Deseje-me se puder - Capítulo 68
Algumas horas atrás.
Dane começou a se sentir mal por volta do fim do jantar. O corpo estava pesado, o cansaço batendo forte, e ele tinha a sensação de estar febril. Em algum momento, a única coisa que passou a ocupar sua mente foi a vontade de se jogar na cama.
‘Isso é culpa do estresse.’
E a culpa do estresse? Óbvio, Grayson Miller. Se aquele desgraçado não tivesse feito tanta merda…
Ele já tinha repetido esse pensamento incontáveis vezes, mas mesmo assim soltou um suspiro irritado. Talvez fosse só um resfriado chegando. O pior cenário possível. Aquele cara ali podia muito bem ser imune a vírus e continuar como se nada tivesse acontecendo, mas Dane? Se ficasse doente agora, poderia ser um problema sério.
‘Preciso descansar e recuperar energia.’
Ashley Miller também não adoecia, então provavelmente não precisava de remédios. Mas o parceiro dele era outra história. Se ele tinha o mínimo de bom senso, deveria ter estocado alguma coisa para emergências. Mesmo assim, Dane não podia dar bandeira de que estava mal. Assim que Grayson dormisse, ele daria uma volta pela casa para procurar algo.
‘Talvez tenha alguma coisa no depósito.’
Decidido, ele se levantou.
— Vai aonde?
Claro que Grayson percebeu na hora. Dane o encarou com uma expressão azeda e respondeu friamente:
— Prefiro dormir do que ficar ouvindo suas merdas.
Quando já estava de saída, Dane parou de repente e se virou para Grayson de novo.
— Onde estão as roupas extras?
Grayson abriu um sorrisinho e foi na frente. Ele o levou até o closet dentro do próprio quarto, onde havia uma porção de roupas empilhadas. Dane deu uma olhada rápida – com certeza, aquilo tinha sido preparado por Ashley Miller. Logo, ele percebeu que as roupas estavam separadas em dois lados. Provavelmente, um era dele e o outro do parceiro. Pegou uma camisa qualquer, mas ao notar que era visivelmente menor do que o necessário, devolveu no mesmo instante. Foi aí que algo… peculiar chamou sua atenção.
Uniforme de líder de torcida?
Ele pegou a roupa feminina, virou de um lado para o outro, analisou por um instante e decidiu não pensar demais no assunto. No cabide ao lado, tinha um biquíni minúsculo, com a parte de cima que mal cobriria os mamilos e uma parte de baixo que praticamente não existia. Nem olhou direito. Ele nem queria saber porque aquilo estava ali.
Quando virou para o outro lado, finalmente encontrou roupas bem maiores. Pareciam todas feitas sob medida. Fazia sentido, concluiu Dane. Provavelmente, tudo ali tinha sido encomendado no tamanho exato de cada um deles.
Ele pegou uma camisa do lado que, pelo jeito, era de Ashley. Ficou parado por um momento, analisando o tecido. O mais irritante? Servia direitinho em Grayson, mas para Dane… Ficava um pouco grande. Sentindo um gosto amargo na boca, ele decidiu não experimentar nada ali na frente do outro. Pegou a roupa, um pacote de cuecas novas ainda lacrado e saiu sem falar nada.
— Não vai experimentar?— Grayson provocou.
— Não preciso.
Dane respondeu curto e grosso, voltando para o quarto.
Como esperado.
Depois de tomar um banho no banheiro anexo ao quarto e trocar de roupa, Dane confirmou que a camisa era grande e franziu a testa. Ele nunca tinha vestido nada folgado antes. No máximo, um pouco justas demais. Mas grande? Grande era novidade.
Que tamanho esses desgraçados tinham, afinal?
De repente, ele lembrou que Ashley Miller tinha sido um jogador de hóquei no gelo e MVP. — Porra. — Ele soltou um e se jogou na cama. O sono veio com tanta força que, em segundos, ele apagou.
***
— Haa, haa. Haa, haa.
Ele acordou com o som de sua própria respiração ofegante. Dane abriu os olhos com esforço – não eram apenas as pálpebras que estavam pesadas. Seu corpo inteiro estava exausto, a ponto de ser difícil mover um dedo. Era como se algo estivesse puxando seu corpo para baixo com toda a força.
— Ugh.
Um gemido de desconforto escapou dos seus lábios. Quando tentou se levantar, o quarto girou violentamente. Ele fechou os olhos com força e esperou a tontura passar, rangendo os dentes. Mas, enquanto esperava, sentiu o calor subindo pelo corpo, se espalhando rapidamente.
‘O que droga…’
Sua boca estava completamente seca, e seu corpo inteiro estava em chamas. O estômago revirava de um jeito insuportável.
‘Não pode ser.’
Um pensamento passou por sua mente confusa. Algo absurdo. Algo que ele não queria acreditar. Mas, ainda assim, começou a calcular as datas – e assim que chegou na conclusão, soltou um palavrão.
Num impulso, levantou-se cambaleando e praticamente correu para fora do quarto. Desesperado, começou a revirar a casa inteira.
‘Remédio. Tem que ter um remédio?’
O parceiro de Ashley Miller tinha o mesmo gênero que Dane. O que significava que também passava por isso. Então talvez… tivesse algo guardado.
