My Sweet Pleasure - Capitulo 01
Capítulo 1
Primeiro Passo
Pov Cris
4 anos, 5 meses e 30 dias. Esse é o tempo em que eu e Lucius estamos juntos, vivendo como um casal feliz e contente que está junto a quase 1/4 da vida é isso é incrível: nosso amor é tão forte que, mesmo quando ficamos meses sem nos falarmos por conta de uma discussão, ainda estávamos juntos. Quer dizer, andávamos de mãos dadas e fazíamos todos os nossos programas como casal, porém num silêncio que daria inveja ao mais dedicado monge, tanto que a irmã dele até comentou que era engraçado a nossa dinâmica mesmo brigados, que foi o que acabou com nosso gelo de cinco meses: reclamar que ela não estava entendendo a gravidade da situação delicada do nosso relacionamento. Olhando agora, vejo que realmente devia ser engraçado porque era um casal que não se falava fazendo sua rotina normal, tanto que a Cris comentou sobre como apreciamos casal de fanfic que ela escrevia com a Aria. Enfim, o único problema do meu conto de fadas com meu príncipe das trevas é que a gente nunca fez… Sabe… Amor… Isso é culpa minha porque, primeiro, eu sofri algumas coisas traumáticas na minha infância e depois foi porque o Lucius cresceu e virou, bem, quase um armário enquanto eu desisti de malhar mais que as pernas. Ele sempre é compreensivo comigo e nunca tentou passar mais do que dos beijos ou de dormir de conchinha quando dormimos juntos, além de sempre se tornar ainda mais protetor quando o assunto surge na nossa mesa de amigos. Sério, vocês precisam ver a maneira dele de desviar do assunto como se nada pervertido tivesse sido dito ou de como fica agressivo quando o assunto não é encerrado ali mesmo, passando o braço ao meu redor com a pior carranca que consegue fazer. Aí, eu amo um homem! Nos últimos dois meses, eu tentei iniciar o assunto com ele, mas, como sempre, ele me abraçou e disse que ninguém mais encostaria em mim daquela forma, me subjugando, então muda de assunto e me trata como um cristal. Meio que tenho tentado me preparar sozinho, lendo uns yaoi que encontro recomendação em grupos e, seguindo a lógica deles, vai doer mas vai ser bom, porém preciso estar alargado o suficiente, o que é bem pior do que no mangá e eu me sinto idiota por estar enfiando dedos na minha bunda esperando que algo mude. Como se não fosse só isso, ainda tem a questão de que descobri que também tenho alguns fetiches que eu já queria testar de cara, como o de ser submisso, mas do jeito que ele é carinhoso, duvido muito que vá fazer qualquer coisa que possa me causar o mínimo de dor, o que é uma merda. Também tem o fato que… -Viado, quando você me disse que queria me encontrar pra desabafar sobre seu namoro, não sabia que ia ter que ouvir um resumo da sua vida amorosa com ele. – Taffy tem uma cara entediada ao me interromper, finalmente largando o canudo de seu milk shake e cruzando as mãos sobre a mesa, com seriedade. – Se você está pronto, por que não fala a ele? “Mozão, eu, tu e essa sua rola de mel enfiando até não entender mais nada”. Posso sentir meu rosto esquentar dolorosamente a cada palavra dele e ainda mais quando dá um meio sorriso, uma pessoa que passa por nós indo a outra mesa me dá um olhar estranho. Acabo abaixando o rosto para evitar que ela lembre de mim quando nos encontrarmos de novo, olhando o panfleto do Giraffas, com suas girafas de logo com um sorriso para mim. – Eu não posso fazer assim, tem que ser natural! -Amigo, tem dois meses que ele muda de assunto porque não quer te apressar ou te deixar desconfortável e, ao menos que você diga com todas as letras que quer foder, vai morrer entrevado na punheta. – pelos deuses, por que ele não consegue falar baixo? – Nem que seja chamando ele pra fazer origami com você e simulando sexo com eles. – Taffy ergue dois guardanapos como se fossem bonequinhos e os usa pra insinuar um sexo, então vira o que imagino que seria a cabeça do que tá por baixo e solta um: – “Eu tenho fetiches que quero que você cumpra”. -TAFFY-KUN! YAMETE KUDASAI! (Pare com isso, por favor). – arranco um deles de sua mão, o rasgando ao meio e logo jogando no lixo próximo a mim. -Amigo, se quer uma fodinha, vai ter que ser um pouco putinha. – ele estala os dedos como se fosse uma sacada de gênio e eu me arrependo amargamente de ter chamado ELE pra me aconselhar. Cris, amiga, volta de viagem e me ajuda aí no lugar desse doido cheio de fogo na bunda! – Aí, eu devia ser rapper ou funkeiro: consegue me imaginar cantando isso enquanto vários gostosos e gostosas rebolam ao meu redor com notas falsas de dólar caindo? – Taffy… -Certo, certo, o John não iria gostar mas que seria uma boa, seria. – ele faz menção a se levantar e fazer um quadradinho, com ambas as mãos apoiadas em seus joelhos. – Mas é sério: se quer dar esse passo, precisa ter confiança pra falar “olha, amor, acho que estou pronto pra transarmos, mas eu tenho alguns fetiches e pipipi, popopo”, aí depois vem a parte de “L-L-Lucius-senpai”. – sua voz afina e ele imita um gemido que daria inveja até pra uma atriz pornô, enquanto meu rosto cora violentamente pra todos os tons possíveis de vermelho. -Mas e se ele fugir do assunto? – Aí você volta no assunto. -Mas e se… Somos interrompidos pelo toque do celular dele, que berra o refrão de “Bandida” da Pablo Vittar a plenos pulmões, tenho de cruzar os braços enquanto o espero terminar a conversa. Cruzo os braços sobre a mesa, pensativo: seria mais fácil se o Luci percebesse o que eu quero, que estou finalmente pronto pra dar esse passo no nosso relacionamento, porque ele sempre percebe as coisas sem eu precisar falar nada, porque ele me conhece bem, mas parece que eu quem terei que propor isso. Meu amigo se levanta de uma vez e acena brevemente, fazendo mímica de “trabalho” enquanto se afasta com o copo de milk-shake em mãos. O fato de termos todos 18/19 anos é que somos mais independentes, a desvantagem é que temos responsabilidades demais com tudo, então sobra pouco tempo pra nossas amizades. Suspiro pesado fitando o lugar vazio a minha frente, pensativo se é a hora certa e se eu posso me abrir com o Luci sem ele surtar e querer me colocar quase que num convento, enquanto penso, pego meu celular e chamo um uber.
