Noite De Caça - Capítulo 071
Episódio 71
Capítulo V Festival de Caça
Lentamente, minha consciência foi se esvaindo. Minhas pálpebras pesadas se fecharam. Está frio. Por que estou com tanto frio? Meus olhos se fecharam involuntariamente e meu corpo relaxou.
Não. Meus olhos se abriram. Vou morrer de frio se voltar a dormir e não posso morrer de frio em um lugar como este justo quando acabei de escapar do Sr Han.
Cerrando os dentes, forcei-me a levantar. Ergui o corpo cambaleante até ficar de pé. Girando para cá e para lá, como uma boneca numa corda, balançando ao vento, atravessei um campo desolado que não reconhecia.
Eu queria viver, dessa vez mais do que nunca e minha obsessão pela vida extraiu o poder dentro de mim. Isso fez meu corpo se mexer.
E eu não estava mais sozinho, pois certamente uma nova vida havia se instalado dentro de mim.
Eu queria viver. Queria deixar essa criança viver, mesmo que fosse um mutante parecido comigo. Queria deixá-la vir ao mundo e não ser um pai ruim como minha mãe foi, mas dar a ela todo o meu amor e proporcionar a ela uma vida feliz.
Eu não me importo se você não for bom o suficiente, ou um mutante. Você merece ser feliz. Merece ser amado.
Todos podiam negar a criança concebida em meu ventre inútil, mas eu não. Eu precisava fazer isso. Não podia deixar que a criança que eu desse à luz vivesse como eu.
Minhas pernas fraquejaram novamente e caí com força no chão, mas tirei o pó das roupas e me levantei. Endireitei minhas costas curvadas e coloquei força nas pernas com os olhos bem abertos.
Nós vamos viver. Nós sobreviveremos de alguma forma e não seremos mais pisoteados por ninguém. Viveremos e prosperaremos diante daqueles que nos tratam como pragas e insetos.
Não vou ser derrotado. Eu sobreviverei, serei forte. Eu não posso cair. Não aqui.
Os cantos dos meus olhos que estavam cheios de lágrimas secaram antes que me desse conta. Quando abri os olhos, pude ver claramente o cenário da estrada noturna que estava nublada.
Uma noite escura e sem luar. Mas o sol vai nascer depois dessa noite, e eu vou chegar até o fim dessa estrada.
Nenhuma criatura viva foi vista durante todo meu trajeto entre campos e campos de estreitos arrozais. Nenhum gato passou. Como eu morava no centro da cidade, sempre lotado de gente, eu não conhecia aquela realidade e confesso ter sentido medo desse silêncio absoluto. Mas rapidamente meus ouvidos se adaptaram e o medo foi embora. O problema era minha condição física.
Parei por um momento, olhei em volta para respirar e encontrei um palheiro. Talvez houvesse um espaço ali para escapar do *orvalho da noite. Fui mancando até lá e vi que a porta estava escancarada. Será que esqueceram aberta?
N/Rize: Orvalho da noite – Precipitação atmosférica caracterizada pelo vapor de água que se condensa, permanecendo sobre o que está exposto ao ar livre, durante a noite ou pela manhã; rocio.
Fiquei na porta e olhei em volta: com certeza, não havia ninguém por perto. Acho que posso ficar aqui e sair quando o sol nascer. Não iria aguentar muito mais, então não pensei muito. Entrei no armazém e fechei a porta.
Estava bem quente quando me enfiei nos fardos de feno no chão. Era muito mais confortável do que o porão onde Yoo Hyunseo costumava me trancar. Eu teria que decidir o que faria após dormir um pouco, mas no momento em que comecei a refletir sobre, minhas pálpebras caíram e minha consciência se esvaiu.
*
Um som de chocalho atingiu meus ouvidos. Abri os olhos, horrorizado.
