No Jardim Das Rosas - Capítulo 25
Ao notar seus lábios tremendo, em contraste com sua tez pálida, Klopp percebeu que ele estava claramente agitado, embora tivesse dito que estava se sentindo melhor. Ele achou curioso.
Klopp imediatamente perguntou:
— Falando nisso, eu me pergunto por que no sonho eu sempre vejo você tão zangado com meu marido. Quero dizer, com Rafiel.
— Eu pareço com raiva? O que mais você vê?
— Bem, na verdade não me lembro muito dos meus sonhos depois de acordar. É por isso que os tenho ignorado o tempo todo.
Na verdade, aquilo era uma mentira. Recordava vividamente a imagem perfeita e inocente de Arok escondendo suas mãos trêmulas atrás da cintura e também a expressão que ele tinha quando faziam amor.No entanto, estava ciente do quão contraproducente seria se admitisse que às vezes acordava excitado e duro ao lembrar-se da sombra do calor dele entre os dedos. Tanto que ele pensou que o apelido de “demônio” poderia ser rapidamente substituído por “pervertido”.
— É por isso quero saber. Eu também quero que você me conte todos os seus sonhos recentes.
— …
— Por favor.
Ele persistiu de novo e de novo, mas Arok manteve a boca fechada e não falou mais.
E vê-lo se recusar a dizer uma palavra sequer, no lugar onde confessara estar com medo alguns minutos atrás, intensificou sobremaneira a sua angústia. Não sabia o que dizer, foi como perceber que ainda não lhe inspirava confiança.
Então Klopp não pensou muito nisso e não hesitou ao derrubá-lo na cama e segurá-lo firmemente sob o seu corpo: Tirou o seu robe, lambeu seus mamilos pequenos (que ainda estavam inchados e endurecidos pelo ato sexual) e com a outra mão massageou suas nádegas como se estivesse pronto para abri-las a qualquer momento. Por fim, segurou-o pelos pulsos e o obrigou a encará-lo:
— Não… Ah, eu não posso mais fazer sexo.
Era uma voz nervosa.
— Seu cio ainda não acabou, não é verdade?
Ele agarrou as coxas que estavam prestes a se fechar e quando seu pênis já endurecido atingiu os ossos do quadril, Arok soltou um grito bastante intenso, acompanhado do ímpeto de tentar se levantar.
No momento em que ele moveu as mãos e os dedos dos pés, Klopp o pressionou com todo o seu corpo para evitar que Arok continuasse tentando se separar dele e… Então sentiu uma protuberância dura batendo na parte inferior de seu abdômen. Algo tão perceptível e quente que, ao abaixar a cabeça, não se surpreendeu nem um pouco ao notar que seu pênis cor-de-rosa, pequeno e erótico, havia começado a crescer em sua direção, como uma linda flor de maio.
Klopp imediatamente o pegou com a mão direita e esfregou a ponta com o polegar da esquerda.
— Ai! Ah, ah, ah, não… Não faça isso! Espere, espere…
— Me responda e eu vou te deixar ir.
— Você é uma besta!
— Você ainda não voltou ao seus sentidos, querido. Seria melhor se começasse a cooperar.
Mas em vez de tentar entrar nele, simplesmente tocou-lhe o ânus com dois dedos e, muito lentamente, começou a acariciar seu pênis com a outra mão, num movimento que se mostrou um tanto “adorável”. Arok então afastou a cabeça da pessoa que estava chupando seu peito e empurrou o lençol usando a força de suas pernas. Sua entrada, por onde o sêmen havia escorrido, começou a se contrair com tanta força que logo pareceu difícil continuar movendo a mão e, então, quando Klopp ganhou impulso suficiente para jogar todo o corpo para frente, ouviu-se o som de um “splash” que foi constrangedor o suficiente para fazer Arok morder o lábio até quase sangrar.
Klopp interpretou isso como uma tentação que o instigava a continuar.
Mas Arok queria parar.
— Realmente vai me forçar a fazer sexo quando você mesmo disse agora há pouco que iria esperar até que eu estivesse pronto? Você é um mentiroso, um idiota, um abusador, uma besta idiota imprestável!!!
— Não adianta xingar assim. Se não vai me dar uma resposta, então é seu dever me dar o seu corpo.
Depois de proferir essa ameaça, ele usou três dos dedos para penetrar um pouco mais fundo. Mesmo que parecesse muito difícil continuar fazendo isso quando ele se movia assim.
— É que eu não sei o que te dizer!
Com uma expressão chorosa, Arok agarrou a mão que segurava seu pênis e tentou impedi-lo de se mover novamente. No entanto, mesmo assim, Klopp parecia completamente convencido de que era uma boa ideia provocar seu traseiro e as pontas de seus mamilos, mordendo e chupando como se fosse um cão desobediente.
