Deseje-me se puder - Capítulo 37
Quando Naomi soube que contracenaria com Chase Miller, irmão de Grayson, ela brincou: “Já que é o Chase Miller, posso devorá-lo?” Claro, ela não tinha intenção de seduzi-lo de verdade. Já estava mais do que satisfeita apenas com Grayson.
Mas a resposta dele a pegou de surpresa:
“Por favor, faça isso.”
A resposta dele foi surpreendente. Grayson riu, parecendo genuinamente animado com a ideia. Naomi ficou intrigada – ele não sentia ciúmes? Nenhum tipo de possessividade? Então, como se para esclarecer, ele acrescentou:
“Ainda bem que você é uma beta.”
E ele também explicou o motivo: “Porque seria problemático se eu deixasse uma marca em você.”
Foi nesse momento que Naomi cometeu um erro.
“Por quê?”
Ela nunca deveria ter feito essa pergunta. Mas, naquela época, nutria certa simpatia por aquele canalha e baixou a guarda. Um erro tolo. Ela sabia melhor do que ninguém que homens sempre esperavam a chance de apunhalá-la pelas costas.
Grayson soltou uma gargalhada antes de responder:
“Um parceiro sexual e uma pessoa para casar são coisas bem diferentes.”
O frio que percorreu sua espinha naquele instante era algo que ela jamais esqueceria. O significado por trás daquelas palavras era claro como o dia: para Grayson, Naomi era alguém com quem ele poderia se divertir, mas nunca levar a sério.
O quão arrogante alguém precisava ser para falar algo assim com tanta naturalidade? Será que vinha do sangue nobre dos “alfas dominantes”? Ou da posição privilegiada de sua família? Ela não sabia e não se importava. Só tinha certeza de uma coisa: nunca perdoaria aquele homem.
‘Um dia, eu ainda vou vê-lo de joelhos, implorando.’
E agora, anos depois, eis que Grayson estava mais uma vez com aquele papo ridículo sobre um destinado. Só que, desta vez, tinha resolvido se enfiar em um quartel de bombeiros. A notícia era tão emocionante quanto sua própria indicação ao Oscar – se não mais. E como da última vez, ela sabia que também sairia vitoriosa.
Só de imaginar Grayson sendo humilhado, fez seu corpo inteiro estremecer de prazer. Apertando os punhos, Naomi pegou o celular e começou a procurar. Agora, precisava descobrir exatamente onde ele estava.
Discou um número da lista de contatos. Após alguns toques, uma voz sonolenta atendeu do outro lado.
— Oi, sou eu. Desculpe a hora.
[Sem problema, aconteceu alguma coisa?]
Mesmo tarde da noite, sua assistente se manteve profissional. Naomi sentiu uma pontada de culpa, mas não o suficiente para ignorar sua missão. Oportunidades como essa não podiam ser desperdiçadas.
— Preciso encontrar uma pessoa urgente. Ele virou bombeiro, mas não sei em que corporação ele está. Você pode descobrir assim que o dia amanhece?
Esperou pacientemente enquanto a assistente pegava papel e caneta. Quando ouviu um simples [Pode falar], Naomi respirou fundo e, com um sorriso perverso, pronunciou o nome:
— Grayson Miller.
Houve um instante de silêncio do outro lado. Naomi podia sentir a hesitação da assistente, então reforçou:
— Sim, esse mesmo. O segundo filho da família Miller.
A mulher respirou fundo antes de perguntar:
[Só quer que eu o encontre?]
— Sim. O resto, pode deixar comigo.
Naomi acrescentou gentilmente:
— Desculpe por sempre ser tão exigente, obrigada.
— Sem problemas. Vou cobrar um extra por isso.
A assistente desligou o telefone depois de soltar aquela brincadeira que, no fundo, trazia uma verdade embutida. Naomi riu sozinha, pegou seu talão de cheques e preencheu um generoso pagamento para ela. Quando assinou no final da folha, seu rosto estava radiante, iluminado pela expectativa do que estava por vir.
***
Enquanto isso, em outro lugar, outro Miller estava falando sobre a mesma história.
— Bombeiro? O Grayson? O seu irmão, Grayson Miller? Você está me dizendo que ele virou um bombeiro?
Joshua Bailey quase deixou o celular cair quando ouviu a novidade. Como estava fora do estado a trabalho, costumava manter contato frequente com seu marido, Chase Miller, por chamadas de vídeo ou telefone. Mas, naquele dia, além das trocas habituais de carinho, houve uma notícia especial: Grayson Miller tinha arrumado um emprego.