‘Ou será que não?’
Uma ideia desagradável atravessou sua mente.
‘Por que ele teria? No lugar dele, não faria o menor sentido querer evitar isso.’
Presos nessa casa, sem mais nada para fazer, era óbvio qual seria o pensamento lógico. Para que se incomodar em resistir?
Dane, por outro lado, não queria nem cogitar essa possibilidade. Por isso, continuou revirando tudo o que via pela frente, cada vez mais desesperado.
Ele conseguia controlar seus feromônios, mas só até certo ponto. O único momento em que ele precisava de inibidores era quando o ciclo de calor chegava. Se ele tomasse uma grande dose de supressores e pílulas para dormir, poderia passar pelo ciclo de calor com sintomas leves ou até mesmo dormir até que passasse.
— Merda!
Incapaz de conter a frustração, Dane agarrou uma gaveta vazia e a lançou com força contra o chão. A madeira se estilhaçou com um som surdo, mas isso não mudava nada. Ainda estava preso na mesma situação miserável. Respirava pesado, os ombros subindo e descendo num ritmo descompassado. O calor dentro dele ficava cada vez mais intenso, mais insuportável. Parecia que suas entranhas estavam em chamas, sentiu uma coceira latejante que beirava a loucura.
Preciso de alguma coisa dentro.
A mente, em desespero, imediatamente puxou a lembrança de todos os “brinquedos” que sabia que estavam guardados em algum lugar da sua casa. Ele nunca tinha usado nenhum, mas sabia que estavam devidamente higienizados para uma emergência… poderia simplesmente pegar um e resolver isso agora.
Mas agora, tudo isso não passava de uma fantasia inútil. No momento, Dane não tinha nada. Nem supressores, nem soníferos, nem sequer um maldito brinquedo.
No desespero, abaixou a calça e tentou aliviar-se sozinho, enfiando os próprios dedos dentro do buraco. Mas foi em vão. Não conseguia alcançar nem perto da profundidade que precisava. A frustração só aumentava conforme seus movimentos superficiais não traziam nenhum alívio.
— Merda, merda, MERDA!
Soltou um grito de raiva, chutando o chão, puxando o ar com força Seu peito subia e descia num ritmo frenético. E então – parou.
Um cheiro doce e envolvente.
Os feromônios de Grayson. O mesmo aroma que aquele desgraçado espalhava por onde passava.
…Espera aí.
Dane ficou imóvel com os olhos levemente turvos pela febre, então lentamente, virou a cabeça. No final do corredor, a porta do quarto de Grayson permanecia firmemente fechada.
Ele piscou devagar.
‘…No fim, não faz tanta diferença assim.’
E então, os pensamentos de Dane se apagaram.
***
E no presente.
— Haa, haa. Haa, haa.
Grayson arregalou os olhos, surpreso ao ver Dane ofegando pesadamente acima dele. Ele reconheceu de imediato a origem do cheiro denso de feromônios que impregnava o ar ao seu redor. E também sabia muito bem o que aquilo significava.
— É o ciclo do calor, não é?
Grayson murmurou com a voz excitada. Dane não respondeu, apenas o encarou com olhos enevoados. Mas a resposta já estava evidente. O rosto avermelhado, o olhar desfocado, a respiração entrecortada e, acima de tudo, a quantidade avassaladora de feromônios que o dominavam – tudo apontava para uma única conclusão.
‘Eu sabia que não estava errado!’
Os olhos de Grayson brilharam de alegria. Agora, só faltava confirmar a marca de borboleta. Bastava verificar o quadril agora mesmo…
Ele chegou a esse pensamento e tentou se levantar, mas congelou no lugar.
‘…Mas por que ele está por cima de mim?’
Enquanto tentava processar aquela situação inesperada, Dane de repente puxou o zíper de suas calças. Ele a deslizou para baixo junto com a cueca, revelando imediatamente um pênis completamente ereto e pulsante.
Os olhos de Grayson se arregalaram diante daquela visão impressionante. Ele nunca tinha visto um pênis tão bonito antes. Era reto, sem a menor curvatura, bastante grosso e com um comprimento considerável.
E, claro, a técnica dele também devia ser impecável.
Naquele momento, ele vagamente se lembrou de que, embora aquele homem trocasse de parceiro quase todos os dias, nunca havia ouvido rumores desagradáveis sobre ele. Seria por isso? Foi então que ele sentiu algo estranho. Logo em seguida, Grayson, que havia baixado o olhar, ficou chocado ao ver Dane puxar seu pijama para baixo, junto com a cueca.
— E-espera, espera aí! O que você está fazendo?!
Gritando desesperadamente e segurando suas calças, Grayson viu Dane levantar a cabeça. Com os olhos vermelhos e ofegantes, Dane o encarou com um olhar intenso, fazendo Grayson recuar de susto. Entre respirações pesadas, Dane murmurou em voz baixa:
— Querido, para de dificultar as coisas e fique quietinho. Vai ser rápido.
— O quê?!
Antes que pudesse entender direito o que estava acontecendo, Dane puxou seu pijama com força.
Riiiip.
O tecido rasgou no meio com um som cortante.
O rosto de Grayson ficou completamente pálido.
— AAAAAAAAAH!
Ele soltou um grito horrorizado.
°
°
Continua…