Meu coração batia freneticamente em meu peito. O barulho, o rangido, o som de algo sendo chutado. O ambiente estava tão silencioso que o ruído parecia excepcionalmente alto. Estremeci e me enfiei mais fundo no palheiro, imaginando se um dos guardas-costas teria me encontrado. Me esconder seria inútil, mas eu não tinha escolha.
Crrrrr.
A porta fechada do armazém fez um barulho alto, seguido por zumbido: o vento. Enquanto eu me escondia no palheiro, tremendo e abafando minha respiração, o barulho parou. O vento havia diminuído.
Mais uma vez, os arredores ficaram quietos, como se nada tivesse acontecido.
Talvez eu não devesse me esconder aqui até o amanhecer. Levantei-me em silêncio e fui até a porta, sentindo-me muito mais leve depois do curto período de descanso. Tanto o meu corpo quanto minha mente estavam melhores.
Devo voltar para a estrada principal. Preciso sair, encontrar um carro e pedir uma carona até o centro da cidade. Talvez tenha um terminal de ônibus por perto ou algo assim. Era uma ideia ridícula, mas eu não tinha outra escolha. Não podia ficar ali a noite toda, encolhido, com medo. Era importante sair dessa cidade por agora.
O dinheiro é um problema… e se eu vender minhas roupas e sapatos? São itens de luxo que usei poucas vezes. Vou dar um jeito. O curto descanso me fez pensar de forma surpreendentemente flexível.
Crrrrr.
O som de ferro abrindo a porta soou horrivelmente alto.
Saí e caminhei na direção onde a estrada deveria estar. Entre onde eu estava e a estrada, havia um pequeno campos de arroz.
O mundo não estava tão escuro quanto antes – talvez fosse porque eu já estava acostumado com a escuridão. Mesmo na escuridão, eu podia ver os campos de arroz em linha reta, os campos gelados, as árvores alinhadas em ambos os lados da estrada e o céu noturno azul-escuro sobre o topo de uma cordilheira que se erguia rumo aos céus. A fronteira entre a terra e o céu esra claramente delineada.
Havia grama e insetos barulhentos. Os pássaros cantavam e os cachorros latiam ao longe. Um vento frio e seco roçava minhas bochechas. Meu corpo estava cambaleando na estrada aberta. Envolvi meu corpo em meus braços e tremi, mas minhas pernas não pararam.
Vi alguém andando pela trilha, do lado oposto da estrada.
Parei, atônito, com o corpo enrijecido. Me perguntei se estava vendo coisas, mas a figura estava cada vez mais próxima. Seria melhor se fosse uma aparição ou um fantasma, pois era sempre mais assustador encontrar alguém em um lugar como esse.
As nuvens escuras se dissiparam, revelando a lua, que estava escondida entre elas. O mundo, envolto em escuridão, ficou levemente iluminado. A figura de uma pessoa caminhando do lado oposto foi revelada acima da luz.
Era um homem alto, que vinha em minha direção passo a passo, sem pressa, como um animal errante. Uma nova rajada de névoa soprou de meus lábios e se espalhou vertiginosamente.
Oh… Minha boca se abriu enquanto a tensão se dissipava. Uma pequena exclamação saiu como um suspiro.
Baek Doha.
— Porra, que ideia estúpida.
Ele cuspiu alguns palavrões. Sua voz baixa e grave ecoou em todas as direções enquanto ele caminhava em minha direção, diminuindo a distância com suas longas pernas. Não me movi, não recuei. Apenas fiquei ali, atônito, observando-o caminhar até mim.
— As coisas ficaram meio ruins, não foi?
Baek Doha torceu os lábios e sorriu. Mesmo no escuro, um sorriso malicioso se espalhou por seu rosto, que brilhava intensamente.
O vento aumentou e o cheiro espesso e carregado de feromônios que o vento trazia atingiu minhas narinas. Inspirei, e o cheiro penetrou profundamente no meu nariz, causando arrepios em meu corpo. Meu estômago se agitou. Suas bochechas se contorceram e os cantos de seus olhos se contraíram.
