Deseje-me se puder - Capítulo 67
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‘Esse maluco do caralho.’
Dane estava sentado com as pernas bem abertas, os braços cruzados e um dos joelhos tremendo sem parar. Do outro lado, Grayson Miller estava todo compenetrado, sentado com as pernas juntas, olhando diretamente para ele com aqueles malditos olhos brilhando de diversão.
Depois do escândalo de mais cedo, Dane precisou socar a parede umas boas vezes para se acalmar. Só uns dez minutos atrás ele finalmente conseguiu respirar direito, depois de perceber que a própria mão estava toda inchada e ralada de tanto bater.
— Porra…
Ele fechou os olhos e soltou um longo suspiro, tentando manter a paciência.
Não podia ser. O controle que Grayson quebrou tinha que ser falso. Não tinha como esse lunático arriscar a própria pele desse jeito, certo? Dane só precisava aguentar alguns dias até ele ceder. E se não cedesse, mais cedo ou mais tarde ia dar um jeito de escapar. A prioridade agora era ganhar tempo.
Mas primeiro, precisava entender.
— Que diabos você quer com tudo isso? Você está fazendo toda essa loucura só para descobrir qual é o meu traço genético?
— Não.
A resposta veio rápida, e pegou Dane desprevenido. Ele franziu a testa, esperando a explicação. Grayson riu, animadamente, antes de finalmente soltar:
— Quero transar com você.
— …hã?
Dane jogou a cabeça para trás e bufou de pura descrença. Olhou para o teto por um segundo, como se implorasse paciência, depois voltou os olhos para Grayson e se levantou lentamente.
— Então vire a bunda. Mas se eu vomitar nas suas costas, problema seu.
— Não.
Grayson recusou na mesma hora. Dane parou o que estava fazendo e olhou para ele, desconfiado. O desgraçado ainda teve a audácia de sorrir inocentemente.
— Tenho que ver uma coisa. Se você me penetrar, não vou conseguir ver.
Dane piscou, tentando absorver aquela pérola de insanidade.
— Ver? O quê?
Ainda com a cara fechada, ele esperou uma resposta, mas, em vez disso, Grayson estreitou os olhos e… sorriu. De novo. De novo essa merda.
— Então você não sabe.
— Saber o quê, caralho?
Dane rosnou, impaciente. Mas Grayson só ficou ali, rindo com aquela cara de pau que implorava por um soco, Dane cerrou os punhos, mas respirou fundo. Tinha que guardar energia. Ia precisar quando a oportunidade certa aparecesse.
Só que então, uma ideia passou pela cabeça dele.
Ele estreitou os olhos e encarou Grayson.
— Me diz uma coisa… tem comida aqui, não tem?
Grayson piscou lentamente, ainda sorrindo. Dane sentiu a raiva crescendo.
— Responde logo, porra.
O ranger dos dentes de Dane ecoou pelo cômodo. Grayson coçou a bochecha, pensativo, e então riu baixinho.
— Estou pensando no que responder.
— Pare de enrolar.
Dane ergueu o punho devagar, um aviso silencioso de que estava a um segundo de quebrar a cara de Grayson. Sob essa pressão, Grayson entendeu a mensagem rapidinho.
— Tem. Tem comida. Muita comida.
***
O depósito de armazenamento, projetado para ser conectado imediatamente quando a casa descesse para o subsolo, ficava conectado à sala de estar. O que parecia uma porta dos fundos no dia anterior agora era um espaço conectado a um verdadeiro arsenal de comida.Quando Grayson abriu a porta, Dane ficou boquiaberto com a enorme quantidade de comida à sua frente.
Nem mesmo o estoque de uma base militar devia ter tanto suprimento. Havia de tudo, desde comida instantânea até pilhas de enlatados organizados com perfeição. No fundo, um refrigerador gigantesco guardava carne, frango, vegetais embalados a vácuo… tudo impecável.
E ele tinha comido pão velho no dia anterior?
Filho da puta.
Dane sentiu a raiva subir e teve que respirar fundo para não socar a parede de novo. Com isso, dava para sobreviver a um apocalipse por pelo menos três anos. Era como se tivessem construído um bunker para prender o parceiro.
Esses alfas dominantes são realmente malucos.
Pensando que Ashley Miller, assim como Grayson, era claramente louco, Dane apontou com o queixo.
— Entra aí.
— Não. Você quer me trancar lá dentro, não é?
Grayson, obviamente, se recusou.
Dane não discutiu. Só meteu um chute na barriga dele.
— Ugh!
Grayson tropeçou para trás, entrando no depósito sem querer, com isso Dane se escorou na porta, de braços cruzados.
— Agora pegue um pouco de comida. Precisamos jantar, porra.
Grayson coçou a cabeça.
— Hmmm… e quem vai cozinhar?
— Quem você acha? Você me prendeu aqui e ainda quer que eu cozinhe para você? Tá querendo morrer?
Dane rosnou, e Grayson, com um olhar derrotado, começou a olhar ao redor. Ele parecia hesitante, mas pegou algumas latas. Dane observou em silêncio. Depois de um tempo vendo Grayson pegar mais latas, Dane finalmente falou:
— Ei.
Grayson congelou e virou a cabeça devagar.
Dane estreitou os olhos.