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Quase vinte minutos depois, estou na porta do estúdio de tatuagem da Wanessa, a irmã mais velha e simpática do Lucius, que, como sempre é a pessoa que me recebe na calçada com um abraço caloroso junto com as chaves. Seu cabelo ondulado é pintado como um arco-íris e me envolve logo no abraço, me sufocando com seu cheiro gostoso de framboesa do shampoo que dividimos o valor por conta da quantidade de vezes que eu uso. Ela não demora ao conversar comigo, dizendo que tem cliente pra atender, deixando a porta aberta para que eu entre logo atrás, o que me faz cumprimentar os outros quatro tatuadores espalhados pela sala de espera. Passo por uma das portas dos fundos e alcanço a escada lateral, subindo de dois em dois degraus por conta do nervoso. -WANESSA, EU JA TE DISSE QUE NÃO SAIO DESSA PORRA DE CASA HOJE! – meu homem nem vira pra mim, concentrado no que está fazendo no fogão. – EU NÃO VOU TRABALHAR HOJE! Seus ombros tatuados com dragões e serpes coloridos lutando por kanjis que formam meu sobrenome se flexionam de forma a ficarem mais juntos, sua blusa preta com uma cobra enrolada esconde o resto de seus desenhos. Rebuliço, a cobra da Wawa, sibila pra mim de seu viveiro de três andares da sala, como se perguntasse se eu trouxe algo para ela dessa vez, tenho de mostrar minhas mãos vazias pra provar que não estou escondendo nenhum pedaço de carne, o que a faz virar a cabeça na direção contrária e se enfiar numa espécie de rede com sua cobrinha de pelúcia, brava comigo. Atravesso a sala, um pouco incerto do que dizer, indo até a cozinha e o abraçando por trás, demora alguns segundos para que seus ombros se relaxem. -A Wawa está lá embaixo, posso não ouvir o sermão? – pergunto usando meu tom mais doce, o que o faz largar seja lá o que esteja fazendo para virar e me abraçar, beijando meu cabelo algumas vezes. – Gosto mais dessa recepção, Luci. -Achei que fosse a minha irmã, pequeno, me desculpe. – Então ele ergue meu rosto e deixo que nossos lábios se encostem pra que ele invada minha boca com a língua, deixando minhas pernas bambas. Sem dificuldade, Luci me ergue acima do chão e me deixa no balcão sentado, de forma que a nossa diferença de altura seja algo menos gritante. – Quer algo, meu bebê? Chá? Suco? Refrigerante? Sério, como você diz que a mesma figura intimidadora é esse neném todo? Eu amo meu homem. -Estou bem, acabei de comer com o Taffy. – Ah, tudo bem, estou tentando fazer a macarronada pra p… – ele hesita por um momento, preocupado comigo. – Pra corna demoníaca da Wawa. -Você sabe que eu não tenho mais problema que fale “puta”, né? – Não irei te dar gatilho nem correr esse risco. – seus lábios encontram minha testa com carinho enquanto uma de suas mãos acaricia a minha como se eu fosse feito de porcelana. – Você não merece ter que lembrar de tudo aquilo. O “aquilo” que ele se refere é a forma como o ex marido da minha tia abusava de mim durante anos, me forçando até o meu limite, e que, quando minha tia descobriu, tomou todas as medidas legais para o manter longe além de me dar todo o suporte que eu precisei ao longo dos anos. -Lululi… -Oi minha vida. – ele sorri pra mim, seus olhos castanhos sem as lentes dos ghouls de Tokyo Ghoul me fitam com doçura. – O que meu mochi deseja? Tem algo que quer falar? -Quando vamos fazer sexo?