No Jardim Das Rosas - Capítulo 20
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- Capítulo 20 - DESCOBRINDO FLORES SECRETAS NO AMANHECER
Orgulhosamente, exceto para dormir ou ir ao banheiro, Klopp passou todo o seu tempo livre na cama fazendo sexo com Arok.
O conde, que suportou o primeiro dia resignado, começou a chorar profundamente no segundo dia e, no terceiro dia, soluçando e visivelmente exausto, entregou-se completamente como Klopp desejava. O homem só ficou satisfeito quando bebeu toda a iguaria sem igual que apenas os olhos de Arok eram capazes de produzir e o encheu com seu próprio sêmen.
Já era tarde, quando Arok lutou para fechar as pernas que estavam escancaradas e gemeu. Coube a Klopp pegar o homem exausto nos braços e levá-lo ao banheiro para lavá-lo. Nem mesmo Marta tinha a permissão de tocar o loiro. Sua obsessão era tanta que, se outro alfa se aproximasse, mais um assassinato entraria para a lista de Klopp.
Klopp aproveitou para provocar o loiro exausto com a desculpa de que estava o lavando e, ao saírem do banho, ouviu uma batida do lado de fora. Deixou Arok, agora limpo, sentado em uma cadeira completamente exausto. Puxou os lençóis sujos e os arremessou porta afora, fechando em seguida para a tristeza de Marta, para finalmente terminar de organizar a cama.
Marta estava animada porque seu mestre, que tinha um temperamento ruim e parecia que ia morrer solteiro, estava finalmente trazendo um parceiro para casa e esperava ansiosamente para poder interagir com ele.
Após terminar de limpar a cama, deitou Arok, que estava enrolado em uma grande toalha, sobre os lençóis novos. Quando Klopp subiu no móvel para acompanhá-lo, o conde o olhou com medo:
— Você vai fazer isso de novo?
— Por quê? Você quer que a gente faça?
Assustado, Arok balançou a cabeça em negativa e olhou para ele.
Arok com certeza é muito bom em conseguir parceiros, então, por que ele quer fugir de medo quando está comigo? Por conta de pensamentos como esse é que Klopp ficou terrivelmente zangado ao pensar que outra pessoa o havia abraçado. Eu deveria ter feito isso antes…
No entanto, como ele conseguiu apagar todo aquele odor ambíguo do loiro, Klopp estava bem mais calmo. Levou tempo, paciência e lentidão para o corpo de Arok se livrar completamente do cheiro de ômega. Klopp fez questão de cobri-lo com seus próprios feromônios para deixar claro a qualquer um que aquele homem era completamente dele. Por fim, recostou-se nas almofadas e travesseiros e perguntou para Arok:
— Por que diabos você foi até aquele lugar?
Arok, um pouco confuso sobre o que responder, respondeu com voz rouca:
— Eu precisava de algo.
— Você não foi até lá se deitar com uma qualquer, não é?
— Não. Eu realmente precisava de uma coisa.
— E do que você precisa?
Mas não importa o quanto ele perguntasse, Arok permaneceu em silêncio até o fim. Sua raiva havia diminuído bastante e, como ele já havia obtido o que realmente desejava, que era ter Arok em seus braços, considerou que seria sensato deixar passar algo tão trivial.
Já Arok, exausto de lidar com Klopp por vários dias, comeu um petisco que Klopp o serviu e rapidamente adormeceu. Enquanto isso, Klopp o abraçou o tempo todo, o beijando na testa e nos lábios. Mas, a certa altura, enquanto passava os dedos pelos cabelos finos de Arok… Uma estranha sensação de déjà-vu fez seu coração formigar.
Ele não sabia explicar… era como se vê-lo assim o lembrasse de algo muito antigo. Mesmo seus pesadelos frequentes eram estranhos por serem vívidos demais para serem vistos apenas como meros sonhos. Mas, felizmente, nem o pesadelo e nem o déjà-vu atormentar muito sua mente.
Klopp segurou o homem um pouco mais apertado contra seu peito e o beijou até que seus lábios corassem. Por fim, saiu da cama quando percebeu que Arok entrou em um sono profundo.
Klopp vestiu então as roupas limpas que Marta lhe trouxe e desceu as escadas, trazendo as roupas que precisavam ser higienizadas.
❖
— Marta.
— Ah, você finalmente saiu!
