Eu nunca quis ter um filho dele. - Capítulo 03
Com um gesto quase desdenhoso, como se fosse um incômodo explicar qualquer coisa, ele desabotoou a camisa com naturalidade.
Uma peça de roupa após a outra caía no chão, solta de sua mão. Sob seus cabelos dourados, seus olhos —de um vermelho assustador se escondiam — harmonizando-se com o contorno marcante de seu nariz e seus lábios carmesim.
Os ombros largos e os músculos imponentes que adornavam seu corpo, sustentados por um pescoço robusto, afirmavam sua presença a cada movimento.
Ela percebeu, por instinto, que aquela não era uma construção física aleatória. Dos músculos densos dos braços ao peito equilibrado e o abdômen meticulosamente definido, era evidente que seu corpo fora esculpido com cuidado.
A tensão pairava fortemente entre eles nas extremidades opostas da cama larga.
Ao contrário da suavidade de seus músculos, sua pele estava marcada com cicatrizes por toda parte. Quando ela notou as inúmeras marcas de golpes de espada, entendeu que ele não era diferente dela: um cavaleiro.
— Você está… sugerindo que a gente faça aquela… “atividade” que normalmente acontece entre marido e mulher?
O tremor em sua voz era inegável. Mesmo que ele estivesse propondo isso para mantê-la sob vigilância até o casamento, era isso…
— Achei que você fosse inteligente, mas parece menos esperta do que imaginei, Loren.
Mikhail subiu na cama sem desafivelar o cinto. O homem se ajoelhou e apoiou na ponta da cama, olhou para ela, que estava encolhida ali.
— Você, de todas as pessoas, envolvida em traição, agora parece ter virado o “reprodutor” do rei, não é? Se não for isso, então pare.
Ela advertiu em uma voz baixa e resoluta, e ele riu. Ela dissera para ele parar, mas ainda não entendia a situação direito.
O rosto do homem se contorceu de raiva por um instante — então, em um piscar de olhos, ele estava diante dela. Com as costas encostadas na cabeceira da cama, ela percebeu que não havia mais para onde recuar. Seus olhos brilharam com intenção assassina.
Ele se curvou e puxou gentilmente sua mão, que ainda segurava o cobertor. Mesmo com sua força treinada pelo manejo da espada, ela se surpreendeu ao ser levantada com tanta facilidade. Era como se ele desprezasse todos os anos que ela havia treinado — e aquilo a humilhava.
— Isso também faz parte do casamento. Aparentemente, a família ducal Loren não lhe deu a educação sexual adequada.
Inclinando levemente a cabeça, ele murmurou em voz baixa, quase sibilante:
— Ou você preferiria estar nos braços do rei, que se diverte à sua custa do outro lado daquela porta?
— Senhor!
Ela cerrou os dentes e franziu a testa diante das palavras grosseiras que ele proferia.
— Ou então, mantenha a boca fechada. Pare com pensamentos inúteis e abra as pernas.
‘… O que ele acabou de dizer?’
Os olhos de Emília se arregalaram. Naquele momento, ele enfiou os dedos entre seus lábios levemente entreabertos.
— Uh…
Suas pupilas tremeram violentamente em resposta aos dedos grossos que invadiam sua boca. Seu corpo inteiro ficou rígido diante do que estava acontecendo agora.
Olhos vermelhos cheios de raiva estavam fixos nela. Com um gesto dominador, ele reprimiu sua língua sob o dedo e aproximou os lábios de seu ouvido, onde ecoou um sussurro áspero e carregado de intenção:
— Tenha um filho meu. Assim, essa maldita situação não se repetirá.
‘Ter seu filho?’
Emília balançou a cabeça. Ela não queria o filho dele. Quem desejaria ter o filho de seu inimigo?
Lágrimas cristalinas brotaram, pairando sobre seus cílios como orvalho prestes a cair. Mas, no fundo, de sua alma, ela compreendia a cruel realidade: aquela era a única saída.
Para acabar com isso rapidamente, sabia que tinha que aceitar suas palavras. Ela olhou para ele e, em resignação, mordeu seus lábios saboreando o sabor metálico do desespero.
‘Maldito.’
Mikhail soltou um suspiro profundo e levantou a cabeça. Os olhos verdes que encontraram os seus ainda cintilavam desafiadoramente, mesmo naquela situação.
Era fascinante.
Apesar do tremor que percorria seu corpo frágil, havia ali uma centelha indomável — uma resistência silenciosa que só ele podia ver.
— Se quer terminar logo, então pare de resistir.
Emília finalmente aceitou que não podia escapar até que tudo acabasse, e seu espírito indômito se curvou diante da situação.
Num instante, sua visão se inverteu. Em um piscar de olhos, seu rosto estava enterrado no travesseiro. Ela tentou erguer a cabeça imediatamente, mas a força implacável que pressionava sua nuca a obrigou a virar o rosto de lado.
Por fim, lágrimas escorreram por suas bochechas. Sua mão, agarrando o cobertor com força, tremia incontrolavelmente.
— Ah!
Um suspiro escapou de seus lábios quando o corpo impotente do homem pressionou-a por trás. Sua camisola foi levantada num instante.
Continua…