— O que exatamente você está planejando cozinhar?
— Ah… é…
Grayson olhou pras latas no próprio braço. Eram todas de peito de frango. Ele deu um sorriso sem graça.
— Proteína?
— Filho da…
Dane sentiu a veia da têmpora pulsar. Saiu do batente e entrou no depósito com passos pesados. Pegou as latas da mão de Grayson, devolveu quase todas as prateleiras e, em vez disso, pegou alguns vegetais enlatados e temperos.
Depois, abriu o refrigerador, pegou uma cerveja e saiu.
— Anda logo, idiota.
Assim que Grayson saiu do depósito e voltou para a sala, Dane bateu a porta atrás dele, só para deixar claro quem mandava ali. Depois, apontou com o queixo na direção da cozinha.
— Anda. Comece logo.
Grayson piscou algumas vezes e apontou para si mesmo, confuso. Dane, sem paciência, revezou o olhar entre as latas que ele tinha trazido e o próprio Grayson.
Foi aí que o outro finalmente entendeu.
— O quê? Eu? Eu cozinhar? Sério?
A frase saiu toda bagunçada, como se o cérebro dele estivesse fritando. Ele claramente achava que Dane estava de brincadeira.
Dane não respondeu, só ergueu o punho, deixando bem claro o que aconteceria se Grayson continuasse questionando.
Então com uma expressão sombria, ele começou a abrir as latas uma por uma.
Enquanto isso, Dane abriu a lata de cerveja e começou a beber, mantendo Grayson no canto do olho. Só que, no meio disso, algo na cozinha chamou sua atenção. Ele se afastou do painel e foi até lá. Pegou o objeto e voltou para onde estava.
— Ei.
Grayson ergueu o rosto.
Dane jogou o que tinha nas mãos para ele.
— Veste isso.
Grayson olhou primeiro para Dane, depois para o que tinha acabado de receber.
Era um avental. E não qualquer avental, ele era cheio de babados.
— Você está falando sério? Quer mesmo que eu use isso? Eu?
De novo, a frase saiu toda errada.
Dane não respondeu com palavras, só ergueu o queixo de novo.
Grayson não parecia muito feliz, mas, para a surpresa de Dane, ele apenas deu de ombros e passou o avental pela cabeça, amarrando direitinho atrás.
No instante seguinte, ele levantou a cabeça e sorriu de um jeito provocante.
— Pronto. Agora podemos transar.
— Vai sonhando.
Dane nem piscou ou soltou essas palavras, e foi a primeira vez que Grayson pareceu genuinamente irritado.
— Eu nunca faço sexo com a mesma pessoa. É só uma vez. Por que diabos você não aceita logo?
— Deixe-me corrigir: não é que eu não queira fazer sexo, é que não quero fazer com você.
— Então pelo menos me deixa enfiar só uma vez. Eu juro que tiro rapidinho.
Dane estalou a língua, fechando os olhos como se estivesse contando até dez mentalmente.
— Quantas vezes eu tenho que dizer que não gosto de repetir as coisas? Grava bem isso nessa sua cabeça oca. Se eu tiver que falar de novo, você vai se arrepender.
O aviso foi direto e seco o suficiente para Grayson finalmente calar a boca.
Dane voltou para o sofá e pegou a cerveja, mas antes que pudesse beber mais um gole, Grayson soltou:
— No fim, você vai acabar dormindo comigo.
Dane virou a cabeça devagar e encontrou o olhar petulante de Grayson, que exibia um sorriso cheio de confiança.
Ele sorriu de volta. E então virou a cerveja inteira na cabeça do Alfa.
* * *
Assim como no dia anterior, Grayson estava deitado na cama, já se preparando para dormir. Tudo estava acontecendo como o esperado. Se tudo continuasse assim por mais alguns dias, Dane acabaria se rendendo aos seus ensinamentos. Não tem como alguém aguentar uma situação dessas por muito tempo. Ele tinha todas as cartas na mão, a vitória era clara e inevitável.
‘Uma borboleta.’
Grayson levantou a mão para o ar, como se fosse pegar algo, e a fechou lentamente.
Só precisava confirmar isso.
Ansioso pelo dia que logo chegaria, ele fechou os olhos. Podia até sentir o cheiro suave daquele momento no ar, como uma lembrança distante.
…Ou parecia.
Hã?
De repente, Grayson acordou. Algo estava errado. Não sabia se era o sono pesado ainda o fazendo sentir-se confuso ou se havia algo mais, mas uma sensação estranha tomou conta dele. Algo estava fora do lugar.
Alguém estava ali…
Quando ele percebeu isso, seus olhos se encontraram com os de um homem que estava de joelhos sobre ele, olhando para baixo.
Dane Striker.
— O que você está fazendo aqui…
‘Será que eu estou sonhando?’
Com a mente ainda meio turva, Grayson tentou falar, mas foi interrompido por um cheiro forte de feromônio que o invadiu de uma vez.
…O ciclo de calor.
Vendo o rosto vermelho e ofegante de Dane e seus ombros subindo e descendo rapidamente, ele imediatamente soube o que estava acontecendo.
‘Ele está no cio.’
E no mesmo instante, seu coração começou a bater como se fosse explodir.
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Continua..
Piranha da noite💋✨
Eita porra, kskks será q é um sonho rsks