— Tente. Você não teve aulas de literatura ou de oratória? E pensar que um cara como você tentou me dar aulas de humanidades.
N/Rize:”Humanidades” é um termo que se refere a disciplinas acadêmicas relacionadas ao estudo da condição humana, sua cultura, história, linguagem, filosofia, arte e literatura. Portanto, “aulas de humanidades” seriam aulas que abordam essas áreas do conhecimento.
— Sempre tirei A nas minhas aulas de literatura! Meus professores não paravam de dizer que poderiam me recomendar para boas instituições, se eu quisesse. Algo que obviamente você nunca ouviu!
— Me dê os nomes dos professores, porque eles te enganaram.
—… Não querer falar não significa ser estúpido! Agora, saia de cima de mim!
Quando Klopp começou a rir e finalmente decidiu abaixar a cabeça, os olhos frios de um nobre orgulhoso, aqueles que sempre o colocaram no mesmo nível de um “selvagem, ignorante sem cultura” voaram em sua direção para começar a proferir uma série de ameaças silenciosas. E como não queria contrariá-lo, achou que não tinha escolha a não ser tornar-se um “verdadeiro selvagem” e ficar em cima dele até que explicasse corretamente o que queria saber. Klopp iria parar antes que as coisas saíssem do controle, é claro. Mas não antes de se divertir um pouco.
—Vamos, conde. Fale ou eu devoro você.
Continuou lambendo seus mamilos inchados, massageando suavemente seus genitais mesmo depois de Arok ter ejaculado, mordiscou suas orelhas e também sugou a carne macia sob seu queixo até deixar uma marca que nem mesmo o colar mais espesso poderia esconder. Esfregou seu pênis contra as coxas e nádegas e deixou marcas bem visíveis nos ombros de Arok. Então, segurando um de seus tornozelos, dobrou-lhe a perna para cima, revelando uma entrada bonita de cor rosa claro que parecia verdadeiramente deliciosa. Arok resistiu ao seu jogo chutando os pés e tentando acertá-lo no estômago com os joelhos. No entanto, quando Klopp levou sua língua entre nádegas redondas, Arok curvou as costas e começou a gritar:
—Ah, espera! Eu vou te dizer, então pare com isso! Pare com isso.
Imediatamente depois disso, a declaração de rendição voou. Era uma pena que ele não pudesse saborear adequadamente o delicioso sabor do corpo de Arok, mas suportou porque realmente estava morrendo de curiosidade. Além disso, Arok não iria a lugar algum agora. Não mais.
—Então, me diga.
Ele olhou para o ômega teimoso, que estava deitado abaixo dele, com um sorriso que outros poderiam chamar de “ameaçador”. Arok mal abriu os olhos quando disse:
—O que eu sinto é complicado.
—O que sente?
—Não sei como explicar!
—Você quer que eu te chupe de novo?
Enquanto procurava o tornozelo que havia escapado de suas mãos, Arok rapidamente o deteve e disse:
—Estou falando sério! Não sei o que há de errado comigo.
Embora sua expressão ‘desconcertada’ não fosse falsa de forma alguma, ainda se perguntava se poderia ser verdade que alguém como Arok não conseguisse se expressar com ele sobre algo que ele achava que deveria ser relativamente fácil. Quer dizer, todos os livros que enchiam sua biblioteca eram apenas para decoração? Ele pensava que Arok tinha um amplo conhecimento em humanidades, que era muito inteligente e até dominava a filosofia de trás para frente. Isso, é claro, julgando pelo fato de que quando lhe entregou seu trabalho, o homem o revisou meticulosamente e lhe apontou TODAS as falhas durante quase três horas. Foi decepcionante, pois agora tinha que falar sobre o que sonhava, não sobre algo que vivenciou pessoalmente. E é claro que achava absurdo dizer que não podia explicar quando era simples. Por fim, Klopp decidiu fazer uma “proposta silenciosa”.
— Faça o que puder. Então, apenas diga como se sente, e eu farei o possível para entender.
—…
Arok lutou um pouco, mas depois concordou. Seu rosto estava um pouco corado, mas mesmo assim ele o encarava de maneira verdadeiramente séria, nada brincalhona, sarcástica ou irritada.