Ela parecia particularmente feliz. Sua voz parecia mais animada do que o normal e um belo sorriso estava emoldurado em seu rosto. Marta lançou-lhe um olhar tímido enquanto colocava o cesto da roupa suja no chão.
— Como foi? Foi bom?
— …Eu quero acreditar que sim. Ele está dormindo.
— Se ele não come há dois dias, significa que ele está no cio. Nossa… Você acha que estarei muito ocupada no ano que vem!? Devemos negociar um salário agora, o que acha?
Klopp rapidamente balançou a cabeça com seu comentário, diante dos fatos.
— Bom… É complicado.
No entanto, os olhos de Marta o fitavam de uma forma que revelava grande expectativa: ela era um ômega comum de meia-idade. Embora ela fosse gentil e generosa, também tinha uma mentalidade inevitavelmente conservadora. Ele se preocupou que a senhora ficasse mais surpresa que o esperado se contasse a ela que havia dormido com um alfa. Quando percebeu que Klopp ficou sem palavras, Marta falou como se concordasse:
— É, gravidez é um fardo quando acontece antes do casamento. Mesmo assim, vocês passaram até o estro juntos. Quando vai pedir ele em casamento? Deus, e que homem lindo… Cabelos loiros e olhos azuis. Ai… Imagina no casamento, o quão angelical ele vai estar? E o bebê?? Ah! Já estou imaginando! Todas as crianças do mundo são lindas, isso é fato, mas tenho certeza que seus filhos terão o seu comportamento, mestre. E a doçura do seu parceiro. Eu estava um pouco desapontada por você ser um alfa tão chato, mas se o seu marido for ele, então há esperança.
[N/ MiMi: Marta fanfiqueira.]
Marta acenou com as mãos no ar, como se estivesse sonhando, e fez um emocionante monólogo de um minuto. Klopp engoliu em seco enquanto a observava. Como a senhora ficou arrasada após o anúncio do cancelamento do noivado anteriormente, achou prudente não desiludir a governanta, afinal, ela estava realmente feliz, sonhando com um futuro que talvez fosse impossível. No entanto, Klopp estava com pressa.
— Marta, lamento te interromper, mas pode me fazer um favor?
— O que é?
— Entre as roupas que te dei, está a jaqueta dele. Pode me passar?
— Ele já está indo embora? Eu ainda não lavei as roupas e nem servi da comida ainda…
— Não é isso. Eu tenho que verificar algo.
Marta, então, tirou todas as roupas de Arok da cesta. Camisa, calça…
— O colete e a jaqueta ainda estão mais ou menos…
Ele agarrou as roupas e vasculhou cada costura e bolso, mas não havia absolutamente nada lá.
— E a capa?
— Está no jardim. A tinta da peça é muito delicada e eu não conseguiria lavar aqui, então apenas tirei o pó e sequei.
Ele vasculhou a capa que trouxera do jardim e então, finalmente, encontrou algo no bolso interno que estava bem escondido atrás. Puxou para fora e percebeu serem vários pedaços de papel bem dobrados. Sentou-se à mesa e abriu um deles. Dentro, havia alguns comprimidos brancos. Percebeu que um dos mortos havia provavelmente vendido drogas para Arok. Afinal, não havia muitos remédios para comprar nas mazelas do subúrbio, então a única coisa que era possível encontrar por ali eram afrodisíacos e psicoativos. Qual dos dois é isso?
Quando Klopp cruzou os braços e olhou para o remédio, com uma expressão terrivelmente séria, Marta observou o comprimido por trás e comentou:
— É um supressor de estro ômega, senhor.
— O que?
— É um supressor. Tenho certeza porque a marca ‘Ω’ está estampada nele. Olhe.
Klopp olhou inexpressivamente para Marta com o comentário inesperado. Eu não fazia ideia de que existia um remédio como esse, e ainda mais que Marta conheceria algo assim!
— Existe uma coisa dessas?
— Sim. É proibido por lei, senhor. A lei diz que se tivermos um cio, devemos suportá-lo até o fim do ciclo, mas quem trabalha duro na estrada, em escritório ou fazem trabalhos constantes na rua costumam usar isso para evitar tanto acidentes quanto uma gravivez indesejada.
Como se não fosse grande coisa, Marta dobrou a capa que tinha estendido e guardou a roupa no cesto.
— E como você sabe disso?
