embaraçosos que tive.
— Mesmo assim, eu só conseguia ver você. Eu vim para ver você. Você era a única coisa que brilhava na escuridão. Era lindo.
O homem que me encarou em silêncio alguns anos atrás está bem ao meu lado, sorrindo e relembrando isso, sendo meu próprio alfa.
— Você me encarou daquele jeito. Depois saiu e começou uma briga.
— Não foi uma briga, foi uma manifestação de interesse.
Uma expressão de interesse quando você subitamente pediu um aperto de mão, derramou feromônios sobre mim e se comportou de forma rude? Naquele momento, fiquei tão surpreso e abalado que peguei meu taser de autodefesa e profanei palavrões. Foi horrível. Como alguém pode ser tão grosseiro? Tudo o que eu podia fazer era xingar.
Mas, em retrospecto, tudo não passou de uma lembrança.
— Eu deveria ter te dado um choque com o taser naquele dia.
Dessa vez, Baek Doha riu.
— Isso seria excitante.
— Mas você nunca comemorou um dia como esse antes.
— De agora em diante, vou guardar todos os dias que poderiam ser aniversários, para que eu possa ter você só para mim nesses dias.
Um pianista surgiu do interior do salão. O artista cumprimentou o auditório vazio, com apenas nós dois, e sentou-se em frente ao piano. Os dedos suaves do pianista voaram sobre as teclas do piano, a delicada melodia de Chopin ecoavam lindamente.
Era um recital especial, só para nós dois. Um concerto especial que Baek Doha havia preparado para mim.
Fiquei instantaneamente hipnotizado pela música. Era definitivamente diferente da apresentação de Yoo Hyunseo. Baek Doha segurou minha mão quando eu estava prestes a me emocionar com a melodia do piano que se espalhava pelo salão.
Eu podia sentir seu olhar. Ele não estava ouvindo o piano, apenas olhando para mim. Olhando para mim na escuridão, assim como fez há alguns anos atrás. Talvez esses olhos continuem a me olhar assim para sempre. Eu sorri, entrelaçando nossos dedos e alianças de casamento, então ouvimos a bela melodia do piano.
Ouvimos do piano e observamos a vista noturna antes de voltar para casa. Doyun pulou como um cachorrinho para nos cumprimentarao chegarmos
— Papai, você veio agora!
Corri e abracei Doyun.
— Você não dormiu?
— Mmm…! Esperei pelos papais.
— Desculpa por chegar tarde.
— Não! Doyun está crescido. Não estou com medo porque tenho o boneco de dinossauro que Hae-shin me deu. Estou bem dormindo sozinho agora.
Eu sorri e beijei as bochechas rechonchudas do meu filho. Ele estava crescendo de forma incrível, dia após dia. Doyun me deu um rápido beijo na bochecha. Ele também beijou Baek Doha, que esticou os braços e tirou o casaco.
— Papai. Amo você. Os papais de Doyun são os melhores do mundo.
Quando vi a criança sorridente, não senti a inveja que costumava sentir antigamente. Fiquei feliz a ponto de chorar. O momento mais glorioso da minha vida. Esse dia brilhante e cintilante iria durar por muito tempo.
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{FIM.}
Tradução: Rize
Revisão: MiMi