Noite De Caça - Capítulo 092
— Então, quando vai ser?
Esse esse casamento maluco que você planejou por conta própria? Eu não mencionei isso. Não seria bom irritar Baek Doha neste momento.
— No próximo fim de semana. A lua de mel será naquela ilha mediterrânea de que lhe falei.
— Há tanto a dizer, mas vamos começar com a realidade…
— Diga.
O homem à minha frente acenou com sua taça de vinho e me encarou com um sorriso presunçoso no rosto.
— No momento em que preenchi a certidão de casamento, o sistema de empareamento deve ter sido informado sobre isso. Ouvi dizer que, se você estiver na lista negra do sistema, não poderá sair do país como outros criminosos e será impedido de entrar em qualquer país do exterior. O que você vai fazer a respeito?
— Ah, pensando bem, esqueci de mencionar essa parte.
Eu não tinha ideia do que ele ia dizer. Sem piscar, esperei que Baek Doha abrisse a boca. Graças a isso, pude constatar o tremor sob seus olhos levemente avermelhados e a leve oscilação de suas pupilas. O medicamento deve estar fazendo efeito.
— Minha família é uma família cujos membros fazem coisas desonestas.
— Sim. Eu sei.
— Meu tio materno lida com a alta sociedade de vários países e seus negócios e ele tem vergonha de não ser um alfa real. Por isso, eu o acompanhei em algumas de suas reuniões de negócios e, bom, ele organiza festas especiais para os ricos e poderosos. Quanto mais importantes são as pessoas, mais podres elas acumulam, então elas jogam muito sujo nas festas, especialmente os executivos do sistema de empareamento. Eles gostam de jogar muito explicitamente e meu tio materno tem várias filmagens e fotos dessas festas. Se essas filmagens se espalhassem, seria o escândalo sexual do século que abalaria o mundo.
— Então você está chantageando os executivos do sistema?
— Estou tentando negociar.
Baek Doha fez um gesto muito cavalheiresco e gracioso com o ombro e sorriu.
— Então, o que estou dizendo é que você não precisa se preocupar com isso. Você e eu somos um casal legal e ninguém pode impedir nosso casamento.
Ele não estava apenas blefando quando disse que cuidaria do sistema de empareamento; esse era um homem que não media esforços.
— E ao julgar pela indicação do sistema, você e eu somos um par destinado pelos céus, certo?
— Você sabe os resultados do teste?
— É estranho que você pense que eu não saberia.
Ele sorriu para mim brilhantemente e, com isso, senti cada grama de força se esvair de meu corpo.
Baek Doha estava sorrindo, como se estivesse de bom humor. E eu estava irritado com o fato de ele ter um rosto tão bonito.
— A compatibilidade entre nós dois é de 100%. Há uma razão para eu achar os feromônios dos outros ômegas nojentos.
— Não o sufoca pensar que terá de passar o resto de sua vida apenas comigo?
— Não, de forma alguma.
Ele respondeu sem a menor hesitação.
— Eu só vou ter você até morrer, e não há perfume mais excitante e delicioso que me deixa sem fôlego do que o seu. Eu não vou deixar você ir, nem mesmo na morte. Se eu morrer primeiro, então você deve morrer comigo.
Que coisa assustadora de se dizer… Ele vai me enterrar vivo com ele. Senti arrepios por todo o corpo, sabendo que ele realmente faria isso.
— Por que? Você está? Se sente sufocado?
A cada segundo, a cada minuto, a cada hora de cada dia, eu me sinto sufocado. O copo de Baek Doha estava vazio, então eu o enchi rapidamente com vinho.
— Por que você não bebe?
— O quê?
— A bebida.
Com isso, ele ergueu seu copo. As duas taças colidiram no ar, e levamos as duas à boca. O vinho não estava bom, disse ele, mesmo assim ele esvaziou a segunda taça rapidamente.
— Então, sobre o que você quer falar?
Eu amo você, idiota, e estou grávido de um filho seu. Mas vou fugir com ele, para muito, muito longe.
Claro, disse isso apenas para mim mesmo.
— Você não vai me dar ouvidos se eu disser que não quero me casar, vai?
— Vamos ter um casamento pequeno, mas eu o preparei da maneira mais grandiosa possível. Você vai gostar. Vai adorar!
