Noite De Caça - Capítulo 079
O almoço para nós dois parecia um evento grandioso. A empregada demonstrou ao máximo suas habilidades, dizendo precisar cuidar bem do CEO. No entanto, Baek Doha apenas observou enquanto eu comia da refeição nutritiva que ela havia preparado para ele.
Quando parei de mastigar e olhei para frente, ele colocou um pedaço de peixe na minha tigela de arroz.
— Não vai comer, Sr. Doha?
— Só de ver você comer já me sinto satisfeito.
Ele mostrou um sorriso charmoso. Meu rosto ficou quente. Não era a primeira vez que ele fazia isso, mas sempre que ele sorria, eu me sentia estranho.
Baixei o olhar e, em silêncio, enfiei o arroz com filé de peixe na boca e mastiguei. Provavelmente era desconfortável fazer isso com uma das mãos enfaixada, mas ele retirou a carne branca da espinha do peixe e a colocou sobre meu prato novamente. Eu lhe disse estar tudo bem, que podia comer sozinho, mas ele não me deu ouvidos e continuou a remover a carne com cuidado. Desisti e apenas aceitei o que me foi dado.
— Seu braço não está doendo?
— Estou bem.
— Você estava resmungando durante o sono na noite passada.
— Eu?
Assenti com a cabeça, mastigando meu arroz. Sua sobrancelha se franziu. Era um sinal de que ele não se lembrava.
— Foi também a primeira vez que observo o Sr. Doha adormecer antes de mim.
No hospital, disseram para ele ir com calma, mas esse homem não era o tipo de pessoa que dava ouvidos a ninguém. Ontem à noite, nós também fizemos até a exaustão e, por algum motivo, Baek Doha adormeceu primeiro. Normalmente, cabia a ele limpar meu corpo exausto por lidar com ele, mas na noite passada ele adormeceu como se tivesse desmaiado e não conseguisse acordar.
— É por conta dos remédios.
Ele respondeu sem rodeios, com o rosto contorcido como o de uma criança irritada, mas continuou mexendo os pauzinhos, desmontando os pedaços de peixe.
— São esses remédios.
Ele me encarou com intensidade e repetiu.
— Ah, sim, deve ser isso mesmo. — Respondi.
— Acho que vai ser difícil ir trabalhar na próxima semana, então por que não tira mais tempo de folga?
— Devo pedir demissão do meu emprego? — Assim que fiz a pergunta, ele me respondeu. — É tão relaxante e agradável estar com você o dia todo assim. Você quer que eu pare de trabalhar?
— Claro. — respondi secamente, enquanto mastigava o arroz.
— Estou falando sério, você não vai me dar uma resposta sincera?
— O Sr. Doha é o CEO da empresa. Que diferença faz se for trabalhar ou não?
Senti que ele estava me encarando. Ele costuma fazer isso quando eu reagia sem rodeios. O engraçado é que, toda vez que ele tentava me dar ordens e eu respondia de maneira sarcástica, ele me olha como se dissesse: “Por acaso você está com raiva de novo?”, tentando me entender.
Deliberadamente, não disse nada e apenas comi meu arroz. Eu podia sentir seus olhos me encarando sem dizer uma palavra. Sentia o cheiro de seus feromônios. É irônico que em um momento como esse em que estou com a boca fechada, ele esteja me observando secretamente. Normalmente, estaria tentando me fazer agir da maneira que ele acha certo.
Senti como se estivesse aprendendo a lidar com o homem chamado Baek Doha. Em vez de dizer “não quero”, dizia “Sim. Está certo”, e depois ficava em silêncio. Simples assim. Isso era mais eficaz do que gritar em plenos pulmões. Assim, eu conseguia interromper a conversa e evitar brigas fúteis.
— Por que você está com raiva de novo?
Não respondi.
— No que mais você está pensando?
Como posso me afastar de você com sucesso? Era nisso que eu estava pensando. Os pedaços de peixe que ele separou cuidadosamente e colocou sobre o arroz estavam deliciosos. Ignorando os olhares, esvaziei a tigela de arroz, coloquei os talheres sobre a mesa e fiz uma reverência à empregada.