— Olhe para a minha idade. Foi usando esse tipo de coisa que pude trabalhar separada do meu marido por um tempo. Comprimidos como esse também são vendidos secretamente entre ômegas profissionais. Ocasionalmente, já cheguei até a ajudar algumas senhoras nobres a conseguir alguns. Mas… Uff. São muito caras. Muito, muito, muito, muito caras. Parece que o parceiro que o senhor conseguiu é um ômega bem empregado. Ou será que o estro dele tem algum problema particular? Coitado… imagino o que ele fez para comprar pelo menos essas peças.
— …
Com essas palavras, Klopp pareceu enlouquecer.
Afinal, ele não é um ômega bem empregado, e sim um alfa falido!
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Enquanto Marta lavava a roupa, Klopp sentou-se na sala e olhou seriamente para o remédio. Arok Taywind era claramente um alfa. Todos sabiam disso. Se fosse um ômega, ele jamais teria conseguido esconder isso por tanto tempo. Não. É impossível. Embora tivesse um físico um pouco menor e linhas graciosas para um alfa, ele era um nobre que cresceu de forma poderosa e de maneira tão digna que conquistou o respeito e a admiração de muitos. Ele não cheirava feromônios e não o viu seguindo outros alfas como o esperado de um ômega. Embora, é claro, agora Klopp duvidasse de tudo o que sabia.
Por que ele está com isso?
Ele realmente viveu fingindo ser um alfa ou de repente se tornou um ômega da noite para o dia? Sem chance… Ele é um alfa. Será que ele simplesmente conseguiu um parceiro com o mesmo status que ele e seu corpo começou a mudar para o de um ômega?
Ele tentou pensar, mas era frustrante.
E se for mesmo um ômega, então…
— … Meu Deus…
Klopp cobriu os olhos com uma das mãos.
As lágrimas de Arok eram doces. Eu já tinha provado antes… provei várias vezes nos últimos três dias. Elas são tão doces que entorpecem minha língua….
Lembrando disso, Klopp soltou um suspiro pesado e levantou de seu assento.
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O culpado por sangrar pela boca nos últimos meses dormia pacificamente em sua cama. Klopp sentou no colchão e moveu-se um pouco. O loiro estava roncando como um bebê, então decidiu passar os dedos entre seus cabelos e traçar as bordas daquela pele bonita que já estava corada.
Finalmente percebi porque Arok sempre me incomodou…. Eu sabia porque estava tão irritado e insatisfeito. Era natural que fizesse loucuras como aquelas e acabasse sofrendo de maneira tão absurda ao sentir sua rejeição.
… Senhor… Como fui estúpido.
Você é mesmo um alfa…? E se não for…
Klopp lamentou profundamente. Pegou a mão daquele homem astuto e mesquinho que sabia o que realmente era, mas escondeu mesmo assim… mas a verdade é que eu nunca poderia odiá-lo. E, refletindo, beijou o dorso da mão.
A partir de então, tornou-se uma espécie de “cavaleiro de escolta” e ficou ao seu lado até que seu nobre mestre despertasse.
O conde, que voltou a abrir os olhos no fim da tarde, piscou sem tirar os cabelos da testa. Ergueu o tronco e esfregou os olhos com as costas da mão. Então, franzindo a testa como se sentisse tardiamente a dor da parte inferior de seu corpo, blasfemou contra Klopp, sem perceber que o homem estava ali, ao seu lado, sorrindo.
— Aquele pervertido ignorante… É uma besta que não sabe quando parar!
Klopp riu ao ser chamado de “Pervertido” por aquela garganta toda rouca.
Arok, cujos olhos se arregalaram devido ao susto. Logo em seguida, fechou a boca e evitou olhar do outro o máximo possível. Mesmo assim, ele estava consciente da presença de Klopp e acabou dando uma espiada, olhando para o lado. Era tão fofo que o maior não aguentou, fazendo com que Arok tombasse novamente na cama.
— Eu… não consigo mais…
Arok estava tentando afastá-lo com urgência, mas foi em vão: Klopp o beijou. Não importa quantas vezes eu prove, sei que nunca vou encontrar lábios mais doces e macios do que isso.
Não apenas isso, mas também eram quentes e saborosos, então ele sentiu que se fizesse isso por mais algumas horas, acabaria ficando incrivelmente viciado em devorá-lo.
