Noite De Caça - Capítulo 089
Voltei para a sala com a caixa e fiquei olhando para ela por um tempo.
Será que eu vou conseguir fazer isso? Minha mente se acelerou. E se eu falhar?
A náusea que havia diminuído brevemente voltou. Depois de cobrir minha boca e engasgar algumas vezes, meus pensamentos mudaram naturalmente.
Tenho que fazer isso. Se eu falhar, pensarei em outra coisa mais tarde. É hora de agir conforme as palavras de Kim Binwoo. Mesmo que eu falhe, Baek Doha não vai me matar.
— O Sr. Seolwoo, vai sair logo, certo?
A empregada bateu na porta do lado de fora.
Decidi ir às compras com a empregada. Para ser mais preciso, a tarefa de hoje era ir ao hospital sob o pretexto de fazer compras. Apressadamente, coloquei a caixa de remédios embaixo da cama, me vesti e saí.
Naturalmente, alguns guarda-costas nos seguiram. Com os homens nos seguindo, todos os vendedores do mercado ficaram nos observando.
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‘Senhora. Posso ir com a senhora para fazer as compras hoje?’
Enquanto comia com Baek Doha no café da manhã, ele me ouviu conversando e comentou, dizendo que eu gostava da empregada.
‘Ah, tudo bem. Uma conhecida abriu uma loja de guarnições, vamos lá conhecer o lugar.’
Baek Doha, é claro, não gostou. Foi a reação de uma pessoa que não se sentia bem a menos que eu estivesse em casa.
‘Quero tomar um pouco de ar fresco, já que minha digestão continua ruim e não me sinto bem. Sinto que estou ficando louco de frustração.’
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Baek Doha até sugeriu que saíssemos em um passeio de carro até um lugar que tivesse ar fresco. O que eu deveria fazer numa situação dessas? Eu estava suando um pouco por dentro, mas felizmente Baek Doha teve que sair às pressas, então pude ir com a empregada. Enquanto estava fora, comprei e comi uma comida deliciosa. Ele havia me dado um cartão e me disse para comprar o quanto eu quisesse comer.
Claro, era algo que eu havia planejado com a empregada de antemão via mensagens de texto de celular.
Entramos no carro e chegamos ao mercado onde a empregada disse que ‘um conhecido abriu uma loja de guarnições’. Talvez essa informação não fosse apenas algo inventado, já que a dona da loja deu as boas-vindas à empregada.
— Pode entrar. É seu filho?
Quando a dona da loja de acompanhamentos me viu, ela me cumprimentou calorosamente.
— É meu sobrinho. Ele está em Seul por um tempo por conta das circunstâncias.
A empregada me deu uma olhada rápida e me conduziu para dentro da loja. Como a loja era muito pequena e estava cheia de mulheres do mercado, os guarda-costas não entraram, mas esperaram do lado de fora.
— Vocês não se importam se nós entrarmos um pouco, não é? Não vamos demorar muito.
A empregada perguntou aos guarda-costas e um deles respondeu com uma voz grossa e profissional:
— Por favor, não fiquem muito tempo.
A proprietária disse estar frio, então ela colocou um lençol elétrico no chão e nos levou para uma sala interna. Era dentro da cozinha, então não podíamos vê-la de fora, mas o tempo todo os clientes entravam e os funcionários os atendiam.
Pensei: O que estão fazendo? Com certeza não estão aqui para conversar na delicatessens. Segui as duas mulheres, sem saber o que esperar, e então me dei conta: havia uma porta lateral no fundo da sala. A proprietária fez um gesto e abriu a porta lateral, dizendo para seguirmos por ali.
— Obrigado. Comprarei comida mais tarde.
— Apresse-se e volte logo. O que são todos aqueles cretinos de preto lá fora? Eles são assustadores.
A empregada sorriu, e a proprietária lhe deu um tapinha nas costas. Saímos por uma porta lateral, entramos em um pequeno pátio e chegamos a uma velha mansão de dois andares. A empregada caminhou até a casa, subiu ao segundo andar, foi até o final do corredor e tocou a campainha.