—Quando eu te vi pela primeira vez no jardim… Tudo no mundo exceto você estava embaçado. Eu não conseguia ouvir o canto dos pássaros ou o vento usual, não havia outras pessoas também… SóEra só você e suas palavras ecoando na minha cabeça. Mesmo que houvesse outros homens ao meu lado, apenas você se destacava entre todos eles. Mesmo que houvesse perfume em meu corpo e flores ao meu redor, o cheiro amargo do seu suor parecia mais forte. Ao fechar os olhos, só conseguia ver você e ao estender as mãos, só conseguia tocá-lo. Eu senti que enquanto eu tivesse você, não importava se eu ficasse vazio ou quebrado, e até pensei que tudo o que você me fez já tinha sido perdoado. Não importava o quão doloroso e difícil tenha sido, naquele momento descobri que não podia renunciar à vida com você e pensei que tentar me afastar faria meu coração explodir. Era como se você fosse a única razão de eu estar aqui.
Klopp quase sucumbiu diante das palavras do Conde. Apesar de serem orações enumeradas, desprovidas de retórica ou ritmo, ele sentiu como se toda a luz do mundo jorrasse daqueles lábios rosados e uma voz fina e terrivelmente trêmula, longe daquela que ele usaria para recitar poesia, ressoasse mais brilhante do que qualquer som celestial no céu. Não era exagero dizer que até o rosto de Klopp ficou mais quente e, ao mesmo tempo, ele não pôde deixar de suspirar profundamente por ele.
Que idiota.
Klopp não conseguia entender por que Arok tinha dado tantas voltas antes de responder, mesmo assim, sentiu que estava a segundos de derreter diante da perfeição daquilo que ouvira.
—E o que mais?
Arok tentou deliberadamente esconder os batimentos de um coração que parecia prestes a explodir em seu peito, então engoliu em seco antes de continuar:
—Eu quero que você olhe apenas para mim, e quero que beije apenas a mim. Nem consigo expressar o que senti ao vê-lo com outra pessoa. Eu queria ser o único para você e por isso comecei a fazer coisas estúpidas. Acho que você me deixou louco desde o primeiro segundo.
O final de sua confissão foi tão fraco que mal conseguiu ouvi-lo e, de qualquer forma, sentiu como se…
Oh.
O que deveria fazer com este homem incrivelmente fofo?
—… Estou muito grato por sua eloquente confissão, Conde. Não foi particularmente poética e estava repleta de retórica clichê, além de ser bastante constrangedora, mas eu a aceito. Embora dizer “eu te amo” não teria sido mais fácil para você? Parece mais o seu estilo.
Foi reconfortante ouvir uma confissão tão pura, como se ouvisse as palavras de um jovem poeta apaixonado pela primeira vez, no entanto, ele não queria admitir isso. Arok franziu o cenho e o encarou como se estivesse prestes a dizer muitas outras coisas:
—O problema é… Que eu não queria dizer essas palavras porque não estou certo de que seja amor.
— Quem disse que não é?
—Eu.
—Bem, eu vejo você apaixonado da cabeça aos pés.
—…
Ele tentou dizer de forma bastante casual, mas Arok ainda se sobressaltou com suas palavras, olhou para Klopp e então o golpeou dolorosamente no peito. O homem franziu a testa e rosnou: — Isso dói! — Mas mesmo isso não pareceu ser suficiente:
—Estou falando sério! Estou assustado. Fico com medo o tempo todo porque acho que perdi a cabeça! E, de qualquer forma…
Depois de receber mais três ou quatro golpes, ele finalmente o abraçou para tentar fazê-lo parar de se mexer. Em seguida, Klopp bloqueou o palavrão com sua boca e o beijou até que os xingamentos e as frases estranhas parassem. Então, depois de um tempo, finalmente Arok se acalmou o suficiente para terminar ofegante debaixo dele. Arok apontou com um dedo para o rosto dele:
—Eu não entendo porque tem que ser você.
Klopp riu novamente:
—Não adianta pensar nisso agora. Porque você já é completamente meu…
—…E se isso for o meu carma?
—Bem, o que tem de mal se o seu carma for estar com um homem tão perfeito quanto eu?
—…!
Arok, que deveria estar realmente ofendido pelo que acabara de dizer, empurrou Klopp com toda sua força e virou-se novamente. Klopp apenas conseguiu abraçá-lo contra seu peito enquanto ria e repetia várias vezes que “era apenas uma brincadeira” e “que o conde não poderia ser tão tolo a ponto de ficar zangado por isso”. No entanto, mesmo depois disso, ele permaneceu ao seu lado, acariciando suavemente a parte de trás de sua cabeça como se tentasse convencê-lo a olhar para ele.
—Então, você não vai mais falar comigo?
—Não. E nada do que você disser vai me fazer mudar de ideia.
Klopp riu pela segunda vez:
—E se eu te dissesse que te amo como um completo idiota?
Pareceu uma palavra inofensiva. Arok tinha toda a aparência de ter ouvido as palavras mais inesperadas do mundo.
—Se eu te dissesse que te amo com toda a minha vida, você falaria comigo?
Mesmo assim, não houve resposta.
