Noite De Caça - Capítulo 099
Onde eu estou? Olhei ao redor, mas não sabia dizer onde estava, pois a paisagem das árvores eram semelhantes.
Por sorte, eu estava com meu relógio de pulso, então, verifiquei e já passava das 13 horas. Ainda faltavam algumas horas para o sol se pôr, mas o céu já estava escuro.
Ele não mencionou que hoje deveria nevar? No momento em que pensei sobre, os flocos de neve preencheram ar. Até o tempo estava me pregando peças.
— Merda. Malditas variáveis inesperadas.
O hálito branco veio em forma de riso sarcástico.
Vamos nos apressar. Eu não esperava que uma variável tão inesperada aparecesse em uma floresta no meio do inverno, mas é uma boa oportunidade de qualquer forma.
Exalei profundamente, deixando os feromônios se dissiparem completamente. Assim, Baek Doha não conseguiria sentir meu cheiro e me perseguir.
Mas a direção a seguir para sair da floresta era o meu maior desafio. Se eu pegasse um caminho errado, me perdesse e o sol se pusesse, isso seria um grande problema.
A primeira coisa que pensei foi: Por que não vou na direção a qual o cavalo desapareceu? Eles são treinados por humanos, portanto, têm instintos de orientação e coisas do gênero, por isso ele certamente vai em direção aos estábulos.
Mas eu estava errado. Enquanto mancava em direção ao cavalo desaparecido, não pude deixar de pensar que estava indo cada vez mais fundo na floresta. Eu deveria ter parado e voltado por onde vim, mas achei estranho, então mudei de direção várias vezes.
Com o passar do tempo, meu tornozelo latejava cada vez mais. Meu corpo estava se cansando e os flocos de neve ficavam mais espessos. A nevasca nas profundezas das montanhas golpeava meus membros. A situação estava piorando, não melhorando.
Fiz uma pausa, ofegante, e olhei para o relógio. Passava das duas horas. Eu já estava perdido há mais de uma hora.
Achei ter ouvido um cachorro latindo em meio à nevasca. São Mickey e Minnie? Com isso levantei a cabeça e olhei em volta com alegria.
Logo depois, ouvi o som de folhas mortas sendo pisadas nas proximidades. Achei que tinha ouvido errado, mas o barulho continuou. Olhei na direção do som e vi um cavalo se aproximando por entre os galhos de uma árvore. O homem no cavalo era Ha Sungho. Ha Sungho sorriu quando me viu.
— Quando se está perdido é melhor ficar parado. Você sabe que é imprudente sair andando pela floresta sem saber o que pode acontecer.
Ele não era uma visão nada bem-vinda. Ao se aproximar, sorrindo, Ha Sungho parecia mais ameaçador do que as feras famintas que ele encontrava na floresta.
— Tenho certeza de que o CEO Baek está de olhos arregalados, vasculhando a floresta à sua procura. Estou feliz por tê-lo encontrado primeiro.
Foi um comentário casual, mas pude sentir um motivo oculto em sua voz.
Um rosto visível podia ser observado através dos grossos flocos de neve. Um rosto sorridente, mas assustador. Um olhar de cobra que me examinava arrogantemente do alto do cavalo.
— Suba.
Ele me disse para subir no cavalo, mas eu hesitei e recuei.
— O que está tentando fazer?
— O quê?
— Por que você deu a Baek Doha aquele desenho de merda e o convidou para vir aqui? É um concurso de caça e você está tentando o atrair? Que truque você esconde?
Ha Sungho riu alto.
— Truque? Parando para pensar, é isso mesmo. Mas não fui eu e sim Hyunseo quem planejou isso. Sendo honesto, eu não sabia que ele realmente viria.
Tirando sarro da paixão de Baek Doha pela caça. Um truque de Yoo Hyunseo. Como esperado, Ha Sungho tinha um motivo oculto.
— Pretendo me casar com Hyunseo, então tenho que parecer bom para ele. Por isso, estou fazendo o possível para agradá-lo. Seja fazendo tudo o que ele me pede ou ouvindo suas mágoas. Também estou lhe fornecendo hospedagem.
— Você tomou uma grande decisão… casar com Hyunseo.
— Embora a natureza dele seja como a de um cachorro, ele não é o melhor parceiro de casamento, considerando apenas as condições?
Ha Sungho, a cavalo, veio em minha direção. As folhas caídas no chão abafavam o som dos cascos, mas a grande forma que se aproximava era intimidadora.