Arok, que estava resistindo, logo engasgou quando o beijo se aprofundou ainda mais. Klopp chupou a língua do outro até que ela ficasse dormente, lambeu da saliva que escorria por aqueles lábios sedosos e os mordeu levemente, deixando-os grossos e inchados. Por fim, o beijou na bochecha e disse:
— Relaxe, eu não vou fazer nada.
Arok cobriu os lábios com uma das mãos e ergueu os olhos na direção de Klopp, meio nervoso, meio incrédulo. As manchas vermelhas em suas bochechas, nariz e nas pontas das orelhas o faziam parecer envergonhado. Klopp, então, se levantou da cama, tomando cuidado para não puxar o lençol que o cobria e se dirigiu até a porta para buscar comida. No entanto, quando ele abriu a porta, o loiro chamou sua atenção.
— Klopp…
— Hm? Precisa de alguma coisa?
— … Não.
Arok, que estava ali, nu, em uma cama gigantesca, com apenas um lençol sobre o corpo e o rosto avermelhado, parecia tão fraco que parecia que iria se desfazer a qualquer momento. Klopp sentiu seu coração afundar por um instante. Perturbado com o pensamento pessimista, saiu rapidamente. Fechou a porta, respirou fundo buscando acalmar a fúria anormal que acabara de surgir e desceu as escadas. Marta, perspicaz como sempre, entregou-lhe uma bandeja sem dizer uma palavra sequer assim que Klopp desceu. Subiu, então, de volta ao quarto com uma bandeja recheada de biscoitos recém assados, sanduíches e um conjunto de suco de maçã e chá. Ao ver Klopp entrar no quarto, Arok, cujos olhos estavam úmidos, de repente ficou maravilhado com a chegada da farta bandeja, parecendo uma criança que acabara de receber um enorme presente surpresa de aniversário.
— Está com fome?
Klopp o provocou, colocando a bandeja na cama, e Arok olhou para ela sem piscar e começou a lacrimejar.
— A coisa que mais odeio no mundo é estar com fome.
Ele ficou surpreso ao ver lágrimas brotando dos olhos do conde. Achou engraçado e fofo vê-lo tão triste por não ter comido direito durante os últimos dois dias, embora nunca tenha passado fome na vida. Afinal, Arok nasceu e viveu na família com a titulação de conde.
— Me desculpe… Vamos, pegue.
Klopp entregou a ele um sanduíche de queijo e outro recheado com vegetais. Arok aceitou, pegando um em cada mão e comeu às pressas. Engoliu rapidamente, sem mastigar direito o primeiro e já pegou outro.
— Vai com calma…
Erguendo a cabeça, Arok, que acabara de enfiar o outro sanduíche na boca, o encarou com uma expressão desesperada. Parecia que voltaria a chorar a qualquer minuto.
— Relaxe, pode comer tudo.
Agora que pensou sobre isso, ele nunca tinha visto Arok comendo. Ele participou de algumas festas e jantares ao seu lado, mas nunca tocou em nada. Seria por conta desses modos à mesa? Seja como for, durante esses dois dias eu cheguei a comer alguma coisa… Mas ele não. Da próxima vez, vou cuidar melhor dele.
Depois de engolir quatro sanduíches grandes, Arok lambeu os dedos e olhou para os biscoitos. Levantou a mão para pegá-los, mas parou, os encarando.
— Vá em frente, não são passas. É apenas mirtilo seco.
Assim que Klopp acabou tirando suas dúvidas internas, Arok imediatamente começou a saborear os biscoitos também. De repente, como se estivesse sufocando, bateu no peito e bebeu um copo enorme de suco de maçã. Depois de beber, suspirou profundamente, como se finalmente estivesse com o estômago cheio, e como se nada tivesse ocorrido antes, quebrou o biscoito que tinha nas mãos e começou a colocar os pedacinhos elegantemente na boca.
— … Por que você está me olhando assim? Nunca viu ninguém comer?
— Não. Só estou pensando…
Preciso guardar dinheiro o bastante para garantir comida de qualidade no futuro. Refletiu, enquanto bebia o chá já frio de sua xícara de chá.
Arok o encarou com desgosto:
— Achei que tudo isso era uma forma de ‘pagamento’ por me sequestrar por três dias. Não mereço uma xícara de chá??
Os lábios de Arok tremeram quando ele disse isso. No entanto, mais do que raiva, parecia que ele ainda não havia saído totalmente do estro. Klopp casualmente retirou as migalhas da boca do outro e disse:
— Não é bom para o feto.
