Eu nunca quis ter um filho dele. - Capítulo 01

Uma grande mão apertou o seu queixo. Suas mãos estavam amarradas, deixando-a incapaz de resistir. Não esperava ser humilhada assim, de joelhos, no chão, em apenas meio-dia.

— Você não sente vergonha?

Sua voz clara encheu o corredor. Mesmo com o olhar acusador em seus olhos, o homem não vacilou. Em vez disso, ele pareceu sorrir como se achasse essa situação agradável.

Com um estalo brusco, seus dentes cerraram e o sangue jorrou.

— Mikhail von Heinrich.

Desde o momento em que o viu pela primeira vez, ela sentiu um mal-estar inexplicável. Seus instintos gritavam que este homem era perigoso.

— Emilia von Loren. Pare de resistir. Todos estão esperando sua decisão.

— Haha!

Ela ofereceu um sorriso amargo em resposta às palavras do homem.

— Não diga coisas absurdas. Você acha que eu aceitarei isso?

Se tornar esposa de alguém que havia cometido traição? Ela não conseguia aceitar. Apesar do medo sacudir suas pupilas, ela não recuou. As sobrancelhas de Mikhail franziram enquanto ele olhava fixamente para seus olhos verdes.

— Parece que você ainda não entendeu a situação.

— Ahh.

A mão do homem que segurava seu queixo de repente apertou e a puxou para mais perto. No espaço confinado, ela estremeceu quando seus narizes quase se tocaram.

— Você foi abandonada. Até mesmo pelo governante que sua família e você servia.

Os olhos esmeralda, como se capturados das planícies, se arregalaram. O cabelo vermelho, como sangue, grudou em seu rosto, e seu uniforme imaculado estava manchado com o sangue de uma pessoa desconhecida.

Desprezo, ódio, intenção assassina.

As emoções brotaram quando olhou para o homem que estava olhando para ela.

Relutantemente, admitiu que, agora sozinha naquele vasto castelo, estava inegavelmente abandonada, assim como o homem havia dito.

— Então, aceite.

A respiração dele chegou até ela, e era desconfortável. Mordeu o lábio, lutando contra a vontade de responder ao triunfo em seus olhos arrogantes.

Se fosse a morte, ela aceitaria de bom grado. Ela se manteve firme até o fim por suas crenças, então não havia nada do que se arrepender. Mas admitir a derrota e morrer daquele jeito, se ele tivesse proposto tal coisa, ela teria cravado uma lâmina em seu próprio coração sem hesitação.

Ele nem sequer lhe ofereceu a chance de proteger seus últimos resquícios de orgulho e honra.

— Emília von Loren, entre silenciosamente na minha cama. 🙄🙄

Porque essa era a única maneira para viver. Ela riu como se ele estivesse mostrando alguma gentileza, então virou a cabeça e mordeu os dedos dele levemente.

De uma maneira que sugeria que as coisas nunca seriam do jeito que ele desejava, seus olhos verdes se curvaram lindamente.

— Por favor, não toque no meu corpo de forma imprudente.

Mikhail abaixou a mão manchada de sangue e, com uma expressão estoica, tirou um lenço do bolso.

— Vossa Graça! Você está bem?

Os cavaleiros avançaram, prontos para desembainhar suas espadas como se fossem estrangulá-la a qualquer momento.

No entanto, o homem levantou a mão despreocupadamente para detê-los. Ele se abaixou e, com um sorriso torto, estudou o rosto de Emília manchado de sangue.

Então virou a cabeça e sussurrou em seu ouvido.

— Bem, mesmo que você se torne amante do rei, isso não fará diferença para mim.

Ele olhou para a mão trêmula dela. Ela, cheia de vergonha e arrependimento, não despertou nenhuma simpatia. Deveria ter feito escolhas melhores desde o começo.

— … O rei…?

Ela odiava isso.

Enquanto Mikhail cortava as pessoas implacavelmente, memórias de Adrian parado atrás dele com um sorriso perverso voltaram à tona. Se ela se tornasse sua amante, sabia que não conseguiria viver com a consciência limpa.

— … Prefiro matá-lo. Prefiro morrer! Prefiro morrer!

Ela fez cara de quem estava falando bobagem, mas disse claramente.

Mikhail dispensou levemente seu grito desesperado. Ele explodiu em uma gargalhada e olhou para ela com um olhar frio.

— Isso é impossível. Seu maldito pai já assinou o contrato de casamento. Então, na realidade, você já não é nada mais do que minha esposa, —sua voz pingava com desprezo.

As pupilas de Emília tremeram sob seu olhar intenso. A palavra “esposa” emergindo de seus lábios, atada com ódio palpável, parecia antinatural e assustadora.

Olhando para ele com uma expressão desamparada, se perguntando por que ele a desprezava tanto, mesmo quando a reivindicava como sua.

Emília tinha uma expressão de total descrença. Mikhail, por outro lado, não acreditava que um pai pudesse abandonar um filho tão facilmente. No entanto, diante da morte, o duque Loren prontamente a abandonou.

Não era só isso. Todos os nobres que apoiaram o príncipe Johannes Konrad no passado tinham o mesmo sentimento. Para o bem de sua própria segurança, eles concordaram que Emília se casasse com Mikhail.

O que ficou claro foi que Emília era a única a rejeitar a proposta.

Continua…

Tradução: Elisa Erzet