E não qualquer emprego – ele estava em um quartel de bombeiros.
A informação fez Joshua repetir a pergunta várias vezes, sua incredulidade era evidente no tom de voz. Do outro lado da linha, Chase respondeu com ares de puro desagrado:
[Sim, esse desgraçado. O que diabos ele tem na cabeça? O cara mais egoísta do planeta resolveu assumir a profissão mais altruísta que existe? Não faz o menor sentido! Ele só pode ter enlouquecido… Ah, quer saber? Eu sabia! Os feromônios finalmente corroeram os neurônios dele.]
Enquanto Chase desabafava, Joshua estava ocupado com um pensamento completamente diferente.
‘Bombeiro. Justo bombeiro.’
Isso não podia ser coincidência. Não, isso era destino.
—Você sabe em qual quartel ele está?
Joshua perguntou com um brilho perigoso nos olhos. Chase franziu a testa, revirando a memória para lembrar o que Koy tinha mencionado. Quando respondeu, Joshua teve certeza: isso era um sinal.
E não poderia ser mais conveniente.
— Chase.
Aproveitando o momento de silêncio do outro lado da linha, Joshua baixou a voz, carregando-a de um tom enigmático.
— Tive uma ideia interessante. Quer ouvir?
[Que ideia?]
Chase ainda parecia irritado, mas Joshua continuou sem se deixar abalar.
— Lembra da promessa que eu te fiz? Disse que, se quisesse, eu poderia sequestrar aquele desgraçado para você.
A linha ficou muda. Joshua imaginou Chase franzindo a testa e segurando a respiração, e sorriu.
— Sim, é isso mesmo que você está pensando.
Ele fez uma pausa proposital, deixando as palavras ecoarem no silêncio antes de dar o golpe final.
— A hora chegou.
Do outro lado da linha, ouviu-se um suspiro profundo. Após um silêncio tenso, Chase finalmente falou:
[E por onde começamos?]
A animação levemente hesitante em sua voz fez Joshua sorrir, satisfeito.
—A primeira coisa que precisamos fazer é conseguir um aliado.
[Um aliado?]
— Isso mesmo.
Joshua confirmou com tranquilidade, já sabendo exatamente para quem ligar.
— Eu conheço um bombeiro.
***
Os galhos altos de uma árvore balançaram brevemente. Dane Striker, que havia subido lentamente na escada, parou imediatamente e observou a situação. Assim que confirmou que a árvore estava quieta novamente, continuou a se mover para frente.
Na ponta de um galho que parecia prestes a quebrar a qualquer momento, um gato machucado e encolhido, com os pelos totalmente arrepiados, o encarava com um olhar fixo. Seu pequeno corpo tremia de ansiedade, seus pelos estavam manchados de poeira, como se tivesse passado por dificuldades na rua, e seus olhos amarelos brilhavam de forma intensa. Todos os sinais que o gato demonstrava indicavam que ele estava cheio de medo e alerta.
Quando Dane se aproximou lentamente, o gato, ainda firmemente agarrado ao galho que balançava perigosamente, soltou um miado agudo e desconfiado.
— Tudo bem, garoto. Vem cá, não precisa ter medo.
Por algum motivo, ele tinha conseguido subir sozinho, mas agora não sabia como descer. O peito dele subia e descia rápido demais, como se estivesse em pânico. Dane percebeu isso e não tentou apressar nada. Sua voz, normalmente carregada de sarcasmo, agora saía surpreendentemente suave e paciente enquanto tentava convencê-lo a vir até ele.
Lá embaixo, os outros bombeiros observavam a cena, trocando comentários entre si.
— É engraçado… Aquele coração de pedra se derrete todo quando se trata de animais.
Outro assentiu, rindo de canto.
— Ele pode socar as pessoas, mas nos bichos ele não encosta nem para dar bronca.
— Só isso? Outro dia ele quase foi preso por descer o braço num cara que incendiou a própria casa com o cachorro dentro.
— Foi sorte dele que só pagou uma multa. Acho que se tivesse sido uma pessoa dentro da casa, ele nem teria batido tanto.
— Sei não… provavelmente teria batido igual, só pelo fato de ter perdido tempo. Não ia ser nada surpreendente.
— Bom… Pelo menos prisão ele tenta evitar. Tem uma gata para cuidar, né?
Enquanto a conversa continuava, um pouco afastado do grupo, Grayson observava Dane com uma expressão carrancuda.
‘O que esse idiota está fazendo agora?’
.
.
Continua…
joicevidal
Como os irmãos são assim se são filhos do koy