O copo de suco de maçã meio caiu, manchando o lençol por inteiro. Arok, que havia deixado cair o copo, entrou em pânico. Klopp se levantou, enxugou a cama com um roupão, que estava por perto e, antes que o líquido se espalhasse ainda mais, colocou a bandeja na mesa e enrolou o lençol.
Durante todo o processo, Arok estava muito agitado e gaguejava:
— Não… como… não posso… tenho certeza que eu tomei o remédio… meu remédio, eu preciso…
Klopp se virou enquanto enrolava o roupão, que cheirava a suco doce, antes de jogá-lo contra a porta. Os olhos cor de safira do conde tremiam terrivelmente enquanto o encarava. Mas, apesar da situação tensa, Klopp riu:
— É, parece que você realmente é um ômega.
— … O que?
Sem mais delongas, Klopp voltou para a cama e se sentou, sorrindo com confiança. Ao perceber o que acabara de acontecer, a expressão de Arok mudou de perplexidade para desespero. Acabara de cair em uma armadilha. Então, pálido, seu corpo caiu sobre o colchão, como se perdesse a pouca força que lhe restava.
— Como…?
— Mesmo nessa situação, você acha que eu sou um idiota, não é? Se bem que eu só consegui perceber há pouco… Fazer o que, você está certo: se formar com honras na universidade não me adiantou de nada.
Então, beijando a bochecha de Arok, colocou a mão sobre seu peito cheio de marcas vermelhas e o abraçou. O loiro ofegou enquanto se debatia desesperadamente tentando se soltar do aperto, mas sem sucesso. Depois de um tempo, ele sussurrou baixinho, mas num volume suficiente para ser ouvido:
— Ah… minha barriga tá apertada…
Klopp riu alto ao perceber a preocupação genuína vinda da voz do conde. Enquanto o homem balançava os ombros e rindo alto, o rosto de Arok ficou vermelho, mas em seguida a vergonha se tornou pavor.
— Você tem que ter cuidado no começo! — alertou, gritando.
O loiro falou de maneira tão séria que Klopp ergueu a cabeça e olhou para Arok. A preocupação era sincera.
— Eu só estava tentando descobrir se você é um ômega ou não. A Marta me explicou tudo. Você não pode engravidar se já tomou aquele remédio estranho.
Após revelar que era uma brincadeira, Arok não conseguiu calar a boca e perguntou se era verdade. Quando Klopp voltou a enfatizar a verdade e explicar sobre a efetividade do remédio, como Marta o havia instruído, o conde mordeu o lábio e desviou o olhar. Suas mãos tremeram pesarosamente. Klopp pensou que ele ficaria aliviado por não poder engravidar, mas quando viu a decepção em conjunto da raiva devido à provocação estampada na cara de Arok, sentiu uma pena misturada à alegria de ter sido aceito como seu par.
— Você realmente quer ter meu filho? Posso fazer isso, se você quiser.
A boca do loiro se abriu novamente e, então, ficou vermelho como um tomate. Vendo que lágrimas voltavam a brotar em seus olhos, Klopp sorriu.
— N… não ria! Calado! Vá embora! Como pode brincar com alguém desse jeito? Seu canalha, ignorante, vultar, cruel, mesquinho…
Mas, enquanto murmurava ofensas, Klopp o beijou, chupando sua língua intensamente, fazendo com que a conversa parasse bruscamente. Arok pôde apenas soltar um suspiro fraco, até que desistiu de o ofender. A mão, que batia dolorosamente no ombro de Klopp logo parou, deslizando para sua blusa, a enchendo de vincos aleatórios.
━━━━━━ ◦ ❖ ◦ ━━━━━━
Apenas no dia seguinte as roupas de Arok foram devolvidas. Vestiu a camisa e a calça limpas e arrumadas graças a Marta. Pegou a capa e remexeu nos bolsos internos. Ele então olhou para Klopp, que estava ao lado dele:
— Me devolva.
— Do que está falando?
Fingindo não saber, ignorou o pedido. Os remédios já haviam sido descartados. Eu não vou tolerar que ele tome algo assim… ainda mais agora, sabendo que ele é um ômega. Além disso, se for necessário supressores no futuro, prefiro que tome eu, e não ele.
Por fim, sabendo que Klopp não tinha absolutamente nenhuma intenção de lhe devolver os remédios, Arok logo desviou o olhar.
