Deseje-me se puder - Capítulo 95
— Sério?
De repente, a tensão no ar se dissipou, e o cheiro intenso de feromônios sumiu como se nunca tivesse existido. Os olhos dourados de Grayson voltaram ao seu tom violeta habitual. Ao perceber que Grayson finalmente parou com aquela “chuva de feromônios”, o outro homem se encolheu e, cambaleando, recuou alguns passos. Dane apenas observou, com uma expressão perplexa, as costas do homem fugindo apressadamente, sem sequer se despedir adequadamente. E assim, restaram apenas ele e Grayson.
— Haaah…
Dane soltou um suspiro profundo – mais um para a coleção. Sua cabeça latejava, mas a razão para sua dor de cabeça ainda estava ali, em pé, bem na sua frente. Ele pegou a cerveja já em temperatura ambiente e, sem cerimônia, virou metade da garrafa de uma vez antes de bater o vidro na mesa e limpar a boca com o antebraço.
— Como você soube que eu estava aqui?
Ao ouvir a pergunta, Grayson sorriu como se a resposta fosse óbvia.
— Eu sempre sei onde você está. Somos um casal, lembra?
— Vá se foder.
Dane ergueu o dedo do meio, mas Grayson apenas riu, sem se incomodar nem um pouco. E, para piorar, ele não parecia disposto a revelar como tinha descoberto sua localização.
‘Afinal, como diabos ele fez isso? Implantou um chip em mim sem que eu percebesse?’
‘Não, isso é um absurdo.’
O mais provável era que tivesse mandado alguém segui-lo. Só essa ideia fez Dane ranger os dentes de raiva.
— Já não basta eu aturar você o dia todo no trabalho? Agora nem depois do expediente eu tenho paz?
Sua voz estava carregada de irritação, mas Grayson respondeu no tom mais tranquilo do mundo:
— Dane, um relacionamento não é como um interruptor que você liga e desliga quando quer. — E então, com aquele ar irritantemente convencido, ele acrescentou: — Ser um casal significa isso: pertencermos um ao outro o tempo todo.
Ele se inclinou um pouco mais perto, sorrindo como um diabo tentador.
— E, claro, tudo que é meu também é seu.
— Eu já mandei você parar de falar merda, não mandei?
Dane rosnou. Ele já tinha tolerado Grayson pegajoso no quartel, mas agora o homem queria grudar nele até mesmo fora do trabalho?
‘Ele quer me enlouquecer?’
— Quando eu disse que ia aceitar testar um relacionamento, isso não quer dizer que estamos namorando de verdade.
Dane fez questão de enfatizar cada palavra.
— Significa que estamos nos conhecendo. Então, o que importa se eu durmo com outras pessoas? Você também pode sair e trepar com quem quiser.
Era o próprio Grayson quem dizia isso o tempo todo. Até agora, ele havia namorado pessoas que considerava seus destinados, mas também ia a festas e fazia sexo com várias pessoas ao mesmo tempo, sob o pretexto de liberar feromônios. E, na maioria das vezes, seu parceiro entendia sua condição especial e fechava os olhos para isso…
E agora?
Agora, ironicamente, as coisas estavam completamente invertidas.
Grayson, que biologicamente precisava de sexo, estava sem nem ao menos beijar alguém há mais de um mês. Enquanto isso, Dane, que tecnicamente não tinha essa necessidade, estava aproveitando a vida sem restrições.
Era uma situação tão absurda que até Dane achava difícil de acreditar.
Mas Grayson não tinha escolha. Mesmo quando esteve cercado de feromônios de Ômegas numa daquelas festas, seu corpo não reagiu a ninguém.
A única pessoa que despertava o seu instinto era Dane.
Então, só havia uma solução.
— Faça isso comigo.
A frase pegou Dane de surpresa, fazendo-o pausar no meio do movimento de levar a garrafa de cerveja à boca. Ele virou lentamente o rosto para encarar Grayson, franzindo a testa.
— O quê?
Assim que ouviu o único som que escapou da boca de Dane, mais parecido com um grito sufocado do que uma resposta, Grayson propôs, com a maior naturalidade do mundo:
— É só enfiar em mim. Pronto, resolvido.
Dane apenas o encarou, sem dizer nada. A música barulhenta continuava martelando seus ouvidos, sem a menor noção do clima.
[Uh, seu pau encaixa perfeitamente no meu buraco. Uh, seu pau, entra logo. Uh, pau, pau, estou toda aberta pra você…]
Grayson sorria radiante, como se estivesse pronto para qualquer coisa. Enquanto isso, Dane, ainda encarando aquela cena absurda, sentiu a música grudar em sua cabeça de forma desconfortável.
[Uh, pau, me fode. Uh, pau, leva a minha primeira vez…]
—Urgh.
No instante em que o rosto de Dane ficou pálido e ele cobriu a boca, uma veia saltou na têmpora de Grayson.
— Que reação é essa? Você tá prestes a vomitar? Sério?
Os feromônios que se espalhavam ficaram mais fortes, como se ele estivesse realmente bravo. Dane acenou com a mão livre ansiosamente.
