No c* da Cobra - Capítulo 06
Parece suspeito.
Ou talvez, repulsivo. Benedict olhou para a mulher inconsciente como se estivesse observando um espécime peculiar. Então, percebeu abruptamente que sua dor de cabeça havia desaparecido sem deixar vestígios. — … Estranho.
Era imaginação dele? Suas dores de cabeça geralmente chegavam e iam embora sem avisar, mas dessa vez parecia diferente. Sua mente estava excepcionalmente clara e revigorada. Ele ponderou brevemente sobre essa anomalia antes de se endireitar, alertado por um leve ruído vindo de fora da janela.
— Comandante.
Um soldado logo entrou, relatando que a situação estava resolvida. A mansão, brevemente tomada pela comoção, estava agora mortalmente silenciosa.—
— O que faremos com essa mulher?
O soldado perguntou a Benedict com urgência, visivelmente surpreso ao encontrar uma sobrevivente. Suas ordens foram claras: — ninguém na mansão deveria ser deixado vivo. Benedict, já na metade do caminho para fora da porta, olhou para trás e respondeu secamente:
— Faça-a prisioneira.
***
O Reino Sagrado de Crozeta já foi uma terra próspera. Lendas falam de uma época em que pessoas que empunhavam um poder especial chamado Graça Divina andavam por seu solo. Elas enriqueceram a terra, repeliram invasores e curaram os doentes.
— De que adianta, —murmurou Benedict, brandindo sua espada desanimadamente, —se não está em lugar nenhum?
O nascimento daqueles com Graça Divina havia diminuído ao longo do tempo. Primeiro, o poder desapareceu das famílias nobres e reais de Crozeta. Embora plebeus devotos às vezes manifestassem Graça Divina e se tornassem sacerdotes, até isso havia cessado por mais de um século. Crozeta não era mais digna de seu título sagrado. Além disso, a corrupção da realeza e dos nobres havia acelerado seu declínio.
— Então, eles deveriam ser gratos, — ele continuou, pensando na conquista do Império, — e em breve, a anexação com Bertolph.
Chamas irromperam por todo o palácio real. O choque de armas, gritos, berros horríveis e o fedor de sangue enchiam o ar. Benedict passeava pelo espaço tomado pela morte. Vários guardas reais, encorajados por uma coragem desesperada, investiram contra ele, apenas para cair antes mesmo de conseguirem alcançá-lo.
— Vossa Graça, capturamos o Rei.
O relatório de Moritz parou Benedict em seu caminho.
— Mas ele parece não saber nada sobre ‘seu’ paradeiro.
Benedict inclinou o olhar pensativamente, então falou.
— Eu mesmo o interrogarei.
Seus olhos dourados brilharam com uma luz implacável.
— Reviste o palácio e o templo minuciosamente. Precisamos extrair todas as informações antes que quaisquer rumores desnecessários cheguem aos ouvidos do Imperador.
— Sim, Vossa Graça.
Benedict virou a cabeça lentamente, observando os lustres opulentos do palácio, o papel de parede brilhante de folha de ouro e os ornamentos caros adornando cada canto. Não é de se admirar que o ganancioso Imperador tivesse posto os olhos neste reino. Isso tornou seu plano ainda mais fácil. Alguns rumores, exageros e instigações influenciaram o Imperador a contatá-lo primeiro e declarar guerra, permitindo que ele pisasse facilmente em solo crozetano. Para tomar o que desejava.
— Deixe os cavaleiros do Imperador lidarem com os despojos de guerra. Eles devem estar clamando por essas bugigangas agora.
— Como você desejar.
Benedict mudou de direção, buscando aquele que poderia fornecer a informação que buscava, aquele cujos lábios ele forçaria a abrir. A razão pela qual tinha vindo a este reino. O objetivo desta guerra, o prêmio mais valioso de todos.
A Espada Sagrada.
***
O reino havia caído. O Reino Sagrado de Crozeta, ostentando mil anos de história, havia desmoronado e desaparecido. Os nobres da capital real foram assassinados, a família real massacrada. A cabeça decepada do rei foi exibida diante dos portões do palácio.
O comandante que liderou a guerra para a vitória se tornou um herói do Império. Cidadãos imperiais se alinharam nas ruas, cobrindo-os de flores e elogios conforme eles retornavam.
— Viva o duque Oaklien!
— Vida longa ao Comandante!
Continua….
Tradução Elisa Erzet