No c* da Cobra - Capítulo 07
No entanto, Benedict, cavalgando à frente da procissão, permaneceu impassível, desprovido de qualquer emoção. Na verdade, seu ânimo estava baixo. A dor de cabeça que havia diminuído brevemente havia retornado. Era altamente incomum que outra dor de cabeça atacasse tão logo após a última. Os aplausos da multidão, que normalmente ignoraria, agora irritavam seus nervos.
Ao lado do Duque, que passou pelos cidadãos aplaudindo sem olhar, seu ajudante, Moritz, estava tenso, sentindo o descontentamento de seu senhor em sua testa franzida.
‘Não conseguimos encontrar a Espada Sagrada.’
Moritz supôs que essa era a razão do humor piorado de seu senhor e perguntou cautelosamente:
— Devo mandar os cavaleiros dispersarem a multidão?
— Todo o caminho até a capital?
Em escárnio, uma risada incrédula silenciaram Moritz.
Benedict passou a mão pelo cabelo irritado, relembrando os eventos de alguns dias. O momento em que sua dor de cabeça agonizante, afiada como uma faca em seu cérebro, desapareceu completamente. Que casa nobre no Reino Sagrado era? Ele não conseguia se lembrar do nome, apenas da mulher, seu rosto manchado de sangue, tremendo de medo.
‘Sim, certamente…’
No instante em que viu os olhos rosados dela, o tormento em sua cabeça cessou. Foi por isso que ele não enfiou a espada, que perfurou a garganta do seu inimigo, através dela também. A liberação repentina da dor excruciante era semelhante à euforia. Naquele momento de alívio, ele poupou a vida insignificante da empregada suplicante, fazendo-a prisioneira.
Mas, por que de repente se lembrava do rosto e dos olhos dela? Com sua intuição misteriosa, quase desumana, Benedict reconheceu uma possível ligação entre sua dor de cabeça e a mulher.
— … Interessante.
Ele sentiu um lampejo de intriga, uma sensação que não sentia há muito tempo. Ele havia tomado a decisão de poupá-la sem pensar muito, mas agora parecia que seus instintos tinham sido notavelmente precisos.
— Os prisioneiros chegaram à capital?
— Sim. Recebi um relatório ontem à noite de que todos estavam acomodados com segurança. O leilão está marcado para ser realizado em alguns dias… Você tem alguma instrução?
O perspicaz Moritz rapidamente perguntou sobre suas intenções, e Benedict torceu os lábios.
— Preciso encontrar um dos prisioneiros.
***
Os prisioneiros trazidos para o Império foram confinados em uma cela subterrânea, seus rostos marcados pelo medo do desconhecido. Os soldados que participaram da batalha estavam particularmente perturbados.
— Eu não fiz isso, eu não fiz nada, não me mate, não me mate…
Hilde olhou para o soldado meio louco e divagante com pena.
‘O que ele poderia ter suportado…’
Ela também tinha experimentado horrores, mas nada comparado à carnificina que esses soldados devem ter testemunhado em primeira mão.
— Dizem que um soldado foi cortado ao meio…
— E que ninguém sobrevive ao seu interrogatório sem confessar.
O comandante inimigo, Duque Oaklien. Histórias sombrias em torno dele, pintadas em tons de carmesim, circulavam pesadamente entre os prisioneiros.
— Hora da refeição!
Pão e água foram distribuídos. O pão era duro e difícil de mastigar, mas comestível. No entanto, esse tratamento relativamente decente foi reservado para as prisioneiras. Os prisioneiros homens, a maioria soldados derrotados, tiveram sorte muito pior.
Uma porção muito menor de pão foi jogada na cela deles, instantaneamente dando início a uma briga. O soldado que estava resmungando para si momentos antes também se lançou para a comida, apenas para ser dominado pelos outros.
— Não!
— Não, o quê?! Seu louco bastardo…!
Chutes choveram, e os gritos do soldado imobilizado ecoaram pela cela. Hilde, pálida de horror, gritou para o guarda:
— Pare-os! Alguém vai acabar morrendo!
O guarda olhou para dentro da cela, deu de ombros e ofereceu um conselho a Hilde.
— Preocupe-se consigo mesma. Vocês todas serão vendidas como escravas de qualquer jeito.
O sangue sumiu do rosto de Hilde. O guarda balançou a cabeça para ela.
— Ainda assim, você estará melhor do que esse bando. Aquecer a cama de algum nobre é melhor do que ser chicoteado até a morte, não é?
Só então Hilde percebeu o propósito da captura delas, a razão para o tratamento comparativamente melhor. Seus dedos, agarrando o cobertor fornecido para aquecê-los, tremeram levemente.
Ugh… ugh… O soldado espancado, encolhido num canto, choramingou baixinho. Hilde não conseguia tirar os olhos do rosto dolorido dele.
Mais tarde, durante o breve período concedido às mulheres para usarem a latrina, ela secretamente deu sua porção de pão ao soldado ferido.
🌸🌸🌸🌸
Um homem, vestido muito elegantemente para o cenário, apareceu diante da prisão subterrânea ao amanhecer.
Continua….
Tradução Elisa Erzet