— Não, não, eu só… bebi demais…
Foi só depois que as palavras saíram que ele percebeu que estava realmente dando uma desculpa. Mas antes que pudesse se amaldiçoar por isso, Grayson cortou qualquer rota de fuga.
— Você só tomou meia garrafa de cerveja.
‘Filho da puta.’
A náusea sumiu no mesmo instante, substituída por uma raiva fervente. Dane limpou a boca com o braço e lançou um olhar fulminante para ele.
— Desde quando você está me vigiando?
— Desde o início.
Grayson respondeu na lata, sem hesitar nem um pouco. Dane ficou pasmo. Como alguém podia ser tão descarado?
— Você não é um Alfa dominante?
— E daí?
Dane franziu a testa e perguntou, incrédulo:
— E daí que você está querendo ser o passivo? Está falando sério? Você nem deve sentir nada por trás!
— Isso a gente só vai descobrir tentando.
Grayson sorriu, cheio de confiança, e ainda acrescentou:
— Tenho um amigo que só gosta de ser passivo. Ele diz que é tão bom que sente vontade de gritar.
‘Com que tipo de pervertido ele anda saindo…?’
Dane sentiu seu cérebro fritar e, por um breve segundo pensou: E se talvez enfiar o pau em Grayson fizesse ele finalmente perder o interesse e sumir. Mas essa ideia durou menos que um piscar de olhos, porque só de imaginar isso, seu pênis encolheu tanto que parecia prestes a desaparecer.
E se esse desgraçado gostasse e grudasse ainda mais nele?
A ideia foi tão aterrorizante que um arrepio gelado correu por sua espinha. Mas era Grayson Miller, então não só era possível como era provável. Nesse ponto, Dane já queria jogar a toalha.
— Você está indo embora?
Grayson perguntou, apressando-se para seguir Dane que se levantou e saiu, deixando o resto da cerveja de lado. Dane pegou o celular e chamou um táxi, ignorando o outro por completo. Mas, ao espiar por cima do seu ombro e ver o que ele estava fazendo, Grayson comentou casualmente:
— Eu posso dirigir mesmo tendo bebido.
— Que porra você está falando, seu maluco…
Dane resmungou, exausto, mas Grayson simplesmente continuou como se nada tivesse acontecido.
— É verdade. Mesmo que eu beba ou tome qualquer droga, não fico nem um pouco alterado. Você sabe que minha constituição é assim, certo? Além disso, como não bebi nem uma gota agora, pode confiar ainda mais.
Dane lançou um olhar desconfiado, como quem perguntava: “E daí?”. Grayson respondeu com um sorriso radiante.
— Eu levo você no seu carro.
Dane encarou o rosto dele por alguns segundos. A visão de Grayson estendendo a mão, balançando-a levemente, claramente pedindo a chave do carro, foi irritante. Mas, sendo bem sincero, a oferta não era ruim. Economizaria com o táxi e evitaria a volta no dia seguinte só para buscar o carro.
Depois de fazer um cálculo lógico e racional, Dane suspirou e lançou um olhar pouco animado para Grayson, que continuava ali, com a mão estendida, esperando. No fim, ele pegou a chave do bolso e a jogou na palma do outro. Grayson a lançou no ar e a pegou de volta com um sorriso satisfeito.
— Então, vamos para nosso doce lar.
— Cala a boca.
— Digo, para o seu motel.
Ao ouvir o tom nada amistoso de Dane, Grayson corrigiu rapidamente. Só precisava de um segundo de distração e lá vinha aquele desgraçado com gracinha. Dane, de saco cheio, levantou a perna e acertou uma leve pancada na bunda dele com o joelho.
***
Felizmente, durante o caminho, Grayson se limitou a cantarolar enquanto dirigia, sem puxar nenhum assunto irritante. O problema era a escolha da música: uma porcaria chamada Peitos, Peitos (Boobs Boobs). ®s
‘Porra, quem foi o desgraçado que inventou essa merda?’
Depois do terceiro refrão repetitivo, Dane já estava arrependido de ter aceitado a carona. Tudo o que queria era chegar logo. E, finalmente, quando o carro parou no estacionamento do motel, ele estava completamente exausto.
Grayson saiu do carro, trancou as portas e estendeu as chaves para Dane, que as agarrou rapidamente, quase as arrancando da mão de Grayson, e entrou no motel sem olhar para trás. Grayson observou as costas dele e gritou:
— Boa noite, amorzinho!
Dane não respondeu, apenas levantou o dedo médio sobre o ombro. E, enquanto ele subia as escadas, abria a porta do seu quarto no segundo andar e entrava, Grayson permaneceu parado no mesmo lugar, sem se mover.
E assim, sem conseguir nada em meio a essa situação, Dane se viu de volta ao seu quarto de motel, tomou um banho e se jogou na cama ao lado de Darling. Mas, mesmo depois de fechar os olhos, uma palavra continuava ecoando na sua cabeça.
[Peitos, Peitos.]
‘Esse maldito!’
😂🤣
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Continua…
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Amante_de_peitos
Meus amigos que musicas são essas????