Ele parecia não querer me ouvir. Suspirei pesadamente. Balancei a cabeça, como se não pudesse vencer, como se tivesse desistido, e tomei um pequeno gole de vinho.
— Mas… huh? Isso é meio estranho…
Baek Doha abriu a boca, deixando escapar algumas palavras, e então se afastou fazendo uma careta e colocando a mão na têmpora.
— O que a de errado?
— Por que isso está de repente…
Ele pegou o copo de água em vez da taça de vinho e o deixou cair com a mão trêmula. O copo se quebrou fazendo um barulho alto contra o piso de mármore. Percebendo que algo estava errado, ele se levantou cambaleante, olhou para mim, apontou um dedo para mim e murmurou algo inaudível, depois caiu de lado.
Respirei fundo quando o grande corpo caiu com um baque.
O silêncio assustador se seguiu. Fiquei ali sentado por um momento, respirando com dificuldade. Meu coração estava batendo loucamente. Uhhhh. Foi só quando terminei meu copo de água que me levantei cuidadosamente e me aproximei dele.
Pude ver Baek Doha caído no chão.
— Doha. O que há de errado, você está bêbado?
Por precaução, eu me ajoelhei e dei um beijo em sua bochecha. Com os olhos fechados e a boca ligeiramente aberta, ele não se mexeu. Eu o sacudi de leve, mas ele permaneceu inerte. Ficou claro que ele havia desmaiado.
— Você acabou de beber isso e já ficou bêbado?
Novamente, não houve resposta. Dei um tapa em sua bochecha lisa e brilhante.
— Bons sonhos. Seu filho da puta.
Um riso alto vazou por entre meus lábios retorcidos. O riso continuou. Havia realmente funcionando. Uma onda de prazer, ainda mais estimulante do que o prazer do clímax, percorreu meu corpo, fazendo com que minha metade inferior ficasse ereta. A sensação era extremamente boa.
O homem altivo que havia me subjugado com tanta arrogância agora estava deitado, imóvel. Eu me senti como se tivesse capturado um leão em um ataque de fúria. Tive um desejo pervertido de levar essa fera de volta para aquela sala nojenta no porão, amarrá-lo membro por membro na mesa de operação, deixá-lo nu e subir em cima dele. Quando ele acordasse, estaria amarrado e deitado também, então eu perguntaria: ‘como se sente ao ter um anel em seu pênis que o impedisse de gozar?’ Queria muito fazer algo assim.
Mas, infelizmente, esse não era o momento.
Corri de volta para o meu quarto, me troquei e saí com minha bagagem e as chaves do carro que havia preparado com antecedência. Vesti o blazer do terno em seu corpo porque sabia que os guarda-costas ficariam desconfiados se eu o levasse para sair só de camisa.
O corpo atordoado e mole de Baek Doha era pesado como o inferno. Ele me abraçou como um gato, mas tive de arrastá-lo para longe, pois ele era tão pesado que eu não conseguia levantá-lo. O maldito alfa real estava insanamente quente. Seu hálito cheirava a feromônios alfa, embora ele estivesse desmaiado.
Suando como se estivéssemos no meio do verão, desci as escadas do porão que levavam diretamente da casa para a garagem e coloquei Baek Doha no meu carro novinho em folha, de onde nem mesmo havia removido o plástico dos bancos. Ainda tinha muito trabalho a fazer, mas já estava completamente exausto. Meu corpo estava molhado de suor.
Tomei mais alguns comprimidos neutralizantes, esperando que cortassem o efeito dos comprimidos que coloquei no vinho.
Liguei o carro e dei ré levemente, então os sensores automáticos captaram e imediatamente abriram a porta da garagem. E nesse momento…
Alarmes altos soaram por toda parte. Dentro da garagem, a luz vermelha acima do extintor de incêndio piscou luminosamente. O som era alucinante.
— Mas que diabos é isso!
Olhei em volta em pânico. Não tinha ideia do que estava acontecendo. O som frenético do alarme estava me levando à beira da insanidade. Nesse momento um som baixo e vibrante veio de algum lugar.
Era uma risada.
Abri os olhos e olhei para Baek Doha, que ria sacudindo os ombros. O mesmo homem que há um momento estava desacordado, como se estivesse morto. As vibrações continuaram, e ele tirou o celular do bolso da calça.
