Deseje-me se puder - Capítulo 83
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— Sandy, meu amor!
— Querido!
Ezra chamou alegremente pelo nome da esposa ao vê-la entrar no bar. Com a chegada dela, que era praticamente a estrela da festa, todos se agitaram e a cumprimentaram.
— Bem-vinda, Sandra.
— Você deve estar exausta. Se precisar de qualquer coisa, é só dizer.
— O mais importante agora é descansar. Não hesite em pedir ajuda, somos praticamente família.
— Com o tratamento certo, tudo vai melhorar. Estamos torcendo por você.
Sandra retribuiu cada uma das palavras de apoio com um sorriso. Apesar do tom animado da conversa, era impossível ignorar como ela estava mais magra do que antes. Mas ninguém queria deixar o clima pesado, então fingiram animação, rindo e falando alto como se tudo estivesse bem.
— Acho que nada de álcool para você, certo?
— O que temos de não alcoólico por aqui?
Justo quando Ezra ia chamar o barman para pedir uma bebida para ela, um grito ecoou pelo bar, atravessando a música alta como uma navalha.
— Que porra é essa?!
A voz de Dane era tão furiosa que fez várias pessoas se virarem automaticamente. Sandra e Ezra olharam na direção do barulho e viram um tumulto no canto do salão.
Sandra cobriu a boca com a mão, surpresa, assim que reconheceu um dos envolvidos.
— Meu Deus… Dane?
— Mas que merda está acontecendo ali? — Ezra murmurou, confuso.
No meio do burburinho, Sandra inclinou-se para o marido e perguntou baixinho:
— Quem é o outro? Nunca o vi antes.
Ezra respondeu no mesmo tom:
— Aquele é o cara que te falei, o Alfa dominante. Grayson Miller.
Sandra arregalou os olhos.
— Um Alfa dominante… Nossa, é a primeira vez que vejo um de perto.
Ela ficou em silêncio por alguns segundos, encarando Grayson, antes de murmurar:
— Alfas e ômegas já são bonitos por natureza, mas… Os dominantes são de outro nível. Ele nem parece real. — Então, como se tivesse percebido o próprio devaneio, ela se virou rápido para Ezra e abriu um sorriso doce. — Mas, claro, para mim o homem mais bonito do mundo é o meu marido.
Ezra riu, ele conhecia bem o jeitinho dela.
— Eu também te amo.
Os dois trocaram um beijo rápido, mas logo a realidade os puxou de volta. Sandra franziu a testa, curiosa.
— Mas o que está acontecendo, realmente?
Ezra deu de ombros.
— Não faço ideia. Melhor esperar pra ver.
Ao redor deles, as conversas baixas seguiam cheias de especulação.
— Por que diabos aqueles dois estão brigando?
— Sei lá, quer apostar que foi o Miller quem começou?
— Hmm… Não sei se concordo. O Miller nunca se mete na vida de ninguém.
— E você acha que foi o Dane? Dane nem olha para os outros, quanto mais arranjar briga.
— Isso aí! Se fosse para procurar confusão, apostaria no Diandre, mas o Dane? Isso sim que é inesperado…
— Shh, todos fiquem quietos, vamos ouvir. Bartender! Desligue a música! Todos calem a boca!
A ordem ecoou pelo bar, e o burburinho cessou num instante. Agora, todas as atenções estavam voltadas para apenas um ponto da sala. No silêncio repentino, as vozes de Dane e Grayson se destacaram com clareza.
— Que porra você pensa que está fazendo com ela, seu desgraçado?!
Dane esbravejou, puxando a garota para trás, como se tentasse protegê-la do próprio Grayson, mas ele nem sequer olhava para o outro homem. Seus olhos estavam fixos na mulher, que agora se escondia atrás de Dane.
Grayson suspirou e passou a mão pelos cabelos antes de falar, claramente perdendo a paciência.
— Não vamos fazer isso aqui, vamos lá para fora e conversamos.
Ele segurou o braço de Dane, mas este se desvencilhou no mesmo instante, como se a simples ideia de ser tocado por Grayson fosse ofensiva.
— Conversar? Eu já te disse quantas vezes que não tenho nada pra falar com você?!
— Bom, eu tenho coisas a dizer, então me escute.
A voz de Grayson era firme, mas surpreendentemente calma, como se estivesse tentando manter o controle. Dane, no entanto, soltou uma risada sarcástica.
— Ah, esse é um problema seu, não meu. Se quer falar sozinho, vá lá para parede e bate um papo com ela. Eu tenho coisas mais interessantes para fazer.
Grayson ficou em silêncio por um momento, observando-o de cima. E todos no bar sabiam exatamente o que Dane queria dizer com “coisas mais interessantes”. A tensão era palpável, todos estavam esperando para ver o que Grayson iria fazer. Mas, ao invés de reagir com raiva… ele riu.
Foi um riso baixo e curto, mas o suficiente para confundir quem estava assistindo. Dane franziu o cenho.
— Do que você está rindo?