—Eu te amo, Arok. Te amo. Te amo. Te amo. Te amo. Te amo.
—Klopp…
—Eu te amo.
Mas ao contrário do que ele pensou que iria acontecer, Arok de repente pulou de seu assento e se levantou. Klopp ficou surpreso ao ver que o colchão se moveu abruptamente a ponto de Arok acabar caindo no chão.
—Arok!
Klopp empurrou os lençóis e se meteu embaixo do colchão para ajudá-lo a se levantar.
— O que diabos aconteceu…? Você está bem?
— Não consigo respirar. Não consigo respirar! Preciso…
Como se não pudesse ouvir seu nome, Arok nem uma vez olhou em sua direção e se levantou, mesmo que suas pernas estivessem claramente tremendo. Então ele começou a vestir a calça e a camisa, que havia jogado no chão, enquanto ofegava como se realmente não conseguisse respirar corretamente pelo nariz. Ele enfiou uma perna para dentro da calça e depois a outra, mas embora houvesse algo branco escorrendo por entre suas coxas, Klopp percebeu que Arok não tinha intenção de se limpar quando ele finalmente fechou o zíper e pegou o casaco. Ele abotoou botão por botão, mesmo que não fosse no buraco certo, e continuou a dizer “Não consigo respirar!” como se estivesse enclausurado em uma caixa muito pequena. Klopp correu para tentar detê-lo.
—Ei, Arok. Ei, onde diabos você pensa que vai passando mal desse jeito? Arok!
Antes mesmo de Klopp conseguir alcançar a ponta dos seus dedos, Arok gritou: — Preciso sair daqui! — Ele se moveu rapidamente, abriu a porta e desapareceu pelo corredor em direção às escadas. Sua testa estava pálida, ele não parava de tremer e respirava com dificuldade, o que fez Klopp começar a sentir um calafrio ao pensar que Arok poderia fazer alguma besteira. Rapidamente vestiu as calças e saiu correndo sem perceber que estava sem sapatos, e olhando ao redor do longo corredor, ouviu perfeitamente o som de pezinhos correndo em direção à porta da frente.
—Arok.
Depois de virar uma esquina, abrir uma porta e outra, procurando por seu “noivo fugitivo”, Klopp o encontrou no final da recepção, correndo em direção ao mordomo responsável por servir chá e petiscos aos convidados da festa. O problema era que ele estava tão agitado que não se importou com o fato de que a chaleira estava quente! Sem ouvir o mordomo dizer: — Cuidado, está fervendo —, ele arrancou uma xícara da bandeja que a criada segurava e imediatamente despejou água nela. Então, quando viu que ele estava prestes a beber tudo de uma vez, um Klopp assustado correu até ele e deu-lhe um tapa. O mordomo gritou:
—Tenha cuidado, senhor!
Ao mesmo tempo que o líquido quente foi derramado na mão de Klopp.
—Ai!
Enquanto Klopp gemia e segurava o pulso com a outra mão, o mordomo, que testemunhava a cena, pareceu tão surpreso que mal conseguiu se mover. Em seguida, depois de umedecer um guardanapo de pano com água fria de outro copo, ele envolveu as costas da mão de Klopp com ele e aplicou uma pressão bastante firme.
— Vai esfriar rápido, senhor. Não se preocupe. Não foi uma queimadura grave.
O mordomo pigarreou, tão surpreso quanto Klopp. Enquanto isso, Arok estava de pé ao lado deles como se estivesse tendo um ataque cardíaco. Ele parecia dois tons mais branco e estava tendo muita dificuldade para respirar. Ele não parecia saber o que fazer ou o que tinha acontecido.
—Você está bem, jovem mestre?
—Ah, ah. Eu só queria…
—É um ataque de pânico. É um ataque, então…
Os olhos lacrimejantes do homem se voltaram para Klopp. Klopp não sabia por que, mas pensou que definitivamente precisava corrigir aquele horrível hábito de Arok de fugir sempre que tinha algum problema. Se deixasse passar isso, algo assim aconteceria novamente no futuro e definitivamente não permitiria que isso acontecesse. Não quando estar longe dele era como ser golpeado por uma faca invisível que o fazia vomitar sangue.
—Eu vou cuidar disso. Venha.
Sem dizer mais nada ao mordomo e à criada, que mal conseguiram reagir diante do repentino comportamento dos dois, Klopp tomou a dianteira e segurou o pulso de Arok entre os dedos. O conde ainda dizia que não conseguia respirar e precisava sair da casa, mas toda vez que tentava tirar sua mão do pulso, Klopp a apertava com força suficiente para começar a sentir seus ossos rangerem. O pequeno som de dor penetrou em uma parte importante do coração do homem, mas, pensando que estava fazendo o certo, ele o conteve tanto quanto pôde e o arrastou de volta para o segundo andar.
