Deseje-me se puder - Capítulo 59
O cara se assustou por um instante, mas logo abriu um sorriso brilhante. Dane, no entanto, simplesmente desviou o olhar. O outro homem, desapontado, abaixou os ombros, mas Dane não voltou a encará-lo.
‘Definitivamente, hoje não é meu dia.’
Se encontrava alguém do seu gosto, não podia levar para casa. Se não encontrava, nem valia a pena perder tempo. Ter recusado aquelas três mulheres perfeitas mais cedo foi um mal necessário – mas não algo que ele quisesse repetir.
Quando se tratava de mulheres, ele tinha alguns princípios. E um deles era: não fazer sexo em banheiro imundo.
Se tivesse tempo de voltar para casa depois, até poderia considerar, mas esse não era o caso. E, além disso, eram três. Ele não ia arrastar três mulheres para um banheiro nojento e fazer aquilo ali. Se fosse um homem estaria tudo bem. Um encontro rápido ali mesmo e problema resolvido. Mas três mulheres? Não dava. Nem queria, nem devia.
Então o plano agora era bem simples: encontrar um cara decente, resolver a situação e voltar para casa. Darling devia estar esperando.
E foi nessa hora que os olhos dele cruzaram com os de Grayson Miller.
Ele estava encostado no bar, a uma distância segura. Dane tinha evitado ele de propósito, mas Grayson também não parecia querer ficar perto dele. Graças a isso, mantinham uma distância adequada…
Ou pelo menos era até o desgraçado decidir que, dessa vez, iria ignorar essa distância confortável.
Grayson pegou a cerveja e foi até ele.
— E aí.
Simples e direto. Dane respondeu bebendo, a mensagem estava clara: ele não estava afim de papo.
Óbvio que Grayson não ligou nem um pouco.
— O que você está procurando? Espero que não seja uma pessoa.
— Alguém para foder.
Dane nem se deu ao trabalho de suavizar. Olhou rapidamente para o lado e completou:
— E não, não é você.
— AHAHAHA!
Grayson de repente soltou uma risada. ‘O que há com esse maluco?’ Dane franziu a testa e o olhou, mas logo desviou o olhar. Apesar de repetidamente expressar sua falta de interesse em interagir com ele, Grayson claramente não era alguém que se importava com isso.
— Dane, há algo que eu quero saber.
Dane nem se mexeu.
Grayson continuou, como se estivesse falando sozinho:
— Por que essa necessidade de trocar de parceiro o tempo todo? Você não tem uma condição que exija controlar seus feromônios.
— …
— Hmm?
— ……
— Hmm?
— ………
— HMMMMM?
— Ah, VÁ SE FODER!
Dane finalmente explodiu.
— Eu só faço porque quero, porque gosto de sexo! PORRA! Pronto, satisfeito? Agora, dá o fora e me deixe beber em paz!
— Uau.
Com o grito rude de Dane, Grayson levantou as mãos em defesa. Claro que não era por medo ou constrangimento, ele estava claramente se divertindo.
Vendo o rosto de Grayson, que logo começou a rir, Dane virou a cabeça tentando ignorá-lo. Grayson, que havia soltado uma risada curta, observou Dane bebendo sua cerveja e então se inclinou. Ele sussurrou tão perto que seu hálito roçou a pele de Dane.
— Você é um ômega?
A música alta continuava a tocar. O barulho das pessoas era tanto que, se alguém não gritasse, ninguém ouviria nada. Mas Grayson tinha certeza de que Dane tinha escutado.
Dane virou a cabeça devagar. Com aquela cara de quem não sentia nada, ele olhou direto para Grayson, que respondeu com um sorrisinho satisfeito. E então…
PÁ!
O som ecoou alto, e Grayson sentiu uma dor surda na cabeça.
…Ah.
Algo pegajoso escorria de sua têmpora. Ele tocou o local sem pensar e, ao olhar para a mão, viu que estava encharcada de um líquido vermelho.
Diante dele, Dane segurava o que restava de uma garrafa de cerveja quebrada, olhando para Grayson com uma expressão nada amigável. Foi só nesse momento que Grayson percebeu o que tinha acabado de acontecer.
Dane tinha quebrado a porra da garrafa NA CABEÇA DELE.
— ……Ah.
Um suspiro de incredulidade escapou dos lábios de Grayson.
— Seu maluco do caralho…
— Olha quem fala, porra. Você é o mais desequilibrado aqui.
Dane não esperou nem dois segundos antes de dar o primeiro soco, e Grayson, obviamente, revidou na hora. A pancadaria começou de verdade. A boate inteira virou um caos, gente gritando e correndo para não levar um golpe perdido.
— DANE!
— DANE, MEU DEUS! VOCÊ FICOU MALUCO?!
Os amigos dos dois vieram correndo de todas as direções para separar a briga. Mas até conseguirem puxar os dois para longe um do outro, eles já tinham se socado até virar um amontoado de sangue e hematomas.
***
♬♪♪♩♬♪……
O toque familiar do celular interrompeu Joshua, que pegou o aparelho e olhou quem era.
‘Dane? O que foi agora?’