— Não é nada de mais. Eu toquei no sensor sem querer.
Ele mentiu descaradamente, e o alarme não tocou mais. Sua ligação tinha possivelmente sido para um dos guarda-costas.
O silêncio voltou. E um frio silencioso tomou conta do lugar. Baek Doha que estava sentado no banco do passageiro, mexendo no celular com seus dedos longos e graciosos encerrou a chamada. O som da minha garganta engolindo a saliva era assustadoramente alto. Uma fração de segundo de silêncio pareceu uma eternidade.
Ele e eu apenas olhamos para fora da janela do carro. Minhas mãos que seguravam o volante estavam completamente encharcadas de suor.
— Isso é demais.
Logo a boca de Baek Doha se abriu primeiro.
— Se você desaparecer, terei que passar o resto da minha vida me controlando. Não vou servir nem como garanhão de raça, sem nem mesmo poder transar, e sendo celibatário. Você não sente pena de mim?
— Você não sente pena da minha vida?
O homem que estava sorrindo tranquilamente de repente se virou, estendeu a mão e me agarrou pela garganta. Ele segurou o meu pescoço, forçando-me a olhar para ele. Seus olhos brilhavam perigosamente. Seus lábios sorridentes se contorceram convulsivamente e dentes brancos apareceram. Era semelhante ao ato de um animal — Você tende a me fazer parecer um idiota.
Eu me debati quando seu rosto se aproximou para me beijar, tentando socar o seu queixo. O aperto em meu pescoço ficou mais forte.
— Não perca a compostura. Não quero fazer nada com a pessoa que está grávido do meu filho.
A luta parou. Você sabe que estou grávido? Um sorriso satisfeito brilhou nos olhos de Baek Doha quando meus protestos cessaram.
— Como… você sabe?
— Você parece tão esperto e inteligente, mas é surpreendentemente ingênuo. Isso o torna incrivelmente fofo.
Um suor frio percorreu minha espinha. O suor se acumulou em minha testa. Os olhos de Baek Doha examinaram meu rosto. Eu podia sentir os dedos em volta do meu pescoço se movendo muito lentamente, acariciando meus músculos.
— Você não vai me perguntar o que aconteceu?
Seu hálito quente umedeceu meu rosto.
— Se eu perguntar, você vai me contar?
— Depois do jantar, nenhuma formiga pode sair desta casa sem minha permissão. O alarme deve disparar no momento em que você tenta sair… se qualquer coisa tentar sair daqui.
Ele explicou muito gentilmente. Eu estava atordoado. Seu cretino desgraçado.
— Isso é ótimo.
— Achou mesmo que eu seria tão pouco protetor com você?
Diga isso corretamente. Não é proteção, é confinamento.
— E é engraçado que você tenha pensado que eu cairia no mesmo truque duas vezes. Eu me deixei enganar porque você parecia fofo agindo de forma tão má. O vinho drogado era tão doce… delicioso.
Droga, eu sabia que não seria fácil. Era bastante estranho que as coisas funcionassem assim tão facilmente.
— Como você descobriu que eu estava grávido?
— Porque eu sei para quem você liga e para quem tem mandado mensagens.
— … Você está dizendo que grampeou o meu telefone?
Ele ergueu uma sobrancelha e sorriu. Ele sabia de tudo. Com quem eu estava falando, o que eu estava fazendo, o que eu estava planejando fazer. Ele estava certo, como disse eu era estupidamente ingênuo. Como eu pude acreditar que um homem que espalhou câmeras de vigilância por toda casa me deixaria falar livremente em meu celular.
O engraçado é que o telefone que estou usando agora me foi dado por Baek Doha, e nunca suspeitei que ele estivesse grampeado. Como posso ser tão estúpido?
— Foi uma boa tentativa. O problema é que você tomou por garantido que eu faria papel de idiota.
— Desgraçado.
Ele me puxou rapidamente em sua direção, nossos lábios se chocaram. A carne de nossos lábios se chocou agressivamente e eu o engoli, cerrando os dentes em sua boca. Mordi seus lábios o melhor que pude, lutando desesperadamente.
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Continua…
Tradução: Rize
Revisão: MiMi