Sem prestar atenção se o pano enrolado nas costas da mão queimada estava caindo ou não, ele agarrou a maçaneta da porta, puxou-a, ainda tremendo, para o centro, e jogou Arok sobre a cama com um movimento rápido de seu corpo. Então, como se não estivesse cansado de hiperventilar, Arok se levantou novamente e tentou fugir pela segunda vez. Klopp, que havia trancado a porta, correu imediatamente em sua direção e o prendeu com força, peito a peito, até que Arok se contorceu como um homem possuído e tentou gritar:
—Não posso respirar!
Klopp tinha a ilusão de que o ar que exalava estava queimando seu rosto.
—Vamos, Arok! Droga! — Finalmente, soltou um rugido. —Você disse que nunca se afastaria de mim! Marquei você como meu, me esforcei e segurei você, disse o quanto te amo e mesmo assim, ainda pensa que tudo se resolve correndo como um idiota!? Que merda!? Eu vou dizer de novo: Você é meu ômega e vai engravidar do meu filho. Se algo de ruim acontecer, eu preciso que você procure abrigo em mim. Se não estiver bem, me diga. Nunca vou te perdoar se fugir de novo!l
Ao vê-lo tremer, como se paralisado por seus gritos, Klopp começou a se sentir bastante desesperado. Não sabia o que fazer para acalmar seus ataques de pânico e, justo agora que o via tão determinado a fugir, pensou que seria bom quebrar suas pernas. Afinal, se não pudesse usá-las, então não poderia escapar novamente.
Não sabia o que estava pensando ou dizendo; uma ira incontrolável e um turbilhão de emoções o envolvia, em um nível diferente do que tinha antes da festa, cobrindo-lhe o corpo de tal maneira que sentiu uma grande dor no coração na parte de trás da cabeça e também nos pulmões.
E quando Arok levou apenas alguns segundos para desaparecer em vez de se aproximar, Klopp sentiu-se incrivelmente terrível. Como se ele tivesse caído no abismo mais escuro e assustador que já tinha visto! O corredor de mármore se transformou em uma espécie de lava quente e suas pernas começaram a derreter em uma névoa que tornava difícil até mesmo alcançá-lo. No entanto, Arok sempre foi um passarinho inquieto e tolo, então será que ele realmente tinha pensado em quebrar as pernas dele para tê-lo entre seus braços? Será que imaginou que seria melhor causar-lhe dor do que deixá-lo ir? Klopp, um tanto curioso, segurou o tornozelo do Conde e descobriu que fazer isso seria muito mais fácil do que imaginara inicialmente. Ele era magro e delicado, então, quando sua mão grande e musculosa apertou o pé dele e o torceu para a direita, Arok começou a debater as pernas como uma borboleta prestes a perder uma asa e imediatamente ouviu-se um pequeno “click”. No entanto, Klopp relaxou muito antes de poder aplicar pressão.
O tornozelo de Arok parecia nunca ter sido quebrado, e se alguma vez o foi, teria sido quando ele estava aprendendo a montar a cavalo quando jovem. Muito antes de Klopp e ele trocarem palavras. No entanto, ele não conseguia entender por que essa imagem lhe veio à mente. Quer dizer, uma imagem que o fez pensar que já havia feito isso antes. Quebre-o para que não vá embora. Esmague-o para torná-lo seu.
Uma ilusão, claramente.
Klopp não era assim e nunca em sua vida teria pensado em quebrar as pernas dele. É só que, já que o ômega com quem se vínculo estava se comportando de maneira incompreensível, ele ficou tão afetado que começou a agir como um idiota.
Klopp respirou fundo enquanto tentava afastar os sentimentos distorcidos pela dor de quase perder seu parceiro. Ao mesmo tempo, soltou o tornozelo da pessoa que lutava debaixo de seu corpo e acariciou o local que agora tinha uma marca vermelha. Seus dedos tremiam o tempo todo e embora seu sentido de tato não funcionasse corretamente devido à queimadura que acabara de sofrer, ele fez o melhor que pôde para acariciá-lo com todo o amor que tinha disponível para ele. Meu Deus. Eu sou um completo idiota. Sentiu um extremo desgosto consigo mesmo por tentar destruir algo tão bonito como Arok e, no entanto, mesmo enquanto tentava corrigir seus erros, o homem não conseguia falar corretamente ou fazer contato visual por mais de dois segundos inteiros.
Klopp se assustou ao ouvi-lo dizer que se sentia muito mal.
—Arok? Meu amor. Me desculpe, está bem? Você pode…? Você pode me dizer o que está acontecendo? O que está sentindo agora? Há algo que dói? O que está errado?