Alguém abriu a porta para mim e eu atravessei a cortina de plástico colorida e rústica. A sala de estar parecia uma típica sala de espera de hospital. Alguns pacientes estavam sentados em sofás, esperando, e um jovem estava sentado no balcão da recepção.
Esse era o hospital sem licença de que a empregada havia me falado. Não havia sinalização e só era possível entrar sorrateiramente com a ajuda de alguém que conhecesse o lugar. Fiquei parado, com cara de bobo, enquanto o recepcionista me registrava.
Fiz contato visual com o homem no sofá e ele fez uma careta. Ele ainda era jovem, mas sua barriga estava saliente. Me dei conta depois que ele estava grávido e não gordo. O homem sentado ao lado dele não tinha a barriga protuberante e estava jogando atentamente um jogo no celular. Ambos pareciam mais jovens do que eu. O que estava jogando no celular parecia um estudante universitário.
— Número 13. Por favor, entre.
O homem de capuz se levantou do sofá e entrou na sala de exame. A empregada me entregou o número 15 e se retirou para ir ao banheiro.
Enquanto eu me recostava no sofá, o som de um jogo de celular ecoava pela sala de espera silenciosa. O som do aparelho me incomodou bastante, mas quando eu estava prestes a dizer algo, o homem levantou a cabeça primeiro, olhou para mim e depois falou.
— Meu Deus… Você foi marcado?
Quando entrei, tirei meu cachecol, revelando minha nuca. Franzi a testa diante da indesejável pergunta grosseria.
— Ele te engravidou e mordeu o seu pescoço? A pessoa que engravidou o hyung deve ser um filho da puta.
‘Hyung’? Que intimidade foi essa? Ele era um cara excessivamente sociável.
— Ele te marcou para que você não conhecesse outra pessoa? Que bastardo! Não é como se ele fosse se casar com você te levar para casa com ele. Ele deve ser um babaca, tô certo?
Ele estava meio certo, e meio errado. Baek Doha era um filho da puta e um bastardo, mas não era um babaca que não se responsabilizava por mim. Na verdade, era um babaca porque queria me obrigar a casar.
— O hyung também foi pego por um cretino fodido. De quantos meses o hyung está?
— Eu não sei.
— Bem, não deve estar com muito tempo. Sua barriga ainda não apareceu! Estou de cinco meses.
Eu nem pedi que ele me mostrasse, mas ele puxou a bainha do moletom para cima e me mostrou a barriga. Achei bonito o fato de ele ter apenas uma pequena barriga proeminente. Mais uma vez, ele fez uma série de comentários que não foram solicitados.
— O desgraçado nem sabe que estou grávido. As pessoas estão me enchendo o saco por causa da minha barriga! Dizem que estou assim porque não tenho feito exercícios ultimamente… Ele estava tão bêbado quando entrou no Rut que nem se lembra de ter ido pra cima de mim. Você sabe por que os ômegas andam com injeções de inibidores para emergências? Quando se injeta em um alfa, ele fica todo mole como se tivesse levado um soco na cara, sabe? Você deveria levar uma, vai que você precisar usar…
— As injeções de inibidores funcionam em alfas?
Também tinha uma injeção de inibidor que Kim Binwoo me deu para levar em caso de emergência.
— Eu não sabia, mas achei que ia morrer por causa daquele desgraçado, então enfiei a injeção de inibidor no pescoço dele e, de repente, ele perdeu a força e ficou mole. Mais tarde, descobri que o inibidor na injeção era uma dose muito alta, então acho que afeta até os alfas. De qualquer forma, eu fugi enquanto ele estava flácido, mas infelizmente eu transei com ele uma vez e engravidei logo de cara. Como o cretino é o filho mais novo de uma família orgulhosa, estou me escondendo e o evitando porque sei que ele vai dizer para me livrar da criança… Eu estou protegendo meu filho.
Eu nunca o tinha visto antes, mas a história era semelhante. Fiquei surpreso ao ouvi-lo dizer que queria proteger o bebê, embora ainda parecesse tão jovem.
— O bastardo do Alfa que te fez isso com você sabe que você está grávido? Bem, se ele soubesse, você não estaria aqui, né…
Era uma maneira sutil de dizer: entendo a sua situação se você está entrando escondido em um lugar como este.