— Obrigado pela refeição. Estava muito deliciosa.
— Você quer mais arroz? — Ela perguntou, prestativa. Então mostrei um sorriso e respondi.
— Não. Isso é o suficiente, obrigado.
— Gostaria de comer uma sobremesa?
— Bom… aceito um café. Obrigado pela sua bondade.
Enquanto trocava algumas palavras com a empregada, senti que ele me olhava fixamente. Beak Doha, que estava observando toda a cena em silêncio, falou.
— Você é gentil com os outros, e sorri.
Ele parecia meio irritado. Você também está com ciúmes disso?
Ignorando-o, peguei a xícara de café trazida pela empregada e tomei um gole. Ela colocou uma xícara de café para Baek Doha na frente dele e voltou para a cozinha.
— Quando terminar de comer, prepare-se para sair. Tenho negócios a fazer.
— O que quer dizer com “negócios”?
— Você verá quando chegarmos lá.
Quando me calei novamente sem perguntar mais nada, ele complementou, por algum motivo.
— Por que não vamos dar uma volta nos subúrbios? Temos o dia livre e não quero ficar preso em casa. Nós nunca tivemos um encontro adequado.
O sol estava alto, mas o vento estava bastante frio e eu estava preocupado desde que ele fez barulhos de dor durante o sono na noite passada, então comentei, preocupado:
— No hospital, disseram para você ir com calma. Mesmo sendo um alfa real, você não é onipotente, então mesmo que esteja se sentindo melhor, não deve sair.
— Estou fazendo tudo o que o médico me disse para não fazer. Sair não será um grande problema. — sorriu.
Ele tinha razão. Uma das coisas que lhe disseram para não fazer enquanto estava no hospital foi para não manter relações sexuais intensas. Mas, desde que recebeu alta do hospital, estamos transando todos os dias.
— Ontem você estava resmungando enquanto se revirava na cama. Descanse um pouco hoje.
Baek Doha olhou fixamente para mim. Estreitei as sobrancelhas me perguntando porque ele estava olhando para mim daquele jeito novamente.
— Por que você está me olhando assim de novo?
— É bom. É muito bom ver que você se importa comigo. — ele sorriu e ergueu o braço enfaixado. — Continuo desejando que a ferida não cicatrize. Você choraria se eu cortasse meu braço completamente?
— Seu filho da puta… pare de falar besteiras.
Meu rosto se contorceu. Não conseguia me expressar direito. Ele parecia não se importar em dizer algo assim.
— Você sabe que me deixa excitado sempre que me xinga, não é?
Ele se levantou, inclinou-se em minha direção, segurou meu rosto e me beijou com força. Achei que seria um beijo leve, mas seus lábios se moveram e pousaram firmemente em meu lábio superior.
— Ouvir você xingar faz meu estômago ferver.
A respiração saindo dos lábios macios era quente. A concentração de feromônios no ar havia aumentado. Eu quase podia sentir o cheiro do seu sêmen espesso.
— Você é um pervertido.
Uma língua úmida deslizou entre meus lábios murmurantes, percorrendo minha boca e mordiscando minha carne com avidez.
— Mghh. — um gemido doce irrompeu
Não é de se admirar que meu corpo estivesse esquentando com a onda de feromônios. Se eu me deixasse levar, ele me deitaria na mesa e me devoraria ali mesmo, então o empurrei para longe.
— Eu pensei que você tinha dito que ia sair para resolver algo.
Por alguma razão, ele se afastou obedientemente quando eu o empurrei para longe. Seus lábios caíram, mas ele ainda me olhava com o rosto inclinado em minha direção. Um olhar cheio de luxúria, pegajoso e carinhoso. Ele me olhava com olhos cheios de um desejo que também agitava em mim. Eu me senti desconfortável ao olhar para ele, mas o encarei de volta.
— Vou matar todos eles.
Ele disse coisas assustadoras em um tom suave.
— Todos os bastardos que tocarem em você. Vou matar todos eles… te prometo matar esses filhos da puta. Não deixarei ninguém mais tocar em você.