Mas, por mais que o chamasse, ele nunca respondeu. Apenas olhava para longe.
Ele estava escondendo algo, mas Arok nunca disse o que era. Houve momentos em que ele tinha uma silhueta tão frágil que fazia Klopp pensar que ele desapareceria como bolhas se o tocasse mais do que absolutamente necessário, e na maior parte do tempo, agia como uma pessoa que tem medo de sofrer. No entanto, olhar para ele enquanto fugia da mansão, tendo tido um ataque pela primeira vez e, em vez de procurar seu apoio, apenas se afastar, fez com que Klopp sentisse vontade de chorar. Literalmente, como uma criança pequena, ele queria chorar e gritar: “O que há de errado com você?” Até que ele contasse. O fato de não ser útil apesar de estar ao lado dele tornou-se uma espada enorme que pressionava as costas de Klopp.
Mas ele não podia chorar diante de seu Ômega. Não quando ele estava assim. Isso seria suficiente para perturbá-lo ainda mais, agora que não estava em seus plenos sentidos.
Ele mal conseguiu conter os soluços, limpou as lágrimas e então Klopp sorriu com todas as suas forças e sussurrou muito docemente: — Está tudo bem, querido. Tudo vai ficar bem. Estou com você, não é? Não tenha medo de nada, porque eu prometo que ninguém vai te machucar. Ninguém vai te ferir.
Ele sussurrou algo muito doce, apesar de ter pensado em quebrar sua perna há um momento. Além disso, ele sabia muito bem que era uma mentira. Mesmo sendo seu Alfa, Klopp não podia garantir proteção ilimitada a Arok para que ele nunca fosse infeliz, e mesmo agora, há horas de se tornarem um casal formalmente, tudo que conseguiu fazer foi oferecer um leve conforto e repetir frases que qualquer um poderia dizer.
Arok soltou um gemido, como um homem que se afogava em um pântano profundo, e apenas proferiu algumas palavra:
—Estou com medo. Não quero dormir outra vez! Não quero dormir de novo.
Klopp deixou escapar um suspiro trêmulo enquanto agradecia a Deus do fundo do coração por ouvir a voz de Arok. Ele não conseguia entender completamente o que estava sendo dito, mas de alguma forma tentou transmitir tranquilidade.
—Por que você não quer dormir, meu amor? Eu vou te proteger, não se preocupe.
Mesmo que falasse com gentileza, Arok gemeu e suspirou antes de sussurrar baixinho o suficiente para ser ouvido apenas pelo ouvido de Klopp, que estava perto dele.
—Quando acordei da última vez, hum, descobri que estava neste lindo sonho. Não sentia mais dor, nem fome ou medo, e você estava cuidando de mim como se realmente se importasse com o que acontecesse comigo. Então, se eu dormir aqui, o sonho vai acabar e vou estar de volta à realidade. Eu sei que isso não é real e que estou na cabana, em uma cama dura, estou morrendo e este é apenas o sonho que tenho antes de partir. Mas eu não quero. Não quero voltar. Não quero estar naquele mundo! Dói muito, meu ventre e a minha cabeça e eu estou sangrando. Meu bebê não está comigo e eu não consigo suportar mais.
Ele não conseguiu entender o que estava dizendo, mas Arok, que estava chorando, parecia prestes a parar de respirar a qualquer momento. Klopp não teve outra escolha senão abraçá-lo de tal maneira que sentiu como se fossem se tornar um só. Do contrário, como uma boneca de porcelana recém-montada, aquele homem diante dele se despedaçaria.
—Calma, meu amor. É apenas um ataque de pânico, tudo bem? Estávamos conversando sobre coisas estranhas, você estava muito sensível… Isso não é um sonho, Arok. Você não está dormindo. Estamos no mundo real.
—É um sonho.
—Por que você não acredita em mim?
—Porque percebi agora. Ah, até um segundo atrás eu pensei que isso era uma espécie de segunda chance divina, mas então… Então você disse que me ama. Você nunca diria isso. Pensei que era outra vida, mas na verdade isso é apenas um sonho que inventei para não sentir tanta dor enquanto estou morrendo!
—O que você está dizendo, idiota?
Klopp teve que experimentar uma terrível sensação de desespero por não conseguir transmitir sua sinceridade de forma alguma. Não importava quantas vezes ele expressasse seu amor, seu compromisso, sua dependência dele, ou o quanto o amava mais do que tudo no mundo, Arok simplesmente negava tudo como uma mentira. E logo, exausto, começou a fechar os olhos. Ele disse que não queria dormir, mas esfregou os olhos e então, com a voz trêmula, implorou a Klopp:
—Eu não quero dormir. Nesse sonho, você é tão doce e você é completamente meu. Mas quando ele acabar…
—…
—Por favor, qualquer coisa está bem, me dê algo para me manter acordado. Então… Eu poderei te manter comigo um pouco mais.