— Então, por que você continua fugindo? Não está montado no cavalo. Deveria estar voltando para o seu marido.
Senti uma onda de irritação ao ouvi-lo dizer a palavra marido.
— Se você me mostrar o caminho, posso ir andando sozinho.
— Você não tem tempo para isso, tem? Se não se apressar, pode perder seu marido.
— O que você quer dizer com isso?
— Acho que o ciclo de calor de Hyunseo está chegando. Não importa o quanto ele ame você, o ciclo de calor da Hyunseo será demais para ele resistir. Você não concorda com isso?
Ah, então, foi isso. Essa foi a razão pela qual Hyunseo fez Ha Sungho trazer Baek Doha aqui. Foi por isso que ele teve a coragem de dizer que um alfa real era um escravo dos próprios feromônios.
O ciclo de cio de Hyunseo também é irregular, indo e vindo, mas deve ter havido sinais de que ele estava chegando. Não é a primeira vez que ele tem um ciclo de cio.
Como ele usaria o ciclo de calor para enganá-lo? Iria tentar embriagá-lo com seus feromônios? Esse é o seu trunfo?
Se Yoo Hyunseo estivesse na minha frente, eu iria rir alto na cara dele.
— Isso não vai funcionar.
Dei uma risadinha e tropecei para trás, torcendo o tornozelo e caindo de cara no chão. Quando eu tentei me levantar, senti uma pontada no tornozelo, fazendo com que eu caísse no chão novamente.
— Oh… você se machucou?
Ha Sungho parou seu cavalo, desceu e veio até mim.
— Olhe para você.
Ele se ajoelhou na minha frente e alcançou meu tornozelo.
— Não me toque.
A expressão de Ha Sungho mudou. O sorriso em seu rosto se aprofundou e seus olhos estreitos brilharam com selvageria. Sua mão se estendeu novamente, mas eu não consegui impedi-lo. Uma mão com intenções claras atacou rápida e rudemente meu pescoço o empurrando. Minha garganta foi agarrada e eu caí, me debatendo como um animal selvagem em uma armadilha. Não consegui competir enquanto ele despejava sua força única de alfa real sobre mim. Antes que eu percebesse, ele estava em cima de mim, rindo assustadoramente enquanto me estrangulava.
— Bastardo… saia de cima de mim…
— Não me provoque muito. Você está no início da gravidez, então é um momento perigoso.
Era uma ameaça de que, se eu resistisse por mais tempo, nem eu, nem a criança em meu ventre estaríamos seguros. Não foram os feromônios de um alfa real, mas aquelas palavras que me fizeram sentir indefeso. Esse homem não é Baek Doha e, se eu o provocar, posso sair seriamente ferido.
Em vez de impedir de continuar com a rebelião, soltei um pouco dos feromônios que havia suprimido.
— Mesmo que seja fraco, há algo em você… um suave feromônio ômega que é muito atraente.
Um sorriso satisfeito se espalhou por seu rosto. O aperto em minha garganta afrouxou um pouco.
— Você é uma pessoa curiosa. Se eu soubesse que você acabaria nas mãos de um bastardo como Baek Doha, eu teria simplesmente estuprado você. Você é bom demais para mim apenas deixá-lo ir. Seria desperdício.
— Maldito bastar-…
Eu não deveria tê-lo chamado de bastado. Maldito alfa real. Mesmo tentando me segurar, não consegui impedir que os palavrões saíssem da minha boca.
Ele riu. Subiu em cima do meu corpo e arrancou o cachecol que Baek Doha havia enrolado em volta do meu pescoço. Jogou-o fora e puxou a gola do casaco que escondia minha nuca.
— Eu sempre quis saber…
As pontas dos dedos com luvas de couro passaram por minha nuca, onde a marca de Baek Doha estava gravada. A sensação era como a de uma cobra rastejando pela minha pele, me causando arrepios.
— Eu me pergunto o que aconteceria se outro alfa real fizesse uma nova marca em cima desta… um novo vínculo acontece?
E se ele fizesse uma nova marca? Ele era realmente um bastardo louco. Então, ele colocou imediatamente suas ilusões em ação. Se inclinou para perto de mim, como se quisesse me beijar, e enterrou os lábios no meu pescoço. Eu não consegui ficar parado por mais tempo. Me rebelei e ofeguei desesperadamente. Ele pressionou todo o seu corpo contra o meu, enquanto mordia minha nuca.
Meu corpo inteiro se sacudiu.