— Não importa. Posso comprá-los novamente.
Com essas palavras, Klopp surtou.
— Você vai lá de novo depois do que aconteceu? Se eu não tivesse te encontrado, você teria sido estuprado!
Arok, por outro lado, parecia muito calmo.
— Eu sei.
— “Eu sei”? Pois não é o que parece!
Arok, zangado pelo comentário absurdo, lançou-lhe um olhar seco. Desde o início da manhã, diferente da pessoa dos últimos dias, Arok não parecia mais o tipo de pessoa que demonstrava emoções tão belas e satisfatórias como surpresa, tristeza, raiva, prazer, carinho ou satisfação. O conde voltou a ser o homem fechado de sempre, como uma concha.
— Como você, que nasceu filho de conde e vive cercado de coisas luxuosas e dinheiro o tempo todo, pode dizer que seria melhor arriscar ser atacado…
— Eu já passei por isso.
A princípio, Klopp não entendeu muito bem a resposta calma. Ao pensar sobre o que acabara de ouvir, seus pensamentos se tornaram cada vez mais intensos e caóticos. Aquele redemoinho de reflexões engoliu Klopp.
Arok sorriu, cansado, enquanto o outro permanecia parado, devido ao choque.
Naquele momento, algo na cabeça de Klopp parecia ter quebrado. Ao mesmo tempo que sentia um ódio profundo ao ouvir que alguém havia tocado Arok dessa forma, um grande remorso o corroeu por não ter conseguido proteger seu ômega.
— Você é um ômega, mas age como um alfa. É por isso que essas coisas acontecem com você!
Vê-lo sorrir tristemente, sem responder, o deixou ainda mais irritado. Ele agarrou o braço de Arok gritando:
— Se você sair de casa sem a minha permissão no futuro, eu juro que não vou deixar você ir para nenhum maldito lugar depois disso!
— Ou o quê? Você vai me trancar?
Franzindo a testa, como se estivesse sentindo dor, segurou o braço de Arok. Vendo que o conde tentou torcer o próprio braço tentando se soltar, Klopp rapidamente envolveu seus braços em volta da cintura fina e pressionou a parte inferior do corpo de Arok contra ele. O loiro se contorceu como se não gostasse, mas seu algoz pareceu não ter a menor intenção de soltá-lo: abaixou a cabeça, lambeu sua nuca e, em seguida, esfregou rosto no lóbulo da orelha dele e sussurrou com uma voz abafada e cheia de raiva.
— Vou despi-lo completamente, colocar algemas em seus tornozelos e amarrá-los em ambos os lados da cama. Então, vou te deixar de um jeito que as suas pernas não vão nem mesmo conseguir se fechar quando estiver no cio. Vou fazer você esquecer do remédio de tanto prazer. Eu vou tingir completamente o seu corpo para que todos possam ver que você é meu ômega e vai carregar meu filho. Vou fazer você ter filhos até ficar velho e perder seu estro, está me ouvindo?
[N/ Mimi: o maior dos românticos… 😐]
O olhar de espanto retornou. Arok olhou para Klopp com olhos tristes, como se estivesse profundamente magoado.
— Por que? Você acha que eu não sou capaz?
Arok não poderia responder a isso. Ele enterrou a cabeça no ombro de Klopp e hesitou falar várias vezes, incapaz de encará-lo. Klopp inflou o peito, como se estivesse com muita dor, prendeu a respiração várias vezes e depois soltou um longo suspiro, protestando em seguida com uma voz baixa:
— Eu sou um alfa.
Sem qualquer intenção de soltá-lo, ele olhou para o rosto de Arok e continuou:
— Você sabe que não é um alfa. E eu sei disso.
— Sou um Taywind. Todo mundo sabe que sou um alfa. Se descobrirem que estou grávido, vai ser um problema terrível…
— Não é tarde demais para pensar em um plano.
— Mas eu sou…
Ele não queria ouvir mais protestos ou desculpas. Colocou as mãos na nuca dele, o fazendo olhar diretamente para o seu rosto. Os olhos azuis tremiam.
— Se a sua intenção é dizer que não gosta de mim ou que não quer ter filhos comigo, desista. Não existe escolha para você.