O sussurro frágil era tão lamentável que Klopp realmente queria trazer-lhe uma xícara de café tão forte a ponto de despertá-lo instantaneamente. No entanto, ficou claro que Arok estava confuso e que essa confusão o levou a misturar as coisas e perder a razão. Era compreensível. De repente ele se tornou um ômega e se vínculo a alguém como ele, fizeram sexo durante seu cio, o que possivelmente o deixo grávido e isso por sua vez lhe causou esse pânico. Sua razão estava paralisada pela agitação do momento. Nada que não pudesse ser resolvido ligando para o seu médico de manhã cedo.
—Mesmo que você durma, meu amor, quando abrir os olhos vai perceber que estou ao seu lado. Nada vai mudar. Não se preocupe.
Arok estava muito cansado, então ele sabia que iria dormir bastante. Klopp imediatamente encostou sua cabeça na dele para transmitir seu calor.
— Poderia dizer que me ama? Apenas uma vez antes de irmos dormir.
Klopp limpou a garganta e sussurrou, levantando a cabeça:
— Eu te amo. Eu te amo, Arok. Eu te amo muito…
Enquanto adormecia e fechava os olhos, ele disse com um leve sorriso: —Eu também te amo. Desde que te conheci…
Foi como uma despedida, como naquele momento Arok tivesse morrido. Tanto que Klopp ficou sem palavras, com lágrimas escorrendo pelo rosto.
— Também te amo desde que te conheci…
Embora Arok estivesse claramente respirando e seu coração estivesse batendo normalmente, Klopp foi tomado por um medo extremo de nunca mais ver aqueles olhos azuis, então ele abraçou seu corpo exausto contra o dele e o beijou várias vezes durante a noite.
Ele nunca parou de dizer que o amava.
━━━━━━ ◦ ❖ ◦ ━━━━━━
E no dia seguinte, Arok dormiu profundamente durante todo o dia. Tanto que só despertou bem tarde a noite. Klopp ainda o segurava, como se temesse que ele pudesse ser levado pelo vento, e nem sequer conseguira dormir um minuto, tal era o medo que algo de mal acontecesse com ele. No entanto, ao ver Arok despertar, bocejar e mexer as pernas, ele mesmo se virou na cama, acomodou-se a sua frente e gritou para o homem dizendo:
—Arok.
—Klopp?
Não havia medo ou dor em sua voz.
E profundamente aliviado, Klopp respondeu com um sorriso.
—Oi, querido. Acho que, infelizmente, você ainda está preso nesse seu sonho tão estranho.
Arok piscou e franziu a testa, talvez porque acabara de acordar e não tinha ideia do que Klopp estava tentando dizer.
—O quê?
—Eu ainda te amo como um louco.
Arok o olhou para ele como se não soubesse do que estava falando, então sorriu brilhantemente. Felizmente, ele parecia estar estável e bem, então Klopp beijou seus lábios, que estavam curvados em um belo sorriso, e até mordeu suavemente abaixo do queixo dele.
—Estou recebendo uma declaração de amor? Você está tentando ser romântico?
—Exatamente.
—Porque?
Não havia nenhum sinal de surpresa em seu sorriso travesso. Isso significava que ele não se lembrava de nada do que aconteceu na noite passada? Bem, isso era melhor do que ter que enfrentar aquilo de novo. Klopp abraçou Arok por um momento, beijou sua cabeça, sua bochecha e então se levantou novamente. Ele queria levá-lo para lavar seu corpo, que estava encarando de suor e lágrimas da noite anterior, mas quando tentou pegar sua mão, o assento reclinou e Arok soltou um gemido de dor, fazendo-o rolar para o lado. Então ele pareceu envergonhado quando disse:
—Estou muito cansado.
—É claro. Você trabalhou duro a noite toda.
—…O sexo foi longo, mas tenho certeza que não durou a noite toda. Você não fez algo impertinente como me tocar enquanto eu dormia, certo?
Como se tentasse adivinhar a razão da dor em seu corpo, Arok olhou para Klopp por alguns momentos antes de levantar uma única sobrancelha. Como ele poderia pensar em algo assim depois de todos os problemas que ele passou na noite? No entanto, temendo que Arok tivesse outro ataque de pânico, ele apenas lamentou internamente e manteve um sorriso amigável por fora. Porque, a partir de agora, Klopp precisava ser extremamente cuidadoso para não desestabilizá-lo.
Klopp suspirou quando o Ômega tocou o estômago:
—Posso beber chá preto agora?