— Isso me irrita. O hyung também imprimiu o alfa que fez isso com você?
— Um ômega pode marcar um alfa?
— É possível, mas é difícil pra caralho. Porque se você tentar fazer isso do jeito errado ou vai ser espancado até a morte por um alfa cego de ódio, ou vai morrer por causa dos feromônios do alfa que explodem de uma só vez no momento da impressão. Mas você ainda está vivo depois de ter sido marcado dessa forma, então acho que é possível, certo?
— Qual é a vantagem de marcar um alfa?
— Hyung você já viu um alfa impresso por um ômega?
Eu balancei minha cabeça, afinal, nunca tinha visto.
“Bom, não me admira que não tenha visto isso. Tenho certeza de que há alfas marcados, mas a maioria deles esconde isso. Ter uma marca de um ômega é uma merda. Ser marcado por um ômega significa que você está preso a ele para o resto da vida e não tem liberdade para dormir com outros livremente. Esses alfas cretinos não conseguem nem andar por aí de cabeça erguida porque eles têm vergonha de serem vistos na sociedade. É uma questão de orgulho: eles nem sequer nos tratam como pessoas. Se um deles for estúpido o suficiente para ser impresso por um ômega, os outros vão zombar dele e intimidá-los. É uma verdadeira morte social.
O homem esfregou o abdômen protuberante como se estivesse sentindo uma dor de estômago e voltou a falar.
— Acho que há casos em que eles olham um para o outro e dizem: ‘Vamos nos amar para sempre’, mas é mais provável que enfiem os dentes no pescoço um do outro com o pensamento de: ‘Vá se foder’. Você sabe como os alfas são uns bastardos imundos.
— Eu não sabia disso.
— Mesmo? Os ômegas falam muito isso.
Antes eu praticamente não era um ômega e não tinha nenhum amigo com quem conversar sobre o assunto.
— Os alfas podem fazer com que a vida de um ômega seja ruim, mas são os ômegas como nós que podem fazer com que os alfas se ferrem. E se o ômega que lhe imprimiu a marca morre ou vai embora, então o alfa é forçado a ser celibatário para o resto da vida. É engraçado pra caralho.
O homem deu uma risadinha, mas eu não ri.
— A menos que ele seja um alfa real.
— Alfa real? Não dá. Isso não funciona… você pode morrer. — o homem, que estava rindo, de repente endureceu sua expressão e ficou sério. — Nem tente porque no momento em que se imprime, os feromônios do seu oponente explodem e ele se torna super agressivo. Seria difícil lidar até mesmo com um alfa comum, imagina fazer isso com um alfa real? Estaria morto, com certeza.
Ele fez outra advertência séria.
Ouvi o homem encapuzado que havia entrado na sala de exame sair e chamar pela janela do depósito. O homem com o número 14, se levantou e, antes de ir, perguntou:
— Se quem te engravidou foi um Alfa Real, quer dizer que o hyung é um ômega real?
Por que um ômega real viria a este lugar para receber atendimento médico?
— Não, não é isso. Eu só estava curioso.
— Entendi. Boa sorte com isso, hyung.
O homem se virou e foi para a sala de exames quando ouviu seu número ser chamado novamente. Quando a empregada voltou do banheiro, ela viu o homem entrar na sala de exames e estalou a língua.
— Ah, não… Ele é mais novo que o meu caçula. Será que os pais dele sabem?
Enquanto eu esperava, pensando no que o homem havia dito, ele saiu e chegou a minha vez. Ele falou comigo suavemente na sala de espera, depois saiu com um semblante severo e pagou a conta no caixa sem olhar para mim.
Quando entrei na sala de exames, a parte de cima do meu rosto estava coberta por uma cortina e a única parte do meu rosto que era visível para o médico era a parte inferior. Eu estava deitado na cama, respondendo apenas ao som da voz do médico, que não conseguia ver meu rosto, e fiz vários exames. O médico, então, começou a identificar a causa dos meus sintomas.
— Você está grávido.
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Continua…
Tradução: Rize
Revisão: MiMi