Lamba-me se puder - Capítulo 13
— Você tem estado estranho esses dias.
Depois de terminar o treino, Ashley e o time de hóquei no gelo se reuniram no Green Bell com suas namoradas.
Ariel disse enquanto o namorado, que não era muito diferente de uma fera, comia tudo o que tinha sobre a mesa logo após o treino, ostentando seu grande apetite voraz. Ashley que olhou para ela intrigado franziu as sobrancelhas e disse.
— Eu?
— Sim.
As outras pessoas ali também os encaravam com interesse. Então Ariel continuou.
— Você estava andando com aquele nervoso estranho, e eu nunca os vi juntos antes.
— Quem?
— Ela não está falando sobre Koy?
Um dos caras a mesa disse a Ashley, que franziu a testa. Nesse momento, Ashley assentiu como se houvesse entendido. Ariel cruzou os braços sob o peito e franziu os lábios.
— Você nunca o tratou assim, tratou? O que há de errado com você de repente? Não me diga que ele descobriu algum ponto fraco seu?
— Meu?
Ashley riu alto. Os principais jogadores do time de hóquei no gelo reunidos caíram na gargalhada. As bochechas de Ariel coraram, mas ela virou a cabeça como se nada tivesse acontecido.
— É isso que vocês pensam.
— Sim, também estávamos curiosos
Bill, que estava entre os garotos, disse sem meias palavras.
— Você até chamou aquele cara para sentar com a gente na hora do almoço. Porque você está fazendo isso? Não tem mesmo nenhuma fraqueza.
Bill, que deliberadamente acrescentou, sorriu para Ariel. Ariel franziu as sobrancelhas, e Ashley que tinha dado uma grande mordida no hambúrguer engoliu rapidamente e abriu a boca.
— Não é isso. Eu apenas senti pena.
— Sente pena dele?
Ariel perguntou como se estivesse chocada. Então, em vez de Ashley, outro cara disse: “Sim,” e assentiu.
— Bem, ele parece estar sendo bastante intimidado por alguns bastardos.
Outro cara concordou com essa afirmação.
— Bem, ele provavelmente estava sendo espancado quando você o chamou da primeira vez, certo?
— Não estava apanhando. Mas estava prestes a ser atingido.
— E que diferença tem isso.
— É diferente. Totalmente diferente.
Ashley, que deixou a conversa fluir em piadas sem sentido, abriu a boca e disse.
— De qualquer forma, pessoal, apenas sejam legais. Ele é um garoto pobre.
Todos se entreolharam e assentiram, com um “ok.”
— Não há problema em apenas dizer olá, não é?
Com as palavras de Bill, Ashley acenou com a cabeça para um lado, pegou as batatas fritas e as levou à boca. Ariel, que estava sentada lá com uma cara de desagrado, disse.
— Não saia com um cara como esse sem motivo. Porque é simples demais para andar com você. — Ela levou a Coca à boca e acrescentou sem rodeios. — Somos diferentes deles.
Ashley abriu a boca enquanto olhava casualmente para o gelo em seu copo de coca e disse.
— Claro, somos diferentes.
Ele é o único que não coloca gelo no refrigerante.
Pensando consigo mesmo, ele sorriu e rapidamente parou de pensar no assunto.
— Ah, pensando bem, ele faz a mesma aula que nós.
Bill disse como se tivesse acabado de se lembrar, e o outro menino assentiu.
— Também tem alguns comigo. Ele faz quase todas as matérias que Ash? Devo está fazendo todas as aulas de AP.
Fiu Fiu.
A namorada do cara que soltou assobiou curto, olhou para ele disse.
— Se não há nada para fazer, apenas deveria estudar. Ele não tem nenhum amigo?
— Quem seria amigo de um perdedor com ele?
Ariel soltou uma piada e todos riram. Ashley também riu fingindo não notar a pequena culpa num canto do seu peito.
Por que tenho que pensar no rosto sorridente daquele cara agora?
Ele propositadamente colocou o gelo do copo na boca e mastigou até fazer um som, e então limpou a mente e começou a conversar sobre outras coisas.
* * *
— Olá, Koy.
— Oi, Bill.
Um dos principais jogadores do time de hóquei no gelo que o encontrou na frente do armário o cumprimentou primeiro. Quando Koy também o cumprimentou calorosamente, ele sorriu e foi direto para seu armário.
Daquele dia em diante, os caras que andavam com Ashley sempre falavam com Koy. Sim, era apenas uma simples saudação, mas era uma grande mudança para Koy. Até agora, ninguém na escola o havia cumprimentado primeiro, então ninguém além dele mesmo sabia quanta alegria uma única saudação pode trazer.
Essa não foi a única mudança. A atitude dos outros estudantes em relação à Koy também mudou. As conversas que eram tratadas como se ele simplesmente não existissem e sussurradas pelas costas desapareceram, eles passaram a cumprimentá-lo e às vezes até conversar sobre coisas triviais.