—Não. Por precaução, no caso de você está…
—Tudo bem, eu entendo. —Então, com um sorriso determinado, ele disse: —Então, daqui para frente, não vou comer nada a menos que você me dê.
Depois de ouvir isso, Klopp, derrotado pela condição desfavorável de ter que cozinhar dali em diante, finalmente soltou a corda que acabara de agarrar para tocar a campainha do mordomo, sorriu novamente e saiu do quarto sem perder a compostura com Arok, que parecia estar se divertindo muito com a situação.
—Onde diabos fica a cozinha?
Depois de Klopp trabalhar arduamente para preparar sua própria sopa de legumes, Arok tomou alguns goles e largou a colher com uma expressão que gritava que aquilo era realmente ruim. Ou seja, mesmo sendo um aristocrata estritamente treinado em etiqueta alimentar, ele engoliu a sopa goela abaixo como se estivesse engolindo veneno puro. Ressentido, Klopp estendeu a mão enfaixada:
— Você simplesmente não misturou direito.
—… Ah, então o que acabei de mastigar foi a carne do seu dedo e não frango.
Com uma expressão que sugeria que ele estava prestes a vomitar a qualquer momento, Arok mexeu a sopa restante com uma colher.
—Pensou que eu precisava de ferro e por isso me alimentou com sangue?
—… Há uma pesquisa que sugere que o sangue é bom para repor a deficiência de ferro. É benéfico durante a gravidez.
—Aha. Na verdade, eu disse aquilo porque pensei que você cozinhava bem. Isso tem gosto de perigo.
—Bem, eu realmente não sei cozinhar nada. Nem mesmo um ovo. Mas você não pode negar que eu tentei muito.”
Arok olhou para Klopp com um sorriso e empurrou a tigela para longe.
—… Nisso também você é diferente da outra vida.
Klopp, que não ouviu claramente, disse: — O quê?— Mas Arok respondeu: — É coisa minha. — E não mencionou mais nada sobre o assunto. A sensação de que ele estava escondendo algo gerava ansiedade e nervosismo, mas Klopp estava determinado a não provocá-lo novamente após o que acabara de acontecer, então não discutiu mais.
A sopa de batata e legumes, feita literalmente à base de sacrifício, foi diretamente para o lixo, e Arok acabou por riscar a frase “Comerei apenas o que você me dê” da lista. Em seu lugar, optou pelo pão e sopa preparados pelo chef, algumas frutas e legumes, pratos de carne bem cozidos e até mesmo sorvete de sobremesa. Então ele voltou a dormir porque ainda não estava bem o suficiente para continuar ativo. O homem tinha um grande apetite, como alguém que ansiava comer e Klopp não havia notado antes, mas sempre que comia sozinho com ele, arok pegava com os dedos tudo o que caía na mesa e levava à boca imediatamente para evitar desperdícios.
Que surpresa foi quando ele o viu pela primeira vez! Arok era muito guloso e comia qualquer coisa que fosse comestível. No entanto, ele realmente odiava passas, então se acidentalmente visse uma fruta seca semelhante a elas, imediatamente a cuspiria e jogaria no lixo. Embora Klopp não entendesse o que havia de tão ruim nas passas!
Agora que era um fato que havia conseguido engravidá-lo, é claro que Arok precisava comer muito, e era realmente adorável, então ele apenas o deixou se divertir.
Queria que ele tivesse algo para o café da manhã assim que abrisse os olhos novamente, então preparou apenas algumas bolachas, gelatina e suco, colocando tudo na mesinha de cabeceira ao lado da cama. Assim, após beijar a testa e os lábios de Arok, que ainda dormia bastante tranqüilo, Klopp apagou todas as luzes do quarto e levou apenas uma pequena luminária que estava por perto para sentar-se à mesa perto da janela. A verdade é que ele queria ficar com Arok nas próximas semanas, mas isso não significava que ele não tivesse responsabilidades. Acima de tudo, agora que os dois iriam ficar juntos, ele estava completamente convencido de que deveria se preparar para isso da melhor maneira possível. Se eles não pudessem fazer um voto formal de casamento, então ele removeria todas as restrições legais possíveis para que pudesse pelo menos dizer que era seu amante sem sentir que poderia ser linchado por isso.
De vez em quando, espiava a “bela adormecida” enquanto redigia seus ensaios e contratos, e embora tentasse se concentrar em seu trabalho tanto quanto possível, estar no mesmo cômodo que ele parecia tão “cerimonial” que não conseguia parar de sorrir como um bobo.
O dedo que sacrificou por Arok doía quando pressionava a caneta contra a folha, mas ele riu mesmo assim. Afinal, era uma noite tranquila e pacífica com apenas ele, seu noivo, e o som de uma caneta que não parava de ranger sobre o papel.
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Continua….