— Você está me irritando. — ele murmurou.
Depois, tirou um pequeno canivete dobrável do bolso e o apontou para minha garganta. Meu corpo se enrijeceu involuntariamente ao sentir a lâmina fria contra a ponta do meu queixo. Zass. Ouvi a lâmina rasgar a bainha de minha gola alta. A fina película em volta do meu pescoço havia desaparecido.
Os flocos de neve se espalhavam sem rumo. O som do vento era uivante. O odor corporal quente da fera que se agarrou a mim, mastigando meu pescoço, era repugnante. A parte inferior do corpo robusto do homem foi sentida contra o meu. Estava doendo. Não era prazer ou medo. Era apenas a dor em minha garganta por ser mastigada e sugada.
Então eu me dei conta de como os feromônios de Baek Doha são perfumados e de como ele era estupidamente lindo.
Bang!
O tão esperado tiro soou alto e claro. A bala que voou quebrou um tronco de madeira bem acima de nossas cabeças. Ha Sungho ergueu a cabeça de surpresa e, ao mesmo tempo, o cavalo que ele estava montando antes, relinchou e saiu galopando.
Os feromônios de Baek Doha eram fortes, mesmo na nevasca fria.
— CEO Baek…….
Bang!
Assim que Ha Sungho se levantou cambaleando, um segundo tiro foi disparado imediatamente. Um grito irrompeu da boca de Ha Sungho. Gotas vermelhas de sangue se espalharam pela fina camada branca de neve. Algumas gotas de sangue espirraram sujando meu rosto e corpo. Ha Sungho gritou e caiu, rolando.Foi, então, que minha visão se iluminou.
Mesmo estando deitado, meu corpo estava levemente inclinado, então pude ver Baek Doha subindo a colina. Era uma visão familiar: o passo lento e preguiçoso do caçador com seu rifle, seu rosto branco e liso visível através da neve e o sopro fresco branco que saía de seus lábios entreabertos.
O rosto de Baek Doha estava extremamente calmo. Era como se ele tivesse atirado em uma fera selvagem, não em um homem.
Com dificuldade, apoiei os cotovelos no chão e levantei o tronco. De pé, parado na minha frente, Baek Doha inclinou a cabeça e olhou para mim.
— Baek Doha. Seu bastardo louco, você quer morrer?
Ha Sungho, esparramado no chão, segurando o antebraço que havia sido atingido por um tiro, gritou. Baek Doha não ouviu suas palavras. Ele apenas olhou para mim e franziu os lábios.
— As marcas de mãos que estão em seu pescoço… foi esse bastardo que fez?
Uma respiração longa e branca fluiu entre os lábios bem torneados. Flocos de neve brancos tremulavam pelo ar. O rosto de Baek Doha, aparecendo por entre seus cabelos desgrenhados, também estava branco e frio. Em vez de responder, estalei a língua e esfreguei o pescoço que latejava.
Ha Seongho se levantou, tremendo e praguejando mais uma vez, então Baek Doha o golpeou sem nenhuma piedade. Ele deu mais alguns chutes no corpo cambaleante, depois pegou o canivete que havia caído no chão e se ajoelhou na frente do homem. Era o canivete com o qual Ha Sungho havia me ameaçado.
— Você é destro?
Não consegui ver a expressão de Baek Doha ,que estava de costas para mim enquanto fazia a pergunta para Ha Sungho.
— O quê? O…?
— A mão com a qual desenha. É sua mão direita?
Antecipando o que aconteceria a seguir, cobri meus ouvidos. Mesmo com meus ouvidos tapados, os gritos de Ha Sungho ecoavam ao meu redor. Pude sentir o cheiro de sangue. Um cheiro com o qual eu nunca me acostumaria. Meu enjoo, que havia passado, voltou e acabei vomitando no chão. Logo, Baek Doha se levantou despreocupadamente e jogou a faca ensanguentada fora.
— O que diabos é isso?
— Ceo Baek, encontrou o Sr. Seolwoo… Ahh! Sr. Ha Sungho!
Eu podia ouvir as pessoas gritando. Vendo a cena se desenrolar diante de seus olhos, todos ficaram chocados e sem palavras. Ha Sungho estava deitado no chão, coberto de sangue e chorando. E eu acabara de vomitar.
Baek Doha, que estava entre nós dois, falou despreocupadamente.
— Pensei que fosse um javali.
Era uma mentira de merda, mas ninguém a contestou.
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Continua…
Tradução: Rize
Revisão: MiMi