Quando um colega da mesma classe falou com ele casualmente pela primeira vez sobre um programa de TV que tinha visto no dia anterior, ele ficou tão surpreso que sentiu que poderia desmaiar a qualquer momento. Quando Koy não conseguiu responder adequadamente, o garoto logo se retirou, mas isso foi um grande desenvolvimento. Naquele mesmo dia, Koy passou a tarde toda procurando o programa do qual seu colega tinha falado no celular, conferindo o conteúdo e assistindo os vídeos gratuitos postados no YouTube.
O melhor de tudo, foi o fato de que o bullying imposto a ele pela gangue de Nelson desapareceu. Como é tranquilo e feliz passar o dia sem ser ridicularizado ou espancado e sem ter que ter medo disso. Koy estava desfrutando da vida cotidiana de um docente comum pela primeira vez e estava extremamente satisfeito. Tudo isso graças a Ashley Miller.
Como pode existir uma pessoa assim?
Koy pensou ao sentir seu coração bater mais forte. Ele tem um rosto bonito, um corpo maravilhoso, é alto, pratica esportes, é inteligente e tem uma personalidade boa! Existe mais alguém no mundo que seja tão perfeito?
Se houvesse uma religião chamada Ashley Miller, Koy seria o primeiro a se tornar um crente. Nessa medida Ashley passou a ocupar uma grande posição na sua vida. Pode não ter sido grande coisa para Ashley, mas ele foi capaz de transformar o desespero de Koy em uma vida feliz e satisfatória. Ele nunca poderia agradecer o suficiente a Ashley pelo resto de sua vida. Pensou que se ele precisasse um dia, faria tudo o que tivesse ao seu alcance para lhe ser útil. Mas tinha certeza que Ashley Miller nunca precisaria da ajuda de Connor Nilles.
Depois de um tempo, o semestre terminou e eles tiveram férias.
* * *
♪♪♪♬♬♩♪…
Ashley acordou cedo pela manhã com o toque do telefone.
— Ugh…
Esticando seu longo braço com o rosto enterrado no travesseiro, ele gemeu enquanto tateava o criado mudo à procura do celular que não parava de tocar.
[Ash?]
Ashley não respondeu imediatamente à voz estridente que ouviu assim que atendeu o telefone.
—… oi?
Quando ele disse olá com uma voz embargada pelo sono, Ariel perguntou do outro lado da linha.
[Ash, o que você está fazendo? Ainda está dormindo?]
—… Que horas são? — Quando ele levantou lentamente as pálpebras pesadas e verificou a hora no celular, se surpreendeu e quase cuspiu um palavrão. — Então o que aconteceu, porque você ligou?
Ariel o interrompeu com a voz áspera e falou.
[Porque acho que não vou poder te encontrar hoje. Papai disse que quer jantar com toda a família.]
Ashley, que franziu a testa, logo se deu conta.
—… já é 4 de julho.
Ariel continuou e disse “sim” com murmúrio que saiu como um suspiro.
[Desculpe, mas seus pais não estão vindo?]
A maioria deles sabia que os pais de Ashley estavam no Oriente e que ele morava sozinho. Ashley respondeu sem dar muita importância.
— Tudo bem, as famílias devem permanecer juntas no dia da Independência. Não tem problema.
[Eu te ligo mais tarde, Ash.]
Ariel, que mandou um beijo pelo telefone, desligou. Ashley olhou para o celular desligado por um tempo, depois o jogou na cama e se virou com um suspiro.
— Sim, deveria passar o feriado com a família.
Repetiu o que havia dito e se calou. O ambiente era infinitamente silencioso.
* * *
Pensou estar ouvindo o som do vento chilreando ao longe, então houve um estrondo alto. Os fogos de artifício começaram. Koy, que estava atrás do caixa, olhou inconscientemente para rua. No céu além da porta de vidro, apenas o vislumbre de uma chama fraca de luz era invisível.
Parece ser divertido.
Koy pensou inexpressivamente. O Dia da Independência é um dos maiores feriados do ano e a cidade fica lotada. Os restaurantes são especialmente propensos ao aumento dos preços, e as famílias naturalmente pagam por isso e passam seu tempo juntas.
Mas não tinha nada a ver com ele. Especialmente porque já faz muito muito tempo que esqueci como é passar um tempo com a família. Prefiro trabalhar em um dia como este.
Ele recuperou a compostura e virou a cabeça. O importante no momento era o vestibular que aconteceria próximo mês. Os preparativos já estavam prontos. Tudo o que faltava eram as notas.
Foi quando estava segurando a tarefa de matemática que não conseguiu resolver no dia anterior que Koy voltou a si com o som repentino da campainha.
— Sim.
Ele ficou surpreso com a pessoa inesperada que abriu a porta da loja. O homem que entrou de calmamente também parou assim que viu Koy parado atrás do balcão.
— Ash.
Continua…
Tradução: Rize
Revisão: Ana