— Sabe, Dane… acho que isso não é justo.
As pessoas trocaram olhares, sem entender. Injusto? O quê? Dane, por outro lado, não achou graça nenhuma.
— Não é justo? O único que está passando dos limites aqui é você.
Ele cuspiu as palavras, a voz carregada de irritação.
— O que eu faço, com quem eu faço, não é problema seu. Você pode continuar fodendo com quem bem entender, como sempre fez. O que mais há para discutir? Tá ouvindo? Acabou. Isso já era.
Dane abriu os braços, como se estivesse farto da situação.
— Porra! Já deu dessa palhaçada!
Para ele, essa conversa não passava de uma perda de tempo. Mas para Grayson… era outra história. O alfa deu um passo à frente e disse algo que fez a plateia prender a respiração.
— Eu não transei com ninguém desde aquele dia.
— E daí?
Dane riu, inclinando a cabeça de lado, claramente debochado.
— O que isso tem haver comigo?
Diante da resposta sarcástica, Grayson ficou em silêncio por um momento antes de passar a mão pelo rosto.
— Eu também queria saber.
— Ah, pelo amor de Deus…
Dane soltou um suspiro entediado, mas Grayson continuou.
— Não consigo tirar você da minha cabeça. Só de pensar em você com outra pessoa, meu peito queima. É insuportável. Eu não sei o que está acontecendo comigo. Por que estou assim?
Dane cruzou os braços e, sem hesitar, soltou a resposta mais óbvia do mundo.
— Você está assim porque não fodeu o suficiente.
Ele bateu de leve o dedo contra a própria têmpora antes de completar:
— Seus feromônios estão acumulados, e isso está te deixando surtando. Então faz um favor para nós dois: vá a uma festa ou faça algo para liberar essa merda de feromônio e para de me encher o saco.
Grayson apenas o encarou. Sua resposta foi curta, mas carregada de algo que nem ele parecia entender completamente.
— Não consigo.
Grayson negou com um tom de voz arrastado. Dane franziu as sobrancelhas, mas Grayson manteve o olhar firme nele enquanto soltava a confissão:
— Eu já te disse, só consigo pensar em você. Não quero liberar meus feromônios com mais ninguém. Eu…
— Ah, então quer transar comigo de novo? Você enlouqueceu de vez?
Dane explodiu. Ele já estava no limite, segurando a paciência com as pontas dos dedos.
— Você mesmo disse que nunca repete foda! Acorda, Miller. Tá na cara que é só esse maldito feromônio mexendo com a sua cabeça.
— Mas você repete.
Grayson rebateu, e foi aí que Dane perdeu completamente o controle.
— Eu não quero transar com você de novo!
O grito ecoou pelo bar.
— Eu já falei para não agir como um carente desesperado! Até quando você vai ficar se arrastando assim? Se não fosse você na minha frente naquela noite, teria sido qualquer outro, você só deu o azar de estar lá! Agora pare de bancar o pegajoso e cai fora, some da minha frente. Agora!”
Foi um ultimato. Mas, como sempre, não fez a menor diferença para Grayson. Ele continuou exatamente onde estava, imóvel, como se nem tivesse ouvido.
Dane sentiu como se estivesse discutindo com uma parede. Ele riu, sem vontade, e cerrou os dentes antes de soltar a última ameaça:
— Se você não vai sair, então eu saio. Mas se me seguir, eu juro que te mato. Quer morrer? Então venha.”
Ele ainda ergueu o dedo do meio para deixar bem claro o recado antes de dar as costas. Saiu pisando firme, atravessando o bar com passos largos. Em poucos segundos, já estava na porta.
Mas, claro, Grayson não ia deixar barato.
Dane girou a maçaneta, mas antes de sair, olhou para trás. E lá estava ele. Grayson Miller, seguindo-o como se aquilo fosse um jogo idiota.
O rosto de Dane se contorceu em pura irritação.
— Seu filho da puta…
A porta se fechou com um baque atrás deles, deixando o bar inteiro em um silêncio estranho.
Por um momento, ninguém falou nada, mas logo depois, alguém quebrou o gelo com um tom preocupado:
— Alguém não deveria ligar para o 911?
— Cara, a gente é o 911.
— Ah… é verdade.
Mais um silêncio constrangedor e então, finalmente, a ficha caiu. As pessoas no bar começaram a trocar olhares e a repassar mentalmente a conversa que tinham acabado de ouvir.
Os olhos se arregalaram. Um murmúrio de choque percorreu o grupo, e então, uma voz gritou, incrédula:
— Espera, os dois já transaram?! Então… quem foi que ficou por baixo?!
De repente, o bar inteiro prendeu a respiração. Como se, de repente, aquela fosse a maior dúvida do século.
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Continua…
Duda
Isso tá me dando TANTA vergonha alheia, não tô nem conseguindo ler direto
Duda
Tô até arrepiada de tanta vergonha pqp
Kelym
Estou falecida de tanta vergonha alheia!!!