As pontas de seus dedos tocaram o canto da minha boca e depois roçaram a ponta dos meus lábios. Sua mão deslizou sem esforço para baixo até tocar minha nuca, onde ele havia deixado uma marca. Meus olhos, bochechas e pescoço tremeram.
— Quem quer que seja, se te tentarem te fazer mal novamente, mesmo que seja da minha família, nunca os perdoarei. E, se eles fizerem essa merda de novo, irei atrás deles com uma arma e matarei todos.
— Por que está dizendo isso do nada? Você recebeu alguma ligação ruim dos membros da sua família?
Em vez de responder, ele piscou os olhos. Não era nada surpreendente. Os membros da família Baek se revezavam ligando, implorando e ameaçando-o para que reconsiderasse o casamento, perguntando se não havia ômegas reais suficientes no mundo.
[Doha é um bastardo, mas seu modo impulsivo de fazer as coisas é incrível. Ele quer se casar esta semana. Não importa o quanto fale com ele, ele não escuta. Não sei por que ele quer se casar com tanta urgência. Ele age como um louco e até grita com os pais como se estivesse completamente cego. É um bastardo mimado. Ele não quer ouvir a família nem os amigos. É questão de tempo até que todos descubram…]
Depois que recebi alta do hospital, comecei a trocar mensagens de texto com a Sra. Park. Deixei meu telefone na sala de estar para brincar com os cachorros no jardim e ela me mandou uma mensagem de volta.
Felizmente, a maioria dos familiares não sabia disso, pois moravam no exterior. Ela me enviava mensagens de texto várias vezes ao dia para que eu cuidasse do assunto o mais rápido possível, dizendo que, se eles descobrissem a situação, não ficariam parados.
[Apresse-se. Ele tentará colocar uma criança em seu corpo. Será mais uma enorme dor de cabeça, então faça isso rápido. Você disse que cuidaria disso sozinho, então estou tentando confiar em você, mas se continuar demorando tanto, não terei escolha a não ser intervir novamente.]
— Ninguém pode impedir este casamento.
A conversa oportuna de Beak Doha fez meu coração disparar. Era como se ele tivesse lido minha mente. Eu o olhei nos olhos. Chamei seu nome, “Doha”, e ele respondeu com um sorriso.
— Você sabe que tipo de desvantagens enfrentará se casar comigo?
Ele piscou lentamente como resposta.
— Se tivermos um filho… se esse filho não for um alfa, mas um mutante como eu, um sub-beta…
Eu rapidamente mudei minhas palavras para o termo recém-aprendido. O termo sub-beta era cem vezes melhor do que a palavra mutante.
— Sub-Beta. Onde você aprendeu esse termo? É uma palavra que não é usada na Coreia.
— Não importa onde aprendi. É ilegal para uma alfa real se casar com alguém que não esteja registrado pelo sistema de compatibilidade e, por consequência, também é ilegal ter filhos. Me disseram que a criança nem pode ser colocada no registro familiar.
— Isso só acontece no exterior.
— Não. É o mesmo na Coreia. Estamos sujeitos aos controles do sistema de compatibilidade. As pessoas não são punidas da mesma forma, mas também ficam em desvantagem. Se um alfa real for destituído de seu status ou algo do gênero, os danos podem ser enormes.
— Você está com medo de que de repente eu fique sem dinheiro?
— Não é isso.
— Eu sou Baek Doha, um alfa real.
Que tipo de “apresentação” é essa? Sua mão acariciou suavemente a ponta do meu queixo.
— Você tende a ser muito condescendente comigo às vezes.
— Não é isso que eu quero.
A mão que estava acariciando meu queixo me agarrou com força, me prendendo para que eu não pudesse virar a cabeça.
— Por um acaso vou deixar de ser Beak Doha se perder essa classificação? Meus feromônios desaparecerão de repente? Mesmo que ninguém endosse isso, continuarei sendo excelente. Perfeito.
N/Rize: Hahahahah, quando eu acho que ele vai dizer alguma coisa construtiva… MDS é difícil defender esse homem, mas vou continuar na luta 🙏
N/MiMi: *julgando em silêncio*
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Continua…
Tradução: Rize
Revisão: MiMi