Eles não tinham se falado há tanto tempo assim. Na verdade, a última ligação que tiveram não tinha terminado de um jeito muito bom, então Joshua não esperava que ele fosse ligar de volta tão cedo. Dane não era exatamente do tipo que ligava só para bater papo. Confuso, ele atendeu a chamada.
— Dane? Oi. Como vai? O que houve?
[Quanto tempo?]
Dane cortou qualquer conversa fiada e foi direto ao ponto. Joshua ficou confuso por um segundo, sem entender o que diabos aquela pergunta queria dizer, e Dane repetiu:
[Quanto tempo você vai segurar aquele cara? Espero que seja por um bom tempo.]
— …Quem?— Joshua piscou. — Ah. O irmão do Chase? Você não tinha dito que não ia fazer isso?
Dane nem deixou ele terminar de falar.
[Mudei de ideia. Agora fala logo. Quanto tempo você pode segurar ele?]
Joshua ficou em silêncio por alguns segundos, tentando processar o que estava acontecendo.
— …Sei lá. Uns três dias?
A verdade é que ele só planejava manter Grayson ali por um dia no máximo. Se desse tudo certo, em meio dia tudo se resolveria. Chase só queria o suficiente para dar uma boa lição no irmão, então três dias já eram mais do que o necessário.
Mas Dane não gostou nada da resposta.
[Três dias é muito pouco. Que tal um mês?]
— …Um mês?
Joshua ficou tão surpreso que acabou levantando a voz sem querer. Mas Dane nem hesitou e repetiu a pergunta.
[Não, um mês é pouco. Seis meses seria o ideal. Que tal 11 meses e 29 dias? Isso também não seria ruim.]
— Espera, Dane. Calma aí.
Joshua o interrompeu, claramente confuso. Depois de um suspiro, ele escolheu as palavras com cuidado.
— Eu estou meio perdido aqui… Você está pedindo para eu sequestrar e manter o Grayson Miller preso? Por quase um ano?
Bem, talvez fosse exagero. Dane encarou a realidade e cedeu um pouco.
[Já que estamos fazendo isso, não deveríamos mantê-lo preso por esse tempo? Quanto tempo você acha que seria suficiente?]
— Ah…
Joshua finalmente pareceu entender o que estava acontecendo e retomou o tom normal.
—Não, não precisamos ir tão longe. Meio dia ou, no máximo, um dia seria suficiente.
[Hmm.]
Dane emitiu um som de insatisfação. Parecia que Joshua era mais cauteloso do que ele imaginava.
‘Ou será que eu é que estou exagerando?’
— Dane? Dane?
Do outro lado da linha, Joshua o chamou. Dane saiu de seus pensamentos e respondeu no tom de sempre.
[O quê?]
— Só queria saber o que te fez mudar de ideia. — Joshua continuou. — Na última vez, você recusou na hora. Isso foi a quanto tempo? Uns sete dias atrás? O que rolou nesse meio tempo? Darling está doente?
[Não, não é isso. Darling está bem.]
Essa pergunta de Joshua era totalmente esperada. Dane imediatamente falou sobre o estado da gata e acrescentou, esfregando a testa com os dedos:
[Só mudei de ideia, isso é tudo. Quando vocês vão executar o plano?]
Joshua, então, soltou uma pergunta certeira:
— Você se encontrou com ele, não foi?
O silêncio de Dane o entregou. E, como se estivesse vendo sua reação, Joshua riu do outro lado da linha.
— Eu sabia. Então isso significa que o Grayson está trabalhando no seu batalhão, não é? E aí, como está sendo?
Ele provavelmente já sabia a resposta. O fato de Dane ter mudado de ideia em apenas alguns dias e se oferecido para cooperar tão ativamente significava que algo grande havia acontecido. Como esperado, Dane fez uma pausa e depois suspirou profundamente.
[Se eu pudesse sumir com esse desgraçado da minha frente, eu venderia minha alma para o diabo.]
— Não acho que valha tanto assim, Dane.
Joshua tentou consolá-lo. Mas, para ele, essa era uma oportunidade de ouro.
[E agora, qual é o plano? Você tem um, certo?]
Dane perguntou, impaciente.
— Claro — Joshua respondeu, tranquilo. — Você só precisa levar ele até o lugar que eu te falei.
[E depois você mete uma bala na cabeça dele?]
Dane perguntou, parecendo satisfeito com essa ideia. Mas Joshua não podia atender esse pedido.
— Não, não. Nada disso. Eu não posso virar um criminoso.
[Sequestro também é crime, sabia?]
Joshua nem piscou antes de reformular.
— Não, Dane. Isso não é um sequestro. É só… uma conversa rápida.
Dane olhou para o celular com uma expressão indignada no rosto, depois voltou a colocá-lo no ouvido. Do outro lado, Josh continuou falando com a maior calma.
— A única diferença é que essa conversa vai ser com os punhos. Talvez uns chutes, de vez em quando.
[Ótimo.]
Dane respondeu no mesmo instante.
[Me inclui nessa conversa.]
Ele disse entre os dentes cerrados.
[Quero ter uma conversa bem longa e bem profunda com ele.]
Joshua prometeu que daria um jeito, depois de dizer que discutiriam os detalhes do plano quando se encontrassem. Com isso, a ligação chegou ao fim.
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Continua…