Ele parecia tão casual, como se tivesse acabado de esbarrar em mim na rua. Estava tão calmo…
Todos os tipos de emoções se espalharam por mim. Alegria por vê-lo, mas também receio. Tudo aquilo era uma grande confusão. Eu queria correr e abraçá-lo, mas também queria dar meia-volta e fugir. Meu coração batia forte em meu peito e eu não sabia dizer se era de nervosismo ou de emoção.
Enquanto eu estava parado, Baek Doha se aproximou de mim. Quando ele parou na minha frente e olhou para mim, eu perguntei.
— Como você sabia que eu estava aqui?
— Porque seu cheiro está em toda parte.
Ah, sim, esse homem tem um nariz de cachorro. Ouvi dizer que ele me encontrou antes seguindo meus feromônios. Não tinha pensado nisso.
Afinal de contas, eu não poderia fugir dele a menos que fizesse algo com esses feromônios. Comecei a rir do absurdo que era tudo isso.
Mesmo que isso não tivesse acontecido, nenhuma manobra de fuga desajeitada iria me afastar desse homem, então toquei na marca de posse que esse alfa real enlouquecido havia deixado em meu pescoço.
Ele estendeu a mão e acariciou meu cabelo bagunçado.
— Você parece um cachorrinho que acabou de voltar de uma corrida divertida nas montanhas.
Não havia tensão em sua voz.
Suas mãos frias acariciaram meu cabelo, descendo para os lóbulos das minhas orelhas e roçaram minhas bochechas. As pontas de seus dedos tinham um cheiro de sangue misturado com feromônios. Manchas de sangue seco podiam ser vistas de suas palmas das mãos e até nos pulsos.
— O Sr Han…
Ele está vivo? Enquanto tentava perguntar isso, notei uma longa ferida através da manga da sua camisa e parei de falar. Não era o sangue de outra pessoa? Peguei seu pulso e puxei a manga para baixo. Um corte longo e vermelho corria da ponta de seu pulso. Ele havia sido cortado por uma arma afiada. Senti uma dor amarga só de olhar para aquilo, então meu rosto ficou distorto.
— Mas que diabos! Você está machucado? Que desgraçado fez isso?
— Nenhum desgraçado fez isso. Eu mesmo me cortei.
Baek Doha murmurou casualmente.
— Por que você fez isso?
— Para acordar.
— O quê? Como…
— O vinho que me deram no jantar tinha algum sonífero. Eu desmaiei por um tempo e, quando acordei, Lee Heesoo estava em cima de mim, nu e no cio.
Ele ria e falava despreocupado, enquanto eu, como ouvinte, ficava atônito.
— Quem diabos faria uma coisa absurda dessas?
— Minha mãe.
— Ela é …… louca?
Um suspiro de desânimo irrompeu. Foi isso que Han quis dizer quando disse que o CEO estaria ocupado.
— Por que uma mãe faria isso?
— Por quê? Para plantar minha semente no corpo de um ômega real devidamente verificado. Ela sabia que eu não tocaria em Lee Heesoo nem com uma vara de três metros, então me deu uma droga para estimular o meu cio, para que eu fosse um garanhão e propagasse a raça.
Quanto mais eu ouvia, mais ridículo parecia.
Como ela poderia fazer isso? Tratar seu próprio filho como se não fosse uma pessoa? Honra familiar? Que merda era isso?
Todos eles são loucos. Uma família de pessoas totalmente disfuncionais. Todas as pessoas dessa família são perturbadas.
— Eu não conseguia recuperar o controle por causa da quantidade de remédio que tinham me dado, então cortei meu braço com uma faca. Empurrei meu braço sangrando para Lee Haesoo e disse a ele para sair do caminho se ele não quisesse acabar do mesmo jeito. Lee Heesoo começou a xingar e me chamar de louco, então os guarda-costas entraram correndo pela porta. Não é engraçado?
Eu não achei nada engraçado. Como você pode rir disso?
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Continua….
Tradução: Rize
Revisão: MiMi