Sem esperar resposta, ele abraçou a cabeça de Arok, que permaneceu calado, e voltou a acariciar sua nuca. Inalou o perfume sutilmente mesclado de ambos que se espalhava pelos cabelos loiros e macios que tocavam a ponta de seu nariz. Quando ele pensava nos cheiros corporais de outros ômegas junto ao seu, embora viesse a sensação de excitação sexual, nunca era realmente agradável. Mas com Arok era diferente. A doçura era característica principal do perfume natural do corpo que tanto amava e, após três dias intensos onde juntaram seus corpos tantas e tantas vezes, os aromas de ambos se misturaram, fazendo com que Klopp se sentisse extasiado. Até seu estômago era afetado de uma maneira única: antes cuspia sangue, mas agora, sentia satisfeito e saciado, embora não tivesse comido nada.
Depois de um tempo, Arok, que ainda estava em seus braços, relaxou e perguntou:
— Quantos filhos devo dar à luz desta vez?
— … Dessa vez?
Algo estava errado nessa pergunta. Ao perguntar de volta, percebeu a surpresa de Arok. No mesmo momento, Klopp esteve prestes a estrangulá-lo.
— Você tem… outros filhos?
Perguntou, com uma voz terrivelmente fria. Arok imediatamente balançou a cabeça.
— Foi um erro. Só… falei errado.
Ele olhou em sua direção para ver se era mentira ou não. Argh… Esse ômega é muito bom em mentir… tenho que ter cuidado. Ele estava com medo e um pouco trêmulo, mas Arok não parecia estar mentindo. Então, pela primeira vez, Klopp decidiu acreditar sem reclamar.
— Não cometa erros desnecessários no futuro! Eu quase me mato levando junto um adulto e, quem sabe, um menor de idade.
Colocou a mão na nuca de Arok novamente e o puxou, tocando os lábios. Perguntou, enquanto o beijava.
— Quantos filhos você tem confiança para dar à luz?
Seja por nervosismo, medo ou porque gostou do beijo, Arok soltou um suspiro entre seus lábios quentes, respondendo:
— Talvez seis?
A raiva que parecia incinerar todo o seu corpo foi extinta instantaneamente. Atordoado, ele se afastou um pouco e olhou para o ômega astuto que fingia ingenuidade, mas tinha o dom girar a mente de Klopp de cima para baixo. Teve medo.
Eu estava pensando em três no máximo, mas seis? Ele está planejando viver tendo filhos depois do casamento, é isso? Eu não posso nem ficar com raiva depois dessa…
— Eu não sabia que você gostava tanto de crianças.
Quando disse isso, Arok olhou para o rosto dele em pânico e, imediatamente, baixou o olhar em tom de desagrado. Em seguida, tocou a ponta dos lábios na clavícula de Klopp.
— É que o meu coração….
Sabendo o quão teimoso era Arok mesmo quando o assunto era algo frívolo, e supondo que isso não significa necessariamente que Arok sairia pela rua fazendo algo perigoso, como ir atrás de um alfa qualquer usando o seu cheiro de cio para fazer filhos aleatoriamente, Klopp comentou, em bom humor:
— Você parece confiante. Eu deveria ajudá-lo nisso, então, você não acha?
Ele estendeu a mão a partir do topo de sua cintura e deslizou para dentro daquelas calças que se enrolavam perfeitamente em torno dos quadris bem definidos. Seus dedos cravaram aquelas nádegas e, enquanto ele esfregava o dedo médio nas rugas ainda carnudas entre aquela carne macia, Arok respirou fundo e ergueu os calcanhares , ficando na ponta dos pés.
— O que você está fazendo…? … Ahm…
Quando os grandes dedos penetraram a entrada levemente úmida, ele inclinou a cabeça com uma expressão triste no rosto. Sua boca e queixo ligeiramente abertos tremiam levemente. A mão, que antes estava descansando no peito largo e forte do alfa se curvou. Ele podia ver as rugas entre as sobrancelhas e as pontas dos lábios franzidas causando um pequeno espasmo.
No entanto, parecia realmente doer, ao invés de sentir prazer quando ele mordeu os dentes com força e emitiu um som doloroso.
Com pesar, ele tirou os dedos de seu ânus e lambeu sua nuca. Arok soltou um pequeno suspiro de alívio e, humildemente, inclinou a cabeça em sua direção, como se oferecesse uma oferta saborosa antes que o predador pudesse mordê-lo.
— Quando é sua próxima bateria?
— Talvez daqui a dois meses…
— Dois meses… é um tempo apertado para procurar um padre.
Deixou rastros ao chupar a pele fina e semitransparente entre o pescoço e o queixo. Como a cintura de Arok parecia perder um pouco mais de força, ele o segurou para não cair.
— Do que você está falando?
Ele não pareceu entender de imediato, então buscou ser um pouco mais gentil. Queria tratá-lo o mais gentilmente possível, afinal, agora ele era seu ômega.
— Bom, mesmo que você comece a se preparar agora, pensar nisso e naquilo vai ser realmente impossível realizar um casamento em apenas dois meses. Mas se você engravidar logo agora, de primeira… poderemos assinar uma certidão de casamento sendo apenas nós três.
O corpo da pessoa encostada em seu peito estava completamente exausto a essa altura. Klopp o abraçou mais forte e, aproveitando a proximidade, esfregou suas bochechas. Seria tão bom se nos tornássemos um corpo só assim… Ah… Por agora não podemos fazer amor.
— Eu sou legalmente um alfa. Não podemos nos casar.
Mas Klopp zombou da fala de Arok, dizendo:
— Eu sou o especialista legal aqui. Você só tem que fazer o que eu digo.
Querendo beijá-lo novamente, segurou o queixo do conde em suas mãos e se inclinou mais perto, mas Arok virou a cabeça com uma expressão de raiva.
— Se eu soubesse que você é esse tipo de cara…
— Como assim, que tipo?
Ele franziu a testa e olhou para o ar por um tempo, depois olhou para Klopp novamente e disse:
— Você agia assim com Rafiel?
— Por que você continua falando dele? Quer que eu mate ele por acaso?
Arok balançou a cabeça apressadamente ao ouvir a ameaça.
— Não faça perguntas inúteis. Eu não gosto quando meu futuro marido fica prestando muita atenção em outras pessoas.
Quando ele disse isso de uma forma calma, mas forte, Arok acenou com a cabeça e não falou mais nada sobre o assunto. Ele enterrou o rosto no pescoço forte do homem e lentamente passou os braços em volta da cintura forte. Mas foi um movimento tão fraco que ele não conseguia sentir nada, então a princípio pensou que era simplesmente porque ele não tinha mais força suficiente devido ao calor. No entanto, logo um som úmido invadiu os ouvidos de Klopp e a parte do ombro, onde os olhos de Arok descansavam, ficou úmida. Ele se afastou, levantou o queixo do conde com a mão e percebeu que o homem estava chorando. Lambeu as lágrimas por instinto, enquanto acariciou suas costas e beijou o cabelo loiro desgrenhado.
— Ei… Por que está chorando? Onde dói?
— Eu não sei. Não estou sentindo dor.
— Não é o que parece… Você está chorando.
Não foi uma provocação, mas aparentemente Arok não gostou do comentário, o encarando com ressentimento e lágrima nos olhos.
— É tudo culpa sua.
Embora o tom forte, Klopp não pôde evitar achá-lo fofo por estar em lágrimas e tremendo.
— Não acho ruim vê-lo chorar porque você é lindo, mas preferiria que você não chorasse na frente das crianças. Vai ser difícil se um alfa pega o costume da mãe.
— Mãe?
Mesmo em meio ao choro, Arok perguntou, surpreso. Talvez por ter agido como alfa durante toda a sua vida. Mas sua expressão de surpresa sugere que as coisas não serão tranquilas no futuro. No entanto, não pôde deixar de rir ao vê-lo repetir várias vezes a palavra “mãe”, como um bebê que aprendeu a falar pela primeira vez, banhado em lágrimas e coriza.
— Acha estranho te chamarem de mãe?
— … Eu vou ser a mãe?
Mesmo que soasse estúpido, Klopp gentilmente o explicou.
— Se você é quem está dando à luz, será a mãe. E eu, claro, serei o pai. Por isso, cuidado, pois as crianças quando bem pequenas costumam aprender como se comportar com a mãe.
— … As crianças podem aprender me observando…
— Bom, sim. Se você não aprender com a mãe que te criar, com quem vai? Você não está pedindo que eu crie nossa criança sozinha, não é mesmo?
Como resposta à piada boba, Arok proferiu ofensas com lágrimas nos olhos. Continuou a chorar com todas as suas forças por um bom tempo. Lágrimas escorriam sem parar daqueles olhos azuis e seus soluços e gemidos eram tão altos que Klopp não teve escolha a não ser tentar acalmar seu ômega com incontáveis beijos.
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Continua…